sábado, abril 23, 2016

DALTON TREVISAN & RODA DE CHORO


NUMA RODA DE CHORO - (Imagem: Roda de Choro em Santa Teresa – Série Rio -, da artista plástica Mariana Bonifatti). Lembro bem, ainda menino, quando via meu pai pegar um bolachão ou uma fita cassete com músicas de Pixinguinha, João Pernambuco, Waldir Azevedo ou Jacob Bandolim, ou mesmo a dulcíssima flauta de Altamiro Carrilho, ficar solfejando pelo meio da casa ou quando dirigia nas viajadas e passeio nos finais de semana. Esse o meu primeiro contato com o Choro, tanto é que quando cheguei em Recife, tornei-me um assíduo frequentador de bares que rolassem uma roda de choro ou conjuntos regionais, executando músicas de Garoto e de outros belíssimos chorinhos que muito me apeteciam. Dividido entre frevos, xotes, baiões, emboladas, repentes e cantorias, passava a tarde inteira, entrando pela noite, embalado aos acordes e improvisos de tão gostosa música, ainda hoje fazendo parte do meu cardápio musical. Foi quando um dia, na legendária Livro 7, que dei de cara com a Pequena História da Música Popular – da modinha à canção de protesto (Vozes, 1974), do José Ramos Tinhorão, que fiquei sabendo do surgimento desse tipo de música pelos idos do século XIX, oriundo da valsa, da polca e do lundu, e que tinha em Joaquim Calado, o pai dos chorões, a figura de relevo e a sua formação com um solista, dois violões e um cavaquinho, e que se tornara mais frequentemente audível a partir de discos que comprei da Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Anacleto de Medeiros, Patapio Silva e do grande Villa-Lobos. Noutras leituras do Mário de Andrade, Câmara Cascudo e, também do Rostos e gostos da MPB (L&PM, 1979), do Tárik de Souza, tanto ouvia como me aprofundava na busca por referências para aquisição de discos, como do conjunto Galo Preto, Joel Nascimento e Déo Rian, como também do Noites Choronas, Camerata Carioca e da Orquestra Pixinguinha, com a presença de outros instrumentos na sua formação, como a flauta e pandeiro, bem como o curioso violão de 7 cordas que tanto ouvia meu pai falar do Dino, como, às vezes, com piano, trombone, clarinete e saxofone, principalmente quando ouvia execuções com reunião de músicos como Radamés Gnatalli e Raphael Rabello, até a aquisição do livro Choro – do quintal ao municipal (Editora 34, 1998), de Henrique Cazes. A partir de então, nunca mais deixei de apreciar uma roda de choro, como, certa vez, visitando Maceió, adentrei na choperia Orákulo, só porque ouvira de longe os acordes do choro rolando no ar. Foi nesse dia que fui apresentado ao talento do músico alagoano Ibys Maceioh que, anos mais tarde, quando passei a morar na cidade, se tornaria além de ídolo da música, um amigo de boas conversadas. É maravilhoso ter a constatação da diversidade musical brasileira, com tantos gêneros, levadas e sotaques, traduzindo nossa plural expressão anímica. Esta é a uma das partes pra lá de interessante e que faz este país ser um maravilhoso Brasil pra gente e pro mundo. E vamos aprumar a conversa & tataritaritatá. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui

 Imagem: arte do pintor e professor Sérgio Marques da Silva Júnior.

 Curtindo o álbum Charme do Choro, com o grupo O Charme do Choro, formado por Jade Guilhon (bandolim e violino), Dulce Cunha (flauta), Laíla Cardoso (violão), Camila Alves (violão 7 cordas), Carla Cabral (cavaquinho) e Rafaela Bittencourt (pandeiro), criado em 2006, por sugestão do arquiteto e músico Paulinho Moura, na cidade de Belém do Pará.

PESQUISA
Uma obra importantíssima para os que, como eu, adoram o Choro é Almanaque do choro: a história do chorinho, o que ouvir, o que ler, onde curtir (Zahar, 2003), de André Diniz da Silva, indiscutivelmente um guia completo sobre o gênero musical que Heitor Villa-Lobos afirmava ser a “alma musical do povo brasileiro”.

LEITURA 
Lendo o Chorinho Brejeiro (Record, 1993), do escritor Dalton Trevisan.

PENSAMENTO DO DIA
Um chorão pode ser feliz desde que ele esteja se esbaldando numa roda de chorinho. Vamos nessa que hoje é o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, instituído pela Unesco, em 1996.

Veja mais Jacob Boehme, Max Planck, William Shakespeare, Pixinguinha, Michael Moore, Brigitte Bardot, Marcel René Herrfeldt & Silvia Mota aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Arte do pintor e professor Sérgio Marques da Silva Júnior
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
Veja aqui.


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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