Ao som do álbum Kiribasáwa Yúri
Yí-Itá (“A Força que vem das Águas” - 2021), do grupo de cantoras e artesãs
do norte do Pará, Suraras do Tapajós, oriundo da
Associação Mulheres Indígenas Suraras do
Tapajós, uma organização que reúne integrantes de várias etnias
e idades, por meio da música do carimbó e suas raízes sertanejas, africanas e
indígenas.
AINDA É CEDO E AMANHÃ
TARDE DEMAIS... - Era a primeira vez e o amor desafinado respirava a
noite intrínseca, a vida erguia o desastre e o que fora soterrado pela areia do
tempo. A mutilada chance nas dores partidas pelos pedaços de sonhos súbitos e a
mão arruinada levitava a desgraça apodrecida impressa nos muros do Recife. Quase
nem deu para ouvir Hélène Cixous: As
pessoas não te veem, / Te inventam e te acusam... Eu
também transbordo; ... meu corpo conhece músicas inéditas... Quantos prodígios
ignorados e o que se toma por inquestionável, os meios precários de tão
impacientes: o dia perdeu as horas e a data estômago a dentro. O que tinha
lembrado e o esquecido acendendo a distância perdida, um alvo móvel na direção:
lugares decadentes e inútil espera, só uma ou outra surpresa pro desânimo, com
seus espasmos fustigantes pelo que dizia Paulina Chiziane: O meu vício chama-se questionar,
incomodar. Questionem tudo o que vos oferecem como perfeito... Era o lenocínio
das mundividências e tudo se escondia no nada. Coisas de nunca. A nervura dos
trajetos e o que de palpável se fizera dos gestos erráticos na veemência da
ignorância renitente. Ainda deu pra ouvir Anthony Braxton:
Aprendi ao longo do tempo que nem todos estão interessados nos tipos de
coisas que me fascinam... Só estremecimentos e o que se sucedia do inexplicável
tão fútil se parecera. Momentos espalhados e o que importava a indiferença,
latejavam esperanças gastando as brechas restantes nas curvas inclinadas das
grandes escuridões. Alguém veria e era o amor, aprendia sozinho: os olhos
mergulhados no futuro. E mais aprendia o deserto adivinhando clareiras onde
sequer existiam. Era o poeta e a metáfora do espelho:
quem devia esta vida pra outra, o porquê dos quando. E sonhou perder-se na
noite e roubou as estrelas, degelou os polos, inundou a terra, bebeu os rios e
evaporou os mares. Findava só vendo o que fez porque ainda era cedo e amanhã
será tarde demais. Até mais ver.
DOIS POEMAS
ESPLENDOR - O
esplendor nunca é simples. \ Vem à luz \ Quando as 1000 coisas \ se agitam
contra a alma, \ Cintilando os arredores\ Para que a mente cega\ possa ver o
que está sempre lá, \ Obscurecido pelos costumes. \ O esplendor só ocorre \ quando
cada uma das 1000 coisas \ está precisamente no lugar.
HÁ TEMPO - Porque
somos mortais. Existe \ Morte porque não somos \ Nada. Existe amor \ Porque
somos loucos \ E queremos ser felizes para sempre.
Poemas da atriz,
dramaturga e escritora alemã Judith Malina (1926-2015). Veja mais aqui, aqui e aqui.
QUERO ESTAR
ONDE AS PESSOAS NORMAIS ESTÃO – [...] A depressão, por exemplo, não se parece com esta
palavra estéril da sala de espera do hospital: depressão. Parece que meu
interior está ficando cinza, o que faz as árvores ficarem cinzentas, o que faz toda
a vida ficar cinza, que é a cor que todos nós eventualmente nos tornamos,
porque tudo leva ao nada. [...] Minha mãe sempre comparou pensamentos
ruins a um pássaro em um celeiro. Se um pássaro voar para dentro do celeiro,
você pode reconhecer que há um pássaro no celeiro, mas não precisa fazer um
ninho para ele de repente. “Basta deixar o pássaro voar e ele
eventualmente voará para fora.” Que é, em essência, terapia
cognitivo-comportamental [...] Eu sou um garoto do teatro. Isso significa que
estou desesperado para ser o melhor, desesperado para agradar, desesperado para
nunca decepcionar ninguém. Não há espaço para fracasso, porque
fracasso é igual a fraqueza, o que é igual a morte [...] O que eu mais
amava no teatro era que ser um garoto do teatro era uma explicação fácil para o
motivo pelo qual eu não me encaixava. [...]. Trechos extraídos da obra I Want to Be Where the Normal People Are (Grand Central Publishing, 2020), da atriz, humorista, cantora e
compositora estadunidense Rachel Bloom. Veja mais aqui.
O QUE VEM
DEPOIS DA FARSA? - [...] Uma política da pós-verdade é com certeza um
enorme problema, mas uma política da pós-vergonha também é. [...] Se
tudo isso parece terrivelmente sombrio, é porque é mesmo. Em muitos aspectos,
olhamos para um mundo que fugiu ao nosso controle – não só política como também
tecnologicamente. E essa situação extrema provocou formulações extremas por
parte de artistas e críticos. [...] O padrão da tragédia seguida pela
farsa tem, ainda, certa lógica: a história preserva uma narrativa mesmo que
anticlimática. No entanto, talvez essa coerência fosse uma ilusão e, mais uma
vez: o que poderia vir depois da farsa, afinal? Necessariamente nada.
Paliativos como “o arco do universo moral se inclina em direção à justiça” ou
“devemos trabalhar para uma união mais perfeita da nação” já não tranquilizam
ninguém. Nada está garantido; tudo é luta. De novo, de um ponto de vista
particular, já não está claro se a arte pode depender de seu passado, e seu
presente também parece institucionalmente tênue. [...] Tal é a
oportunidade no período presente de convulsão política: transformar a
emergência disruptiva em mudança estrutural ou, pelo menos, pressionar as
brechas na ordem social em que é possível resistir ao poder e reelaborá-lo.
[...] Há muito a ser debatido em termos de táticas e efeitos. Contudo, um
resultado desses desdobramentos é decerto uma volta inesperada do museu e da
universidade como possíveis locais de resgate da esfera pública, em que, ao
menos em princípio, podem-se expressar críticas e se propor alternativas. Eles
emergiram como pontos de pressão para artistas ou críticos ativistas que têm se
empenhado em explorar as tensões entre os compromissos públicos dessas
instituições e os interesses privados que as dirigem. [...]. Trechos do
prefácio da obra O que
vem depois da farsa?
(Ubu, 2021), do crítico de arte e historiador estadunidense Hal
Foster (Harold Foss Foster) que trata sobre terror e transgressão, vestígio
traumático, O kitsch de Bush, Estilo paranoico, Coisas selvagens,
Conspiradores, Plutocracia e exibição, Deuses-fetiche, Belo hálito, Greve
humana, Exibicionistas, Caixas cinza, Underpainting, Mídia e ficção, A pianola,
Olho-robô, Telas estilhaçadas, Imagens de máquina, Mundos-modelo, Ficções reais,
entre outros assuntos. Ele também é autor das obras What Comes After Farce? Art and Criticism at a Time of
Debacle (2020),
O retorno do real (Cosac Naify, 2014) e O complexo arte-arquitetura
(Cosac Naify, 2015), entre outras. Veja mais aqui.
VIDA, DE JAYME GRIZ
Olores do cosmos \ música das
esferas \ loucura do infinito \ E enquanto isto, \ a vida \ nas suas secretas e
misteriosas fontes, \ vibra \ estremece, \ se agita, \ e continua... \ largando
cada alfar do peito antigo, \ um soturno grito! \ Brado velho, antigo,
imemorial, \ cheio de estranha e absurda finalidade: \ Eternidade! \ Eternidade!
\ Eternidade!
Poema Vida, extraído da
obra Rio Una – poemas (Diário da Manhá, 1951), do poeta, jornalista,
economista e folclorista Jayme Griz (1900-1981). Veja mais aqui, aqui,
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