segunda-feira, janeiro 30, 2017

BOTERO, HANNAH WILKE, JULIETTE HERLIN, ANGELO AGOSTINI & NIK HELBIG


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OS DOIS MUNDOS DE QUEM VIVE DE UM LADO SÓ - Imagem: Abu Hhraib 46, do artista plástico e escultor colombiano Fernando Botero.- Estavam Doro, Robimagaiver e Zé-Corninho, cada qual com sua exclusivíssima razão, tentando aprumar a conversa. Como nunca se entendiam, peiticavam com suas exacerbadas convicções. – O ser humano é a peste! Se fosse eu a autoridade, iam ver como a coisa se endireitava -, esbravejou Doro a plenos pulmões. – Ah, vocês só servem mesmo pra levar gaia e apanhar desacertos na bunda, mais nada! -, retrucou Robimagaiver. – Dou um no outro e não quero torna -, atalhou Zé Corninho. Pronto, a discórdia estava feita! Como diziam e desdiziam insensatamente tudo que pabulavam, não havia a menor conciliação entre seus ditos e feitos. Foi, então, que Doro recorreu ao doutor Zé Gulu que se encontrava num canto, absorto com a sua leitura. O ilustre perturbando com a impertinência, encarou o recalcitrante por cima dos óculos, já prevendo a lorota que vinha para importuná-lo. Encostou-se buscando paciência com uma respiração profunda, para ter como desatar aquele imbróglio: - Meu doutor, me diga cá uma coisa, qual de nós está com a razão? O culto mestre aprumou os óculos na venta, fez uma careta e rebuscou no juízo uma resposta acertada, ao começar sua digressão sobre a necessidade humana de posse, poder e fama, alinhando as ideias para o fato de que desde as mais remotas eras e em todos os tempos, o seu humano procurou de todas as formas a exibição de poder com suas façanhas de força física sobre uns e outros – esses vistos apenas como obstáculo -, para satisfação e sentimento de superioridade que contagia as deslumbrantes artificialidades, na aplicação pervertida do que é escravizante e punitivo, quando na verdade era a desmedida cupidez que levava a histeria das guerras de conquistas dos mais antigos aos atuais ditadores: conquistar, subjugar, prear. Não era outra coisa senão a necessidade de amostramento e a fuga do tédio, com arroubos de intolerância, fanatismo, hipocrisia e embotamento, quando não na inversão de valores e enfraquecimento do sentido de humanidade levados por asserções inanes aos extremos, amparadas apenas por aspirações de prósperas posições e que geram crises e obscurecem a razão. Isso é começo de todos os conflitos armados, sequestros, preconceitos, violência, opressões e agressividade. Quando a coisa está além dos limites, logo aparece a necessidade de trégua, envolvendo um tanto de gente pra apartar a briga, compelido no empenho de arbitrar as dissensões com o implacável esforço de promover mediações e formular tratados definitivos. Como nada é duradouro no empenho humano, logo as cláusulas são desrespeitadas violando os acordos e dando vez aos imprevisíveis e perturbadores efeitos. Tudo pelo simples anseio de posse, poder e fama. De preferência, com o postulante imbuído de poderes de super-homem, imune a todos os problemas, provas e tribulações da vida, superior em mando sobre tudo e todos. Resultado: na melhor das hipóteses, apesar da gestão das dissensões buscando consensos, novos conflitos eclodem em cada esquina: cada qual que cuide de si e ninguém tem nada a ver com isso. A despeito da boa vontade, como um leão, ou galo de briga, cada um quer o seu território demarcado e doido seja quem se arrisque a usurpar esses limites. Não obstante, apesar da interdependência, o umbigo fala mais alto e o outro que se dane: a felicidade de um é, inevitavelmente, a infelicidade de outro, ninguém deseja as mesmas coisas ou partilha dos mesmos sonhos – como se a felicidade fosse apenas o contentamento do ego. Cada qual suas ideais, ideais, inspirações, dúvidas e desejos; o outro é só pra gente se amparar quando se precisa, ou mangar pra que se lasque nos terrores da noite escura e fria. Ponto final. Na hora Zé-Corninho aplaudiu: - O doutor tá certo! Robimagaiver retorquiu: - Num entendesse nada que ele falou, bestão! Eu que diga: apesar de parecer certo, acho que ele tá é errado! Aí o Doro olhou pros comparsas com cara de desentendido e voltou-se pro instruído mestre: - Ah, tá. Mas no frigir dos ovos, afinal quem tá certo: eu ou eles? O erudito cidadão engoliu seco, olhou pros lados e aboticou os olhos procurando mais sarna para se coçar: - Se o senhor tivesse o poder de mando, o que fazia? Botava tudo na rédea curta, só valia a minha lei! Qual sua primeira providência? Ora, me arrumar, oxe, o depois vinha mesmo depois! E a fila de espera? Ah, sou perito fura-fila, não sou gestante, o besta que fique quarando. Se tiver dificuldade com algo? Boto grana pra facilitar as coisas, ou dou meu jeitinho pra azeitar tudo. Se alguém pedir ajuda? Num sou igreja pra obrar caridade: pé na goela e ainda puxo a língua estirada. Se tiver muito lixo? Jogo na casa do vizinho. O que pensa do outro? Uma trepeça que num tem jeito! Ora, ora, sejamos razoáveis, sensatez nunca é demais! Somos o que pensamos e fazemos. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui

Curtindo o talento musical da premiada violoncelista francesa Juliette Herlin.

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DESTAQUE: DIA DOS QUADRINHOS NACIONAIS & DA SAUDADE
A arte do desenhista, caricaturista, ilustrador, crítico, pintor e gravador italiano Angelo Agostini (1843-1910), o mais importante artista gráfico do Segundo Reinado, testemunhando o Império até a consolidação da República oligárquica brasileira. Foi um dos fundadores do semanário liberal Diabo Coxo, da Revista Ilustrada e Don Quixote, e do jornal O Cabrião, periódico semanal, no qual publica sátiras sobre a Guerra do Paraguai. Criador de uma série de pequenos artigos Instruções Secretas dos Padres da Companhia de Jezus, onde ironiza as estratégias de enriquecimento da ordem religiosa, e a caricatura O Cemitério da Consolação em Dia de Finados, sátira sobre o feriado cristão. Foi colaborador em periódicos como O Arlequim e nas revistas Vida Fluminense, Cenas da Escravidão, O Malho, O Tico-Tico e O Mosquito, publicando sua história infantil Nhô Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte. Seu nome serviu de inspiração ao Prêmio Angelo Agostini, concedido anualmente pela Associação de Quadrinistas e Caricaturistas de São Paulo aos melhores do ramo e para a criação do Dia do Quadrinho Nacional, comemorado neste dia. Veja mais aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA;
A arte de Nik Helbig
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: Dia da Não Violência com a arte da pintora, escultora, fotógrafa, vídeo-artista e artista performance estadunidense Hannah Wilke (1940-1993).
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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