LÁ VAI TOMÉ ESCAPANDO DAS SUAS – Havia
sido deflagrada em Alagoinhanduba uma campanha de doação de órgãos, quando uma
distinta moça abordou Tomé que ia avexado do trabalho pra casa. Como se tratava
de uma bela jovem, ele deu um freio nas quatro de quase afundar os pés no chão,
parou, ajeitou-se todo, olhou-a dos pés à cabeça e ficou prestando atenção à
abordagem da moça a respeito do assunto. Ouvia ele atentamente sem entender
nada porque estava de butuca no decote suntuoso dela, conferindo a geografia
assimétrica de beldade daquela que seria, pra ele, o tipo ideal de mulher pra
casar, fazendo de conta que acompanhava as maiores explicações sobre qualidade
de vida daqueles que recebiam órgãos transplantados, com ênfase no ato de
cidadania e solidariedade humana doar seus órgãos ainda em vida para salvar os que
precisavam arriados na cama ou quarando numa fila de espera por anos. Conversa
bonita, pensou ele, mas vale a pena, vai que cola e eu lavo a jega. E quanto
mais ela falava, mais ele apertava os olhos sobrecarregado de interrogações,
até que franziu o cenho mesmo ao tomar ciência que ele só seria doador de
órgãos e tecidos, se tivesse morte encefálica diagnosticada, ter boas condições
hemodinâmicas, não apresentar sorologia positiva e ter a doação autorizada pela
família. Ele afastou-se um pouco, tomou ar e interrompeu o falatório: - Moça, com
licença da má palavra, mas pra mim a senhora está falando grego, pode explicar
melhor? A simpática senhorita abriu-lhe um sorriso encantador e, pacientemente,
explicou tudo novamente nos mínimos detalhes, acrescentando que ele poderia
doar o coração e os pulmões, os rins, o fígado, o pâncreas e as valvas
cardíacas, tendo de ser maior de idade o que era comprovado pela sua idade,
estar em condições de doar o que ele era inequivocamente compatível, ter um
receptor que fosse da família ou para estranhos com autorização judicial,
excetuando-se nos casos de doação da medula óssea. Hem? Ele apertou os olhos de
novo e inquiriu em tom meio sarcástico: - Ô dona moça, como posso ser doador se
ainda estou vivo? Lá vai ela mais uma vez respirando fundo e explicando tintim
por tintim, ao final, ele ainda sapecou: - Ué, quer dizer que depois de morto
eu vou pro céu vazio de tudo é? Ah, minha filha, mas isso não vai poder de
jeito nenhum, pois a patroa lá de casa não vai deixar tirar minhas coisas pra
dar pros outros, vai nada, hum, ciumenta como a praga feito aquela, ela vai é
armar o maior barraco! Pode contar com isso. A senhora não conhece a brabeza da
patroa, não, e por falar nisso, se eu demorar mais um pouquinho ela vai me matar
e a senhora nem vai poder aproveitar nada porque vou morrer de cacete brabo, de
não sobrar nem o retrato, quanto mais meus órgãos inteiros. Dá licença, ou eu
escapo de morrer aqui de susto, ou morro lascado em casa. Inté mais ver. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje
na Rádio Tataritaritatá especiais com o cantor e compositor inglês Peter
Gabriel
em Concerto, com Milton Nascimento & Gênesis; a violoncelista russa Tatjana
Vassiljeva interpretando
Tchaikovsky, Kodaly
Sonata & HK Sinfonietta Cello Concerto; o compositor
e doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Edson
Zampronha apresentando Sonora, Invierno
& Modelagem XII; e a cantora e
compositora Karyme Hass interpretando Simplesmente, Sonho Azul, Céu e
Mar, Agora quero amor, Estrada de flores & Saindo do inferno. Para conferir é só ligar o som e curtir.
A VERDADEIRA LIBERDADE – [...]
Liberdade é algo completamente diferente.
Ela nasce, não podemos buscá-la. Ela nasce quando não há medo, quando há amor
no coração. [...] Cabe ao educador
criar um novo ser humano, um ser humano diferente, sem medo, autoconfiante, que
possa fundar uma própria sociedade – uma sociedade totalmente diversa da nossa
que está baseada no medo, na inveja, na ambição, na corrupção. A verdadeira
liberdade só pode vir à luz quando surgir a inteligência, ou seja, a
compreensão do todo, do total processo da existência. [...]. Trechos
extraídos da obra Sobre a liberdade
(Cultrix, 1991), do filósofo, escritor e educador indiano Jiddu Krishnamurti
(1895-1986). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
GLOBALIZAÇÃO: ENTENDENDO DO RISCADO - [...]
Ao contrário que o termo globalização
superficialmente conota, estamos perante processos de mudança altamente contraditórios
e desiguais, variáveis na sua intensidade e até na sua direção [...] Uma das características salientes da
globalização que designamos por hegemônica é o fato de os custos e as
oportunidades que produz serem muitos desigualmente distribuídos no interior do
sistema mundial, residindo aí a razão do aumento exponencial das desigualdades
sociais entre os países ricos e países pobres e entre ricos e pobres do mesmo
país nas últimas décadas [...]. Trechos extraídos da obra A globalização e as ciências sociais
(Cortez, 2002), organizado pelo jurista e professor Boaventura de Sousa
Santos. Veja mais aqui e aqui.
NOSSO FUTURO COMUM - [...]
Somos condenados a inovar, e o tempo de
que a humanidade dispõe, nessa época caracterizada por gigantescos recursos tecnológicos
e poucos recursos de organização política civilizada, é limitado. Resumir o
problema à dimensão frequentemente estreita que assume o embate entre esquerda
e direita já não é suficiente. Trata-se, como bem o caracterizou Gro
Brundtland, do nosso futuro comum. Trecho extraído da obra A reprodução social (Vozes, 1999), do
economista e professor Ladislau Dowbor.
CARTA A UM JOVEM POETA – [...]
A arte também é apenas uma maneira de
viver. A gente pode preparar-se para ela sem o saber, vivendo de qualquer
forma. Em tudo o que é verdadeiro, está-se mais perto dela do que nas falsas
profissões meio-artistas. Estas, dando a ilusão de uma proximidade da arte,
praticamente negam e atacam a existência de qualquer arte. Assim o faz, mais ou
menos, todo o jornalismo, quase toda a crítica e três quartos daquilo que se
chama e se quer chamar literatura. [...]. Trecho da obra Carta a um jovem poeta (Globo, 1986), do poeta
alemão Rainer Maria Rilke
(1875-1926). Veja mais aqui e aqui.
MEU AMOR & OS OUTROS – Toda vez que subo / nessas minhas /
altitudes máximas / (além do nível do bar) / e mergulho de cabeça, / tripa e
tudo / nessa minhas / profundidades (também) máximas / (além do nível do lar) /
o rosto de Clau / está lá em cima / e lá embaixo /me deslumbrando, sozinho! / -
Quem é Clau? / (pergunta um burríssimo / PHD em Estética) / e ninguém pode salvar
/ seus pobres alunos. Poema extraído da obra Somas dos sumos (José Olympio,
1983), do escritor, jornalista e sociólogo Alberto
da Cunha Melo (1942-2007). Veja mais aqui.
BIBLIOTECA FENELON BARRETO
Acompanhando o
diretor da Biblioteca Fenelon Barreto, João Paulo Araújo, na recepção do poeta
e artista plástico Paulo Profeta, a bibliotecária do IF-PE, Mariana e o
professor e pesquisador do IF-PE, Derlano.
Veja mais:
A música de Peter Gabriel aqui.
A arte musical de Tatjana Vassiljeva aqui.
A arte de Edson Zampronha aqui.
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&
Agenda de Eventos aqui.
A ARTE DE ANSELM KIEFER
A arte do pintor e escultor alemão Anselm Kiefer.