PALCO DA VIDA - Abrem-se
as cortinas: gente, coisas e fatos. O possível e o impossível, o paradoxal. O visível
e o invisível, o visinvisível, o transcendental. Gente que vem e que vai,
coisa de agora que chega e que passa pra nunca mais. A plateia sou eu:
sorrisos de festa, caras feias de inverno, dias de Sol ou de chuva, centelhas,
relâmpagos, um céu de estrelas, a miséria e o encanto, o fausto e a penúria, o
escabroso e o fascinante. A cena sou eu quando sou, real ou ideal, eu mesmo no
meio das máscaras: nu pra mim e pra tudo, ou simulando escamoteios pra quem não
se saiba quem sou. Sou eu muitos eus: quem ri ou quem chora; quem chega sem ser
avisado ou quem mal chegou e já foi embora; quem faz do seu sonho algo pra si
ou pra todos, ou quem ignora dos outros no seu infeliz apodo; quem conversa com
o umbigo, ou quem só vê o castigo; quem ama de noite ou quem só sabe de
açoites; quem só constrói castelos de areia, ou só peitica e esperneia; quem só
sabe andar entre trilhos, ou só se joga como dispara um gatilho; quem se faz de
bonzinho pra livrar o caroço, correndo no asfalto, incauto alvoroço; quem faz só
celeuma por tudo descrer, ou como se tudo fosse um filme na TV, com luzes e
glamour, tudo mel de uruçu. Ou portas fechadas e coisas incertas, ou tudo só
vale na promoção da oferta; ou só faz pantomina pra nada valer, enchendo a
terrina com tudo que vê; só fazendo careta pra tudo enganar, escondendo a
gaveta que ousa estourar; ou só se dissesse da verdade alheia, ou só se
envolvesse em canto de sereia; quem viu e não disse nada, ou ao atinar só
armasse outra cilada; quem só soube atuar em forma de guerra, ou soubesse bem
mais que fogo, água, ar e Terra; quem subiu a ladeira pra ver zis panoramas e
viu que a vida é maior que o drama, e o dia não é só roer osso e de noite a
solidão faz do vazio o colosso. Quantos sonhos perdidos, quantos desejos
destroçados. No palco da vida, cada qual com suas muitas máscaras. Em mim as
vozes ecoam e a minha sombra no espetáculo da vida. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
Imagem: a arte da pintora húngara Maria Szantho (1897-1997).
Curtindo os álbuns Sinfonia nº2 -
Curral d' El Rey - k - 59' 3.2.
1.- 3.3. - Timp.,Perc.I,II,III,Cordas,Cravo,Piano,Violão,Flautas Doce Soprano I
e II, Flauta de Bambu,Viola Caipira (1999) & Orchestra Virtual (SMC-PBH, 1995), do
premiadíssimo Compositor,
instrumentista polivalente, arranjador, produtor musical e maestro Andersen Viana.
PESQUISA:
[...] A História nos diz e claramente que muitos
livros das sagradas escritoras foram rejeitados ou expurgados quando se compilou
a atual Bíblia cristã. Vários deles foram, depois, levados ao conhecimento
público e atraíram considerável interesse, e cada vez mais se acham novas e
outras versões e não há motivo para se supor que os pesquisadores ortodoxos ou
outros já tenham descoberto tudo quanto se refira à vida de Jesus. [...]
Trecho
extraído da obra A vida mística de Jesus
(Renes, 1973), do escritor e cientista rosacruz Ph.D, Harvey Spencer Lewis. Veja mais aqui.
LEITURA
Era tarde nas janelas da sala, / Um gosto de
tarde que eu queria lamber. / Tenho vontade de lamber as coisas que gosto, / Mesmo
as que não gosto / costumo lamber sem querer. / Às vezes com a língua mesmo. / Molhada
e escorrida. / Outras vezes uso a língua da palavra, / Quando tem cheiros ruins
/ Ou asperezas estranhas ao paladar de minha pessoa, / Ou por nada mesmo por
gosto / Passo a língua nas coisas que vejo / E passo as coisas que vejo pra
língua.
Poema Tudo que vejo, extraído do livro Toda palavra (Record, 2008), da poeta,
filósofa, psicóloga e psicanalista Viviane Mosé. Veja mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
[...] aparece a figura nova da good-bad girl, a
mulher com ar de vampmas de coração terno, sedutora mas não perversa [...] a beleza incendiária perde sua dimensão
satânica de outrora, a oposição tradicional entre a ingênua e a “devoradora de
homens” dá lugar a um novo arquétipo que reconcilia aparência erótica e
generosidade de sentimentos, sex-appeal e alma pura. Nada ilustra melhor o “fim
do imaginário da beleza maldita” do que a estética sexy criada pelos
desenhistas e fotógrafos dos anos 40 e 50. Ao longo desse período se impõe um
novo estilo de beleza, a pin-up, cujas imagens invadem os mais variados
suportes, dos calendários aos fliperamas, dos painéis publicitários aos
cartões-postais.
Trecho
extraído da obra A terceira mulher:
permanência e revolução do feminino (Companhia das Letras, 2000), do
filósofo, professor e teórico da Hipermodernidade Gilles Lipovetsky, tratando a respeito do individualismo
do início do século XXI, a atenuação das distinções e a indiferenciação nas
sociedades pós-modernas, refletindo sobre as angústias da modernidade atinente à
questão das mulheres através da história, das ideias e dos estudos sobre a
sexualidade das mulheres, da sua atividade de assalariadas ou da sua implicação
na vida política. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA:
A arte do artista digital e designer gráfico Maxime des Touches
Veja mais sobre O dia fora do tempo, Zygmunt Bauman, Charles Baudelaire, Gustave
Flaubert, Anita Malfatti, Jean-Philippe Rameau, Aristófanes, Valeria Messalina,
Alan Moore & Jaroslav Zamazal aqui.
DESTAQUE:
O
Segundo Sopro (2003), da coreografa e professora de dança contemporânea Roseli Rodrigues (1955-2010), espetáculo do Balé
Teatro Guaíra.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem:
a arte da pintora, escultora, ilustradora e arte-educadora Katia Kimieck.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Imagem: Virada
do milênio, da artista plástica e gravurista Vavá Diehl.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.