GRATIDÃO DE SER EM DOAR – Imagem: arte do artista plástico holandês Guillaume Cornelis van Beverloo (1922-2010). - Minhas mãos espalmadas para tudo do visinvisível, porque quando sou rua vou passos que vem e vão por todos os rumos no prazer de encontros e partidas, risos e lágrimas me fazem viver. O meu peito aberto busca a ternura na maior gratidão, porque quando sou vento em todas as direções sou a festa do oxigênio por todos os pulmões, ser feliz é o que se quer e a felicidade é o fruto que nasce no galho pra servir de alimento a quem quer que seja. Meus pés seguem em frente por onde não sei, porque quando sou água de brejo no encontro do rio todas as correntes me fazem ser mais que sou na imensidão do mar: a entrega mais que absoluta, a gratidão em se doar. Meus olhos sempre abertos pra quem vem, só se fecham para que eu seja o hermético saber de que como é em cima é embaixo, porque quando sou fogo o abraço mais terno com todos os braços do que sou pra todos em mim: a festa da comunhão. Todos os meus sentidos e coração são feitos de afeto, porque quando sou chão como guarida do seio materno a provar que a vida é o maior espetáculo pra viver além dos limites e amar além da conta. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ: 24 HORAS NO AR!!!
Hoje na Rádio Tataritaritatá: Canto de Amor e
Paz, Sinfonia nº 5 e Concerto para Pianoforte e Orquestra nº 1, do compositor e
maestro Cláudio Santoro; As quatro estações de Vivaldi & Trio Villa-Lobos
da violinista sérvia Marija Mihajlovic; Convoque o seu Buda ao Vivo em Paris
& Ainda há tempo do rapper e cantor Criolo; e Carta de amor, Nada é pra
sempre & Tímida da cantora, atriz e compositora Eleonora Falcone. Para
conferir é só ligar o som e curtir.
CRÍTICA DA RAZÃO CÍNICA – [...] ser
inteligente e ainda assim atuar em seu trabalho, isto é a consciência infeliz
em sua forma modernizada, afligida com o esclarecimento. Tal consciência não
pode tornar-se muda e confiar de novo; a inocência não pode ser restabelecida.
Ela persiste em sua crença na atração gravitacional das relações à qual está
presa por seu instinto de auto-preservação. Dentro por um centavo, dentro por
um cruzeiro. Com dois mil reais líqüidos por mês, o contra-esclarecimento
silenciosamente começa; ele se financia pelo fato que todos que tem algo a
perder entram em um acordo privado com sua consciência infeliz ou a escamoteia
com ‘engajamentos’ [...] O mal estar na cultura adotou uma nova qualidade: agora se manifesta
como um cinismo universal e difuso. Diante dele, a crítica tradicional da
ideologia fica sem saber o que fazer e não vê onde haveria um lugar para a
consciência cinicamente lúcida o caminho para o esclarecimento. O esgotamento
da crítica da ideologia tem nela sua base real. Essa crítica seguiu sendo mais
ingênua que a consciência que queria desmascarar. Em sua bem intencionada
racionalidade não participou das mudanças da consciência moderna para um
realismo multifacetário e astuto. A série de formas da falsa consciência que
teve lugar até agora – mentira, erro, ideologia – está incompleta. A
mentalidade atual obriga acrescentar uma quarta estrutura: o fenômeno cínico.
Falar de cinismo significar tentar penetrar no antigo edifício da crítica da
ideologia através de um novo acesso [...]. Trecho
extraído da obra Crítica da razão cínica (Relógio D’Água, 2011), do
filósofo alemão Peter Sloterdijk, refletindo
sobre a modernidade e o cinismo moderno como remédio e como
excesso/ultrapassagem, sugerindo a redescoberta dos valores/virtudes do cinismo
antigo que praticava a filosofia de Sinope - o riso, a inventiva, o
contraditório. Veja mais aqui e aqui.
SOLIDARIEDADE HUMANA NO
DOCUMENTÁRIO NORDESTE - [...] Como eu era filho único e não tinha com quem
brincar, fugia com freqüência, apesar de todas as recomendações, para conversar
com o leproso. Era de quem eu informava das novidades do mundo. Às vezes das
novidades da minha imaginação. Com pena que ele não pudesse ir de dia até à
cidade eu exagerava quase sempre as descrições para compensar a ausência do
fato real. Lembro-me bem que cheguei mesmo a inventar mentiras completas para
não deixar de lhe contar coisas interessantes. Em troca, ele me contava das
suas aventuras noturnas com os peixes, vagalumes e os mosquitos [...]. Mundo estreito, pobre, limitado, era esse de
Cosme e de Chico, mas de uma grande lição de solidariedade humana. Quase de
felicidade heróica dentro do maior dos infortúnios. Trechos de Solidariedade humana, extraído da obra Documentário Nordeste (Brasiliense,
1957), do médico, professor catedrático, pensador, ativista
político e embaixador do Brasil na ONU, Josué de Castro (1908-1973),
reunindo a passagem viva do nordeste, estudos sociais e biológicos do autor. No
Prefácio da obra, Olívio Montenegro assim se expressa: A frase de Carlyle “O homem só aprende o que já sabe”, que
parece um paradoxo, encontra-se um pouco com outra de Emerson, quando este diz
que “a educação da criança começa cem anos antes dela nascer”. Que é bem
verdade: as influências, as circunstanci9as, os valores, não apenas de ordem
social, mas de ordem biológica que vão ser mais decisivas para o destino da
criança, não nascem com ela, mas bem antes dela. [...] Josué de Castro não se revela na invenção dessas admiráveis histórias
com nítida e forte simplicidade, apenas um escritor de autentica imaginação
revela-0se um homem de autêntica sensibilidade. Veja mais aqui, aqui, aqui
e aqui,
IDEOLOGIA & EDUCAÇÃO - [...] A
imposição do arbitrário cultural e a violência simbólica que se exercem sobre
os agentes da prática pedagógica dissimulam-se detrás do mito de um agente
ensinante “neutro” e de um agente ensinado que deverá “desenvolver-se a partir
de suas próprias personalidades”. Em consequencia, a internalização e a
aceitação das representações ideológicas ligadas à tendência reformista terão
mais possibilidades de reprodução e de dominância que aquelas vinculadas ao
tradicionalismo pedagógico. Não obstante, não existir nenhuma mudança
estrutural na concepção das relações pedagógicas com relação à tendência
tradicionalista, a ideologia da reforma esconde – de uma maneira mais engenhosa
– a existência de relações de dominação na prática pedagógica concreta, tanto
na base quanto das outras instancias com as quais se estrutura. [...].
Trecho extraído da obra Ideologia e
educação: reflexões teóricas e propostas metodológicas (Cortez/Autores
Associados, 1986), da pesquisadora Encarnación
Sobriño. Veja mais aqui.
NÓS E A BIODIVERSIDADE - [...] A maioria das pessoas, entretanto, não se vê
como participantes desse processo de interferência na natureza [...] O consumidor não lucra com a uniformização,
mas as corporações sim, pois ampliam seus mercados. Todos nós, porem, ficamos
ameaçados pela eliminação da diversidade. Cuidar da diversidade cultural, que
sustenta a diversidade biológica, assim, como cuidar diretamente da diversidade
biológica é cuidar da manutenção da vida na Terra. [...]. Trecho da obra
Evolução e a biodiversidade: o que nós temos com isso (Scipione, 2009), de M.
Elisa Marcondes Helene e Beatriz Marcondes. Veja mais aqui e aqui.
DAS ÁGUAS E TEMPESTADES - [...] estando
sobre água, seja do mar ou dos rios, indo contra os seus inimigos, se forem
surpreendidos por uma tempestade ou furacão, como tantas vezes ocorre, crêem
que a origem é a alma de seus parentes e amigos, por que não sabem, e para apaziguar
a tormenta, sacodem qualquer coisa n’água, à maneira de presente, julgando por
este meio pacificar as tempestades. Trecho de Origem da tempestade, do frei André Thévet (1502-1590), extraído da
obra Antologia do folclore brasileiro
(Global, 2003), do historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986).
Veja mais aqui e aqui.
CONFISSÕES DE LEONTINA - [...] Amaldiçoada hora essa. Amaldiçoada hora que
enveredei por aquela rua e parei naquela vitrina. O vestido estava numa boneca
e tinha o meu corpo. E pensei que decerto ia servir para mim e que era o
vestido mais lindo do mundo. Foi quando ouvi uma voz perguntando bem baixinho
se eu não queria aquele vestido. No vdro que parecia um espelho, estava a cara
do velho. [...] Quando ele fez a
pergunta pela segunda vez então não agüentei e respondia que se ele quisesse me
dar eu aceitaria sim com muito gosto [...] O vestido me assentou feito uma luva e a vendedora então me aconselhou
que fosse com ele no corpo porque estava uma beleza. Fiquei zonza. [...].
Trecho do conto Confissão de Leontina,
extraído da obra A estrutura da bolha de
sabão (Rocco, 1999), da escritora premiada e membro da Academia
Brasileira de Letras do Brasil e de Lisboa, Lygia Fagundes Telles. Veja mais aqui.
Veja mais:
Amazônia aqui.
A arte de Eleonora Falcone aqui.
&
PREXELÂNDIOS DE UMA VIDA
Num barco de folhas cósmicas
voamos para o além de dentro.
Em prexelândios de uma vida
recordamos o futuro
de um passado presentino.
Adolescentemente, ansiamos
sonhamos amores vidarinos
híbridos, gósticos e íntimos
aos poucos, nos atracamos.
Geramos outros ânimuns
envelhecemos rugorosos
depois, morremando (di)vagar
nos despedimos de nós
de
tudo e de todos
para
então,
remorrermos
eternamente.
A ARTE
DE CORNELIS VAN BEVERLOO
A arte do artista plástico holandês Guillaume Cornelis van Beverloo (1922-2010).