TRÍPTICO DQP – Notícias
do Fecamepa: Da peste ao caos... - Ao som da The
Brazilian Suite KPM-1071 (1970), de Rogério Duprat. – Desabou? Quase! Eita. Porqueira! É lamentável ver o país
devastado e o Fecamepa no balanço
festivo da desgraça. No olho do furacão, Coisonário
se debate entre bravatas e petas sobre o morticínio de mais de meio milhão de
vidas. Como não sabe ler direito, desconhece o que seja lista tríplice (que
porra é essa) e reconduz o PostAras quebrando todos os protocolos. Ou melhor,
caga na entrada de melar até a saída para as gadociatas nazifascistas, maior
meladeiro todo dia e o dia todo. Para deixar seu filme cada vez mais chocho e
pior que fiapinho de nada, o General Vice é enxotado de Angola na tentativa de
salvar a diabólica UnEdir, enquanto a Amazônia e o resto de vivoverde é
queimado para gozo do agronegócio e grileiros desalmados que insistem em
extinguir de vez os indígenas, valha-me a desfortuna da rotônica! Além do mais,
cada um dos seus desconfiáveis e indigestos ministros e colaboradores cometem
cipoadas as mais cabeludas, contam-se aos borbotões do filadpuGuedes, da
Doidamares, da esquisitagricultura TetêCricri e os outros desmiolados sabifalidos,
que não enxergam seu capitão se afrouxado com as calças arriadas e de quatro pro
inescrupuloso Kid Centrão: serão todos enrabados sem dó pelo gigantesco falo
melado de areia do algoz; isso ele, as debuputadas e outros prosélitos. Afora isso,
vão todos de cara lisa, porque eles nunca viram O interrogatório de Peter Weiss ou sequer leram uma linha que seja do livro A República das Milícias - Dos esquadrões da morte à era Bolsonaro
(Todavia, 2020), do cientista
político Bruno Paes Manso. Enquanto isso,
vão todos entre pipocos escandalosos de generais, salafrários e estúpidos, a
coisa desanda a deixar a gente quase a não ver navio nem nada, só as
estatísticas pandêmicas e dos desplantes. Eta Brasilzim véio, arrevirado e de
porteira escancarada!
A urdidura labiríntica do amor e desfecho... - Imagem: a
arte da fotógrafa alemã Erna
Lendvai-Dircksen (1883–1962) – Os meus nos olhos dela, livros e
desejos ocultos. Assim, lá e cá, ela e eu, tímidos e cautelosos, o cenário nada
auspicioso. Se o país derretia, assim nossos corações e nenhum de nós previa onde tudo ia dar. Propositadamente ela sacava Emma Lazarus: Dai-me vossos pobres fatigados, / As multidões que por só respirarem
livres zelam, / Resíduos miseráveis dos caminhos fervilhados. / Mandai-os a
mim, desabrigados, que a minha vela / Os guiará, calmos, através dos portões
dourados! E fechava com a frase da poeta: Até que sejamos todos livres, nenhum de nós é livre. À provocação dela eu respondia com o escritor
alemão Oskar Maria Graf (1894-1967):
Não mereci esta
desonra! Com relação a toda minha vida e toda minha obra, tenho o direito de
exigir que meus livros sejam lançados à chama pura da fogueira e não venham parar
nas mãos sangrentas e nos cérebros podres dos bandos assassinos marrons. Não sabíamos, mas era como se estivéssemos no enredo d’O acidente, do dramaturgo Bosco Brasil: dois humildes
funcionários criadores de uma ideia de cada um e moldando a suas vidas baseados
nisso, até a festa do meu aniversário e ela chega, ficamos encurralados: era a
paixão latente, a descoberta do idílio, a revelação das verdadeiras identidades
e a nossa tragédia. Não era apenas: ...uma peça de cena única, com narrativa fechada, que se passa em tempo
real, como dizia o autor, éramos nós desolados entre livros e
segredos: nosso mundo está envolvido pelas dores da humanidade e de tudo que
nos circunda. Ela não resiste e se vai, esse desfecho me levou à solidão e
outra era a cena, a do Ilustríssimo Filho
da Mãe, da Leilah Assumpção, depondo
inconsolável à mãe ausente imaginária, todo meu desconsolo e fracasso, dúvidas
e ressentimentos.
A festa popular do teatro... – Era preciso
resistir e tomar outra direção. Assim fiz e me deparei com a ilustre arte do ator,
dramaturgo, professor e diretor Luis Mendonça (1931-1995), o mesmo que iniciou lá pelos anos 1951 suas atividades teatrais com o
Teatro do Estudante Secundário do Recife e que atuou no teatro, cinema e
televisão. O maravilhoso da ideia dele era a defesa do teatro para o
povo e com o povo, a exemplo da iniciativa com sua mãe, dona Sebastiana Mendonça, a Paixão de Jesus de Nova Jerusalém. A arte,
para ele, era a salvação das pessoas. Tanto que em depoimento sobre a experiência do Teatro
de Cultura Popular de Pernambuco, reproduzido na Arte em revista, ano 2
n. 3, 1964, dissera: Quase toda a cidade do Recife
era servida por Centros e Praças de Cultura, além de 8 Centros Educativos
Operários com teatros aparelhados e construídos desde os idos do Estado Novo...
A festa... não houve. Foi o maior 1º de abril dos que lutavam no Teatro de Cultura
Popular. Era porque ele integrava o MCP,
ao lado de Paulo Freire, Hermilo, Abelardo e Ariano, que foi assaltado pelo
golpe de 1964, o exílio no Rio de Janeiro. Aí montou Viva o cordão encarnado, de Luiz Marinho, tornando-se a partir de
então, arte-educador, ao mesmo tempo em que colocava em cena figuras como Wilker,
Tânia Alves e Elke Maravilha, encenando Vital Santos, Osman Lins e Brecht,
entre outros. Noutro momento, ele depôs: Os teatros,
principalmente os municipais, com toda a sua ostentação, são verdadeiros
espantalhos para o público. É difícil levar o povo ao teatro; tem que se levar
o teatro ao povo. Além disso, na rua ou no campo, o público é desconfiado. É
preciso que organizações de classe ou bairro o levem ou lhe recomendem. Mas, se
o teatro for bem feito, o público fica grato e o aplaude. E chegou o espetáculo Auréola, com elenco formado por jovens oriundos da Varginha,
interpretando a cena de anjos que desciam à Terra para coroar uma santa, mas
que decidem coroar o busto de um traficante morto a tiros, um Robin Hood
tupiniquim. Já havia evidenciado que: O importante é assinalar
que é preciso partir suas circunstâncias, descer até ele para fazê-lo subir,
gradativamente, até a assimilação do que lhe quisermos dar. E dar como teatro, como diversão, como
espetáculo; do contrário, engajado ou não, mesmo que fale de coisas que lhe
digam respeito, ele não o aceita. Foi com
essa garra que dirigiu vários grupos, entre os quais o Teatro de
Cultura Popular de Pernambuco, cuja importante experiência transmitiu em depoimento
veiculado na Revista da Civilização Brasileira: Teatro e Realidade
Brasileira. O que me fez ainda mais feliz foi saber que a sua trajetória
instigante foi reunida na obra Luiz
Mendonça: teatro é festa para o povo (FCCR, 2005), de Luis e Carlos Reis.
Até mais ver.
E mais:
FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS – CURSO & CONTULTAS