DOIS
QUENTES & UM FERVENDO! - Gentamiga,
ziriguidum, teitei! Quando chega a segunda-feira, a gente começa a semana com a
lição do Sol brilhando, enquanto aquele galo abusado canta seu cocoricó com
aviso: outra semana, outras micagens, outras paneladas, outras maruagens. Tudo
de novo, outra vez. É a vida. Mas a gente tem que fazer desse sisifismo sempre
uma coisa nova: afinar o gogó, respirar fundo, bater na caixa dos peitos e dizer:
agora vai! Nessa hora não se olha mais pra trás, nem se dá ouvidos ao que passa
a ser lengalenga. Tem que fazer de contas que é uma nova realidade e há de meter
bronca, senão a vaca vai pro brejo. Cada um transformando-se em proditórios e
tredos armando suas arapucas carregadas de mordacidades e imposturas pra fazer
de tudo bravatas agudas no reino das zaragatas: - Do pescoço pra baixo tudo é
perna! É hora de ir pra guerra com dois quentes e um fervendo! A ordem do dia é
lembrar o riscado: todo dia sai um otário e um sabido de casa, alguém vai
chorar. E como todo mundo só quer passar a perna e usar o martelo da sabedoria para
sub-reptícios proveitos num chapéu pro pacóvio, pra depois cair no escárnio,
esfregando as mãos diabólicas no meio da panelinha: - Sou lá besta, meu! Gosto
de ter vantagem em tudo! É só botar o pé fora de casa e começa o teatro dos
horrores: ninguém mais se entende por palavras, só por gestos hostis acentuados
com as explosões inflamáveis do mau humor, na maior alucinação impondo a
vontade sobre os outros, a violência aos extremos no baixo calão e calúnias na
maior perplexidade, pra avivar mais ainda o patético reino da discórdia e da confusão.
A cena no trânsito, nas esquinas, no trabalho ou em qualquer rincão é só de agressões
violentas entre os contendores belicosos, armados de disse-me-disse, fofocas,
bois de fogo, tácitas declarações de guerra: - Destá, você vai ver com quantos
paus se faz uma canoa! Nessa treta não há Convenção de Genebra nem Pacto de
Bogotá, é só jogo com golpes abaixo da cintura da honra e das reputações, arengas,
difamações, arrogância, subornos, todas as imposturas fabricando litígios que
só enriquecem advogados glutões e entulham com pedantismo e afetação a
morosidade do Judiciário que imerge onde o crime é a lei no absurdo kafkiano
que vira real e nas profundezas da terra, cada qual usando do recurso que lhe
convier. E assim vai da segunda pra terça, caindo na quarta, se levantando na
quinta até os últimos estertores na sexta, quando no sábado sai juntando os
cacos que sobraram para revigorar nova tentativa de sobrevivência. Não se faz
outra coisa. Mas o Sol permanece brilhando todos os dias pra mostrar que a vida
é outra coisa totalmente diferente e que ainda não se sacou direito. E vamos
aprumar a conversa & tataritaritatá. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Imagem:
a arte do
pintor, designer,
artista gráfico, escritor e escultor neerlandês, co-fundador do grupo CoBrA, Karel
Appel (1921-2006).
Curtindo
o álbum (2cds) Chopin: Etudes, Op. 10
& 25 / Brahms: Paganini Variations (EMI, 2005), da pianista italiana Giorgia
Tomassi.
PESQUISA
Leitura da obra Música Viva e
H.J.Koellreutter: movimentos em direção à modernidade (Musa, 2001), do educador, musicólogo e
compositor Carlos Kater.
LEITURA
Leitura da
coletânea Poemas, um tostão cada (Pomes
Penyeach - Iluminuras, 2014), do escritor irlandês James Joyce (1882-1941). Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA
Quando a semana
principia é bom sair juntando o restinho das pregas que sobraram e começar tudo
outra vez. (LAM).
Veja mais Ismail Kadaré, Vsevolod
Emilevich Meyerhold, Fridha Khalo, Emil Cioran, Karel Appel,
Badi Assad, Carlota Joaquina a Princesa do Brasil & Carla
Camurati & Clube Caiubi de Compositores aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Tonia Stieltjes - Recumbent female nude, do pintor do Expressionismo holandês, Jan Sluijters (1881-1957).
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
Veja aqui.