DOS TEMORES DA
INFÂNCIA AOS ARROUBOS JUVENIS - Imagem: Bewitched park, do pintor
israelense de origem bielorrussa Leonid
Afremov - O coração de Jesus no alto da sala era uma lembrança
incômoda na memória. Na minha meninice, um coração vivo, sangrando, me
perseguia o dia inteiro até assombração no meio dos temores noturnos. Pesadelos
numa infância medrosa. Reclamava pra minha mãe e me escondia no cós da saia
dela. Ela falava e eu não compreendia. Pra meu alívio, um dia, espatifou-se na
sala e ela virou-se pra mim e disse: - Foi você. Não havia como, mas ela disse.
Ainda lembro na minha tenra idade os olhos furiosos dela. Pior foi no dia da minha
recusa em fazer primeira comunhão e crisma, não aceitava Jesus preso na cruz.
Para mim, ele já estava livre disso, nós que carregássemos a nossa, o que, pra
mim, tornou-se a própria vida. Foi na transição entre a puerícia e a
adolescência que descobri os pré-socráticos e a mitologia grega, dando início
às minhas divagações que aprumaram andanças por religiões: Vedas, Alcorão,
Mahabharata, a Bíblia, Tanakh, Analectos, Torah, Gita, Upanishades, Talmude, Zend-Avesta,
o kardecismo, muitos e, no meio disso, por tantas vezes me ofereceram a Rosa de
Lutero tão simpática. Entretanto, menino adolescendo já não me via cristão, um
pensador livre. Nunca fui ateu, quase. Ao nutrir simpatia pelos quackers, pelo
Taoísmo e pelo zen-budismo, optei pela espiritualidade, não precisava mais
professar qualquer fé, nem havia mais necessidade de acreditar, eu sabia – e
sei – que existe e onde está: em mim e em tudo, esse o meu panteísmo
particular. Outras leituras me fascinaram, uma delas e de um fôlego só: a Tábua
de Esmeralda e Corpus Hermeticum. Releituras imprescindíveis. Anos depois
retomei os estudos, relendo a História dos Hebreus de Flavio Josefo, o
judaísmo-cristão e todos os demais livros já lidos na adolescência, até O Livro
dos Mortos, cabala e por aí vai. Nutro profundo respeito por todas as crenças e
seus fiéis – cada qual, cabeças e respostas. Entretanto, como não tenho certeza
de nada, não sei coisa alguma, mantenh0 postado pela espiritualidade porque sou
pleno de dúvidas, carregado de perguntas, graças a Deus! Isso é o que me faz
viver! © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Pedaço duma asa (2015), da cantora e compositora Mariana Aydar. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais sobre:
Fonte no Crônica de amor por ela, Gabriel García Márquez, Paul Éluard, José Paulo Paes, Alan Watts, Carmina Burana de Carl Orff, Michel de Montaigne, Fernando
Bonassi, Ingmar Bergman, Birgitta Valberg, Maurice Béjart, Birgitta Pettersson
& Rachel Lucena aqui.
E mais:
Ana Lins, a Revolução Pernambucana de 1817 & Todo dia
é dia da mulher aqui.
João Cabral de Melo Neto, Joan Baez, Rigoberta Menchú,
Simone de Beauvoir & Eduardo Viana aqui.
A paranoia da paixão por ela aqui.
Manoel Bentevi, Sinhô, Marshal McLuhan, Parafilias, Ópera
Maldita, Giulia Gam & Anna Bonaiuto aqui,
Fecamepa: quando o Brasil dá uma demonstração de que deve
mesmo ser levado a sério aqui.
O evangelho segundo padre Bidião & Jesus voltou aqui.
Pra tudo tem jeito, menos pro que não pode ou não quer aqui.
Tantas fazem & a gente é quem paga o pato aqui.
Globalização, Educação & Formação Pedagógica, Direito
Ambiental & Psicologia Escolar aqui.
A poética teatral de Federico Garcia Lorca aqui.
DST/AIDS, Educação & John Dewey aqui.
Sincretismo religioso aqui.
Racismo aqui.
O trabalho da mulher aqui.
Levando os direitos a sério, de Ronald Dworkin aqui.
&
DESTAQUE: ZARATUSTRA & VIDA
[...] Já
não havia sol. Por entre as silenciosas árvores de um bosque, caminhava Zaratustra
com seus discípulos à procura de uma fonte quando se depara com algumas jovens
dançarinas. Reconhecendo Zaratustra, as jovens interrompem a dana. Com gestos
amigáveis, Zaratustra pede-lhes para continuarem, pois ele próprio queria
acompanhá-las com um canto. E pôs-se Zaratustra a cantar. Cantou o dia em que
olhou para Vida e, sentindo-se mergulhado no imperscrutável, ouviu o riso de
Vida. essa, zombeteira, dizia, respondendo às indagações do grande sábio: “Eu
sou apenas mutável e selvagem e, em tudo, mulher. E não precisamente uma mulher
virtuosa...” E logo é Vida quem pergunta: “Que bem a ser a sabedoria?” Responde
ele: “Dela tem-se sede, mas jamais se fica saciado. Por entyre véus se esconde,
e tenta caçá-la com redes. Mutável, voluntariosa, talvez seja má e falsa, e é
em tudo feminina. Mas quando fala mal de si mesma é, então, que mais seduz”.
Após ouvir tudo isso, maldosamente Vida riu e, com os olhos semi-cerrados,
perguntou-lhe: “De quem estiveste falando? De mim, não é verdade?” [...].
Trecho de A
unidade primordial: perda ou fantasia?, da filósofa, professora de educação
e dança flamenca, Estrella Bohadana
(1950-2015), extraído da obra Feminino/masculino
no imaginário de diferentes épocas (Bertrand Brasil, 1998), organizado por
Eloá Jacobina & Maria Helena Kühner. Veja mais aqui, aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do pintor,
desenhista, escultor, cenógrafo, ensaísta e videomaker Nuno Ramos.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.