VAMOS APRUMAR A CONVERSA: MANGUABA,
FLIMAr & POVO DEODORENSE –
Nada mais justo depois desses dois dias de atividades participando da
Flimarzinha na VI Festa Literária de Marechal Deodoro – Flimar, que o meu
modesto gesto de gratidão eterna ao escritoramigo Carlito Lima, a todo pessoal
da Secretaria de Educação – em especial a Secretária Flávia, Geane, a atenciosa
e gentil amiga Vera, as amigas Val e Patricia, Luizinho & Nivaldo -, a
Lagoa Manguaba que me inspirou o frevo e a todo povo deodorense pela acolhida, assim,
trago como agradecimento a todos, o destaque nesta edição a um dos nomes
ilustres da cidade: a poetamiga Arriete Vilela. Essa autora, como eu já manifestei
durante a minha exposição na I Fenelibro, tive oportunidade de conhecer sua
obra antes de chegar em Maceió em 1994. E quando aqui cheguei, tive o topete de
procurar seu contato e ter acesso a toda sua obra premiada, oportunizando o
nascimento de uma amizade e que figura entre as que mais prezo. Já tive
oportunidade de manifestar isso em uma crônica que publiquei no meu Guia de Poesia e em uma das edições do
meu tabloide Nascente Publicação Lítero
Cultural, que circulou entre os anos de 1996/1999. Mas homenagear Arriete
nunca é o suficiente, muito menos o bastante. Por isso, agradecendo a acolhida
do povo deodorense quero manifestar essa gratidão louvando o que esta terra tem
de melhor. E veja mais aqui, aqui e aqui.
TEÇO-ME
Poema 1
Arriete Vilela
Meus versos se negam às
seivas,
Querem ser galhos
espinhosos
A mover-se sobre águas
turvas,
Em ritos de vertigem,
Para que já não possa
banhar-me
Em mim, à luz da lua.
Meus versos ferem-se em si
próprios,
Mordem-se com dentes
caninos, afiados,
E contorcem-me, envenenados
Por linguagens delirantes,
fetichistas,
Perigosamente sedutoras.
Prostrados aos pés da
Palavra,
Como fulminados subtextos,
Meus versos rogam-lhe a
compaixão
Do desejo, o arroubo da
paixão,
O arame farpado de um novo
amor.
NITOLINO NA FLIMAR – Nesses dois últimos dias, quinta e
sexta, aconteceu mais uma apresentação do Nitolino na Flimarzinha, na tenda
Mundo da Imaginação. Além de muita brincadeira, contação de história e frevo
com a garotada, desta feita, contei com a participação superespecial do Grupo
Folia e do Palhaço Pitacho entre as atividades desenvolvidas durante o evento. Hoje
está prevista mais apresentações do Nitolino pela manhã, recepcionando as
escolas E. M. José Bispo da Silam E. M. Altina Ribeiro Toledo, E. M. Manoel
Messias, E. M. Maria de Araujo Lobo, E. M. Edival Lemos e E, M. Eleuza Galvão
Rodas. E veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
INVENÇÃO DE ORFEU
Canto IX
Jorge de Lima
I
Estavas,
linda Inês, nunca em sossego
E
por isso voltaste neste poema,
Louca,
virgem Inês, engano cego,
Ó
multípara Inês, sutil e extrema,
Ilha
e maresia funda, rasgo, pego,
Inês
desconstruída, mas eurema,
Chamada
Inês de muitos nomes, antes,
Depois,
como de agora, hoje distantes.
Porém
penumbra vaga ou talvez acha
Celeste
consumindo-se, também
A
própria conceição parindo baixa
A
real prole; de súbito ninguém
Nessas
longínquas orbitas que enfaixa
Com
seus cabelos, ela-a-mais-de-cem,
A
mais de mil, Inês amorfa e aresta,
Inês
a só, mas logo a sempre festa.
Inês
que fulge quando o dia brilha
Ou
se acinzenta quando o ocaso avança,
Rainha
negra, mãe e branca filha,
Entre
arcanjos do céu etérea dança,
E
nos dias dos mundos andarilha,
Andar
incandescente que não cansa,
Poema
aparentemente muitos poemas,
Mas
infância perene, tema em temas.
Ela
fechada virgem, via-a em rio;
Eu
era os meus sete anos, vendo-a vejo
A
própria poesia que surgiu
Intemporal,
poesia que antevejo,
Poesia
que me vê, verá, me viu,
Ó
mar sempre passando em que velejo
Eu
próprio outro marujo e outro oceano
Em
redor do marujo transmontano.
Meu
pai te lia, ó página de insânia!
E
eu o escutava, como se findasses,
Findasses?
Se tu eras a espontânea,
A
musa aparecida de cem faces,
A
além de mim e além da Lusitânia,
Como
se além da pagina acenasses
Aos
que postos em teus desassossegos,
Cegam
os olhos por teus olhos cegos.
Ó
vidente através, ó Inês mirante,
Em
nos mortes sofridas para versos,
Para
que nesta vida o mundo cante
E
o cego e o surdo e os homens controversos
Aprendam
todos teu geral instante,
Teus
pequenos e grandes universos
Teu
aparecimento em Mira-Celi,
Para
que tua face se revele.
Perfeitamente
posta nas entranhas,
Planos,
colunas, ramos, perspectivas,
Inês
erecta, lindes sempre estranhas,
Os
cabelos de nuvens, rubras anhas,
De
lãs esvoaçadas, mas cativas,
Como
cativa a criação das cores,
Apenas
liberdade para as flores.
Inês,
porem, jamais, jamais fundada
Quer
indicar talvez, uma inquietude,
Inquietude
de Inês apoderada,
Súbita
Inês, efêmera altitude,
Descida
em seus abismos, augurada,
Para
que nela o clima sempre mude,
Inês
refaz-se simultaneamente
Obumbra
os horizontes, cobre o poente.
Nenhum
tribuno em ti nem duros rostos,
Mas
gentios trazidos, livros santos,
E
seus antepassados, puros mostos
De
espirito ornados de áureos cantos,
Em
as sombras do smantos são desgostos,
Mas
são talares, são voejados mantos.
Nem
Héspero nem Jupiter nem Cronos
Podem
resplandecer com mores tronos.
Amou
revelação, purificou-se,
Nenhum
amor descrito conseguiu
Ensombrar-lhe
de angustia o olhar doce.
Inês
resplandecente, sempre estio,
Conheceu-se
em seus símbolos. Amou-se,
Pois
fora a restituída. Coexistiu.
Chispa
inventiva, Inês florida arena
Marasmos
espezinha. Altiva cena.
Reclina-se
sem medo e sem alarde,
Ó
fabula sem par, comedia infusa,
Manhã
remurmurada pela tarde;
A
atitude é tão justa nessa musa
Que
a forma aguda nos aspectos arde,
Inês
primordiada, era conclusa,
Os
seus frutos sonoros querem que ela
Seja
inscrição, apenas fria estela.
Trouxeram-na
os análogos algozes
Diante
da ambiguidade das essências,
Em
que as asas divisas e as ferozes
Asas
(que eram da Luz maginificências),
Confundem
doces vozes e out5ras vozes.
E
eis que as piedosas, intimas insciências:
Levai-me
à Cítia fria, ou à Líbia ardente,
Onde
em lagrimas viva eternamentye.
Não
podendo em sossego Inês estar;
Seus
algozes mudaram-na na lida,
Na
continuada lida – mar e mar.
E
eis que a sombra colaça e a luz ardida
São
nos espaços – elo circular;
Asas
obsidionais à asa da vida,
Morta
de amor, amada que se mata
Para
se amar depois em morta abstrata.
Ó
paz, ó tudo, ó mundo inominado!
(Pessoa
a doce névoa passageira)
O
rosto primogênito gelado
De
polem misterioso se empoeira,
Eterno
calendário procurado,
.........................................................
Inês
recomeça, ala ritual,
Terra
da vida, afã ascensional.
Existes,
linda Inês, repercutida
Nessa
placa de sonho, nesse poema,
E
tão lua dormida e coincidida
Entre
luares, de súbito diadema,
Que
a trajetória muda mais renhida,
E
te refluis na vaga desse tema,
Constante
vaga, vaga em movimento
Prodiga
e vinda como o próprio vento.
Inês
da terra. Inês do céu. Inês.
Preferida
dos anjos. Árdua rota,
Conúbio
consumado, anteviuvez.
Mas
após amplidão sempre remota,
Branca
existência, face da sem tez.
Ontem
forma palpável. Hoje ignota.
Eterna
linda Inês, paz, desapego,
Porta
recriada para os sem-sossego.
Em
chegado um in verno ela se incluía
Nos
cabelos de espumas verdejantes
Das
axilas; do púbis se cobriu
Purinha
entre barqueiros incessantes,
Amortalhada
Inês, Maria em rio,
Passou
ficando entanto o que era dantes:
Outra
vez nua e lisa. Ó transparente,
Ó
carne, ó suor de sangue, ó como a gente.
Queimada
viva, logo ressurecta,
Subversiva,
refeita das fogueiras,
Adelgaçada
como inicio e meta;
As
palavras e estrofes sobranceiras
Narram
seus gestos por um seu poeta
Ultrapassando
às musas derradeiras
Da
sempre linda Inês, paz, desapego,
Porta
da vida para os sem-sossego.
INVENÇÃO
DE ORFEU – O livro
Invenção de Orfeu (Record, 2005), do poeta Jorge de Lima é composto de dez
cantos: I – Fundação da ilha, II – Subsolo e supersolo, III – Poemas relativos,
IV – As aparições, V – Poemas da vicissitude, VI – Canto da desaparição, VII –
Audição de Orfeu, VIII – Biografia, IX – Permanência de Inês e X – Missão e
promissão. Trata-se de um belíssimo e denso trabalho poético, meritório de
aplausos. Veja mais aqui.
GOSTOSO DEMAIS
Dominguinhos – Nando Cordel
Tô com saudade de tu, meu
desejo
Tô com saudade do beijo e
do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu
É tão difícil ficar sem
você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz
Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim o que eu
posso fazer
DOMINGUINHOS/NANDO CORDEL – Uma das maiores parcerias de sucesso no
Brasil, foi sem dúvida, a parceria entre o saudoso músico, instrumentista,
cantor e compositor pernambucano Dominguinhos (1941-2013), e o homenageado da
Vi Flimar, Nando Cordel. A dupla produziu sucesso após sucesso, como De volta
pro aconchego, Gostoso de Demais, Isso aqui tá muito bom, entre muitos outros,
interpretado por ambos ou pelos mais importantes artistas do cenário musical
brasileiro. Aproveito esta oportunidade para fazer a minha homenagem ao grande talento
e ser humano que foi Dominguinhos, sempre vivo no meu coração. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Nitolino, Vera e Mônica
(Daniela).