quinta-feira, junho 09, 2011

CHRISTINA ROSSETI, NADINE GORDIMER, MARJANE SATRAPI, NATALIA LL & LITERÓTICA

Consumptive Art (1973), arte da performática artista polonesa Natalia LL (Natalia Lach-Lachowicz, que desenvolve seu trabalho nas áreas de pintura, fotografia, desenho, performance e videoarte. Veja mais abaixo.

 

O PRAZER DO AMOR NA VARANDA DA NOITE - Imagem: arte by Ísis Nefelibata. - A lua reinava com a chegada da noite naquelas paragens. Era cheia na penumbra e transversal dos beijos estalados com sabor de cerveja e mar. No escurinho, frente a frente, mergulhamos no confronto dos corpos e ela beijoqueira começou a uivar com seus olhos de faroleiro errante. Primeiro naufraguei no seu decote e embarquei lépido rumo à plataforma do amor e nele fiz morada para sempre sem abrir mão de cavoucar todos os acidentes geográficos de sua assimetria provocadora. E fui, com uma mão entre a pele da cintura e o elástico do biquíni rompendo os vales do ventre umedecido. A outra alisando impune o dorso da coxa divisando a mina púbica de todos os desejos florescidos. Essa a nossa balada, o momento perfeito. Foi quando ela transida pela loucura da sedução infringiu todos os limites. Investigou, virando a cabeça, inspecionando lado a lado, conferindo os mínimos detalhes do ambiente para ver a existência de alguma presença afora a nossa, algum testemunho ou atrapalho flagrante. Enquanto fazia sua minuciosa conferência por toda dimensão territorial, eu me rendia ao toque de suas mãos inquietas e usurpadoras. Era porque enquanto ela inspecionava tudo, as suas mãos percorriam minha carne agitando minhas veias., vasculhando meu ventre e, depois da conferência geral, foi se ajeitando comodamente até que ajoelhou-se no piso forrado da paixão como uma Juliete Binoche arrepiada com a intimidade desnuda embaixo da saia levantada que dava comodamente com a vagina nua assentada e esfregada no meu pé como se fosse a sela do corcel onde ela rebolava e se arrastava à medida que se preparava para uma prece em frente da minha vela viva e empunhada pelo seu bulício. Parecia que estava insatisfeita de tudo e como quem quer mais do que possui, aos murmúrios lancinantes do cio, ela arremessou a vida no alvo do meu sexo premiado e dele fez o pavio de sua busca para alimentar o hábito de querer no hálito de sua alma requerente com o trabalho de quem faz por amor na labuta dos amantes, fazendo-o da pira iluminada com a sua língua acendedora de lampião no breu. Acolhedora atirou-se incansável e frenética e foi recolhendo todo meu edifício vistoso, andar por andar, lentamente, centímetro por milímetro, delicada e vorazmente implorando por misericórdia porque queria mais e muito mais do que havia até então se apropriado. Ela rangia os dentes, boca cheia dágua da baba escorrer pelo canto. E mais agitada ia acomodando o meu rijo tridente pelos vãos dos seus lábios que apontam os jardins do Éden. E ruminava contornando toda cúpula, torre e superfície acesa descortinando a lâmina afiada da minha espada porque sua boca movediça tratava de dar cabo de toda dimensão da minha estatura agora untada por sua saliva e batom vermelho que é a rosa em flor de lótus com mil pétalas estelares para toda a cobiça e se apossava com todo gosto e me destrinchava reavendo o que perdi na existência e não me restava mais nada do que aquilo tudo da dádiva dela. Foi aí que seguiu desmedida e sussurrava amolegando o meu guidon energizado, completamente abocanhado por sua faminta determinação. E gemia com a lareira do seu ventre grudado na minha pele. E prostrada sobre o meu ventre ela encarava a minha serpente de gumes afiados e que descobre todos os seus mistérios e que a faz mais que o esplendor do veludo sobre o meu mel. E lambia os lábios abastados como quem se prepara para o banquete de gratidão, como quem se arma para o bote benfazejo ao paladar e se arregalava quando suas mãos arregaçavam com mil beijos de sua gula profana que invadia e lambuzava, segurava e sobejava o meu sobejo e vicejava afogada na mira, retendo para si entre os dedos esgoelada e sugava e eu crescia. E afagava com o rosto, e tomava insaciável o falo como quem mede o palmo na palma da mão, ah, fodoral. Aí ela fechava o cerco e nada perco porque o meu cajado luzidio é o pico salivado pela sua sede e fome como quem escava o poço da garganta quando emerso da sua arma mais estreito transponho a abertura do seu empenho que se sujeitava a caprichar no vai-e-vem e a confiscar minha vigília como quem persegue a sua vingança, como quem rompe o senso de quem quer consolo a qualquer preço, como quem quer colo a qualquer custo e comendo bolo no maior rolo e eu aceso nos seus beiços que são novelos que me envolve na alquimia que me faz fruta madura quando a noite não cabe mais e retomo sem me deter e puxo, repuxo com força e quero atravessar sua laringe até onde mais der porque as suas margens esborraram com a lambida caleidoscópica onde toda cornucópia é mais que abundante e faustosa e tudo é imenso e absorve a minha manivela por inteiro porque ela engole o cabo e eu no seu reduto de cadela rosnando no osso de carne como quem saboreia um picolé delicioso e eu no auge vou como quem perde o leme, esquece a rota e ela me leva ao tálamo da sua presença ampla, vasta e totalmente viva entre as sombras que tenho porque fecho os olhos e ela sorve meu sêmen completamente embriagada e deliciando o néctar do meu gozo vivo nas galáxias de sua divina abóbada palatina que é a taça do desejo de sua mais que viçosa alma de nenhum fastio e transcendente precipício das chamas no maremoto da saliva que é o véu e que inventa o abismo delicioso que colhi e decifrei com toda e nenhuma direção e consinto que se sirva enquanto eu vulnerável vou sucumbindo à paixão do amor mais que desejado. Estava eu entregue e sob o seu jugo enquanto ela, olhar de sonsa, jeito de manhosa que não tem nada a ver com isso, risinho safado oculto no olhar, satisfação de tímida e nua reluzente, danada de gostosura e me tratando por herói, me fazendo amo e querendo ainda ser estraçalhada pela minha voraz vontade de esganá-la por inteiro com meus beijos, carícias e esfregões. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

 

Artificial reality (1973), art by Natalia LL.

 

DITOS & DESDITOS - A verdade não é sempre bela, mas a fome por ela é. A censura nunca acaba para aqueles que já passaram por isso. É uma marca no imaginário que afeta a pessoa que a sofreu, para sempre. Os fatos são sempre em menor quantidade do que aquilo que realmente aconteceu. A arte desafia a derrota pela sua própria existência, representando a celebração da vida, apesar de todas as tentativas para degradá-la e destruí-la. Os livros não precisam de pilhas. Pensamento da escritora sul-africana Nadine Gordimer (1923-2014). Veja mais aquiaqui.

 

ALGUÉM FALOU: É preciso não carregar a pele como um fardo. Pensamento do sociólogo Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982), que se tornou uma figura de grande relevo da ciência social no Brasil por abordar questões raciais e autor de obras como Introdução à crítica à sociologia brasileira (Andes, 1957); A redução sociológica: introdução ao estudo da razão sociológica (Iseb, 1958), O problema nacional do Brasil (Saga, 1960), A crise do poder no Brasil (Zahar, 1961), entre outras obras.

 

CERTIDÃO & DESENCANTONa vida você encontrará muitos idiotas. Se eles te machucarem, diga a si mesmo que é porque eles são estúpidos. Isso ajudará a evitar que você reaja à crueldade deles. Porque não há nada pior do que amargura e vingança. Mantenha sempre sua dignidade e seja fiel a si mesmo. Em toda religião você encontra os mesmos extremistas. Para uma revolução ser bem-sucedida, toda a população deve apoiá-la. Mais uma vez, cheguei à minha conclusão habitual: é preciso se educar. Não há nada pior do que dizer adeus. É um pouco como morrer. Se eu não estivesse confortável comigo mesma, nunca estaria confortável. A escritora, quadrinista, ilustradora e cineasta franco-iraniana Marjane Satrapi. Veja mais aqui.

 

INVERNO: MEU SEGREDO - Devo contar meu segredo? Não, de fato; / Um dia, talvez, quem o saberá? / Hoje não: ele congela, assopra, e neva, / É tu, tão curioso: calado! / Queres ouvi-lo? Bem: / Mas é meu segredo, não conto a ninguém. / Ou talvez, enfim, não há nenhum: / Suponha não ter nenhum, entretanto, / Só minha diversão. /Hoje, dia frisante, dia cortante; / Um em que se quer um manto; / Um véu, agasalho ou capa: / Não posso abrir a todo que bata, / E deixar os debuxos soarem em meu recanto; / Vinde a confinar e cercar-me / Vinde assombrar e surrar-me / A beliscar e tosar todos os meus mantos. / Mascaro-me p’ra aquecer: há quem reveles / Seu nariz nas russas neves / Para ser bicado por toda a brisa que corres? / Não irias tu bicar? Agradeço-te pela boa vontade / Credes, mas deves deixar improvada a verdade. / A primavera é expansiva: ainda duvido / Março a poeira se faz montículo / Nem abril e os arco-íris de suas rápidas chuvas, / Nem mesmo maio, cujas floradas / Podem murchar-se, no escuro das geadas. / Talvez em algum dia de verão indolente, / Quando aves apáticas bem menos cantam / E as frutas douradas sazonam tanto / Sem tanto de nuvens ou de céu luminoso / E o vento não estiver nem calmo ou ruidoso, / Meu segredo, talvez, eu comente, / Ou faze adivinhação. Poema da poeta britânica Christina Rosseti (1830-1894). Veja mais aqui.

 

POEMIUDERÓTICO

Sou mais que inteiro, pronto e festivo

na festa do seu corpo estival

O falo rijo é seu estandarte vivo

Você linda&nua o meu carnaval!

Veja mais Literótica aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. (Tem mais abaixo, role, desça!).

 


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CRÔNICA DE AMOR POR ELA

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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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