PARA
QUEM QUER, BASTA SER! - Imagem: arte da pintora
impressionista francesa Berthe Morisot
(1841-1895). - Depois de ter experienciado tudo que viveu, Gilvanícila parecia que havia saído de
uma epifania. Não parecia mais aquela mulher fragilizada por perturbadoras adversidades
sórdidas por que passara na vida, fatos que a fizera contemplada com a
compaixão geral. Não, parecia outra, assim, de repente, altaneira e cativante,
reluzente atitude altruísta. Nunca ouvira dela um resmungo ou ato de revolta,
mas sempre fora contida, reticente, infeliz, assim sempre me parecera. Agora não
mais, diferente de antes, a ponto de, certo dia, ela virar-se pra mim e dizer
num tom com certa severidade: - Você precisa encontrar o seu lugar. O que? Suas
faces brandas e reluzentes, contrastavam com a afirmação estranhamente
prepotente e vingativa. Não, não era, engano meu. Fitei-lhe os olhos e os vi com
a placidez dos céus, meigos e generosos. Mantive-me intrigado com o que disse
e, mais ainda com a sua sossegada expressão, e falou-me mansa e serenamente o
quanto vagueou errante na vida na busca insaciável de agradar as pessoas, com
tentativas recorrentes de ser a melhor amiga, a melhor criatura do mundo, a
companhia mais agradável para quem quer que fosse, e ser amada, adorada,
agradável, feliz, desejada. Apesar de tanto esforço, nunca obtivera êxito. Quando
tempo perdido, disse ela sem expressar o mínimo rancor ou frustração, sonhava a
felicidade de todos e, com isso, ser feliz. Sempre desapontada por nunca lograr
êxito, tornava-se cada vez mais infeliz, angustiada, deprimida. Até o dia que
perguntou para si própria se era a pessoa que sonhava ser, se era tão amável
quanto queria ser amada, se era capaz de dar felicidade o quanto queria ser
feliz, imaginando assim ser outra pessoa avaliando ela própria. Descobriu que
apenas possuía o ideal, nada era real. Queria ser amada quando era incapaz de
amar; que todos fossem felizes quando era totalmente infeliz; e o pior era que,
para ela mesma, o seu próprio conceito de felicidade era tão tacanho quão
inútil era a soberba de se achar a pessoa ideal para todas as pessoas e
ocasiões. Chegou a conclusão de que para ser feliz de verdade tinha que se
tornar a pessoa que idealizava ser de verdade e passou a acreditar que só a
felicidade dos outros é que proporcionaria a sua própria. Foi prestando a
atenção em tudo, não desperdiçando o menor esforço, que se determinou ao que
queria. Encarou o passado e ele lhe falou: - Não deixe de aproveitar o Sol,
sinta-se bem! E como a escolha era dela, escolheu por sentir-se bem: -
Encontrei meu lugar no plano do Criador. E passou a olhar além da capacidade de
ver, passou a ouvir além da capacidade da compreensão. Imaginou-se outra
analisando a si própria e descobriu-se coberta de equívocos e incompreensões
que a tornavam mais ainda incapaz de amar e de ser amada. Na sua catarse
rejeitou a comiseração de todos e partiu para corrigir cada um dos seus
defeitos que eram muitos, demandara muito tempo num processo de autossuperação
em que passou a amar e respeitar o que julgava antes defeito e erros nos
outros, aceitando os outros como são e não como ela queria que fossem todos,
convivendo de verdade com a incompreensão do outro para que se pudesse a si própria
compreender, sobretudo, a amar, a se amar e a ser amada. Em nenhum momento de
seu depoimento senti uma ponta de sarcasmo ou desonestidade. Plenamente briosa
e desprendida o tempo inteiro fitando os meus e eu os seus olhos. E foi com
isso que ela me ensinou que para quem quer, basta ser. © Luiz Alberto Machado.
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DESTAQUE: A VIAGEM PELO MAR DA VIDA DE JOHN MASEFIELD
[...] O
corpo do homem é imperfeito, sua mente indigna de confiança, porém, sua
imaginação o tornou um ser extraordinário.
[...] Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias,
imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para
entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor.
Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o
desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para
lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo
como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz
professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e
simplesmente ir ver. [...].
Pensamento e trecho do poema Sea Fever (Paul & Co, 1988), do poeta
inglês John Masefield (1878-1967).
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte da pintora impressionista francesa Berthe Morisot (1841-1895)
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Paz na
Terra!
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.