VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
QUERÊNCIA & OUTRAS PARCERIAS
– Tudo começou quando eu compus uma canção e entreguei pro Mazinho letrar. Dias
depois, ele me apresentou Molhado de sonhar. Batemos o centro
na parceria, bebemoramos, gravamos, saudamos, u-lalá! Passou-se o tempo, ele
perdeu a letra, eu esqueci a música. Sei que está guardada numa tuia de
trocentas fitas cassetes que tenho e que um dia, oxalá, vasculharei para
resgatá-la. Depois dessa ele me peitou preu dar-lhe uma letra prele musicar.
Como não sou bom como ele – Mazinho é ótimo em tudo, é o cara -, passei um bom
tempo, acho que mais de ano, quando reuni uns versos e entreguei. Poucos dias
depois estávamos emocionados, tomando umas e outras, comemorando com Rolandry
Silvério a música Entrega. Ah, essa canção me deu muitas alegrias. A primeira
delas foi Cikó e Linaldo gravarem no álbum Edição Extraordinária. E entre
tantas outras, uma delas foi a incrível surpresa quando, um certo, abri o mail
e estava lá um avisando que essa música estava tocando numa rádio do interior
de Minas Gerais. Nossa, surpresa para lá de agradável. Fui conferir. Ah, era a
maravilhosa Meimei, a encantadora radialista que tocava a nossa no seu
programa. Tive o topete de ligar pra ela agradecendo e ela simpaticíssima
disse: - É muito linda a sua música! Claro, é lindíssima a música do Mazinho.
Já disse, tudo que ele faz é bom demais, seja letra ou música. E por causa
disso nasceu uma daquelas recíprocas emoções que vão além da amizade! Nossa, a
incrível Meimei, a partir de então, nos premiou muito mais, levando a nossa
música para outras emissoras tanto de Minas, como do Rio de Janeiro e do Brasil
afora. Veio então a terceira peitada do Mazinho preu novamente repetir a dose.
Entreguei novos versos e nasceu a canção Cobiça que, anos depois, eu inseri
no meu show Crônica de Amor por Ela (2011), evitando que se perdesse mais
uma. Veio então a terceira leva. Desta vez, Mazinho trouxe a canção na minha
letra Cilada. Lindíssima. Mas com o tempo, perdemos, a letra se
salvou porque inseri no meu livro Primeira Reunião. Porém, a música... sei não.
Acho que ele perdeu no esquecimento. Aí um belo dia abro o mail e está lá um
recado dele me pedindo nem que seja duas frases para ele musicar. Demorei um
tanto de tempo e enviei outros versos que tinham endereço certeiro: o coração
da sempre magnífica criatura do meu coração, Meimei Corrêa. Mazinho caprichou e
compôs a música de Querência. Nossa, que bela canção. Esse cara é tampa, mesmo.
Pra salvá-la ele gravou no mais recente cd dele e eu, cheio das pregas,
inventei de gravá-la voz e violão, com desafinando, trastejando e tudo. E o
prêmio? Ah, não bastasse a sua sempre maravilhosa participação, Meimei achou
pouco e fez o clipe das três canções: Entrega, Cobiça e Querência. E pra passar
da conta, inventou ainda de fazer também um clipe com a minha interpretação
solo de Querência. Coração lindo o dessa mulher, gente, razão pela qual
enfeitiçou o meu de deixar-me apaixonado por ela até hoje. É isso. Das cinco
parcerias com Mazinho, três se salvaram. Graças, claro, a iniciativa sempre
providente e carinhosa da Meimei que registrou tudo, não deixando de fora nossa
parceria. Obrigado, parceiramigo Mazinho – o Jucimar Luiz de Melo Siqueira;
obrigado, querida Meimei, você estará sempre no meu coração. Obrigado procês. E
veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem: Nude In A Landscape, do artista plástico
estadunidense Joseph Tomanek
(1889-1974).
Curtindo Rite Of Spring/Pertrouchka
(Classica D'oro,
2002), do compositor, pianista e maestro russo Igor Stravinsky (1882-1971), conductor Ernest Ansermet &
L'Orchestra De La Suisse Romande. Veja mais aqui.
MEIO
AMBIENTE
– No livro Bioética: meio ambiente, saúde
e pesquisa (Érica, 2009), organizado por José Victor da Silva, encontro o
capítulo Meio Ambiente e bioética, de Manoel Araujo Teixeira, do qual destaco
os trechos: [...] O homem ainda está pouco
esclarecido em relação à fundamental importância do meio ambiente em sua vida.
Por questões culturais, por ser distinto dos outros seres vivos e por possuir a
seu favor a capacidade de pensar, julga que todos os outros seres integrantes
dos ecossistemas em que vivem sejam subordinados a seus desejos e aos seus
anseios de bem-estar. O homem ainda não percebeu que para que a vida de todos
os seres vivos continue neste planeta, faz-se necessário que ele também se
integre na biosfera como parte, e não como o todo, como tem pensado ao longo de
sua existência. A história recente de percepção da interferência do homem no
meio ambiente também contribui para o quadro negro da relação humana com a
natureza. [...] O século XXI terá de
ser o século da evolução do ser humano em termos éticos e também de evolução da
nossa forma de condução da política ambiental. A tendência neste período é que
uma nova fase nos movimentos ecológicos seja estabelecida. Esta será
caracterizada pelo agir ético com o meio ambiente. O homem tem a árdua missão
de parar com a destruição ambiental e preservar os poucos recursos naturais que
sobraram para essa geração e para as outras que virão. A terceira fase do
movimento ecológico tem como obrigação dar continuidade ao processo de
conscientização ambiental e ao mesmo tempo estabelecer um convívio bioético com
todos os seres vivos e não vivos do planeta. Veja mais aqui, aqui e aqui.
OS IRMÃOS KARAMAZOV – O romance Os
irmãos Karamázov (1879 - 34, 2008), do escritor russo Fiódor Mikhailovich Dostoiévski (1821 - 1881),
é uma obra composta por doze
livros e um epílogo, aclamada pela crítica e trata-se de uma narração muito
pormenorizada como que de uma testemunha dos aludidos fatos numa cidade
afastada russa, tratando da história de uma conturbada família, tendo por
patriarca um palhaço devasso que subiu
na vida principalmente devido aos dotes de suas duas mulheres, ambas mortas de
forma precoce, e à sua mesquinharia. De uma querela financeira entre o pai e
seu primogênito, também devasso porém honrado, nasce também a disputa por uma
mulher que levará ambos a descomedidos atos que resultarão na morte do pai. Da
obra destaco os trechos na tradução de Paulo
Bezerra: [...] -Não, Deus não existe. -Aliócha, Deus existe? - Deus
existe. - Ivan, a imortalidade existe? Vamos, alguma que seja, mesmo uma
pequena, a mais ínfima? - Também não existe imortalidade. - Nenhuma? - Nenhuma.
- Ou seja, o zero mais absoluto ou algo? Será que existe algo, alguma coisa?
Apesar de tudo não é o nada! - Zero absoluto. - Aliócha, existe a imortalidade?
- Existe. - E Deus, e a imortalidade? - Tanto Deus como a imortalidade. É em
Deus que está a imortalidade. - Hum, o mais provável é que Ivan esteja certo. [...] Porque é só eu dizer aos verdugos: “Não, eu
não sou cristão e amaldiçoo o meu verdadeiro Deus”, que imediatamente serei
anatemizado pelo supremo tribunal divino e totalmente excomungado pela santa
Igreja como se eu fosse um pagão, e isso no mesmo instante – não assim que eu
acabar de pronunciar, mas assim que eu pensar em pronunciar – de maneira que
não se passará um quarto de segundo e eu já estarei excomungado. É assim ou não
é Grigori Vassílievitch? [...]
– E se não sou mesmo cristão, quer dizer que não
menti para os verdugos quando me perguntaram se era ou não era cristão, porque
eu já havia sido afastado de meu Cristianismo pelo próprio Deus simplesmente
por causa da intenção e inclusive antes que eu conseguisse dizer minha palavra
aos verdugos. E se eu já estava degradado, então de que maneira e com base em
que justiça haveriam de cobrar de mim no outro mundo, como se cobra de um
cristão, por eu ter renegado Cristo, quando eu, só pela intenção, ainda antes
da excomunhão, já tinha sido privado de meu batismo? [...] - Mas que raio de sentimentalismo
é esse em que vocês todos caíram? A turma
inteira de vocês vai lá? - Não são todos, são uns dez da nossa turma que vão
sempre lá, todo dia. Isso não tem importância. - Em tudo me surpreende o papel
de Alieksêi Karamázov: amanhã ou depois de amanhã o irmão dele vai ser julgado
por aquele crime, mas ele fica gastando tanto tempo em sentimentalismo exagerado
com garotos! - Aí não existe nenhum sentimentalismo exagerado. Agora tu mesmo
estás indo fazer as pazes com Iliúcha. - As pazes? Expressão ridícula. Aliás,
não permito que ninguém analise os meus atos. [...] -
Eu sou um socialista. - E o que é socialista? – perguntou Smúrov. - É quando
todos são iguais, têm uma opinião comum, não há casamentos, e cada um pratica a
religião e todas as leis como quer, assim como o resto. Tu ainda não cresceste
para entender isso, ainda é cedo para ti. [...] Veja mais aqui e aqui.
MAÇÃ, VINGANÇA, A TOALHA
& NOSSO NINHO – A
apaixonante e fascinantemente encantadora poeta & radialista Meimei Corrêa tem cometido poemas
belíssimos e mantido o seu trabalho profissional no blog que ela edita: Baú de Ilusões. Da sua lavra, destaco inicialmente o belíssimo poema Maçã: Símbolo do amor / Gosto de pecado / Delicioso
sabor / A provocar o amado / Uma mordida / A vida / A morte / Cruel serpente / Querendo
definir / O destino da gente / Um cesto delas / Geleias e caldas / Sua boca / Minha
boca / Os corpos quentes / Querendo mostrar / O futuro da gente / Eu o atiço / E
todo feitiço / Deixa-o submisso / Você me envenena / E assim me condena / Ao
paraíso eterno / Comemos da mesma maçã / Seja noite, tarde / Manhã / E sem
qualquer castigo / Você é o meu céu / Eu sou o seu abrigo / Entreguei-me / Você
se entregou / Pequei, pecamos / E o mundo não acabou / Amamos / E o desejo nos
tatuou. Não menos deliciosíssimo é o seu poema Vingança: Ah, vingar-me-ei de toda esta saudade / que ocupa lugar nas minhas
entranhas; / vingar-me-ei, sim, com toda vontade / até que me chegues com tuas
manhas. / Ah,vingar-me-ei dos sons do sembrol / que nada tem a ver com tua voz;
/ vingar-me-ei desses dias sem sol, / vingar-me-ei dessas noites sem nós. / Ah,
vingar-me-ei de ti, meu amado, / Quando em meus abraços te aconchegares. / "Tu
me pagas"... Tu me dizes, jurado / E pagar-te-ei com minhas vinganças. / Terás
também, contas para acertares / Neste justo acerto, loucas vinganças... O
estonteantemente saboroso A toalha: Sem qualquer dilema, / Era apenas um poema / Que
escorria com a água do banho, / Caía no corpo, rimas mornas / E a toalha a
esperar / O momento de prazer sem tamanho. / Melhor que tudo, / Além da poesia
e de me secar, / É a pele dele, pura seda, / Ser meu sobretudo. / A toalha fica
esquecida, / Continua a me esperar... Por fim, o seu maravilhoso Nosso
ninho: Quando as
noites chegarem mais frias / Estarei lá para te levar calor / Esquentar tua
alma num doce louvor / E te encantar com a leveza de mil passarinhos / Fazer só
de amor o nosso próprio ninho... Veja mais dessa adorável poeta aqui,
aqui, aqui, aqui e aqui.
OS
PALCOS, CAUSOS & HUMOR – A trajetória do multiartista – ator,
narrador, humorista, cantor, compositor e apresentador – Saulo Laranjeira passa pelo teatro, pela música, pelo rádio e pela
televisão. Ele é apresentador do programa televisivo Arrumação que divulga o
trabalho de artistas de raiz, como músicos, cantores, poetas e contadores de
causos, entremeando apresentação com causos e personagens humorísticos. Laborioso no resgate e preservação das
tradições nordestinas, ele tem gravado trabalhos de grandes poetas, além de
participar de diversos espetáculos, tanto como narrador quanto como ator. Aqui
a nossa homenagem a esse grande artista. Veja mais aqui.
I MARRIED A WITCH – A deliciosa comédia fantástica I Married a Witch (Casei-me com uma feiticeira,
1942), dirigida pelo cineasta, ator, produtor e roteirista francês René Clair (1898-1981), conta a
história de uma bela jovem e seu pai que são queimados por bruxaria em uma
fogueira na Salem do século XVII. Enquanto estão sendo queimados, a jovem joga
uma praga numa família importante de um puritano responsável por suas mortes e,
a partir daí, todos os membros masculinos dessa família estão condenados a ser
infelizes no casamento. De repente, em 1942, acontece o caso de um candidato a
governador que está noivo, quando um raio atinge uma árvore em que foram
executados o casal, quando uma série de trapalhadas vai trazer situações
nefastas para os envolvidos. O destaque do filme vai para a sempre bela mulher
fatal e atriz estadunidense Veronica
Lake (1922-1973). Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do cartunista e ilustrador
austríaco Erich Sokol (1933-2003).