ALÉM DA ENTREGA MAIS QUE TARDIA - Imagem: arte da escritora, artista
visual e blogueira Luciah Lopez - Há
qualquer coisa além do que sou quando mato a sede no seu bebedouro perene em
que eu maldito me batizo para salvação de todos os meus pecados. Pouco importa
venha o dia eu bem sei, ela me leva vencido com seu vulto no meio das doidas
estrelas que giram da minha vertigem, e me guarda no seu ventre úmido e enorme
na noite perdida. Há qualquer coisa muito maior que a vida, enquanto ela canta
na minha alma e baila na minha carne que o chão corrompeu no silencio do que
sou e que dou de mim mesmo para verter tudo na tresnoitada entrega depois da undécima
hora descartada sem que eu renegue nada e me entrego cego de paixão ao deus dará.
Há qualquer coisa maior que o paraiso quando tudo posso no que é dela e nela
faço a minha vida ou o que disso sobrou, uma dádiva a poucos concedida. E eu me
crio e recrio a romper seu claustro e sou maior dentro dela e meu corpo se
completa no seu pra me derramar em suas luas e noites tardias, até acender-me no
que acumula da excedência de sua carne farta ao rés do chão, no esplendor
maduro das suas miragens carnais. Sou pródigo ao invadir seus porões
soluçantes, a alcançar a sua orquídea desejada e crava suas unhas na minha pele
com seu olhar pedinte noite após noite com suas enormes insônias, no baque do
seu enigma violentado, sua herança nutrida acessada. Sou mais que tudo e rasgo
suas entranhas até a medula, todas as muralhas rompidas com minha trombeta
suada que saqueia seus domínios como quem remove pedras em todos os seus
pertences, para achar o tesouro no seu paiol. E assalto seus resíduos de fera
asfixiada e cúmplice das minhas manhãs, ela se debate incontida mártir no
manuseio das minhas enlouquecidas estocadas por seus interditos inacessíveis e
sinto o peso da sua terra calcinada por meus desvarios. E esbanjo e sorvo sem desperdício
seus rios que em mim desaguam e nem recuso o resto que não me contenta na flor
de sua ânsia desesperada, onde era pra chegar e cheguei estraçalhando seu íntimo
na sua quentura acesa subjugada. Sou contumaz quando de bruços encolhida, tudo
posso nas suas vértebras e acolho na cama que alucina o dia do céu azul, mais
azul que nunca, porque o sol das suas faces me ilumina e me lambe os dedos e o
sexo empunhado na saliva da eternidade dos seus lábios gloriosos, quando se
desmorona e se refaz nas escadas do prazer e que em mim se conclui na paz da nossa
remissão aos píncaros do gozo, despedaçados a nos recompor na natureza do amor.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Imagem: a arte da pintora italiana Artemísia
Gentileschi (1595-1653).
Curtindo o álbum Night Time, My Time (Capitol Records, 2013), da cantora, compositora,
atriz e modelo estadunidense Sky
Ferreira.
PESQUISA:
História
das literaturas de vanguarda (Presença/Martins Fontes, 1972), coleção de
seis volumes organizada pelo ensaísta, poeta e critico literário espanhol Guillermo de Torre. Veja mais aqui.
LEITURA
Ó papoulinhas, pequenas flamas do inferno, então não fazem mal? Vocês
vibram. É impossível tocá-las. Eu ponho as mãos entre as flamas. Nada me
queima. E me fatiga ficar a olhá-las assim vibrantes, enrugadas e rubras, como
a pele de uma boca. Uma boca sangrando. Pequenas franjas sangrentas! Há vapores
que não posso tocar. Onde estão os narcóticos, as repugnantes cápsulas? Se eu
pudesse sangrar, ou dormir! Se minha boca pudesse unir-se a tal ferida. Ou que
seus licores filtrem-se em mim, nessa cápsula de vidro, entorpecendo e
apaziguando. Mas sem cor. Sem cor alguma.
Poema Papoulas de julho, extraído da obra Selected Poems (The Hudges, 1985), da poeta estadunidense Sylvia Plath (1932-1963). Veja
mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
Existem verdades que a gente só pode dizer depois de ter conquistado o
direito de dizê-las.
Pensamento do escritor, cineasta, dramaturgo,
desenhista e ator surrealista francês, Jean
Cocteau (1889-1963). Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA: LUALMALUZ – SEMANA LUCIAH
LOPEZ
Pode parecer que não mas me devora, a tua mão. Açoita minha alma me vira
pelo avesso sou só o começo do que mora em mim ( ! ) Sou fêmea no cio animal em
pura sanha manha que não tem fim ai de mim... que em toda manhã sou assim____
só o prazer de ser mulher sem ser razão sem dizer que não____e perder o chão e
me fazer tesão e desfalecer em gozo na tua mão.
Sem dizer que não, poema/imagem/foto da escritora, artista visual e
blogueira Luciah Lopez. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais sobre Fecamepa, Brincarte do Nitolino, Friederich Perls, Jean de La Fontaine,
Laurindo Rabelo, Ópera na Mala, Ignaz Epper, Diversões Lúdicas, Gil Vicente
& Carlos Hugo Christensen aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Arte do
pintor estadunidense Tom Wesselmann
(1931-2004).
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.