A SEMANA COMEÇA COM O PÉ DENTRO – Imagem: Fio do
Tempo, da artista plástica Christina
Machado. - UMA DE TANTAS – Desde
quarta passada, estava na Feira de
Leituras: territórios interculturais da leitura – Da lama ao barro,
prestigiando a iniciativa do Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL-UFPE),
da Rede de Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana do Recife
(RELEITURA), da Biblioteca Comunitária Caranguejo tabaiares (BCCT) e a
Biblioteca Comunitária do Alto do Moura (Caruaru –PE), comandado pela
professora doutora Ester Rosa. Uma festa
grandiosa com contação de histórias, barracas de livros, apresentações
culturais, palestras, exposições e trabalhos do Núcleo de Acessibilidade da
UFPE (NACE) e o escambau. O ponto alto, foi a palestra desenvolvida pela
escritora Maria Valéria Rezende, que
tive a oportunidade conhecer e papear, trocando ideias e figurinhas, afora
saber do movimento Mulherio das Letras.
Salve, salve! DUAS DE TUDO – Uma
ótima opção para o recifense é a exposição Palavra
em movimento, do cantor, compositor, poeta e artista visual Arnaldo Antunes, que se encontra aberta
até o dia 14 de outubro, na Caixa Cultural. Foi lá que tive acesso ao livro Tudoss (Iluminuras, 1993), reunindo
poemas e artes visuais do renomado artista da poesia e da música. Aproveito para
registrar a bela realização da artista visual Christina Machado, no seu belíssimo trabalho nomeado Fio do tempo (2011). TRÊS DE MUITAS – No meio da emboança do
final do final, tive a grata satisfação de conhecer o cineasta e fotógrafo Breno Cesar, e conhecer melhor o
trabalho desenvolvido por essa pessoa amabilíssima. FECHANDO A LOA – Maravilha mesmo foi o show Caetano Moreno Zeca Tom Veloso, no último sábado, no Teatro
Guararapes – Centro de Convenções de Olinda, no qual Caetano Veloso cantou com seus filhos a turnê do álbum Ofertório, dedicado às mães dos filhos e
à memória de Dona Canô, mãe do próprio Caetano. Se este final de semana foi
corrido e tome trupé, tomara que a semana corra ótima com o pé dentro e coisas
acontecendo, porque o próximo final de semana promete. Vamos sempre juntos
aprumando a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio
Tataritaritatá especial
com a música da cantora e compositora canadense Cœur de
pirate (Béatrice Martin): Live in Otawa, Blonde, Rosers & Live & muito mais nos mais de 2
milhões & 600
mil acessos ao
blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para
conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Tudo
está dentro de nós, se tivermos a coragem de empreender a jornada. [...]. Trecho
extraído da obra A deusa tríplice: em
busca do feminino arquetípico (Cultrix. 1989), do escritor escocês Adam McLean.
FILOSOFIA DO ATO – [...]
Os valores espaço-temporais e todos os
valores de conteúdo são atraído por esses momentos centrais
emocionais-volitivos em torno dos quais se concentram: eu, o outro e eu para o
outro [...] uma representação, uma
descrição da arquitetônica real, concreta do mundo dos valores experimentos –
não com uma fundação analítica à frente, mas com aquele centro real, concreto
tanto espacial quanto temporal, do qual surgem avaliações, asserções e ações, e
onde os membros constituintes são objetivos reais, interconectados por relações-eventos
no evento único do Ser. [...] todas
as relações espaciais e temporais pensáveis adquirem um centro de valores,
concentram-se em torno dele em um todo arquitetônico estável e concreto: a
unidade possível torna-se singularidade do rel. meu lugar ativo único não é
apenas um centro geométrico abstrato. [...] Tudo nesse mundo adquire significância, sentido e valor apenas em
correlação com o homem e com aquilo que é homem – como aquilo que é homem. Todo
ser possível e todo significado possível se dispõe em torno do ser humano como
o único centro e o único valor; tudo deve ser relacionado com o ser humano,
deve se tornar humano [...] Se eu
contemplo um quadro mostrando a destruição e a desgraça inteiramente
justificada de uma pessoa que eu amo, esse quadro será completamente diferente,
do ponto de vista do valor, quando não tenho nenhum interesse pela pessoa
destruída. [...]. Trechos extraídos da obra Para uma filosofia do ato (Pedro & João, 2008), do filósofo e
pensador russo teórico da cultura e das artes Mikhail Bakhtin
(1895-1975). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
O DILEMA DE ZEFINHA -[...] Vinha
a chamado do marido, que já tinha arrumado emprego numa construção, um barraco
numa favela e não aguentava solidão. [...] Como tantos outros, tinham de deixar o sítio, o Ceará, buscar socorro
no Rio de Janeiro [...] Quando o
marido caiu do 6º andar da construção, Zefinha quis morrer também. Já não pôde
suportar mais o Rio de Janeiro. Esperou sair a indenização, entregou quase todo
o dinheiro aos filhos e comprou a passagem pro Crato. [...] Quando a mãe morreu, Zefinha aceitou a
oferta do vereador do distrito e foi ser professora no sítio Assombro. Sabia
ler e escrever muito bem, tinha sido a melhor aluna de sua turma até o terceiro
ano, quando saiu da escola pra trabalhar numa casa de família no Crato. O que
aprendeu nunca mais esqueceu. Aceitou o dinheiro não pelo dinheiro, mas por
pena da meninada, mais de 40, analfabetos de pai e mãe. Gostou de encontrar
alguma coisa que lhe desse sentido aos dias. Zefinha ajeitou-se bem no quatro
que lhe deram, encostado no oitão da casa [...] Desde então, Zefinha Lima tornou-se a guardiã da alegria tranquila do
sítio Assombro. Nunca mais emprestaria sua voz pra uma notícia ruim. Quando as
cartas eram boas, lia ou escrevia com a maior fidelidade, sem tirar uma
palavra. Não mentia à toa, pelo gosto de mentir. Continuava a ser uma mulher
verdadeira, mas a verdade maior era que aquele povo precisava viver. [...] As respostas que Zefinha escrevia em nome
dos vizinhos levavam a imagem de um sítio Assombro que enchia os destinatários
de uma saudade boa e consolava-os da tristeza da vida anônima e solitária na
cidade grande. Tinham um lugar livre de desgraças inesperadas pra onde podiam
voltar um dia. Zefinha nunca mais teve remorsos pelas mentiras que inventava. As
boas notícias brotavam-lhe fáceis e convincentes, na ponta da língua. [...]
alegrou-se. Enxugou as mãos na barra da
saia, abriu depressa o envelope e leu. Com as lágrimas enevoando a vista e uma
mão invisível apertando-lhe a garganta implorou ao céu que alguém lhe fizesse a
caridade de mentir. Que alguém mudasse as noticias tristes por uma noticia boa.
Mas no sítio Assombro ninguém mais sabia ler nem mentir com arte. Extraído da
obra Histórias daqui e d’acolá
(Autêntica, 2012), da premiada escritora Maria
Valéria Rezende.
UM POEMA – Convém
amar / O amor e a rosa / e a mim que sou / moça formosa / aos vossos olhos / e
poderosa / porque vos amo / mais do que a mim. / Convém amar / ainda que seja /
por um momento: / brisa leve a / princípio e seu / breve momento / também é
jeito / de ser, do tempo. / Porque ai senhor / a vida é pouca: / um bater de
asa / um só caminho / da minha à vossa / casa... / e depois, nada. Poema
extraído da obra Trovas de muito amor
para um amado senhor (Anhembi, 1960) da poeta, dramaturga e ficcionista Hilda
Hilst (1930-2004). Veja mais aqui.
A ARTE DE BRENO CESAR
Já divulguei aqui o curta A menina banda, dirigido,
roteirizado e fotografado pelo cineasta Breno Cesar. Agora, destaco os
filmes A
luta do século (2016), Pingo D’Água (2014), Ferrolho
(2012), Onde Borges tudo vê (2012),
em que ele atuou como Diretor de Fotografia, e A Seita (2015), em que ele atuou como Diretor de Arte e de
Fotografia. Todos imperdíveis. Veja mais aqui.
AGENDA
Palavra em
movimento de Arnaldo Antunes – até 14 de outubro na Caixa Cultural – Recife – PE
& muito mais na Agenda aqui.
&
A arte
de Arnaldo Antunes aqui.
&
Fio do Tempo, da artista plástica Christina Machado.
&
Da vida e do viver entre noites e dias, Edward Bulwer-Lytton, Emílio Mira y López, Denise
Legrix, John Palo, Wesley Duke Lee, Carl Orff, Chloë
Hanslip, Nelson Freire, Mitsuko Uchida, Villa-Lobos & Debussy aqui.