JUSTINITA &
A CABRITA BRABA – Imagem da
artista plástica romena Dorina
Costras - Justinita
amanheceu toda empiriquitada, cabelo alisado pela chapinha, maquiagem de sombra
nos olhos e bochechas róseas, beiços de batom encarnado vivo, blusa acochada com
decote realçando o rego dos peitos salientes, calça justa pronunciando o ventre
acuscuzado e os glúteos reboladores e sorridentes, as toras das coxas volumosas,
panturrilhas roliças, salto altíssimo de quase um palmo, pressa andadeira para
não perder a hora e, atrás dela, só fiu-fiu e hum ah u-ru eita! – Vais pra
onde, mulher, assim toda reboculosa? Vou pruma entrevista de trabalho. Só
acredito por que tais dizendo, pra mim tu vai mesmo é pra sem-vergonheza,
mulher! A-há! Danada de jeitosa como tu tá, só pode, né? Tomara, mulher,
tomara. Mas não, vou atrás de emprego mesmo que a vida está difícil. E fiu-fiu,
olhares marmanjos acompanhando a sua passada altaneira. Quando dobrou a esquina,
ouviu-se um estrondo! Que é que houve? Danou-se! Um caminhão desgovernado subiu
pela calçada e invadiu uma casa porta adentro. Teibei! O maior rebuliço. Alguém
gritou: - Lascaram a Justinita! Valha-me Deus! Deu-se a maior correria. Foi-se
ver, por pouco, ela não fora realmente recolhida pelo desenfreado veículo.
Antes disso, parece que mandado dos céus ou ação do anjo da guarda dela, uma
cabrita braba e odienta que abusava dumas chifradas pra cima e pra baixo nos
transeuntes desavisados, sapecou-lhe uma cornada dela cair estendida numa poça
de lama, emputecida! Isso é uma cabra chata da porra! Que foi que houve,
mulher? Essa desgraçada dessa amolestada que me deu uma cabeçada de me deixar
estendida aqui, desarrumando meu penteado e me melando toda! Vixe! E agora?
Como vou arranjar trabalho lascada desse jeito, hem? Calma, mulher, deixe de
aperreio. Isso é coisa que se faça? Ninguém mata essa cabrita intrometida não,
é? Como é que pode? Juntou gente, ninguém sabia se olhava pro estrupício do
autocarga com o povo gritando por socorro dentro de casa ou pra Justinita toda sensualmente
enlameada e desajeitada aos berros. Os afoitos socorriam-na com aquela
gentileza de aproveitadores que só queriam mesmo era ganhar a simpatia dela. Isso
é uma ingresia dos diabos, ainda mais essa amaldiaçoada cabra me derrubou e me
deixou nesse estado! Pode? Cala boca, mulher, tu findasse salva pela malvada,
não fosse ela, tu tinha sido rebocada pelo caminhão e se espragatado toda no
meio do maior salseiro naquela casa, espia, veja só o desmantelo! Valha-me meu
Jesuisinho, que eu não tinha reparado nisso, que coisa! Pois foi, a cabra
branca salvou sua vida! Não fosse ela, tu tinha morrido, reclamona. É mesmo. Que
será que houve, hem? Está lá, caminhão e o povo gritando dentro da casa, não
tais ouvindo, mulher? E ninguém vai socorrer não? Arreda cabrueira, vão salvar
o povo e deixem ela que está recuperada, arreda! Ah, mulher, vou voltar pra
casa pra me arrumar de novo, acho que hoje não é o meu dia de arrumar emprego
mesmo. Tanto trabalho pra espichar o cabelo, tanto capricho na maquiagem, na
escolha da roupa, tudo, veja só o que restou de mim: toda fedendo a lama e
imprestável, ixce, maior catinga. Olha não, mulher, bota as mãos pro céu que a
tua salvação veio antes do dia. Foi a santa Cabra Branca que todo mundo odeia,
Taís vendo só? Tô. Amém. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais
com a música do poeta, músico e compositor Arnaldo Antunes: Saiba
& ao vivo em estúdio; a cantora Roberta Sá: Que belo estranho dia pra se
ter alegria & Segunda pele &
muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte
Cidadã. Para
conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA - [...] Estou convencida de que a solução da maioria
dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades
sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso
à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as
nações para a preservação e restauração do meio ambiente. [...] Ao fortalecer os laços que ligam a
comunidade, podemos encontrar soluções para os graves problemas sociais que
afetam as famílias pobres. A sociedade organizada pode ser protagonista de sua
transformação. [...]. Extraído de O último discurso (Folha de São Paulo,
2010), da médica pediatra e sanitarista brasileira Zilda Arns (1934-2010).
A RIQUEZA & O QUE FAZER COM ELA - [...]
Se temos razões para querer mais riqueza,
precisamos indagar: quais são extamente essas razões, como elas funcionam ou de
que elas dependem, e que coisas podemos “fazer” com mais riqueza? Geralmente temos
excelentes razões para desejar mais renda ou riqueza. Isso não acontece porque
elas sejam desejáveis por si mesmas, mas porque são meios admiráveis para
termos mais liberdade para levar o tipo de vida que temos razão para valorizar.
[...] Os indivíduos vivem e atuam em um
mundo de instituições. Nossas oportunidades e perspectivas dependem
crucialmente de que instituições exitem e do modo como elas funcionam.
[...]. Trecho da obra Desenvolvimento
como liberdade (Companhia das Letras, 2000), do
filósofo, escritor e economista indiano, Prêmio Nobel de Economia de 1998, Amartya Sen. Veja mais aqui e aqui.
REGRESSÃO A VIDAS PASSADAS – Tenho várias amigas que fizeram um trabalho
de regressão a vidas passadas e coincidentemente todas foram Cleópatra em
alguma de suas encarnações anteriores. O que mais me intriga nessa história de
gente que começa a remexer no passado metafísico é que ninguém quer ser o Zé-povinho.
Todo mundo foi um grande rei, uma diquesa, um artista genial.e se atualmente
está levando uma vida de dificuldades e sofrimentos, é apenas a lei do karma,
está pagando pelas maldades que cometeu quando respondia pela identidade
Napoleão Bonaparte. Liam Gallager, o encrenqueiro cantor do Oasis, declarou que
é a nova encarnação de John Lennon. Só que o imitador do ex-beatle esqueceu de
fazer as contas, pois nasceu em 1972 e John morreu em 1980. A contabilidade não
fecha. A não ser que ele tenha nascido sem alma e tenha ficado esperando na
fila, enquanto o ídolo terminava de usar a sua. Corroído por dúvidas e
curiosidades, resolvi conjugar meu pretérito para ver se também era mais que
perfeito. Descobri que fui Noel Rosa uns anos atrás, ao mesmo tempo em que
acumulava as funções de Charles Chaplin e Greta Garbo. O fato de eu ter tido três
encarnações simultâneas é explicável, pois certas almas são tão grandes que às
vezes precisam de mais de uma embalagem. Conforme se viu no filme sobre a vida,
ou melhor, uma das vidas do Dalai Lama. Não fui Cleópatra, como vocês poderiam
imaginar, fui Júlio Cesar e comi todas elas. E eram várias. Lá pelos idos do
sec. XV voltei Leonardo Da Vinci, mas só fiz consciência disso durante uma
recente visita ao Museu do Louvre. Fou um insight, uma revelação. No momento em
que exerguei o quadro da Mona Lisa, me lembrei exatamente por que ela estava
sorrindo enquanto posava. Coisa que não revelo nem morto. Tive minha fase de
navegador na pele de Cristóvão Colombo, mas depois pedi para não me darem mais
essa atividade de homem do mar. Peguei um tal enjôo de navio que hoje em dia só
viajo de avião, aliás, veiculo que inventei quando encarnei Santos Dumont. Houve
uma época em que estive faraó e reinei sobre o Egito com o nome de Queops. Durante
esse período acumulei uma fortuna considerável e, respeitando a sabedoria
popular, segundo a qual “da vida nada se leva”, arquitetei um plano para burlar
a alfândega celeste e poder usufruir desse patrimônio nas encarnações
seguintes. Mandei construir a enorme pirâmide de Gizé (modéstia à parte, a
maior obra de engenharia da história da humanidade) e ordenei que, junto com
meu corpo mumificado, fosse enterrada boa parte de meu tesouro. A ideia era
voltar na próxima etapa, tomar posse dos bens a que tinha direito e gozar de
uma aposentadoria digna. Até hoje não consegui convencer ninguém de que tudo
aquilo me pertence. Ocupei a presidência dos Estados Unidos em mais de uma
oportunidade e, apesar de haver sido assassinado duas vezes, não desisto, eu
sempre volto. Inclusive existe um grupo de médios norte-americanos insistindo
para que eu programe minha próxima vinda como filho de uma família texana. Não sei,
ando cansado de política, tô pensando em viver novas emoções. Talvez um cantore
de rap ou um piloto de F´romula-1. Tenho provas consistentes dessa minha
trajetória existencial aqui na Terra, mas não quero me estender em mais
detalhes para não lhe aborrecer. Só gostaria de encerrar dizendo que viajar pelo
meu passado foi uma experiência fascinante. Voltar no tempo, através de uma
regressão, é muito bom porque a gente vai revendo os velhos amigos, despertando
antigas paixões, mas infelizmente chega uma hora em que bate um cansaço e a
memória começa a ficar embaçada. A última coisa que consegui enxergar foi o
momento de uma das minhas mortes, há mais ou menos uns 2 mil anos, quando eu
estava de braços abertos numa cruz gritando por meu pau. E não vou nem dizer o
nome do velho pra vocês não pensarem que eu tô querendo me exibir. Extraído
da obra Tipo assim: Crônicas (RBS.
2003), do escritor, compositor e cantor Kledir
Ramil.
QUERO SER GRANDE
O file Quero ser grande (Big, 1988), dirigido
por Penny Marshall, trata da história
de uma criança que, para conseguir ter todos os prazeres da vida de adulto,
pede a uma máquina mágina que o faça ficar grande. Ele consegue dinheiro,
carros, mulheres, mas, como criança em um corpo de adulto, passando por
diversos conflitos. Isso acontece depois de ter sido humilhado por ter altura
suficiente para entrar em uma montanha-russa de um parque de diversões,
tornando-se em um adulto de trinta anos, e ao tentar contar a verdade pra sua
mãe, ela o expulsa de casa achando se tratar de um invasor. Ao iniciar um
relacionamento com uma colega de trabalho, teve de escolher entre viver como
adulto com ela ou retornar à sua família como uma criança. O destaque do filme
fica por conta da lindíssima atriz estadunidense Elizabeth Perkins.
Veja mais:
Gato escaldado
pra se enturmar é um pé na frente e outro atrás, a música de Sonia Bach, a fotografia de
Mariana Beltrame & a pintura
de Umberto Boccioni aqui.
Quando te vi na Crônica de amor por ela,
Marques Rebelo, Eduardo
Giannetti, Luzilá Gonçalves, Francis Poulenc, William Shakespeare, Patrícia Petibon, Anatol
Rosenfeld, Anésia Pinheiro Machado, Marcela Rafea, Franz
von Bayros, Asztalos Gyula & Magda
Zallio aqui.
Marguerite
Duras & Todo dia é dia da mulher aqui.
Pagu –
Patrícia Galvão & Todo dia é dia da mulher aqui.
Serenar
na Crônica de amor por ela, Dinah Silveira de Queiroz, Jacques Prévert, Validivar, Paulo Santoro, Arieta Corrêa,
Wong Kar-Wai, Manuel Puig, Peter Greenaway, Elisete Retter, Shirley
Kwan, Agi Strauss, A educação e seus problemas & Lilian Pimentel aqui.
A árvore
de Humberto Maturana & Francisco Varela, Darel Valença Lins, Luiz Melodia, Terra Oca & Lady
Francisco aqui.
Projeto
Tataritaritatá aqui.
Educação,
Sexualidade & Orientação Sexual aqui.
Big Shit
Bôbras: o despranaviado geral aqui.
A
campanha do Doro Presidente aqui.
O que
deu, deu; o que não deu, só na outra aqui.
Aprendi
a voar nas páginas de um livro aqui.
Canção
de quem ama além da conta aqui.
Todo dia
é dia da mulher aqui.
A
croniqueta de antemão aqui.
Palestras:
Psicologia, Direito & Educação aqui.
&
ARTE DE DORINA
COSTRAS
A arte da
artista plástica romena Dorina Costras.