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OS DOIS MUNDOS
DE QUEM VIVE DE UM LADO SÓ - Imagem: Abu Hhraib 46, do
artista plástico e escultor colombiano Fernando Botero.- Estavam Doro, Robimagaiver e Zé-Corninho, cada qual com
sua exclusivíssima razão, tentando aprumar a conversa. Como nunca se entendiam,
peiticavam com suas exacerbadas convicções. – O ser humano é a peste! Se fosse
eu a autoridade, iam ver como a coisa se endireitava -, esbravejou Doro a
plenos pulmões. – Ah, vocês só servem mesmo pra levar gaia e apanhar desacertos
na bunda, mais nada! -, retrucou Robimagaiver. – Dou um no outro e não quero
torna -, atalhou Zé Corninho. Pronto, a discórdia estava feita! Como diziam e
desdiziam insensatamente tudo que pabulavam, não havia a menor conciliação
entre seus ditos e feitos. Foi, então, que Doro recorreu ao doutor Zé Gulu que
se encontrava num canto, absorto com a sua leitura. O ilustre perturbando com a
impertinência, encarou o recalcitrante por cima dos óculos, já prevendo a
lorota que vinha para importuná-lo. Encostou-se buscando paciência com uma
respiração profunda, para ter como desatar aquele imbróglio: - Meu doutor, me
diga cá uma coisa, qual de nós está com a razão? O culto mestre aprumou os
óculos na venta, fez uma careta e rebuscou no juízo uma resposta acertada, ao
começar sua digressão sobre a necessidade humana de posse, poder e fama,
alinhando as ideias para o fato de que desde as mais remotas eras e em todos os
tempos, o seu humano procurou de todas as formas a exibição de poder com suas façanhas
de força física sobre uns e outros – esses vistos apenas como obstáculo -, para
satisfação e sentimento de superioridade que contagia as deslumbrantes artificialidades,
na aplicação pervertida do que é escravizante e punitivo, quando na verdade era
a desmedida cupidez que levava a histeria das guerras de conquistas dos mais
antigos aos atuais ditadores: conquistar, subjugar, prear. Não era outra coisa
senão a necessidade de amostramento e a fuga do tédio, com arroubos de intolerância,
fanatismo, hipocrisia e embotamento, quando não na inversão de valores e
enfraquecimento do sentido de humanidade levados por asserções inanes aos extremos,
amparadas apenas por aspirações de prósperas posições e que geram crises e
obscurecem a razão. Isso é começo de todos os conflitos armados, sequestros,
preconceitos, violência, opressões e agressividade. Quando a coisa está além
dos limites, logo aparece a necessidade de trégua, envolvendo um tanto de gente
pra apartar a briga, compelido no empenho de arbitrar as dissensões com o
implacável esforço de promover mediações e formular tratados definitivos. Como nada
é duradouro no empenho humano, logo as cláusulas são desrespeitadas violando os
acordos e dando vez aos imprevisíveis e perturbadores efeitos. Tudo pelo
simples anseio de posse, poder e fama. De preferência, com o postulante imbuído
de poderes de super-homem, imune a todos os problemas, provas e tribulações da
vida, superior em mando sobre tudo e todos. Resultado: na melhor das hipóteses,
apesar da gestão das dissensões buscando consensos, novos conflitos eclodem em
cada esquina: cada qual que cuide de si e ninguém tem nada a ver com isso. A
despeito da boa vontade, como um leão, ou galo de briga, cada um quer o seu
território demarcado e doido seja quem se arrisque a usurpar esses limites. Não
obstante, apesar da interdependência, o umbigo fala mais alto e o outro que se
dane: a felicidade de um é, inevitavelmente, a infelicidade de outro, ninguém
deseja as mesmas coisas ou partilha dos mesmos sonhos – como se a felicidade
fosse apenas o contentamento do ego. Cada qual suas ideais, ideais, inspirações,
dúvidas e desejos; o outro é só pra gente se amparar quando se precisa, ou
mangar pra que se lasque nos terrores da noite escura e fria. Ponto final. Na
hora Zé-Corninho aplaudiu: - O doutor tá certo! Robimagaiver retorquiu: - Num
entendesse nada que ele falou, bestão! Eu que diga: apesar de parecer certo,
acho que ele tá é errado! Aí o Doro olhou pros comparsas com cara de
desentendido e voltou-se pro instruído mestre: - Ah, tá. Mas no frigir dos
ovos, afinal quem tá certo: eu ou eles? O erudito cidadão engoliu seco, olhou
pros lados e aboticou os olhos procurando mais sarna para se coçar: - Se o
senhor tivesse o poder de mando, o que fazia? Botava tudo na rédea curta, só
valia a minha lei! Qual sua primeira providência? Ora, me arrumar, oxe, o
depois vinha mesmo depois! E a fila de espera? Ah, sou perito fura-fila, não
sou gestante, o besta que fique quarando. Se tiver dificuldade com algo? Boto
grana pra facilitar as coisas, ou dou meu jeitinho pra azeitar tudo. Se alguém
pedir ajuda? Num sou igreja pra obrar caridade: pé na goela e ainda puxo a língua
estirada. Se tiver muito lixo? Jogo na casa do vizinho. O que pensa do outro?
Uma trepeça que num tem jeito! Ora, ora, sejamos razoáveis, sensatez nunca é
demais! Somos o que pensamos e fazemos. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo o talento musical da premiada violoncelista
francesa Juliette
Herlin.
Veja mais sobre:
A mulher na Idade Média, a música de Johann Joachim Quantz & Verena Fischer, a
literatura de Naoki Higashida & Teolinda Gersão, Fritz Lang, a pintura de
Georges Rouault & Siron Franco, Marie Dumesnil, Anne Baxter, Benita
Prieto, Maisa Vibancos, A mulher & a escravidão aqui.
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Mahatma Gandhi, Michelangelo Antonioni & Vanessa
Redgrave, Educação, Carlos Zéfiro, Phil Collins & Genesis, Jennifer R. Hale
& Maria Luísa Mendonça aqui.
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através da música & a História da Música Popular de José Ramos Tinhorão aqui.
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Gildemar Pontes, Sandra Fayad, Paulo Profeta, Gisele
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Ratto aqui.
Quadrinhos, a nona arte aqui.
O catecismo de Carlos Zéfiro aqui.
&
DESTAQUE: DIA DOS QUADRINHOS NACIONAIS & DA SAUDADE
A arte do desenhista, caricaturista,
ilustrador, crítico, pintor e gravador italiano Angelo Agostini (1843-1910),
o mais importante artista gráfico do Segundo Reinado, testemunhando o Império
até a consolidação da República oligárquica brasileira. Foi um dos fundadores
do semanário liberal Diabo Coxo, da Revista Ilustrada e Don Quixote, e do jornal O Cabrião, periódico semanal, no
qual publica sátiras sobre a Guerra do Paraguai. Criador de uma série de
pequenos artigos Instruções Secretas dos
Padres da Companhia de Jezus, onde ironiza as estratégias de
enriquecimento da ordem religiosa, e a caricatura O Cemitério da Consolação em Dia de Finados, sátira
sobre o feriado cristão. Foi colaborador em periódicos como O Arlequim e nas revistas Vida Fluminense, Cenas da Escravidão, O Malho,
O Tico-Tico e O Mosquito, publicando sua história
infantil Nhô Quim ou Impressões de uma
Viagem à Corte. Seu nome serviu de inspiração ao Prêmio Angelo
Agostini, concedido anualmente pela Associação de Quadrinistas e Caricaturistas
de São Paulo aos melhores do ramo e para a criação do Dia do Quadrinho
Nacional, comemorado neste dia. Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA;
A arte de Nik Helbig
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Dia da Não Violência com a arte da pintora, escultora, fotógrafa, vídeo-artista
e artista performance estadunidense Hannah Wilke (1940-1993).
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.