HOJE PNE É O
OUTRO, AMANHÃ PODE SER VOCÊ - Imagem:
Hiroshima, do artista francês Yves Klein (1928-1962). - A arrogância
dava de ombros: - Tudo meu! E para si a abastança, pros outros as ninharias,
presepadas, zombarias. Repetia para todos: - Cuspiu pra cima e não saiu, o
cuspe na cara caiu! Chacota afiada, arremedava da Dalva que nem sabia: - Não
pode chegar aos astros, quem leva vida de rastros, quem é poeira de chão! Às mungangas,
até a porca torcia o rabo. Tudo quietinho ao seu conforme: bolsos estufados de cédulas
de todas as quantias, posses de gente e instrumentos. Escasseasse algo do
inopinado, cacundas servis pros mínimos esforços. Umbigo ufano, comando
inexorável: sarcasmo por toda dificuldade alheia, asco de pobreza, desdém por
coletividade. Não precisava nem dependia de ninguém, comprava o que e a quem quisesse.
Deus na barriga e pisadas firmes sobre olhos vidrados, boca aberta e mãos
espalmadas: todas as línguas babando seus testículos. Dava quantas voltas no
mundo quisesse, desfazia se contrariado. Seguro de si e de tudo, esbanjava
saúde, valentia e impropérios. Invulnerável, desafio era pouca bobagem: ninguém
tinha tope para competir. Insuperável, quanto mais tivesse, mais queria:
obnóxios na ponta dos dedos, bastava mexer um deles e tudo de prontidão. Assim foi,
sempre. Vai que um dia abusa da sorte na maior extravagância: duela de venta
empinada com o destino. Sabia-se ancho previamente vitorioso, mas não. Estendido
no chão e na maca por meses em coma. Aos olhos da consciência, paraplégico. Cirurgias
reparadoras até no exterior não lhe restituíram a autonomia, estava dependente
de uma cadeira de rodas. Triste e falido, não lhe sobrara vintém nem um pé de
gente por atenção. Dos que lhe serviam, nem rastro da debandada. Solitário,
lutava para apagar o passado, aprendera a lição. © Luiz Alberto Machado. Veja
mais aqui.
Curtindo o álbum Great Pianists of
the 20th Century, Volume 76 (Philips Classics Records, 1999), da
pianista portuguesa naturalizada brasileira Maria João Pires. Veja mais aqui, aqui e aqui.
Veja mais sobre:
Eu te amo no Crônica de amor por ela, Darel Valença Lins, Laura Finocchiaro, Adolfo
Sánchez Vázquez, José Craveirinha, Calderón de la Barca, Alejandro Amenábar, Nicole Kidman, Rogério Manjate, A pequena sábia & Fátima Maia aqui.
E mais:
A poesia de João Cabral de Melo Neto aqui.
A família, Entidade Familiar, Paternidade/Maternidade e
as relações afetivas aqui.
Literatura de Cordel, Mulher Escandinava, Shaktisangama,
Etore Scola, Francisco Julião, Sophia Loren, Jarbas Capusso Filho & Fetichismo aqui.
&
DESTAQUE: SEM PALAVRAS DE GREGORY CORSO
É melhor homem uma palavra alongada
E depois comer o que o outro haja falado
Pois nenhum homem é palavra suficiente
Ao fazer sua queixa, acertar com a bota
A palavra comida estava sem gosto talvez
É melhor o homem esquecer sua dicção
Ficar sem a boca
É melhor que um outro homem, eu mesmo,
Aceite a restrição dele
Não conheço nenhuma palavra que seja minha
E estou cansado das dele
É melhor costurar sua boca
Dinamitar seus ouvidos até a surdez
Afogar seu palavrório
É melhor
Que seus olhos falem e escutem, além de
enxergar.
Sem palavras, poema
extraído do livro Gasolina & Lady Vestal – Poesia Urbana (L&PM,
1985), do poeta estadunidense da geração beat, Gregory Corso (1930-2001).
Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do artista francês Yves Klein (1928-1962)
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.