NANÁ
Ê Naná, ê Naná, ê Naná!
Bate bombo e saculeja, vale tudo,
bê-a-bá!
Ê Naná, ê Naná, ê Naná!
Olha o tombo que azuleja, nunca mais um
baobá!!!
Vento chama vento, tempo passa e o passo
é tempo, manda aqui, manda acolá. E o que é que há na volta da calmaria cada
noite em cada dia, tataritaritatá. E venha cá, manda ver lá no terreiro, só na
luz do candeeiro o som do côco que é lunar. E manda já longe lá na freguesia um
repente de alegria para a festa animar.
Isso vai dar, isso vai dar o que falar.
Isso vai é se danar na maior repercussão. Preste atenção, não diga nada não,
vai dar loa de chegada, uma a mais na embolada no meio da reinação.
Isso vai pras beiradas do Recife, coisa
que nem sei se disse, ou esqueci pelo chão. Isso vai dar revolução, saga de
nego santo, sapecada em cada canto descendo do ribeirão.
Isso vai dar num fandango mais que jazz,
um mais nove só não faz, não erre na adição. Isso vai dar muita festa lá no
céu, rala bucho o tiruléo, bate coxa no baião.
Isso vai dar xote bom no berimbau, troça
solta e o escambau, tudo contaminação. Não faz mal não, isso é tudo carnaval,
rola do canavial pronde der a ferveção.
Isso vai dar de chegar só na canela, de
esborrar pela janela feito fez o Gonzagão. Não vai ter não quem saia ileso
dela, batucada descabela do litoral ao sertão.
Ê Naná, Ê Naná, Ê Nana!
Bate bombo e saculeja, vale tudo o
bê-a-bá !
Ê Naná, Ê Naná, Ê Nana!
Olha o tombo que azuleja, nunca mais um
baobá!!!
O mundo é verde no sertão das memórias,
quase choro de emoção com as estórias, quando bate uma saudade. Isso é verdade,
coisas do cego Aderaldo, verso dum poema alado num mote vivo a glosar. Nem
espiar um caboclo só de lança que as estrelas toda alcança quando reina a
dançar.
Isso vai dar num roliço dum xaxado, num
martelo agalopado, até num maracatu. Vai dar nordeste, muito do cabra da peste
bom que só mel de uruçu.
Vai dar forró, dar baião e dar fogueira.
Vai dar bocó na cirandeira na volta mandacaru.
Vai dar no que vai ser e viva São João,
viva todos nós então, viva a força do martelo, o forró do seu Antero, o voo do
quero-quero, viva Naná Vasconcelos e tudo que vier de bão.
Ê Naná, ê Naná, ê Naná!
Bate bombo e saculeja, vale tudo, bê-a-bá
!
Ê Naná, ê Naná, ê Naná!
Olha o tombo que azuleja, nunca mais um
baobá!!!
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