TRÍPTICO DQP – Notícias
do Fecamepa... - Ao som Artur Moreira Lima interpreta Ernesto
Nazareth (vols. 1 e 2, 1975), na interpretação do pianista Arthur Moreira Lima. - Tó Zeca era tampa! Viesse pra cima dele com lorota, ele destabocava peteando
dobrado! Contasse não, só saía pinoia raçuda. Muitas dele passaram a fazer
parte dos anais do anedotário, como a da domesticação de uma baleia-azul braba
no Rio Una; dos murros nos maiores
monstros, tudo servil dele no Riacho dos Cachorros; da peixa do açude, do
namoro com todas as beldades das capas de revista, afora picadas homéricas em
marcianas, venusianas, plutônicas e outras ETs; enfim, se parecia apologia, todos esperavam: Não é mentira não! E nenhuma façanha
era repetida, tinha sempre uma cabeluda nova para impressionar e deixar todo mundo
de queixo caído e sem dar um pio escondendo o riso. Sim, todo mundo sabia, ele
não fazia mal a ninguém, nenhum morto nem matado, sequer prejuízos: todos
sabiam que era potoca, nada demais. Mas para nossa infelicidade apareceu um
concorrente à altura: o mico Coisonário,
aí lascou tudo: cada uma que ele fala, arreia um; até agora matou mais de
quinhentos mil e dá pra muito mais! Virou geral: esse mente que o cu apita. E
na maior cara de pau! Já aí, todo mundo agora está evitando o cara: será o coisa-ruim
metido a messias? Dizem: se não for é aparentado! Destá. E o Tó Zeca? Parece que
se envultou: ninguém sabe, ninguém mais viu. Não deu outra, só Ievguêni Ievtuchenko: Quando a verdade é substituída pelo
silêncio, o silêncio é uma mentira. A autobiografia de um poeta é sua poesia.
Qualquer outra coisa pode ser apenas uma nota de rodapé. Será o Fecamepa?
Dois passos na
roda letal... - Imagem: arte da ilustradora Camila Rosa. - Maior farra no Gado-Bravo! Arrastado de pé, converseiro,
compadrio, risadagens: tudo família. Lá pras tantas, o genro João Grande do
Poço-Doce se estranhou com a sogra Marita e passou-lhe uma peixeirada lá no pé
do umbigo dela, das tripas caírem fora. O sogro Inaçantonho ficou sem ação de
nem ver a escapulida do indigitado. Seis testemunhas pinguças depuseram:
provada a autoria, o réu foi pronunciado e libelado depois de réplicas e
tréplicas no tribunal do júri, sentença transitada em julgado pelo douto
julgador: condenado a galés perpétuas e nas custas! Tudo registrado no volume
de Inocentes e culpados no Tribunal do
Júri de São Bento: síntese história do homicídio 1818-1930 (CEGM/FIAM,
1986), do Sebastião Soares Cintra,
autor de outros livros como Os Cintra de São Bento (CEPE, 1983) e do de poesias
Cozes de Bentuna (Grafset, 1986). Sim, mas do caso, um dos comentários entre os
assistentes: Esse lascou-se, sogra é pra isso mesmo! Três senhoras ouviram e se
aproximaram, fiquei de mutuca. A primeira, era a jornalista, socióloga e
ativista estadunidense Ida Wells
(1862-1931): A maneira de corrigir os erros é direcionar a luz da
verdade sobre eles. É melhor morrer lutando contra a injustiça do que morrer
como um cachorro ou um rato em uma armadilha. Fiz um gesto com a cabeça, concordando. Em seguida,
a escritora espanhola Espido Freire:
Não
sou daquelas que dizem: 'se eu nascesse de novo, faria o mesmo de novo. Não eu
não. Eu estive errada muito. Julguei mal muitas pessoas. Ao seu lado, a poeta inglesa Anne Askew (1520-1546) recitou-me o poema Eu sou uma pobre cega, e disse-me repetindo: Deus me deu o pão da adversidade e a água da angústia. Sim, eu
sabia que ela havia sido torturada no cavalete da Torre de Londres, condenada
por heresia e queimada viva por causa do divórcio e por ser feminista. A execução
teve um detalhe: o carrasco subornado por uma amiga dela, colocou pólvora
amarrada ao seu pescoço; ao acender a fogueira, a explosão. Ainda hoje,
lamentavelmente.
Mudando de assunto... - Estava
eu na redação da emissora e recebi naquela tarde um telefonema do parceiramigo Santanna o Cantador. Sim? Marcava pra
gente se encontrar na praça, final da tarde. Combinado, assim foi. Chegando lá,
tive a grata satisfação de conhecer um poeta cantador do Iguaraci e dos bons, Maciel Melo. Sequer tinha ouvido seu
nome, mas não deixei por menos: conversamos, trocamos ideias e rumamos para um
bar ali perto. Violão para lá e para cá, lá para as tantas, ele me deu o álbum Desafio das léguas (1989), com
participações de Elomar, Vital Farias e Décio Marques. Gente, ouvi na hora, bom
demais. Fiquei empolgado e gravamos uma entrevista, viramos a noite bebericando
e, no domingo de tarde, emplaquei destaque no meu programa radiofônico Panorama. Um sucesso! Foi aí que soube que
ele já tinha música gravada pelo Quinteto Violado e a música Que nem vem vem estava de vento em popa,
gravada por Elba Ramalho. A partir disso, nunca mais vi pessoalmente este
grande autor, mas nas emissoras onde passei e por todos os meus programas fiz
questão de sapecar seus álbuns na programação: Alegria de Nós Dois (1995), Janelas
(1996), Retinas (1997), Jeito Maroto (1998), Sina de Cantador (1998), Isso Vale um Abraço (2000), Acelerando o Coração (2001), O Solado da Chinela (2002), Dê Cá um Cheiro (2005), Nascente (2006), o CD/DVD ao Vivo no
Teatro Guararapes (2008), Sem Ouro e Sem
Mágoa (2009) e Debaixo do Meu Chapéu
(2010). Ainda hoje vou na maior cantarolada do Caboco sonhador! E vamos aprumar
a conversa, até mais ver.
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