O
PRÊMIO DO AMOR (Imagem: Pink Lady, da artista plástica belga Christine Comyn) – É ela o meu prêmio e rendo meu preito em seu
culto, quando ela Iaravi, no céu sereno do seu dia, me faz Fiietó, mais que
guerreiro viril no seu rito, mais que cacique na sua tribo, mais que pajé na
sua devoção. E sou quase um deus no panteão onde habita, quando ela valquíria
Freya, no furor do seu doce orvalho noturno, me faz seu Odur mais que possante
autoridade, mais que potente deidade na escuridão do seu inverno, nos olores da
sua primavera, nas flores do seu outono, no viço do seu verão. E sou mais que
festa nos seus olhos de Sol fulgurante, que estampam na sua face adorável a
minha mais plena realização de amante. Sou o seu campeão que sobeja o suor que
lhe banha a tez, toda vez que ela beija com sua boca vermelha estouvada, a
gemer de prazer, fogosa, estabanada, e eu a sorver da sua magia que vem da sua
voz lasciva e vadia, a venerar o meu gládio em seus trêmulos lábios no doce
misterio de seus delírios febris. E com seus mais ousados ardis, no meu altar
erguida e abrasada, me aposso da musa altiva na minha toada, adunca e pendida
com seus palpitantes e intusmecentes seios, carregados de vida no enleio dos cantos
da minha lira e sou o recheio que a sua mão afaga e seus braços enlaçam,
reclinada, quando ateia seu fogo e me indendeia, enroscada ao meu tronco e sem
ameias, estremece crepitando as labaredas que nos endoidece e enrijecem as
veias, pra que eu ria no seu amoroso riso, e meu poema na sua poesia, a minha
canção na sua melodia, e vou depressa, pra que não seja tarde a remessa, por
que em nós arde o furor do seu doce orvalho em fervor. E sou firme em seu dorso
altivo, debruçada às nossas juras, reclinada com sua fervura, a me queimar com
as chamas do ventre divino. E seu corpo esbelto felino, me faz cativo do seu
talhe formoso de bacante adorável, firmada ao meu braço, amorável, até ser rendida
em meu regaço, porque faço e refaço, sou bom remador na sua onda airosa, a
pisar descalça e nua pela viração em polvorosa, e bendita ela é na seiva que
reluz e toda se espalha e o tempo dissipa e a vida passa, e a gente se agita
nas almas que uma só serão, juntas num só abraço de imortal paixão, aos milhões
de beijos, zilhões de abraços, o mais encantado amor firmado em nosso laço, e eu
lhe dou a minha vida e mais se quiser e mais eu tiver porque tudo é seu, viver
é amar. © Luiz Alberto Machado.
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Imagem: a
arte da artista plástica belga Christine Comyn.
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