VAMOS APRUMAR A CONVERSA? SALGADINHO: DE
RIACHO PRA ESGOTO – Em continuidade
às atividades desenvolvidas no projeto de pesquisa Psicologia Ambiental: a arte na educação
da comunidade do Riacho Salgadinho – Maceió, exigência da disciplina
Estágio Básico, ministrada pela professora doutora Daniela Botti da Rocha, estivemos nesta segunda feira, na
comunidade do Poço Azul, local onde havia a nascente do riacho em questão. Lá estivemos
e procuramos pela referida fonte, até encontrar o morador João Felix da Silva,
sentado no batente de sua casa, residente ali desde o ano de 1972. Em conversa
conosco, ele fez questão de enfatizar que quando ali chegara, bastava pisar forte
no chão que jorrava água em abundância, de surgir um olho d’água na hora, ou
estourar dali a uns cinco metros de distância. Agua torrente, abundante. Mas um
dia de poucos anos atrás a nascente do Poço Azul secou. Assim também se dera
com a outra fonte, a Fonte da Correnteza. Agora, onde eram essas duas fontes,
existem sítios com plantações e moradias. E ensinou-nos como chegar ao local
onde existia a fonte do Poço Azul: só plantações, deveras. Disse ele que a
Casal esteve no local e perfurou 200 metros, mas não dando a água qualquer
sinal de vida. Do que podemos achar do que poderia ser a nascente do
Salgadinho, hoje brota um esgoto a céu aberto que começa na comunidade de Poço
Azul, que segundo o depoente, pertence à comunidade de Antares, mas tem outra
parte que pertence ao bairro de Jardim Petrópolis, muito embora ele reafirme
enfaticamente ser aquilo tudo ali mesmo do bairro de Tabuleiro dos Martins. Conversa
concluída, descemos a ladeira e encontramos onde era situada a fonte do
Salgadinho, hoje sítio com suas plantações. E logo após, o surgimento de esgoto
que serve para escoar os dejetos das residências e depósito de lixo. Com consternação,
imaginamos: o esgoto começa ali e finda lá na foz da praia da Avenida, no
bairro de Jaraguá, em Maceió. Um imenso esgoto a céu aberto desde 2006. Agora precisamos
saber o andamento do Inquérito Civil Público de nº
1.11.000.001.521/2010-25, publicado na Portaria nº 157, na edição 229, página
62, do Diário da Justiça, do dia 17 de novembro de 2010, instaurado pelo Procurador da
República, Bruno Baiocchi Vieira e em diligência na Polícia Federal, a cargo do
delegado Felipe Vasconcelos e do agente federal Carlos. O Salgadinho agora é só
lembrança dos tempos em que a população se reunia em suas margens para se
banhar de água doce depois da saída do mar. E vamos aprumar a conversa aqui e
aqui.
Imagem: A Supine Female Nude, with Drapery over her
Head, do pintor do Romantismo inglês, Joseph
Mallord William Turner (1775-1851)
Curtindo o álbum L'Umanoide - Amanti D'Oltretomba
(1965/1992), do compositor, arranjador e maestro italiano Ennio Morricone.
ESTÁTUAS QUANDO OLHAM PARA
OS PÉS – No livro Crítica da razão indolente: contra o
desperdício da experiência (Cortez, 2002), do jurista e professor Boaventura
de Sousa Santos, encontro o
capítulo Epistemologia das estátuas quando olham para os pés: a ciência e o
direito na transição paradigmática, do qual destaco o trecho: Há um desassossego no ar. Temos a sensação
de estar na orla do tempo entre um presente quase a terminar e um futuro que
ainda não nasceu. O desassossego resulta de uma experiência paradoxal: a
vivência simultânea de excessos de determinismo e de excessos de
indeterminismo. [...] Graças à
investigação e à teoria feministas, sabe-se hoje que os espelhos, sendo um objeto
de uso corrente desde há muitos séculos, são usados de modo diferente pelos
homens e pelas mulheres e que essa diferença é uma das marcas da dominação
masculina. Enquanto os homens usam espelho por raízes utilitárias, fazem-no
pouco frequentemente e não confundem a imagem do que veem com aquilo que são,
as mulheres têm de si própria uma imagem mais visual, mais dependente do
espelho, e usam-no mais frequentemente, para construir uma identidade que lhes
permita funcionar numa sociedade em que não ser narcísico é considerado não
feminino [...] as sociedades são a
imagem que têm de si vistas nos espelhos que constroem para reproduzir as
identificações dominantes num dado momento histórico. São os espelhos que, ao
criar sistemas e praticas de semelhança, correspondência e identidade,
asseguram as rotinas que sustentam a vida em sociedade. Uma sociedade sem
espelhos é uma sociedade aterrorizada pelo seu próprio temor. Há duas
diferenças fundamentais entre o uso de espelhos pelos indivíduos e o uso dos
espelhos pela sociedade. A primeira diferença é, obviamente, que os espelhos da
sociedade não são físico, de vidro. São conjuntos de instituições,
normatividades, ideologias que estabelecem correspondências e hierarquias entre
campos infinitamente vastos de práticas sociais. São essas correspondências e
hierarquias que permitem reiterar identificações até ao ponto de estas se
transformarem em identidades. [...] A
segunda diferença é que os espelhos sociais, porque são eles próprios processos
sociais, têm vida própria e as contingências dessa vida podem alterar
profundamente a sua funcionalidade enquanto espelhos. [...] Vejam mais
aqui, aqui e aqui.
LIQUIDAÇÃO – A obra Liquidação (Companhia das Letras, 2005),
do escritor húngaro e prêmio Nobel de Literatura de 2002, Imre Kertész,
conta a história um escritor
húngaro que se suicida e deixa como legado uma peça de teatro intitulada Liquidação. Um dos
personagens do manuscrito é o editor de B. Amargo, o protagonista que,
analisando a peça e investigando o passado do amigo morto, descobre as causas
mais profundas de um gesto tão radical. O suicida é uma das poucas crianças
nascidas em Auschwitz, e o suicídio remete à condição individual possível em
meio à armadilha histórica. Da obra destaco o trecho: Chamemos o nosso homem, o herói da história, de Amargo. Imaginamos um
homem e, para ele, um nome. Ou, ao contrário: imaginamos o nome e, para ele, o
homem. Embora isso tudo seja secundário, pois o nosso homem, o herói da
história, chama-se, na realidade, Amargo. O pai dele se chamava assim. E o avô
também. Por conta disso, Amargo foi registrado como Amargo no cartório: essa é,
portanto, a realidade, a que - como cabe à realidade - Amargo hoje em dia não
atribui muita importância. Nos últimos tempos - num dos anos derradeiros do
milênio que se encerra, digamos, no início da primavera de 1999, num final de
manhã ensolarado -, a realidade se tornara, para Amargo, um conceito
problemático, e, o que era mais grave, um estado problemático. Um estado em que - segundo os
sentimentos mais íntimos de Amargo - a realidade era o que mais faltava. Se de
algum modo o obrigavam a usar a palavra, Amargo sempre acrescentava: "a
assim chamada realidade". Entretanto, isso era apenas uma frágil
compensação, que não o satisfazia. Amargo, nos últimos tempos, ficava muito à
janela e olhava para a rua. A rua oferecia a visão comum e costumeira do
cotidiano costumeiro das ruas de Budapeste. Junto da calçada imunda e manchada
de lixo, óleo e sujeira de cachorros, havia carros, nos recessos de um metro entre
as paredes leprosas, descascadas, das casas, os pedestres comuns e costumeiros
perseguiam seus afazeres, e a expressão contrariada dos rostos refletia os
pensamentos sombrios. Alguns deles, talvez na pressa, para se desviar da
fileira de gansos rastejantes, desciam da calçada, e nisso o coro das buzinas
rancorosas dos automóveis derrubava toda esperança irracional depositada no
abandono da fila. Nos bancos da praça em frente que ainda conservavam o
assento, sentavam-se à toa os desabrigados da redondeza, com os embrulhos, as
sacolas, as garrafas plásticas. Acima de uma barba desgrenhada vibrava um gorro
vermelho tricotado, e a borla pendente balançava alegre junto da pelugem
repugnante. Um homem com o barrete puído de oficial de um exército inexistente vestia
um sobretudo pesado de inverno, sem botões, desbotado, preso na cintura por um
elegante cinto de seda, de flores coloridas, que lembrava o adereço de um robe
de mulher. Numa perna feminina cheia de nódulos que emergia de uma calça jeans,
um sapato de noite prateado com a sola gasta; mais adiante, no gramado
estreito, ralo, jazia de joelhos encolhidos, numa imobilidade catatônica, como
uma bola de trapos, uma figura indistinta, derrubada pelo álcool ou pela droga,
quem sabe pelos dois. Enquanto observava os desabrigados, Amargo de súbito
percebeu que uma vez mais observava os desabrigados. Sem dúvida, ultimamente
Amargo dedicava muita atenção aos desabrigados. Era capaz de dissipar - na
verdade, de seu tempo sem valor - até meias horas à janela, fascinado como um
voyeur, que não consegue se desligar da visão obscena estendida em sua frente.
Além disso, a posição de espreita sensual era acompanhada em Amargo de uma
culpa, uma aversão enojada que por fim resultava num medo da existência, numa
angústia nauseante. No instante em que a angústia ganhava contornos
inconfundíveis, Amargo, como se tivesse alcançado o objetivo mais obscuro de
seu ato obscuro, dava as costas à janela, satisfeito, e se dirigia à mesa, onde
se espalhavam diversos papéis datilografados, revirados e dispersos, como
pássaros mortos. O próprio Amargo sabia que, na ligação imperiosa que,
ultimamente, a despeito de sua consciência e discordância, estabelecera com os
desabrigados, havia alguma coisa de preocupante. Na verdade, sofria como se
fosse de uma doença. Deveria decidir deixar de se aproximar da janela. Ou
somente se aproximaria dela pela necessidade de arejar o quarto ou por uma
razão assim prática. Porém, depois, de súbito se surpreendia de novo à janela a
observar os desabrigados. Amargo desconfiava que por trás da estranha obsessão
se escondia um significado apreensível. Ou melhor, sentia que, se conseguisse
decifrar o significado, compreenderia melhor sua própria vida, que,
ultimamente, não compreendia. Sentia que da continuidade palpável um dia
conhecida como individualidade o separavam abismos. Para Amargo, a pergunta
hamletiana não soava como ser ou não ser, mas como sou ou não sou. Amargo
folheou distraído um dos escritos sobre a mesa. Tratava-se de uma pilha espessa
de papéis, o manuscrito de uma peça de teatro. Na folha de rosto, o título, Liquidação, e o
gênero, "Comédia em três atos". Embaixo, "Passada em Budapeste,
em 1990". Pegou a folha de papel entre os dedos para seguir folheando, mas
acabou por se entregar ao prazer discutível de ler os detalhes do cenário: (A sala sombria do editor numa editora sombria. Paredes gastas, estantes
de livros decrépitas, entre os livros expostos faltas gritantes, abandono;
embora não haja nenhum sinal de mudança, em tudo impera a provisoriedade
desoladora das mudanças. Na sala, quatro escrivaninhas, quatro lugares de
trabalho. Sobre as mesas, máquinas de escrever, manuscritos, dossiês. Janelas
dando para um quintal. Uma porta no fundo, para o corredor. Em algum lugar, ao
longe, o brilho do sol de um fim de manhã, na sala sombria da editora,
iluminação sombria artificial. Na sala, Kürti, a esposa, Sára, e o dr. Obláth.
Constrangidos, expectantes, sentam-se ao redor de uma mesa que mais tarde se
revela pertencer a Amargo.) [...]
Veja mais aqui.
A DIGNIDADE DAS MULHERES – No livro A poesia magistral de Schiller, do poeta, dramaturgo, filósofo e
historiador alemão Friedrich Schiller
(1759-1805), destaco o poema A dignidade das mulheres: Honrai as mulheres! Elas entrançam e tecem / Rosas sublimes na vida
terrena, / Entrançam do amor o venturoso laço / E, através do véu casto das
Graças, / Alimentam, vigilantes, o fogo eterno / De sentimentos mais belos, com
mão sagrada. / Nos limites eternos da Verdade, o homem / Vagueia sem cessar, na
sua rebeldia, / Impelido por pensamentos inquietos, / Precipita-se no oceano da
sua fantasia. / Com avidez agarra o longe, / Seu coração jamais conhece a
calma, / Incessante, em estrelas distantes, / Busca a imagem do seu sonho. / Mas,
com olhares de encanto e fascínio, / As mulheres chamam a si o fugitivo, / Trazendo-o
a mais avisados caminhos. / Na mais modesta cabana materna / Foram deixadas,
com modos mais brandos, / As filhas fiéis da Natureza piedosa. / Adverso é o
esforço do homem, / Com força desmesurada, / Sem paragem nem descanso, / Atravessa
o rebelde a sua vida. / Logo destrói tudo o que alcança; / Jamais termina o seu
desejo de luta. / Jamais, como cabeça da Hidra, / Eternamente cai e se renova.
/ Mas, felizes, entre mais calmos rumores, / Irrompem as mulheres, num instante
de flores, / Propiciando zelo e cuidadoso amor, / Mais livres, no seu
concertado agir, / Mais propensas que o homem à sabedoria / E ao círculo
infindável da poesia. / Severo, orgulhoso, autárcico, / O peito frio do homem
não conhece / Efusivo coração que a outro se ajuste, / Nem o amor, deleite dos
deuses, / Das almas desconhece a permuta, / Às lágrimas não se entrega nunca, /
A própria luta pela vida tempera / Com mais rudeza ainda a sua força. / Mas,
como que tocada ao de leve pelo Zéfiro, / Célere, a harpa eólica estremece, / Tal
é a alma sensível da mulher. / Com angustiada ternura, perante o sofrimento, / O
seu seio amoroso vibra, nos seus olhos / Brilham pérolas de orvalho sublime. / Nos
reinos do poder masculino, / Vence, por direito, a força, / Pela espada se
impõe o cita / E escravo se torna o persa, / Esgrimem-se entre si, em fúria, / Ambições
selvagens, rudes, / E a voz rouca de Éris domina, / Quando a Cárite se põe em
fuga. / Porém, com modos brandos e persuasivos, / As mulheres conduzem o ceptro
dos costumes, / Acalmam a discórdia que, raivosa, se inflama, / Às forças
hostis que se odeiam / Ensinam a maneira de ser harmoniosa, / E reúnem o que no
eterno se derrama. Também o poema Ectasy por Laura: Laura, se você olhar com ternura / Para o raio deslumbrante / Meu
espírito a vida, feliz de novo, / Explosão ligada / Desliza com o sol de maio.
/ E se eu olhar em seus olhos plácidos / Sem sombras e sem véus, / Respiração
em êxtase, / Auras do céu. / Se o som acento / Ao ar livre dá o seu lábio com
um suspiro / E doce harmonia / De estrelas douradas; / Eu ouço o coro de anjos,
/ E absorveu minha alma / No amor transparente em êxtase. / Se na dança
harmoniosa / Seu pé desliza como a onda tímido, / Ama a tropa misteriosa / Agita
o olhar de asa; / A árvore de jogadas, atrás de você, seus ramos / Ouviram-se
como só a lira de Orfeu, / Minhas plantas e da terra andamos / Turbilhão em
turbilhão. / Se os seus olhos, o flash puro, / Amar o fogo inflamado, / Bate o
mármore duro árido / E dá chamadas interurbanas vitais. / A fantasia sonhada no
prazer / Contempla o presente já segura / Quando eu li nos seus olhos, a minha
Laura! Veja mais aqui e aqui.
COMPUTA, COMPUTADOR,
COMPUTA – Na peça
teatral Computa, computador, computa (Nórdica, 1972), do desenhista,
humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista Millôr Fernandes (1923-2012), destaco o trecho inicial: BLACK-OUT (Luz que se acende lentamente, em
resistência. Cenário todo branco, vagas coisas pintadas de cores violentas.
Atriz, deitada no chão, em posição fetal, cabeça para baixo em direção à
platéia. Imóvel. Música de fundo, em crescendo.) VOZ MASCULINA (Off, em tom de
comunicado noticioso) Temos o triste dever de comunicar o nascimento, hoje, às
três horas da manha, do cidadão dois bilhões quatrocentos e cinqüenta e cinco
milhões, setecentos e oitenta e sete mil, trezentos e vinte e dois. O
nascituro, do sexo feminino, veio ao mundo a pesar das providencias das
autoridades e de todos os esforços da ciência, que tentaram evitar por todas as
maneiras o odioso acontecimento. Vítima de um ato criminoso de dois cidadãos de
sexos opostos que se entregaram a práticas sexuais há muito condenadas, o
cidadão em questão foi gerado pelos processos mais obsoletos, trazendo dores e
aflições durante nove meses a uma cidadã prestante, e ingressou – completamente
despreparado – num meio ambiente impróprio, numa ecologia à qual dificilmente
se adaptará. Os médicos constataram condições intelectuais especulativas que...
(Voz baixando, se afasta, tornado-se inaudível. A atriz vai se mexendo
lentamente ate nascer. Durante todo o inicio se esforça violentamente para
sair, ate que sua cabeça salta de dentro do plástico no qual está envolvida.
Ela sai da concha. Esfrega os olhos. Olha em volta, tudo muito lentamente, ad
libitium.) ATRIZ Olá, classe média. (Procura. Faz como quem abre janela.)
(Acende e apaga a luz.) É. Bom. Aqui estou eu. Eu estou aqui. O fundamental é
saber que é que eu vim fazer aqui? Bem. Vamos ver. Alguém vai me dizer. Vai
aparecer alguém. (Procura. Depois:) Hei! Tem alguém aí? (Continua procurando,
levanta papeis imaginários.) Vai ver que não tem nenhuma Seção de Informações. (Procura
mais.) Nenhuma mensagem. Quer dizer, vou ter que descobrir sozinha. Passo a
passo, gesto a gesto, vou Ter que descobri tudo sozinha. Será que a idéia geral
é essa? Vou Ter que inventar o meu lugar, o que fazer, palavra por palavra? A! (
Escuta.) B! ( Escuta.) C! ( Escuta.) Abecedê. (Escuta. Ri.) Estou começando a
inventar o alfabeto. Daqui pra inventar a comunicação é só um passo. Problema é
com quem comunicar. (Olha em volta.) Imaginem se eu tiver que inventar meu
próprio enredo. Imaginem se eu tiver que improvisar. A casa cheia e eu tendo
que improvisar. (Discursiva.) Meus amigos, não há amigos. Senhores e senhoras,
cheguei e, para provar estou aqui. (Ri.) Não está mal. Sou obrigada a
reconhecer que tenho um certo talento. Meus senhores, tudo é igual mas a
distancia é grande. Todo homem tem direito a sessenta anos de cadeia. Se eu
fosse o papa vendia tudo e ia embora. Pois Roma não se desfez num dia. O
silencio é de prata, tempo é dinheiro, mas nem tudo que reluz é ouro. O homem
só está fora de perigo quando bate as botas. O dinheiro compra o cão, o canil e
o abanador do rabo. “Não sou um tarado sexual”, dizia o outro, “mas quando eu
nasci já tinha uma mulher na cama. Pior, era minha própria mãe.” Errar é
humano. Botar a culpa nos outros também. A Semântica é o ópio dos
psicanalistas. Os homens não fervem à mesma temperatura. Os limites de cada um
terminam onde terminam os limites da autoridade. (Pensa.) Estou ficando mais
audaciosa. Será que tudo é permitido? O lar é inviolável mas é bom cada cidadão
usar cadeados e trancas bem resistentes. Indultar eles não indultam mas todo
ano botam mais um elo na corrente. Viram? Acho que sou uma vocação filosófica
desagregadora. O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a
matéria-prima. (Pensa. E, com orgulho diz:) Vejam essa: Todo homem é criminoso
até prova em contrario. Não sou bacana? Não sou corajosa? Não sou...eficaz? (Se
eintusiasmando.) O pensamento é totalmente livre. Exprimi-lo, porém, é toda uma
outra conversa. O poder público fica dividido em executivo, exercicutivo e
executado. A justiça será igual para todos, sendo que para os ricos um pouco
mais igual do que pros pobres. É garantida a liberdade de cátedra. Cada um pode
comprar quantas cadeias quiser. Boa, heim? Eu acho que vou dar certo. (Entra
homem policialesco, se coloca no fundo do palco, não diz nada, mais vai
grilando a atriz. Com um papel e um lápis toma nota do que ela diz. A atriz vai
murchando, desconfiada.) Há certas testemunhas que justificam qualquer crime.
Uma coisa, amigo, eu posso lhe garantir. O seu complexo de inferioridade não é
inferior ao de ninguém. Todo homem tem direito de torcer pelo Vasco na
arquibancada do Flamengo. (Homem no fundo, bate palmas mandando parar. Entra
outro homem.) HOMEM II Temos ordem de interromper sua representação. (Os homens
falam sem agressividade mas seguros na sua autoridade.) [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
ECSTASY – O drama romântico Ectasy (Êxtase, 1933), dirigido pelo cineasta, roteirista e ator
checo Gustav Machatý (1901-1962), escrito por František
Horky, Gustav Machatý, Jacques A. Koerpel, e Robert Horky, conta a história de uma
jovem que se casa com um homem rico, e que depois de abandonar seu breve casamento
sem paixão, ela conhece um jovem engenheiro viril que se torna seu amante. O
filme é maravilhosamente encatador e foi bastante ousado para época por causa
das cenas da belíssima e encantadora atriz austríaca Hedy Lamarr (1914-2000),
nadando nua e abordando temas como orgasmo feminino e trazendo cenas fascinantemente
lindas de entregas corporais. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
As mulheres nas esculturas de Emílio Fiaschi (1858-1941)
Veja mais no MCLAM: Hoje é um dia
especial! É dia do programa Tataritaritatá,
um programa diferente, especial e que será como se fosse pra nunca mais.
Acontecerá a partir das 21hs
(horário de verão), com a apresentação sempre especial, inesquecível e apaixonante
de Meimei Corrêa, essa grande mulher
que brindou meu coração e minha vida. Por isso mesmo, o programa hoje é só
gratidão: obrigado, Meimei, obrigado por tudo, obrigado, obrigado, obrigado. Na
programação, os meus amigos e parceiros: Sonia Mello, Ricardo Machado, Mazinho,
Jarbas Barros, Wilson Monteiro, Cikó Macedo, Sonekka, Zé Linaldo, Santanna o
Cantador, Félix Porfírio, Ozi dos Palmares & Daniel Pissetti Machado. Obrigado
pra vocês, também. E com meus reiterados agradecimentos, desejo para Meimei
- a eterna e maravilhosa parceira que faz feliz meu coração - toda felicidade do universo! E que a sua caminhada seja repleta de alegria,
sucesso e realizações com tudo que você merece. Para conferir online acesse aqui .