A arte do pintor, desenhista, gravador e
cenógrafo Floriano Teixeira
(1923-2000).

PENSAMENTO DO DIA – A natureza colocou
a humanidade sob o governo de dois mestres soberanos: a dor e o prazer. Compete
somente a eles apontar o que devemos fazer, assim como também determinar o que
não devemos fazer. Pensamento do filósofo e jurista Jeremy Bentham (1748-1832).
PENSAR & FILOSOFAR – [...] Essa
atitude de espanto, de impulso para compreender melhor, de perguntar, de
questionar fundamentalmente, nos conduz ao exercício de filosofar. Isto é
filosofar: perguntar, questionar, não parar diante do evidente e do simplesmente
óbvio. Ir além, ir além da aparência fenomênica dos fatos. Ir além com a
certeza de encontrar a verdade, a essência das coisas, o ser... A filosofia não
teria espaço num mundo onde todas as coisas nos parecessem evidentes, onde nada
nos causasse espanto, onde tudo fosse “muito natural”. Provavelmente não
sofreríamos a angústia do desconhecido, mas também não sentiríamos o prazer de
desbravar. Se o mistério nos assusta, nos amedronta, nos intimida muitas vezes,
nos deixa ansiosos justamente pelo desconhecido de que está carregado, é ele
também quem nos atrai, nos convida a ir além, nos estimula a descobrir, a
desvendar, a conhecer. [...]. Trecho extraído da obra Iniciação à filosofia
(Moraes, 1987), da professora Maria
Aparecida Rhein Schirato.
AS TRÊS
CIDRAS DE AMOR - Um
príncipe andava a caçar quando encontrou uma velha carregando, a gemer, um
molho de varas, tão pesado que ia caindo pela estrada. O príncipe parou e pediu
à velha que o deixasse ajudar, e levou o feixe de varas até uma encruzilhada
onde a velha se despediu e lhe deu três cidras, maduras e belas, dizendo que só
as abrisse perto dágua corrente. Vai o príncipe e, tendo sede, cortou uma fruta
e logo lhe apareceu uma moça bonita como os amores, pedindo água: — dê-me água
que morro! Não havia água e a moça encantada desapareceu. O príncipe ficou
triste e muito para adiante, apertando-lhe a sede abriu a segunda cidra e viu
outra moça ainda mais linda que a primeira, pedindo de beber: — dê-me água que
morro! Não havia água por perto e a segunda moça desapareceu. O príncipe
resolveu suportar a sede até o rio onde sentou-se à margem e cortou a última
cidra. Surgiu uma moça muito mais formosa que as duas. — Dê-me água que morro! O
príncipe, não tendo com que a tirar do rio, já enchera seu chapéu e lho deu. A
moça bebeu, suspirou e disse que estava desencantada. O príncipe estava sem
acreditar nos olhos e não podendo levar a moça, porque estava sem roupa,
deixou-lhe a capa para cobrí-la e mandou-a subir a uma árvore que ficava mesmo
à beira do rio. Correu quanto pode para o palácio afim de trazer roupa para
quem ia ser sua mulher. Quando o príncipe foi embora, veio uma escra-va i negra
do palácio buscar agua. Baixou-se para o rio e viu o rosto da princesa
refletido- nágua; pen-sando que era o próprio, sacudiu o cântaro nas pedras,
espatifando-o: — Uma moça com uma cara tão linda carregando água? Não pode
ser! A moça, escondida no galho da árvore, desatou a rir e a negra, levantando
a vista, descobriu-a: — Ah! E’ a senhora que me fez quebrar meu cântaro? Desça
para cá; quero pentear-lhe os cabelos. A moça, inocente como era, desceu e
deitou-se perto da negra, pondo a cabeça no regaço da escrava. Depressa a
negra, que sabia feitiçaria, tirou um alfinete envenenado do vestido, e
enterrou-o na cabeça da moça que, imediatamente, se tornou numa pombinha e saiu
voando por aí fora. Depois a negra subiu para a árvore e ficou como se fora a
princesa. 0 príncipe voltando encontrou aquela preta feia e foi perguntando
quem era e onde estava sua noiva. A negra respondeu que a noiva era ela mesma,
que ficara escura por que o sol*a queimara. O príncipe acreditou e levou a
negra, de carruagem, para o palácio, mandando preparar as festas para o casamento.
Um jardineiro reparou que todas as tardes voava uma pombinha pelo jardim,
pousando num galho. Uma vez, estando a olhá-la, a pombinha perguntou: — Que
faz o príncipe Com sua senhora? O jardineiro respondeu: — Ela ri e êle
chora! Três vezes a pombinha voltou e repetiu a can tilena. O jardineiro foi
contar ao príncipe o que vira e este mandou armar um laço bem feito para pegar
aquele passarinho encantado. Quando a pombinha voltou para o galho onde estava
armado o laço, perguntou: — Que faz o príncipe Com sua senhora? O
jardineiro respondeu: — Ela ri e êle chora! A pombinha deu um suspiro e ia
voando mas embaraçou-se no laço e ficou presa. O jardineiro levou-a ao príncipe
que a achou linda e querendo agradar, passou-lhe a mão pela cabecinha e
encontrou a cabeça do alfinete. Puxou-o e logo que o alfinete saiu a princesa
apareceu como era, muito bonita, alva e loura. O príncipe só faltou morrer de
alegria, apressou logo o casamento e mandou rasgar a negra por quatro cavalos
bravos. Extraído da obra Os melhores contos populares de
Portugal (Dois Mundos, 1944), do historiador, antropólogo, advogado e
jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Veja mais aqui.
DELTA DE VÊNUS – [...] Caro
colecionador: odiamos você. O sexo perde todo seu poder e magia quando se torna
explícito, mecânico, exagerado, quando se torna uma obsessão mecanicista. Torna-se
uma chatice. Você nos ensinou, mais do que qualquer pessoa que conheço, o
quanto é errado não misturá-lo com emoção, ânsia, desejo, luxúria, lampejos de
pensamento, caprichos, laços pessoais, relacionamentos mais profundos que mudam
sua cor, sabor, ritmo, intensidade. Você não sabe o que está perdendo com o
exame microscópico da atividade sexual e a exclusão dos aspectos que são o combustível
que a inflama. O aspecto intelectual, imaginativo, romântico, emociona. É isso
que dá ao sexo texturas surpreendentes, transformações sutis, elementos afrodisíacos.
Você está reduzindo seu mundo de sensações. Você o está fazendo murchar,
definhar, drenando o sangue dele. Se você nutrisse sua vida sexual com todas as
excitações e aventuras que o amor injeta na sensualidade, seria o homem mais
potente do mundo. A fonte do vigor sexual é a curiosidade, a paixão. Você está
assistindo a essa pequena chama morrer por asfixia. O sexo não floresce na
monotonia. Sem sentimento, invenções, variações de humor, nada de surpresas na
cama. O sexo deve ser misturado com lágrimas, risadas, palavras, promessas,
cenas, ciúme, inveja, todos os condimentos do medo, viagens ao exterior, novos
rostos, romances, historias, sonhos, fantasias, música, dança, ópio, vinho. Quanto
você perde com esse periscópio na ponta de seu sexo, quando poderia desfrutar
de um harem de maravilhas distintas e nunca repetidas? Não existem dois cabelos
igais, mas você não nos deixará gastar palavras na descrição do cabelo; não
existem dois odores iguais, mas se nos estendermos nisso você gritará: corte a
poesia. Não há duas peles com a mesma textura, e nunca a mesma luz,
temperatura, sombras, nunca o mesmo gesto; porque um amante, quando estimulado
por um amor verdadeiro, pode percorrer o conjunto de séculos de doutrina
amorosa. Quanta amplitude, quantas mudanças de idade, quantas variações de
maturidade e inocência, perversidade e arte... Ficamos sentados durante horas e
nos indagamos qual é a sua aparência. Se você bloqueou seus sentidos para a
seda, luz, cor, odor, caráter, temperamento, a esta altura você deve estar
completamente encarquilhado. Existem tantos sentidos menores, todos afluindo
como tributários para o fluxo do sexo, nutrindo-o. somente o pulsar unido do
sexo e do coração pode criar êxtase. [...]. Trecho extraído de Delta de
Vênus (Artenova, 1978), da escritora francesa Anaïs Nin (1903-1977).
Veja mais aqui.
POEMA - Escuta. Podes
sondar a noite que nos envolve. / Podes investir contra essa noite... não
sairás dela! / Adão e Eva, quão atroz deve ter sido vosso primeiro beijo, /
para que nos gerásseis desesperados!Poema do poeta, matemático e astrônomo persa
Omar Khayyam (1048-1131). Veja mais
aqui e aqui.
A arte
do pintor, desenhista, gravador e cenógrafo Floriano Teixeira (1923-2000).
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Lição
pra ser feliz, Fernando
Pessoa, Rajneesh, Graciliano Ramos, Aristófanes. Adriana Calcanhoto, Buster Keaton, Mikalojus Konstantinas,
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Fecamepa – quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério, Manoel Bentevi, Sinhô, Marshal McLuhan, Andrea Camileri, Marcelo Pereira, Mario Martone, Giulia Gam, Anna Bonaiuto & Parafilias aqui.
Fecamepa – quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério, Manoel Bentevi, Sinhô, Marshal McLuhan, Andrea Camileri, Marcelo Pereira, Mario Martone, Giulia Gam, Anna Bonaiuto & Parafilias aqui.
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CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
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CANTARAU: VAMOS
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Paz na Terra
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