A LENDA DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL – Manhã
ensolarada, quase meio dia. Jesus caminhava na rodagem do canavial. Sentiu fome
e sede, calor extremo. Dirigiu-se à beira da estrada e descansou embaixo da
sombra das folhas da cana. Arrancou uma, chupou uns gomos e saciou-se. Dali
mais um tempo, resolveu seguir viagem e ao recomeçar a caminhada, virou pro
canavial e abençou a magnífica plantação. A partir daquele dia, todos puderam
saborear de um alimento bom e doce. Noutro dia, sob o escaldante sol de meio
dia, o diabo que havia saído do inferno, galopava veloz pela mesma rodagem. Com
o calor, os chifres derretiam e o rabo queimava inclemente. Tencionando
refrescar-se foi até o canavial e quando se aproximou da plantação, as canas
soltaram pelos que o fez se afastar. Arrancou uma e começou a chupá-la, mas
logo achou o caldo azedo queimando-lhe a garganta. Furioso, ele amaldiçou todo
canavial e, a partir de então, surgiram os latifúndios e, com ele, a
escravaria, a exploração e a monocultura. Todo tipo de plantação existente na
flora, era substituída pela plantação canavieira. Não havia mais jaqueiras,
cajueiros, pitangueiras, laranjeiras, mangueiras, goiabeiras, árvores ou
plantas que fossem, só canavial para suprir a ganância dos coronéis do açúcar e
os usineiros do álcool. Para amainar o labor, passou-se a fabricar uma bebida
forte, a aguardente, ao mesmo tempo em que, ao ingerí-la, os escravos sentiam
ânimo para o trato com essa cultura. E assim se passaram anos, décadas,
séculos. A vida no mundo passou a ser adocicada pelo sangue escravo: passou-se
ao prazer com o sofrimento alheio. Ninguém até quis saber. E o que antes era
abençoado, passou a ser enfermidade que se prolifera até hoje para adoecer e
matar o ser humano. (Baseado no relato recolhido por Alfedo Brandão da obra O banguê nas Alagoas, de Manoel Diégues
Junior – IAA, 1949). © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais
aqui e aqui.
Imagem: a arte do pintor e gravurista
estadunidense Madison Moore.
Curtindo Ellora Symphony, Trinita Sinfonica &
Rapsodia per Orchestra (2005), do compositor e maestro japonês Yasushi
Akutagawa (1925-1989).
PESQUISA:
Não advogamos o monopólio da educação
pelo Estado, mas julgamos que todos têm o direito à educação pública, e somente
os que quiserem é que poderão procurar a educação privada. Numa sociedade como
a nossa, tradicionalmente marcada de profundo espírito de classe e de
privilégio, somente a escola pública será verdadeiramente democrática e somente
ela poderá ter um programa de formação comum, sem preconceitos contra certas
formas de trabalho essenciais à democracia.
Trecho da obra Educação não é privilégio (EdUFRJ,
2007), do educador Anísio Teixeira
(1900-1971), organizado e apresentado por Marisa Cassim, tratando de forma
contundente o drama da educação na sociedade brasileira e mostra como a
incapacidade de criar um regime realmente democrático impediu o Brasil de
cumprir a maior de todas as tarefas - a educação. Veja mais aqui e aqui.
LEITURA
Nesta encruzilhada eu me
ajoelho agoniado e aflito chamando todos os cães e a Cabra Maldita.
Trecho
da Oração da Cabra Preta, extraída do
livro Não há estrelas no céu (José
Olympio, 1948), do escritor João Clímaco
Bezerra (1913-2006), que fundou no Ceará o grupo Clã. Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
Cada ciência começa como filosofia e termina como arte; surge como
hipóteses e remata em realizações.
Extraído
do livro História da Filosofia
(Record, 1996), do filósofo, historiador e escritor estadunidense Wil Durant (1885-1981). Veja mais aqui,
aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA:
Cartaz do filme Cumade Fulosinha: a lenda ressurge (Playvídeo, 2013), roteiro e
direção de Menelau Júnior, contando a
história de uma moça que desistira
do livro que pretendia escrever quando era adolescente e, tempos depois,q uando
está prestes a concluir o curso de Jornalismo, ela escreve uma monografia sobre
lendas populares e decide ir à fazenda de amigas e dá de cara com o caso do
caseiro que foi atacado pela Cumade Fulosinha e passam a investigar as
aparições da lendária personagem. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais sobre Brincarte do Nitolino, Henry
Thoreau & Desobediência Civil, Pablo Neruda, Augusto Boal, Mestre Vitalino, Amedeo Modigliani, Sebastião
Tapajós, Monteiro Lobato & Orígenes Lessa
aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Bem vinda Maria Flor (2012), vídeo-dança do curso de dança
contemporânea João Pirahy, em Pulsarte – Parque Villa Lobos.
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.