Art by Larissa Morais.
O VERMELHO DA
AMORA - Imagem: Curves,
art by Larissa Morais - Privado fui,
então, de todos os amores. Sabia desde já que tanto Pomona, quanto Lucrécia,
quanto Safo, Aijuna e até Nachásh eram transformações de Perséfone, as suas
muitas caras e heteronomias. Pomona ficara na proibição de ver Lucrécia,
vendo-me na pele de Piramo e Tisbe. Lucrécia fora expulsa escandalosamente por
minha mãe que flagrara nossas libidinagens soltas. Eu já convivia embaixo de
sua saia, cheirando seus mijados, viçando em sua vida e minha mãe desconfiava e
me perseguia insone. Até que fizera um boi-de-fogo imenso e provocara meu pai a
desterrá-la do nosso convívio. Ela foi-se e levou-me a alma, ficando meu corpo
depenado. Certa tarde Ezined, a Nizinha, uma estreita amiga de Lucrécia,
trouxe-me uma missiva sua. Tão longínquas foram as suas palavras quanto a nossa
distância cislunar, mas tocara fundo, parecia que proibido nosso amor mais
aumentava. Nizinha era a nossa fenda na muralha da proibição e nisso
combinávamos encontros nos arredores da cidade. Desencontros nos privaram de
saciar a sede que nos molestava e quando conseguimos ver-nos, ela me dissera
que quando morresse queria ser enterrada neste local do encontro, como se fosse
o túmulo de Nino, onde nasceria uma belíssima amora. Beijamo-nos ardentemente,
mas a urgência da separação era imperativa, ela se envolvera com outro sisudo
macho que não lhe permitia mais escapulidas. Fora o preço de seu refúgio e do
escândalo da minha mãe. Não poderia mais retornar nem me ver, estava
aprisionada para poder sobreviver. Uma lágrima escorreu-lhe, fiz menção de
sugá-la, não deixou. Tinha de ser assim e nem adeus dissera. Sofri a partir
dali. Muitas e muitas vezes pressionei Nizinha para que me desse seu paradeiro.
- Esqueça, ela agora pertence a outra seara. E dizendo isso, deitava minha
cabeça ao seu ombro, acariciando meus cabelos, alisando minhas faces. Confesso,
eu chorava torrencialmente e Nizinha fazia de tudo para me alentar. E todas as
tardes Nizinha arrumava um meio de me acalentar daquela difícil situação. Eu já
até me acostumara de sua companhia e delatava as confidências das estripulias
amorosas com Lucrécia me remoendo por dentro na sina desafortunada. Eu nem
notava que ela se excitava com a minha sofreguidão, sempre prestativa,
solidária com a minha dor. Até chorava com meus queixumes. Dissera-lhe que
Lucrécia era a Pomona que eu não conseguira segurar, satisfazia minhas
necessidades de não ter conseguido ficar com Pomona como eu queria, substituía
até a minha mãe fria e malamada que nunca me fora terna ou maternal. Nizinha
esforçava-se por me agradar, me deitava na relva, deixando a minha cabeça no
seu colo, contando-me histórias de mulheres que amaram e não foram
correspondidas, aliviando-me do mormaço e tentando fazer rebrotar em mim o viço
que perdera. Ela mesma me dizia que amava e não era correspondida, contando-me
da dor do Cyrano de Bengérac. Tocou a minha sensibilidade, foi a minha vez de
demonstrar ternura quanto aos seus sentimentos. Tornamo-nos, então, cúmplices
de uma mesma dor. E, todas as tardes, um sacudia o outro, retirando-nos do
marasmo, da misantropia que nos tolhia, da soturnidade que nos abalava. Passara
a ver-lhe com outros olhos: o de uma amizade sem confins. Mas ela mais
mergulhava no dissabor e tive de me desdobrar para aflorar-lhe um riso qualquer
e vê-la deslumbrante como sempre fora: alegre, jovial e bela ao jeito dela, uma
beleza singular e dissonante. Um baque. Um estalo me revirou por dentro. Ela
chupava diligente um pirulito, mostrando-me seus grossos lábios róseos, sua
boca enorme e seu jeito sedutor de felar. Estremeci e desentoquei o calor na
minha virilha. Ampliei minha visão e conferi seu tronco, os seios arfantes, o
umbigo delicado, o ventre arrochado pelo shortezinho curto, as coxas volumosas,
as pernas bem desenhadas, os pés descansados. Retornei toda a geografia até
chegar nos seus olhos, ela vira os meus esbugalhados checando todo o seu
trajeto corporal. Tomei outro choque, ela semi-sorriu enquanto desabotoava um
botão da blusa, deixando à mostra a fresta entre as duas maçãs sedutoras.
Fiquei imóvel e boquiaberto. Nunca me dera conta daquela suculência. Ela com
seus olhos agarrados no meu. Fiquei perdido, meu Aconcágua dilatava crescendo
por dentro da bermuda. E me agoniava. Ela engolia o pirulito inchando a
bochecha de um lado para o outro inflando a boca como se pudesse abarcar toda
dimensão de polegadas que se insinuassem da minha espada. Aquilo acelerava a
batida do meu coração. A brisa da beira do rio não amainara o meu suadeiro
provocado pelo desabotoar de mais um botão da blusa, escancarando mais o volume
dos seios que se insinuavam prisioneiros dela. Eu estava imóvel, paralisado
como por um novo feitiço de Nachásh. Ela largou o pirulito longe, passando uma
de suas mãos na minha face e a outra alisando o meu pescoço. Timidamente minhas
mãos se encaminharam aos seus seios, abrindo-lhe por completo a blusa e
constatando os lindos seios de Eva Kryll para que eu chupasse tal bezerro
desmamado. Beijei-lhe e aqueles lábios faziam bem ao meu paladar. Com alvoroço
desnudei-lhe, deitando-a na terra da beira do rio. Depois de nua fiquei fitando
o seu corpo, ela revirou-se, ficando de quatro e vendo-me, de cabeça para
baixo, entre as pernas. Era uma cheba de cuscuz, tufada, e um cuzinho cor de
rosa, lindos, à altura do meu rosto. Lambí-lhe os lábios da vagina e o orifício
anal. Ela ronronou. Um arco-íris se fizera entre nós dois, trazendo uma música
de sonhos e um cenário de céu para os nossos corpos. Que lorto, que virgo! Tudo
exposto para o meu envoltório, tudo lentescente para o frege, que turgescência!
Eu estava no rouço, arrancando-lhe o cabaço para a nossa checha, apalpando seus
aclives e declividades. A poça de sangue da sua virgindade aguou o terreno e
nosso sexo arrebentava o tempo, sobrepujava espaços, ultrapassando dias,
usurpando calendários, maculando datas comemorativas e enovelando nossos
corpos. - Queria presentear a mim e a você, aceita? -, disse-me ela com a cara
mais safadinha que se possa imaginar. - Claro! O que é que você quer? -,
respondi-lhe lambendo os beiços.- Quero uma coisa que eu sei que você está
louquinho e eu tô doidinha. - Sim, se você acha isso, vamos lá, seja o que for!
Nem podia adivinhar o que era. Ela ficou de quatro, cuspiu no dedo e esfregou
no ânus, deixando o orifício róseo salivado. - Venha, é dessa forma que eu gozo
de verdade! Era o cúmulo do hedonismo! Fiz o meu remígio com adefagia e
empurrei no seu sesso. Ejaculei com os nossos rounds e pude ver-lhe o sorriso
faceiro de felizarda possuída. Agora Nachásh era o meu pênis e Perséfone se
misturava com o oxigênio que me dava cada vez mais a vida. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS: Não
posso ler todos os livros que quero; não posso ser todas as pessoas que quero e
viver todas as vidas que quero. Quero viver e sentir as nuances, os tons e as
variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência. E
sou terrivelmente limitada. Respirei fundo e escutei o velho e orgulhoso som do
meu coração. Eu sou, eu sou, eu sou. Como é frágil o coração humano — espelhado
poço de pensamentos. Tão profundo e trêmulo instrumento de vidro, que canta ou
chora. Se você não espera nada de ninguém então você nunca se desaponta. Tudo
na vida pode ser escrito se você tiver a coragem de fazê-lo e a imaginação para
improvisar. O pior inimigo da criatividade é a insegurança. Dentro de mim mora
um grito. De noite, ele sai com suas garras, à caça de algo pra amar. Pensamento
da escritora estadunidense Sylvia
Plath (1932-1963). Veja mais aqui, aqui & aqui.
ALGUÉM FALOU: Se houver algum trabalho
que eu possa fazer por você, por favor, não hesite em me perguntar. Quando penso nas muitas
dificuldades que você me ajudou a sair, não acho que você tenha sido muito
justo consigo mesmo e me dado muito crédito. Pensamento da astrônoma
estadunidense Charlotte Emma Moore Sitterly (1898-1990).
A PROVAÇÃO - Provação. Agora eu entendo o que é provação. Provação significa que a
vida está me provando. Mas provação significa também que estou provando. E
provar pode se transformar numa sede cada vez mais insaciável. Se em um
instante se nasce e um instante se morre, um instante é o bastante pra vida
inteira. Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre
inteira. Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por
perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo
da minha personalidade. Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível
reinventada. Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. É preciso não esquecer de ver a nova
borboleta nem o céu de sempre. Frases da escritora, jornalista, pintora e
professora Cecília Meireles (1901-1964). Veja mais aqui.
REFÉM DO DESEJO - Dentro do corpo / brilha como uma mina de
carvão, / O lugar de sangue / na noite / do tesouro / retorno da nudez
interior: / o corpo perfurado / na rocha da fonte, / Eu vejo o grito na água / de
tormento / os cavalos do planeta / invadir o pátio: / água-viva de alcatra
apertada; / a intensidade da lava / gera estupro / na pedra está a luz / olha o
desejo de morte / os cavalos tremem / como o swell / no quintal da fazenda / um
menino da árvore / vislumbre o desejo / uma pedra está chorando / uma pedra
está chorando para outra pedra / o grito desmorona / ao longo de uma parede. Poema
da atriz e poeta francesa Emmanuelle Riva (1927-2017), conhecida como o símbolo do amor da Nouvelle vague e autora
dos livros de poesias em Juste derrière le sifflet des trains (
1969, reeditado em 1976), Le Feu des miroirs (1975) e L'Otage du
désir (1982). Veja mais aqui.
Veja
mais sobre:
O
presente na festa do amor aqui.
E mais:
Primeiro encontro, a entrega
quente no frio da noite aqui.
Primeiro
encontro: o vôo da língua no universo do gozo aqui.
Ao redor
da pira onde queima o amor aqui.
Vade-mécum – enquirídio: um preâmbulo
para o amor aqui.
Eu &
ela no Jeju Loveland aqui.
Todo dia
é dia da mulher aqui.
O
flagelo: Na volta do disse-me-disse, cada um que proteja seus guardados aqui.
A
chupóloga papa-jerimum aqui.
Aprender
a aprender aqui.
Crença: pelo
direito de viver e deixar viver aqui.
É pra
ela: todo dia é dia da mulher aqui.
A
professora, Henrik Ibsen, Lenine, Marvin Minsky, Columbina, Jean-Jacques Beineix, Valentina
Sauca, Carlos Leão, A sociedade da Mente & A lenda do mel aqui.
Educação
no Brasil & Ensino Fundamental aqui.
Bolero, John Updike, Nelson Rodrigues, Trio
Images, Frederico Barbosa, Roberto Calasso, Irma
Álvarez, Norman Engel & Aecio Kauffmann aqui.
Eros
& Erotismo, Johnny Alf, Mário Souto
Maior & o Dicionário da Cachaça, Ricardo Ramos, Max Frisch, Marcelo
Piñeyro, Letícia Bretice, Frank Frazetta, Ricardo Paula, Pero Vaz Caminha, Gilmar Leite & Literatura Erótica aqui.
Todo dia
é dia da mulher aqui.
Palestras:
Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros
Infantis do Nitolino aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitoras
comemorando a festa do Tataritaritatá
(Arte by Ísis Nefelibata)
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.
RÁDIO DIFUSORA DE ALAGOAS – Entrevista concedida ao radialista Sténio Reis, para o programa Papo Cabeça, da Rádio Difusora de Alagoas, por ocasião da realização do show Tataritaritatá, realizado no último mês de maio, no Teatro Linda Mascarenhas, Maceió.