sábado, junho 04, 2011

SYLVIA PLATH, CECÍLIA MEIRELES, EMMANUELLE RIVA, CHARLOTTE SITTERLY, LARISSA MORAIS, LITERÓTICA: VERMELHO DA MORA & LAM NA DIFUSORA


Art by Larissa Morais.

 

O VERMELHO DA AMORA - Imagem: Curves, art by Larissa Morais - Privado fui, então, de todos os amores. Sabia desde já que tanto Pomona, quanto Lucrécia, quanto Safo, Aijuna e até Nachásh eram transformações de Perséfone, as suas muitas caras e heteronomias. Pomona ficara na proibição de ver Lucrécia, vendo-me na pele de Piramo e Tisbe. Lucrécia fora expulsa escandalosamente por minha mãe que flagrara nossas libidinagens soltas. Eu já convivia embaixo de sua saia, cheirando seus mijados, viçando em sua vida e minha mãe desconfiava e me perseguia insone. Até que fizera um boi-de-fogo imenso e provocara meu pai a desterrá-la do nosso convívio. Ela foi-se e levou-me a alma, ficando meu corpo depenado. Certa tarde Ezined, a Nizinha, uma estreita amiga de Lucrécia, trouxe-me uma missiva sua. Tão longínquas foram as suas palavras quanto a nossa distância cislunar, mas tocara fundo, parecia que proibido nosso amor mais aumentava. Nizinha era a nossa fenda na muralha da proibição e nisso combinávamos encontros nos arredores da cidade. Desencontros nos privaram de saciar a sede que nos molestava e quando conseguimos ver-nos, ela me dissera que quando morresse queria ser enterrada neste local do encontro, como se fosse o túmulo de Nino, onde nasceria uma belíssima amora. Beijamo-nos ardentemente, mas a urgência da separação era imperativa, ela se envolvera com outro sisudo macho que não lhe permitia mais escapulidas. Fora o preço de seu refúgio e do escândalo da minha mãe. Não poderia mais retornar nem me ver, estava aprisionada para poder sobreviver. Uma lágrima escorreu-lhe, fiz menção de sugá-la, não deixou. Tinha de ser assim e nem adeus dissera. Sofri a partir dali. Muitas e muitas vezes pressionei Nizinha para que me desse seu paradeiro. - Esqueça, ela agora pertence a outra seara. E dizendo isso, deitava minha cabeça ao seu ombro, acariciando meus cabelos, alisando minhas faces. Confesso, eu chorava torrencialmente e Nizinha fazia de tudo para me alentar. E todas as tardes Nizinha arrumava um meio de me acalentar daquela difícil situação. Eu já até me acostumara de sua companhia e delatava as confidências das estripulias amorosas com Lucrécia me remoendo por dentro na sina desafortunada. Eu nem notava que ela se excitava com a minha sofreguidão, sempre prestativa, solidária com a minha dor. Até chorava com meus queixumes. Dissera-lhe que Lucrécia era a Pomona que eu não conseguira segurar, satisfazia minhas necessidades de não ter conseguido ficar com Pomona como eu queria, substituía até a minha mãe fria e malamada que nunca me fora terna ou maternal. Nizinha esforçava-se por me agradar, me deitava na relva, deixando a minha cabeça no seu colo, contando-me histórias de mulheres que amaram e não foram correspondidas, aliviando-me do mormaço e tentando fazer rebrotar em mim o viço que perdera. Ela mesma me dizia que amava e não era correspondida, contando-me da dor do Cyrano de Bengérac. Tocou a minha sensibilidade, foi a minha vez de demonstrar ternura quanto aos seus sentimentos. Tornamo-nos, então, cúmplices de uma mesma dor. E, todas as tardes, um sacudia o outro, retirando-nos do marasmo, da misantropia que nos tolhia, da soturnidade que nos abalava. Passara a ver-lhe com outros olhos: o de uma amizade sem confins. Mas ela mais mergulhava no dissabor e tive de me desdobrar para aflorar-lhe um riso qualquer e vê-la deslumbrante como sempre fora: alegre, jovial e bela ao jeito dela, uma beleza singular e dissonante. Um baque. Um estalo me revirou por dentro. Ela chupava diligente um pirulito, mostrando-me seus grossos lábios róseos, sua boca enorme e seu jeito sedutor de felar. Estremeci e desentoquei o calor na minha virilha. Ampliei minha visão e conferi seu tronco, os seios arfantes, o umbigo delicado, o ventre arrochado pelo shortezinho curto, as coxas volumosas, as pernas bem desenhadas, os pés descansados. Retornei toda a geografia até chegar nos seus olhos, ela vira os meus esbugalhados checando todo o seu trajeto corporal. Tomei outro choque, ela semi-sorriu enquanto desabotoava um botão da blusa, deixando à mostra a fresta entre as duas maçãs sedutoras. Fiquei imóvel e boquiaberto. Nunca me dera conta daquela suculência. Ela com seus olhos agarrados no meu. Fiquei perdido, meu Aconcágua dilatava crescendo por dentro da bermuda. E me agoniava. Ela engolia o pirulito inchando a bochecha de um lado para o outro inflando a boca como se pudesse abarcar toda dimensão de polegadas que se insinuassem da minha espada. Aquilo acelerava a batida do meu coração. A brisa da beira do rio não amainara o meu suadeiro provocado pelo desabotoar de mais um botão da blusa, escancarando mais o volume dos seios que se insinuavam prisioneiros dela. Eu estava imóvel, paralisado como por um novo feitiço de Nachásh. Ela largou o pirulito longe, passando uma de suas mãos na minha face e a outra alisando o meu pescoço. Timidamente minhas mãos se encaminharam aos seus seios, abrindo-lhe por completo a blusa e constatando os lindos seios de Eva Kryll para que eu chupasse tal bezerro desmamado. Beijei-lhe e aqueles lábios faziam bem ao meu paladar. Com alvoroço desnudei-lhe, deitando-a na terra da beira do rio. Depois de nua fiquei fitando o seu corpo, ela revirou-se, ficando de quatro e vendo-me, de cabeça para baixo, entre as pernas. Era uma cheba de cuscuz, tufada, e um cuzinho cor de rosa, lindos, à altura do meu rosto. Lambí-lhe os lábios da vagina e o orifício anal. Ela ronronou. Um arco-íris se fizera entre nós dois, trazendo uma música de sonhos e um cenário de céu para os nossos corpos. Que lorto, que virgo! Tudo exposto para o meu envoltório, tudo lentescente para o frege, que turgescência! Eu estava no rouço, arrancando-lhe o cabaço para a nossa checha, apalpando seus aclives e declividades. A poça de sangue da sua virgindade aguou o terreno e nosso sexo arrebentava o tempo, sobrepujava espaços, ultrapassando dias, usurpando calendários, maculando datas comemorativas e enovelando nossos corpos. - Queria presentear a mim e a você, aceita? -, disse-me ela com a cara mais safadinha que se possa imaginar. - Claro! O que é que você quer? -, respondi-lhe lambendo os beiços.- Quero uma coisa que eu sei que você está louquinho e eu tô doidinha. - Sim, se você acha isso, vamos lá, seja o que for! Nem podia adivinhar o que era. Ela ficou de quatro, cuspiu no dedo e esfregou no ânus, deixando o orifício róseo salivado. - Venha, é dessa forma que eu gozo de verdade! Era o cúmulo do hedonismo! Fiz o meu remígio com adefagia e empurrei no seu sesso. Ejaculei com os nossos rounds e pude ver-lhe o sorriso faceiro de felizarda possuída. Agora Nachásh era o meu pênis e Perséfone se misturava com o oxigênio que me dava cada vez mais a vida. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui aqui.

 


DITOS & DESDITOS: Não posso ler todos os livros que quero; não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que quero. Quero viver e sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência. E sou terrivelmente limitada. Respirei fundo e escutei o velho e orgulhoso som do meu coração. Eu sou, eu sou, eu sou. Como é frágil o coração humano — espelhado poço de pensamentos. Tão profundo e trêmulo instrumento de vidro, que canta ou chora. Se você não espera nada de ninguém então você nunca se desaponta. Tudo na vida pode ser escrito se você tiver a coragem de fazê-lo e a imaginação para improvisar. O pior inimigo da criatividade é a insegurança. Dentro de mim mora um grito. De noite, ele sai com suas garras, à caça de algo pra amar. Pensamento da escritora estadunidense Sylvia Plath (1932-1963). Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Se houver algum trabalho que eu possa fazer por você, por favor, não hesite em me perguntar. Quando penso nas muitas dificuldades que você me ajudou a sair, não acho que você tenha sido muito justo consigo mesmo e me dado muito crédito. Pensamento da astrônoma estadunidense Charlotte Emma Moore Sitterly (1898-1990).

 

A PROVAÇÃO - Provação. Agora eu entendo o que é provação. Provação significa que a vida está me provando. Mas provação significa também que estou provando. E provar pode se transformar numa sede cada vez mais insaciável. Se em um instante se nasce e um instante se morre, um instante é o bastante pra vida inteira. Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira. Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade. Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. É preciso não esquecer de ver a nova borboleta nem o céu de sempre. Frases da escritora, jornalista, pintora e professora Cecília Meireles (1901-1964). Veja mais aqui.

 

REFÉM DO DESEJO - Dentro do corpo / brilha como uma mina de carvão, / O lugar de sangue / na noite / do tesouro / retorno da nudez interior: / o corpo perfurado / na rocha da fonte, / Eu vejo o grito na água / de tormento / os cavalos do planeta / invadir o pátio: / água-viva de alcatra apertada; / a intensidade da lava / gera estupro / na pedra está a luz / olha o desejo de morte / os cavalos tremem / como o swell / no quintal da fazenda / um menino da árvore / vislumbre o desejo / uma pedra está chorando / uma pedra está chorando para outra pedra / o grito desmorona / ao longo de uma parede. Poema da atriz e poeta francesa Emmanuelle Riva (1927-2017), conhecida como o símbolo do amor da Nouvelle vague e autora dos livros de poesias em Juste derrière le sifflet des trains ( 1969, reeditado em 1976), Le Feu des miroirs (1975) e L'Otage du désir (1982). Veja mais aqui.

 


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RÁDIO DIFUSORA DE ALAGOAS – Entrevista concedida ao radialista Sténio Reis, para o programa Papo Cabeça, da Rádio Difusora de Alagoas, por ocasião da realização do show Tataritaritatá, realizado no último mês de maio, no Teatro Linda Mascarenhas, Maceió.






MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...