ARDÊNCIA - Que seja como for: a chama desse fogo ardendo o nosso
amor. No vício do prazer me deixe exangue e lânguido a te querer, a te querer
demais. E desfaleço com o tempo que o vento isento me traz o tormento, a hostil
solidão a te procurar. E vem teu corpo e revigora a pureza do tom do teu dom de
tocar se acercar dos meus sonhos, meu corpo, desejos, lampejo seduz meu afã,
minha estrela manhã, amuleto de luz, meu talismã, esperança de vida que traz
escondida no teu olhar. E a tua voz a me embalar nos segredos vadios das nuvens
lençois com furor, nos mistérios sedentos que invadem ardentes e saciam o amor.
É novo dia, é a mais rara poesia que descubro a cada via do teu corpo a me
roçar. Vem num átimo de um novo beijo e eu recolho o teu sobejo e revejo a fantasia
cada nervo é uma folia a cada perna a se enroscar. Ritual do tempo e o
firmamento a confundir-se em céus, em gemidos sensuais, luas, ânsias tão iguas,
refazem o nosso amor. (Música e letra LAM – Primeira Reunião: Bagaço, 1992). © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
LUNÁRIO PERPÉTUO: O NON PLUS ULTRA DO LUNÁRIO E PROGNOSTICO PERPETUO,
GERAL E PARTICULAR PARA TODOS OS REINOS E PROVÍNCIAS - Durante dois séculos, foi o livro mais lido nos sertões do Nordeste,
que trazia informações de astrologia, horoscopos, rudimentos de fisica,
remedios estupefacientes e velhismos. Aos olhos dos fazendeiros, não existia
autoridade maior, e os prognosticos meteorologicos, mesmo sem maiores exames
pela diferença dos hemisferios, eram acatados como sentença. Foi um dos livros
mestres para os cantadores populares, na parte que eles denominavam ciência ou
cantar teoria, gramática, história, doutrina cristã, países da Europa,
capitais, mitologia. Decoravam letra por letra. É o volume responsável por muita
frase curiosa, dita pelo sertanejo, e que provém de clássicos dos séculos XVI e
XVIII. A primeira edição é de Lisboa, em 1703, na caa de Miguel Menescal. O
título inteiro depois amputado dos volumes editados na última década do século
XIX, denuncia o plano da ciência popular: o Non Plus Ultra do Lunário e
Prognóstico Perpétuo, Geral e Particular para Todos os Reinos e Províncias,
composto por Jerônimo Cortez, valenciano, emendado conforme o Expurgatório da
Santa Inquisição, e traduzido em português. Registra um pouco de tudo,
incluindo astrologia, receitas médicas, calendários, vidas de santos, biohrafia
de papas, conhecimentos agrícolas, generalidades, processo para construir um
relógio de sol, conhecer a hora pela posição das estrelas, conselhos de veterinária.
Extraído do Dicionário do folclore brasileiro (Global, 2001), do
historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo
(1898-1986). Veja mais aqui, aqui & aqui.
O ALTAR DOS MORTOS – [...] A
revelação pareceu atingir nosso amigo no rosto e ele caiu numa cadeira e ficou
em silência. Rapidamente deu-se conta de que ela estava chocada com a visão do
choque dele, mas quando afundou no sofá ao lado dele e poucou a mão em seu
braço, ele percebeu quase de imediato que ela não era capaz de abalar-se com
aquilo tanto quanto gostaria. [....]. Pensamento do
escritor estadunidense Henry James (1843-1916). Veja mais aqui e aqui.
UMA VIAGEM AO CÉU - Uma vez, eu era pobre, / Vivia sempre atrasado, / Botei
um negócio bom / Porém vendi-o fiado / Um dia até emprestei / O livro do
apurado. / Dei a balança de esmola / E fiz lenha do balcão, / Desmanchei as
prateleiras, / Fiz delas um marquezão, / Porém, roubaram-me a cama / Fique
dormindo no chão. / Estava pensando na vida / Como havia de passar, / Não tinha
mais um vintém, / Nem jeito pra trabalhar. / O marinheiro da venda / Não queria
mais fiar. / Pus a mão sobre a cabeça / Fiquei pensando na vida / Quando do
lado do Céu / Chegou uma alma perdida, / Perguntou: - Era o senhor, / Que aí
vendia bebida? / Eu disse que era eu mesmo / E a venda estava quebrada, / Mas
se queria um pouquinho / Ainda tinha guardada, / Obra de uns dois garrafões / De
aguardente imaculada. / Me disse a alma: - Eu aceito / E lhe agradeço
eternamente, / Pois moro no Céu, mas lá / Inda não entra aguardente. / São
Pedro inda plantou cana, / Porém perdeu a semente. / Bebeu obra de três contos,
/ Ficou muito satisfeita / Disse: - Aguardente correta, / Imaculada direita, / Isso
é que eu chamo bebida, / Essa aqui, ninguém enjeita! / Perguntei-lhe: - Alma,
quem és? / Disse ela: - Tua amiga, / Vim te dizer que te mude, / Aqui não dá
nem intriga. / Quer ir para o Céu comigo? / Lá é que se bota barriga! / Eu lá
subi com a alma / Num automóvel de vento / Então a alma me mostrava / Todo
aquele movimento, / As maravilhas mais lindas / Que existem no firmamento. / Passamos
no Purgatório, / Tinha um pedreiro caiando, / Mas adiante era o Inferno, / Tinha
um diabo cantando / E a alma de um ateu / Presa num tronco, apanhando. / Afinal,
cheguei no Céu / A alma bateu na porta, / Como pouco chegou São Pedro / Que
estava pela horta, / Perguntou-lhe: - Esta pessoa / Ainda é viva, ou é morta? /
Então a alma respondeu:- É viva, estava no mundo. / Não tinha de que viver, / Está
feito um vagabundo, / Lá quem não for bem sabido / Passa fome, vive imundo! / São
Pedro aí perguntou:- O mundo lá, como vai? / Eu aí disse: - Meu Santo, / Lá
filho rouba do pai, / Está se vendo que o mundo / Por cima do povo cai... / Eu
ainda levava um pouco / Da gostosa imaculada, / Dei a ele e ele disse:-
Aguardente raciada! / E aí me disse: - Entre, / Aqui não lhe falta nada! / Arrastou
uma cadeira / E mandou eu me sentar, / Chamou um criado dele / Disse: - Cuide
em se arrumar. / Vá lá dentro e diga à ama / Que bote um grande jantar. / Quando
acabei de jantar, / O Santo me convidou, / Disse: - Vamos lá na horta. / Fui,
ele então me mostrou / Coisas que me admiraram / E tudo me embelezou. / Vi na
horta de São Pedro / Arvoredos bem criados, / Tinha pés de plantações / Que
estavam carregados, / Pés de libras esterlinas / Que já estavam deitados. / Vi
cerca de queijo e prata, / E lagoa de coalhada. / Atoleiro de manteiga, / Mata
de carne guisada, / Riacho de vinho do porto, / Só não tinha imaculada! / Prata
de quinhentos réis, / Eles lá chamam caipora, / Botavam trabalhadores / Para
jogar tudo fora, / Esses níqueis de cruzado / Lá nascem de hora em hora. / Então
São Pedro me disse:- Quero fazer-lhe um presente. / Quando você for embora, / Vou
lhe dar uma semente, / Você mesmo vai escolher / Aquela mais excelente! / Deu-me
dez pés de dinheiro, / Alguns querendo botar, / Filhos de queijo do reino / Já
querendo safrejar, / Uns caroços de brilhante / Para eu na terra plantar. / Galhos
de libra esterlina / Deu-me cento e vinte pés, / Deu-me um saco de semente, / De
cédulas de cem mil réis, / Deu-me maniva de prata, / De diamante, umas dez. / Aí
chamou Santa Bárbara, / Esta veio com atenção. / São Pedro aí disse a ela: / Eu
quero uma arrumação. / Este moço quer voltar, / Arranje-lhe uma condução. / -
Bote cangalha num raio, / E a sela num trovão, / Veja se arranja um corisco, / Para
ele levar na mão, / Porque daqui para Terra / Existe muito ladrão! / Eu desci
do Céu alegre, / Comigo não foi ninguém. / Passei pelo Purgatório, / Ouvi um
barulho além / –Era a velha minha sogra, / Que dizia: - Eu vou também! / Eu lhe
disse: - Minha sogra, / Eu não posso a conduzir. / Ela me disse: - Eu lhe
mostro / Porque razão hei de ir. / E se não for apago o raio, / Quero ver você
seguir! / Nisso o raio se apagou, / Desmantelou-se o trovão, / O corisco que eu
trazia / Escapuliu-se da mão, / E tudo quanto eu trazia / Caiu desta vez no
chão. / Aí a velha voltou / Rogando praga e uivando. / Quando entrou no
Purgatório, / Foi se mordendo e babando, / Dizendo tudo de mim / Lançando fogo
e falando. / Bem dizia o meu avô:- Sogra, nem depois de morta / Fede a carniça
de corpo, / A língua da alma corta, / Não diz assim quem não viu / Uma sogra em
sua porta. / Eu vinha com isso tudo / Que o santo tinha me dado, / Mas minha
sogra apanhou / O diabo descuidado. / Fiquei pior do que estava, / Perdi o que
tinha achado. / E quando cheguei em casa / A mulher quase me come, / Ainda
pegou um cacete / E me chamou tanto nome, / Disse que eu casei com ela / Para
matá-la de fome... / Se não fosse minha sogra, / Eu hoje estava arrumado, / Mas
ela no Purgatório / Achou tudo descuidado, / Abriu a porta e danou-se, / Veio
deixar-me encaiporado. / Nunca mais voltei ao Céu / Para falar com São Pedro, /
E ainda mesmo que possa, / Não vou porque tenho medo: / Posso encontrar minha
sogra / E vai de novo outro enredo. Poema do poeta,
editor e cordelista paraibano Leandro
Gomes de Barros (1865-1918). Veja mais aqui e aqui.
ZÉ-BILOLA NO DESESPERO: VENDE VOTO!!! - Zé-bilola anda desencantado com a sua candidatura a vereador. Como ela não decola nem com pé-de-cabra na alavancagem, o negócio enfeiou pra banda do bocó, dele endoidar no desespero e partir para vender o voto. O dele e o dos outros.
MAMÃO ENZONZOU DE NOVO: TÁ VENDENDO O VOTO! - Apois tá. Depois que Mamão viu o discurso endoidado do Zé-bilola num comício relâmpago em cima dum tamborete na barbearia do Ocride, também começou a oferecer o voto para venda. E sai gritando: Quem dá mais? Quem dá mais?
OCRIDE ENTRA NA ZONA: VENDER O VOTO É O MAIOR NEGÓCIO DA PARÓQUIA!!! - Ocride viu logo com seus olhos de $ifrões os lucro$ que a venda do seu, dos filhos e da tuia de mulher que ele banca com sua priáprica devoção, também abriu uma tabuleta arretada na porta da barbearia. O negócio tá pegando mesmo. Danou-se!
PESQUISA É CONVERSA PRA BOI DORMIR!!! - Gente, como já dizia o cantor e compositor mineiro Beto Guedes: “Politica pra mim é um prato cheio de merda”. Também acho. E nada é pior e mais tendencioso que essas pesquisas eleitorais. Vixe, é cada uma! Desde que a Vox Populis andou fazendo aquelas de Collor dando uma lavagem de 100x0 na campanha presidencial de 1989, que eu desconfio. Agora vem a GAPE dizendo que o prefeito Ciuço Almeida, de Maceió, emplaca de chapa já com 80% de dianteira sobre os adversários. Eita, gota! Se mentira pega, vai deixar a pinóia da GAPE virar GAPINÓQUIA!
VIXE, AINDA DIZEM QUE NÃO TEM TERREMOTO NO BRASIL! É? ENTÃO VÁ NO FÓRUM DE MACEIÓ - Gente, num é que um terremoto andou abalando as estruturas do Fórum de Maceió? Apois, foi. Não foi arranca-rabo de poderosos, não. Nem foi abalo duma decisão contra nepotismo, morosidade, altas custas, excesso de funcionários, nada disso. Foi terremoto de abalar as estruturas de verdade. Um negócio brabo mesmo! Como lá dentro tem de tudo, convem precaução das bem prevenidas. Pode ser que dentro dum litígio daquele saia o furacão Gustav e arrombe com tudo. Aí, fodeu-Maria-preá. Vai ser a maior meleca. Cuidado! Você que precisa recorrer da justiça alagoana, tenha cuidado: ao invés de reclamar seu direito, você pode findar soterrado, viu? Quem avisa amigo é, né? Falei.
CLASSIFICADAS: ARRETOU-SE! VENDO CABAÇO - Eita que a Vera indignou-se com o liseu da porra que anda assolando todo mundo da banda mais fraca da corda do meu Brasil véio, arrevirado e de porteira escancarada. Mas foi mesmo. Ela arretou-se e botou um anúncio que passou direto com letras garrafais: Vendo cabaço. Acompanhante 100% fêmea e fogosa. Seja homem e agüente firme! Atendo em domicilio. Assinado: Vera, a indignada. PS – só tem um detalhe: que cabaço? Do ouvido? Do umbigo? De onde?
CLASSIFICADAS II: MANDÚS EM LIQUIDAÇÃO - Mas num é que o Afredo Bocoió resolveu entrar também na arrumação das coisas que andam periclitante com a volta da inflação e a bronca da carestia comendo no centro! Apois foi, também. Ele inventou de ser empreendedor com um ferro-velho. Menino, ferro-velho dá lucro dos montes. Aí ele resolveu fazer dois cartazes: um pra caixa dos peitos, outro para encangar nas costas. No da frente tá assim: Liquidação de mandús, lorés e fubicas. Tudo em suaves prestações. Fale comigo. E, nas costas, consta: Compramos tranqueiras, brebotes e coisas imprestáveis. Fale comigo. Ih! Sei não.
PREVISÃO METEOROLÓGICA - Bem, como a coisa tá empenada demais para alinhar os planetas, o Doro anuncia a previsão meteorológica da semana. É o seguinte: se num chover, vai fazer sol. Se não pipocar um escândalo raçudo, vai passar incógnito e incólume por aí. E se a bronca não agoniar mais, a inflação vai continuar subindo. Quer ver? Vá no supermercado e confira a remarcação de instante em instante. Tá vendo? Então, vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!! Tudo isso e muito mais no Big Shit Bôbras!!! Confira aqui.
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do Biritoaldo: Quando o bicho é sonso tira fino até na beira do abismo aqui
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de Beauvoir, Emma Goldman, Clara Lemlich, Alexandra Kollontai, Clara
Zetkin, Tereza Costa Rego
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Caxangá,
Lima Barreto, Sainkho
Namtchylak, Cervantes, Vassili Kandinsky, Adelaide Ristori, Anthony Minghella, Gwyneth Kate Paltrow, Guido Cagnacci, Abstracionismo & Clara
Sampaio aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora homenageando & parabenizando o Tataritaritatá!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
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