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VALENTIM, André. A internet não vai matar
as salas de exibição. Revista Época, nº 523 - de 24/05/2008. Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Embora pensemos que governamos nossas
palavras [...] é certo que as palavras, como um arco tártaro, se voltam contra
o entendimento dos mais sábios e pervertem e enredam poderosamente o juízo. De
modo que em todas as controvérsias e disputas é quase necessário imitar a
sabedoria dos matemáticos, definindo desde o começo nossos termos e nossas
palavras, para que os outros possam saber como as aceitamos e compreendemos, e se
eles estão de acordo conosco ou não. Porque de outro modo acontece que com
certeza terminamos onde devêramos ter começado, ou seja, em controvérsias e
diferenças a respeito das palavras. [...] Pensamento do filósofo
inglês Francis Bacon (1561-1626).
Veja mais aqui.
TEORIA & PRÁTICA - [...] A teoria em seu sentido tradicional, cartesiano, como a que se encontra
em vigor em todas as ciências especializadas, organiza a experiência à base da
formulação de questões que surgem em conexão com a reprodução da vida dentro da
sociedade atual. Os sistemas das disciplinas contem os conhecimentos de tal
forma que, sob circunstâncias dadas, são aplicáveis ao maior numero possível de
ocasiões... A teoria crítica da sociedade, ao contrário, tem como objeto os
homens como produtores de todas as suas formas históricas da vida (ênfase
acrescida). Trecho da obra Filosofia
e teoria crítica (Nova Cultural, 1989), do filósofo e sociólogo alemão Max
Horkheimer (1895-1973). Veja mais aqui.
OUTROS TEMPOS – Esta
história não tem Lobo nem Cordeiro. Muito menos Fada Madrinha. O Lobo foi
caçado e transformado em tapete. O Cordeiro trabalha hoje como funcionário do
governo. E a Fada Madrinha tem um ponto de jogo-do-bicho ali na esquina. No
tempo do Lobo e do Cordeiro, a gente podia ver as coisas bem clarinhas. A água
do riacho, onde o Cordeiro bebia, não tinha espuma de detergente. E o Lobo,
ora, o Lobo falava grosso e enganava o Cordeirinho. Mas aí a Fada Madrinha
perdeu o emprego. Ela nem morava perto do Lobo e do Cordeiro. A Fada Madrinha
morava em outra história, com Rei e Rainha e Princesinha. O Rei sonhava em
melhorar seu reino. A Rainha sonhava em viver num reino menos antigo. A
princesinha gostava de calça jeans e dos Rolling Stones. Foi quando o reino
começou a ter problemas, bem no instante em que o Cordeirinho reclamou ao Lobo
que não dava para beber daquela água. O reino estava ficando pobre e a
Princesinha pediu que a Fada Madrinha fizesse uma nova calça jeans com sua
varinha de condão. Bem que a Fada Madrinha tentou. Mas o Rei havia deixado o
reino tão pobrezinho e sem dinheiro, que a Fada Madrinha não conseguiu
satisfazer o desejo da Princesinha. E a Fada Madrinha perdeu o emprego. E o Rei
perdeu o trono. E a Rainha acordou e não gostou o que viu. Pois o Lobo tinha
virado tapete e o Cordeirinho agora era ministro do Planejamento e estava
vendendo o reino ao fabricante de jeans. A princesinha, muito triste, ficava
ouvindo os Rolling Stones, em seu jeans desbotado, com vontade de dizer ao
Cordeirinho:– Você sujou a água do meu riacho, Cordeirinho. Isso tudo porque os
tempos tinham mudado. Texto do escritor amazonense Marcio Souza. Veja
mais aqui.
OS FRAGMENTOS DA GLAURA – MADRIGAL
– I - Suave fonte pura, / Que desces murmurando sobre a areia, / Eu sei que a
linda Glaura se recreia / Vendo em ti dos seus olhos a ternura; / Ela já te
procura; / Ah! como vem formosa e sem desgosto! / Não lhe pintes o rosto: / Pinta-lhe,
ó clara fonte, por piedade, / Meu terno amor, minha infeliz saudade. III - Voai,
suspiros tristes; / Dizei à bela Glaura o que eu padeço, / Dizei o que em mim
vistes, / Que choro, que me abraso, que esmoreço. / Levai em roxas flores
convertidos / Lagrimosos gemidos que me ouvistes: / Voai, suspiros tristes; / Levai
minha saudade; / E, se amor ou piedade vos mereço, / Dizei à bela Glaura o que
eu padeço. XV - No ramo da mangueira venturosa / Triste emblema de amor gravei
um dia,/ E às Dríades saudoso oferecia / Os brandos lírios, e a purpúrea rosa./
Então Glaura mimosa / Chega do verde tronco ao doce abrigo.../ Encontra-se
comigo.../ Perturbada suspira, e cobre o rosto./ Entre esperança e gosto/ Deixo
lírios, e rosas... deito tudo;/ Mas ela foge (Ó Céus!) e eu fico mudo. XXIV - Não
desprezes, ó Glaura, entre estas flores,/ Com que os prados matiza a bela
Flora,/ O Jambo, que os Amores/ Colheram ao surgir a branca aurora./ A Dríade
suspira, geme e chora/ Aflita e desgraçada. / Ela foi despojada... os ais lhe
escuto.../ Verás neste tributo,/ Que por sorte feliz nasceu primeiro,/ Ou fruto
que roubou da rosa o cheiro,/ Ou rosa transformada em doce fruto. À LUA - Como
vens tão vagarosa,/ Oh formosa e branca lua!/ Vem co'a tua luz serena/ Minha
pena consolar!/ Geme, oh! céus, mangueira antiga,/ Ao mover-se o rouco vento, /
E renova o meu tormento/ Que me obriga a suspirar!/ Entre pálidos desmaios/ Me
achará teu rosto lindo/ Que se eleva refletindo / Puros raios sobre o mar./ Madrigal
LIII [Tu és no campo, ó Rosa,] / Tu és no campo, ó Rosa, / A flor de mais
beleza/ De quantas produziu a Natureza / Que em tuas perfeições foi cuidadosa./
E se Glaura formosa/ No seio dos prazeres te procura,/ Qual outra flor será de
mais ventura,/ Ou mais digna de amor ou mais mimosa? / Tu és no campo, ó Rosa,/
A flor de mais ventura e mais beleza / De quantas produziu a Natureza. / Madrigal
XVIII [Suave Agosto as verdes laranjeiras] / Suave Agosto as verdes laranjeiras
/ Vem feliz matizar de brancas flores,/ Que, abrindo as leves asas lisonjeiras,/
Já Zéfiro respira entre os Pastores/ Nova esperança alenta os meus ardores / Nos
braços da ternura./ Ó dias de ventura, / Glaura vereis à sombra das mangueiras!
/ Suave Agosto as verdes laranjeiras / Co'a turba dos Amores / Vem feliz
matizar de brancas flores. A SERPENTE - Verde
Cedro, verde arbusto, / Que o meu susto e prazer vistes, / Vamos tristes na memória
/ Essa história renovar. / Este o vale, é esta a fonte: / Glaura achei aqui
dormindo: / Sonha alegre e se está rindo,/ E eu defronte a suspirar./ Junto
dela pavoroso, / Vi, oh Céus! Monstro enrolado, / Fero, enorme, atroz,
manchado,/ E escamoso cintilar. / Verde Cedro, verde arbusto, / Que o meu susto
e prazer vistes, / Vamos tristes na memória/ Essa história renovar./ Ardo, e
tremo, e louco amante / Mil horrores n’alma pinto: / Vou... receio... ah que me
sinto / Vacilante desmaiar. / Vence Amor (doce ternura!): / Tomo a Ninfa nos
meus braços: / Ele aperta os novos laços, / E assegura o triunfar. / Verde
Cedro, verde arbusto, / Que o meu susto e prazer vistes, / Vamos tristes na
memória / Essa história renovar. / Em si mesma se embaraça / A serpente enfurecida;/
Ergue o colo e atrevida/ Ameaça a terra e o ar./ Numa pedra rude e feia/ Já lhe
envio a morte afoita;/ Já co’a cauda o tronco açoita,/ Morde a areia ao
expirar./ Verde Cedro, verde arbusto,/ Que o meu susto e prazer vistes,/ Vamos
tristes na memória / Essa história renovar./ Venturoso e satisfeito,/ "Glaura
bela (então dizia),/ Vê de amor e de alegria/ O meu peito palpitar"./ Ela,
em mim buscando arrimo,/ Coroa, e diz inda assustada:/ "Esse puro ardor me
agrada",/ Eu te estimo e te hei de amar"./ Verde Cedro, verde arbusto,/ Que o meu susto e prazer
vistes,/ Vamos tristes na memória/ Essa história renovar. (Rondó V) - Neste
áspero rochedo, / A quem imitas, Glaura sempre dura, / Gravo o triste segredo /
Dum amor extremoso e sem ventura. / Os faunos da espessura / Com sentimento
agreste / Aqui meu nome cubram de cipreste; / Ornem o teu as ninfas amorosas / De
goivos, de jasmins, lírios e rosas./ Suave fonte pura, / Que desces murmurando
sobre a areia, / Eu sei que a linda Glaura se recreia / Vendo em ti de seus
olhos a ternura: / Ela já te procura; / Ah! como vem formosa, e sem desgosto! /
Não lhe pintes o rosto: / Pinta-lhe, ó clara fonte, por piedade, / Meu terno
amor, minha infeliz saudade. / No ramo da mangueira venturosa / Triste emblema
de amor gravei um dia, / E às dríades saudoso oferecia / Os brandos lírios e a
purpúrea rosa. / Então Glaura mimosa / Chega do verde tronco ao doce abrigo ...
/ Encontra-se comigo ... / Perturbada suspira, e cobre o rosto. / Entre
esperança e gosto,/deixo lírios e rosas ... deixo tudo; / Mas ela foge (ó
céus!) e eu fico mudo. / Capada laranjeira, onde os amores/ Viram passar de
agosto os dias belos, / Então de brancas flores / Adornaste risonha os seus
cabelos. / A fortuna propícia aos teus desvelos / Anuncia feliz novos favores: /
Glaura torna; ah! conserva lisonjeira, / Copada laranjeira, por tributos, / Na
rama verde-escura os áureos frutos. / Ó sono fugitivo, / De vermelhas papoulas
coroado, / Torna, torna amoroso, e compassivo / A consolar um triste, e
desgraçado, / Gemendo nesta gruta recostado, / Sinto mortal desgosto; / Não
vejo mais que o rosto desc orado/ Da saudade, e da mágoa, com que vivo;/ Ó sono
fugitivo, / Torna, torna amoroso, e suspirado / A consolar um triste, e
desgraçado. / Crescei, mimosas flores, / Adornai a verdura deste prado. / Já
zéfiro aparece entre os Amores / Risonho e sossegado: / Da amável Primavera o
doce agrado / Novo prazer inspira às Graças belas: / Verei brincar entre elas /
A Ninfa mais cruel nos seus rigores. / Crescei, mimosa s flores, / Fugiu o
Inverno triste, e congelado; / Adornai a verdura deste prado: / Ó águas dos
meus olhos desgraçados, / Parai que não se abranda o meu tormento: / De que
serve o lamento / Se Glaura já não vive? Ai, duros Fados! / Ai, míseros
cuidados! / Que vos prometem minhas mágoas? águas, / Águas!, responde a gruta, /
E a ninfa que me escuta nestes prados! / Ó águas de meus olhos desgraçados,/ Correi,
correi; que na saudosa lida /Bem pouco há de durar tão triste vida. O AMANTE
SATISFEITO - Rondó XXVI - Canto alegre nesta gruta,/ E me escuta o vale e o
monte:/ Se na fonte Glaura vejo,/ Não desejo mais prazer./ Este rio sossegado,/
Que das margens se enamora,/ Vê co'as lágrimas da Aurora/ Bosque e prado
florescer./ Puro Zéfiro amoroso/ Abre as asas lisonjeiras,/ E entre as folhas
das mangueiras/ Vai saudoso adormecer./ Canto alegre nesta gruta,/ E me escuta
o vale e o monte: / Se na fonte Glaura vejo,/ Não desejo mais prazer./ Novos
sons o Fauno ouvindo / Destro move o pé felpudo:/ Cauteloso, agreste e mudo/ Vem
saindo por me ver. / Quanto vale uma capela / De jasmins, lírios e rosas,/ Que
co'as Dríades mimosas/ Glaura bela foi colher! / Canto alegre nesta gruta, / E
me escuta o vale e o monte. / Se na fonte Glaura vejo, / Não desejo mais
prazer./ Receou tristes agoiros / A inocência abandonada; / E aqui veio
retirada / Seus tesoiros esconder. / O mortal, que em si não cabe, / Busque a
paz de clima em clima; / Que os seus dons no campo estima, / Quem os sabe
conhecer. / Canto alegre nesta gruta, / E me escuta o vale e o monte: / Se na
fonte Glaura vejo, / Não desejo mais prazer. / Os metais adore o mundo; / Ame
as pedras, com que sonha,/ Do feliz Jequitinhonha,/ Que em seu fundo as viu
nascer. / Eu contente nestas brenhas / Amo Glaura e amo a lira, / Onde terno
amor suspira, / Que estas penhas faz gemer. / Canto alegre nesta gruta, / E me
escuta o vale e o monte: / Se na fonte Glaura vejo, / Não desejo mais prazer. O
BEIJA-FLOR - Rondó VII - Deixo, ó Glaura, a triste lida / Submergida em doce
calma; / E a minha alma ao bem se entrega, / Que lhe nega o teu rigor./ Neste
bosque alegre e rindo/ Sou amante afortunado;/ E desejo ser mudado / No mais
lindo Beija-flor. / Todo o corpo num instante/ Se atenua, exala e perde:/ É já
de oiro, prata e verde / A brilhante e nova cor./ Deixo, ó Glaura, a triste
lida / Submergida em doce calma; / E a minha alma ao bem se entrega,/ Que lhe
nega o teu rigor./ Vejo as penas e a figura,/ Provo as asas, dando giros;/ Acompanham-me
os suspiros,/ E a ternura do Pastor./ E num vôo feliz ave / Chego intrépido até
onde/ Riso e pérolas esconde/ O suave e puro Amor./ Deixo, ó Glaura, a triste
lida/ Submergida em doce calma;/ E a minha alma ao bem se entrega,/ Que lhe
nega o teu rigor./ Toco o néctar precioso, / Que a mortais não se permite;/ É o
insulto sem limite, / Mas ditoso o meu ardor;/ Já me chamas atrevido,/ Já me
prendes no regaço:/ Não me assusta o terno laço, / É fingido o meu temor./ Deixo,
ó Glaura, a triste lida / Submergida em doce calma; / E a minha alma ao bem se
entrega,Que lhe nega o teu rigor. / Se disfarças os meus erros, / E me soltas
por piedade,/ Não estimo a liberdade, / Busco os ferros por favor. / Não me
julgues inocente,/ Nem abrandes meu castigo;/ Que sou bárbaro inimigo, / Insolente
e roubador./ Deixo, ó Glaura, a triste lida / Submergida em doce calma;/ E a
minha alma ao bem se entrega,/ Que lhe nega o teu rigor. O RIO -- Rondó XLIX - Chora
o Rio entre arvoredos,/ Nos penedos recostado:/ Chora o prado, chora o monte,/ Chora
a fonte, a praia, o mar./ Vêm as Graças lagrimosas,/ E os Amores sem ventura/ Nesta
fria sepultura/ Pranto e rosas derramar./ Por ti, Glaura, a Natureza/ Se cobriu
de mágoa e luto:/ Quanto vejo, quanto escuto/ É tristeza, e é pesar./ Chora o
Rio entre arvoredos, / Nos penedos recostado: / Chora o prado, chora o monte, /
Chora a fonte, a praia, o mar./ A escondida, áspera furna / Deixam sátiros
agrestes,/ E de lúgubres ciprestes/ Vem a urna circular./ Vêm saudades, vêm
delírios,/ Vem a dor, vem o desgosto/ Com os cabelos sobre o rosto/ Murta e
lírios espalhar./ Chora o Rio entre arvoredos,/ Nos penedos recostado:/ Chora o
prado, chora o monte,/ Chora a fonte, a praia, o mar./ Nestes ramos flébil aura
/ Triste voa e presa gira:/ Glaura aqui, e ali suspira,/ Torna Glaura a
suspirar. / Eco, as Dríades magoa,/ O saudoso nome ouvindo;/ E na gruta
repetindo,/ Glaura soa e geme o ar./ Chora o Rio entre arvoredos, / Nos penedos
recostado:/ Chora o prado, chora o monte,/ Chora a fonte, a praia, o mar./ Glaura
ó Morte enfurecida,/ Expirou... que crueldade!/ E pudeste sem piedade / Sua
vida arrebatar? / Cai a noite, a névoa grossa / Turba os Céus com manto escuro;
/ E eu aflito em vão procuro/ Quem me possa consolar./ Chora o Rio entre
arvoredos, / Nos penedos recostado:/ Chora o prado, chora o monte,/ Chora a
fonte, a praia, o mar. SILVA ALVARENGA - Manuel Inácio da Silva
Alvarenga (1749 - 1814) nasceu em Vila Rica. Estudou no Rio de Janeiro e em
Coimbra. Era um ardoroso defensor de Pombal e das idéias iluministas. Sua obra
Glaura (1799). Pelos dados biográficos de Manuel Inácio da Silva Alvarenga se
pode depreender que sua vida fluiu em parte em função das duas tendências
ideológicas atuantes ao seu tempo. Como poeta, entretanto, foi ele obediente
seguidor da tradição. Sua poesia lírica consubstanciada num livro apenas,
Glaura, é quase um permanente esforço de subordinação a formas e temas
consagrados, num preciosismo de quem requinta em obter algo de algo já esgotado
e decadente. Todas as suas peças líricas de sua Glaura são em numero de cinqüenta
e nove rondós e cinqüenta e sete madrigais. O rondó, forma poética medieval
francesa, tem sua notabilidade em Guillaume de Machaut, Eustache Deschamps,
Charles d´Orleans, devendo, originalmente, ser destinado ao anto e consistindo
de tres estrofes, com um total de doze a quatorze versos, com duas rimas
recorrentes. Variando o numero de versos e o esquema das rimas, o verdadeiro
apoio fonético que em breve o caracteriza passou a ser a repetição do primeiro
verso ao fim da segunda e terceira estrofres do rondó. Variação subseqüente,
que se pode chamar rondel, consistiu em repetir, em numero maior de versos, o
primeiro verso pela altura do oitavo ou de um dos seguintes versos e no fim do
poema. Os rondós de Silva Alvarenga representam um fim de evolução da forma,
como estrutura sensivelmente diferente. Consistem, quase todos, em quatro
grupos de tres quadras, sendo repetida a primeira quadra, em forma de
estribilho, no inicio de cada grupo assim como no fim do poema – o que
totaliza, por conseguinte, treze quadras ou cinqüenta e dois versos. O verso,
na grande maioria dos rondós, é heptassilabo, redondilha maior, salvo os do
rondó que são pentassilabos redondilhas menores, e os rondós hexassilabos. Os
heptassibilabos são, quase sem discrepância, acentuados na terceira e sétima
silabas. Os pentassilabos, na segunda e quinta, e os hexassilabos, na segunda e
sexta. O madrigal, originalmente italiano, confunde-se com a silva espanhola,
praticada em língua portuguesa, consistindo de uma pequena serie de versos
decassílabos e hexassilabos, em seqüência qualquer, rimando entre si sem
esquema prévio de rimas. Em Glaura - Poemas eróticos (1799), Silva Alvarenga
soube criar uma sonoridade leve e cantante, animada por um sentimentalismo
difuso, entre dengoso e lamuriante, que iria derramar-se, em clave mais
adocicada, em muitas cantigas do nosso cancioneiro popular. Ao mesmo tempo, a
imaginação plástica de Silva Alvarenga captou vivamente aspectos da natureza
carioca, abrindo espaço para um sentimento da paisagem que os românticos depois
iriam aprofundar. Por tudo isso, Glaura constitui um episódio fundamental do
arcadismo brasileiro. Os rondós são formas poemáticas que, como a balada, estão
relacionadas com a dança, sendo de origem francesa, foi convertido por Silva Alvarenga
em um conjunto de quadras com um estribilho que abre e fecha a composição se
dispondo sempre como rimas internas, além de se intercalar entre séries de duas
estrofes. A obra Glaura é composta por 59 rondós e de 56 madrigais. Nos rondós
o autor utiliza versos curtos, sendo hábil na expressão da clareza dos
sentimentos e na exploração do estrato fônico dos poemas, bem como a perfeição
do ritmo e da rima, inclusive internas, que revela o sentido primitivo do rondó
que traz a idéia de circularidade : rondeau (do latim, rotundu(m),
"redondo, em forma de roda"),e, pelo que se sabe, o rondó foi feito
para ser cantado ou para servir de acompanhamento de uma dança chamada ronde.
Os rondós, sempre em redondilha, começam com poucas exceções, por um quarteto que
serve de estribilho, com rimas encadeadas. Segue-se dois quartetos. Os
madrigais de origem italiana são composições poéticas engenhosas e galantes
dirigida as damas, porém mais livre, articulando-se em estrofes variamente
rimadas, que vão de 8 a 11 versos. Como na tradição italiana dessa forma,
notamos a alternância de versos decassílabos, maiores, com versos hexassílabos,
menores, atribuindo maior variedade rítmica. Os madrigais, constroem-se um
pouco ao sabor da improvisação, guardadas sempre as medidas do verso heróico de
dez ou sei sílabas. Silva Alvarenga como músico e também descendente de músico,
soube enriquecer com facilidade suas obras com grande musicalidade, assim
podemos observar no madrigal de número XXVI "Vês, Ninfa, em alva escuma o
pego irado", o ar festivo ao celebrar o amor com simplicidade das palavras
e com seqüência ligeira dos versosdos quartetos é sempre a mesma, e aguda.
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TODO DIA É DIA DE AUDREY
MUNSON
Homenagem para a atriz e supermodelo estadunidense
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