SOLILÓQUIO DAS HORAS AGUDAS - Vou
além do que vivo! Já dizia Gullar: viver só não basta. Invento mundos e sonhos,
sonhar é preciso: é ser mais que carne, músculos, gestos, coração. Não me basto
em mim, sou muitos, senão todos. E dialogo comigo para que tudo seja real,
apesar de onírico. Escrevo o meu olhar e a minha palavra é grega aos ouvidos,
apesar do vernáculo, soa das tripas coração. E escrever é a minha forma de ser e
estar vivo, dialogando comigo e tudo, na solidão das horas suicidas e com todos
os meus eus que falam de si e do que não sei de mim mesmo. É a forma de me dar
a conhecer o que sou e vejo além do óbvio, as essências, poeiras, bolhas,
espumas: o todo em tudo. As partes, só quando interessa amlálgama: quebra-cabeça.
Tudo me chama atenção, até o inútil, o vão. Até desvelar ocultidões, o interior
do interior do interior do interior. Sou do desafio, vencer é conhecer,
desvendar o que se diz de mistérios e saber que não existe mistério algum. Sou
todo o olhar e o sentir que sugere a paisagem das coisas e o irrevelável me
seduz, o invisível, porque não vejo só com meus olhos, todos os sentidos,
corpalma, de olhos fechados e pra todas as coisas. Invento que seja este o meu
tempo, não é e pouco importa. Invento o espaço, da minúscula fresta aos
quilômetros estelares. Invento o meu mundo, este não é o meu e tudo isso não me
basta. Sou semente e me reinvento raiz pro êxtase da fotossíntese, até ser-me
fruto devorado pela própria fome de tudo e de todos. Disso, me reduzo a nada e
feliz: cumpri a missão. Ademais, sou estrangeiro aqui e vou só. Assim sou, só a
poesia torna a vida suportável. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais aqui.
Imagem: a arte do pintor
espanhol José Manuel Merello.
Curtindo o álbum Sorry (Atlantic Redords, 2015), da cantautora estadunidense Meg Myers.
PESQUISA:
NEUROFILOSOFIA E NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
Nesta segunda, 04, ocorreu mais uma reunião
administrativa do Grupo de Pesquisa Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva, na qual
foram debatidos, entre outros assuntos, os livros Epidemiologia do Suicídio e Neuroanatomia,
da professora Janne Eyre Melo Sarmento,
o projeto sobre a temática do tratamento do Autismo
& Equoterapia com o psicólogo Weverky
Farias e a graduanda em psicologia Edjane Galvão, o curso de Fenomenologia
a ser ministrado pelo professor Álvaro
Queiroz e Direto & Psicologia
Ambiental proposta pela professora Alyshia Karla Gomes da Silva Santos. Veja mais aqui.
LEITURA
Só existe um problema filosófico realmente
sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é
responder à questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três
dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, aparece em seguida. São
jogos. É preciso, antes de tudo, responder. E se é verdade, como pretende
Nietzsche, que um filósofo, para ser confiável, deve pregar com o exemplo, percebe-se
a importância dessa resposta, já que ela vai preceder o gesto definitivo. Estão
aí as evidências que são sensíveis para o coração, mas é preciso aprofundar
para torná-las claras à inteligência.
Trecho
da obra O mito de Sísifo (Livros do
Brasil, 2002), do escritor, dramaturgo e filósofo francês Albert Camus
(1913-1960). Veja mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
Os homens deviam saber que do cérebro, e apenas do cérebro, nascem
nossos prazeres, alegrias, risadas e brincadeiras, assim como nossas tristezas,
dores, mágoas e temores. E então, de maneira especial, adquirimos sabedoria e
conhecimento, e vemos e ouvimos para saber o que é justo e o que não é, o que é
bom e o que é ruim, o que é doce e o que é sem sabor... e pelo mesmo orgão
tornamo-nos loucos e delirantes, e sentimos medo, e o terror nos assola...
todas essas coisas provém do cérebro quando este não está sadio... dessa
maneira, sou da opinião de que o cérebro exerce um grande poder sobre o homem.
Trecho
da obra Doença Sagrada, século IV
AC., de Hipócrates (460- 377 a. C.).
Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA: LUALMALUZ – SEMANA LUCIAH
LOPEZ
...diante do teu olhar, de toda indumentária os meus olhos se despiram e
completamente nus entregaram-se. E tudo o que acompanhou este momento,
refletiu-se em demasia no coração pulsante do universo. Houve sístole e
diástole e a singularíssima afirmação de que precisamos um do outro. Naquela
noite, o teu amor chegou em plenilúnio e a lua, feito um escudo no céu,
refletiu o sagrado que exite por trás de cada existência____não me atrevi a
desviar o meu olhar, e envaidecida descobri no teu semblante, a luminosidade
que a minha alma buscava. Encontrei na luz dos olhos teus, a minha própria luz
e o amor se fez, dando-nos a numinosidade do momento e a fusão da nossa
alma_____agora una.
Luz dos olhos, poema/imagem/foto da escritora, artista visual e
blogueira Luciah Lopez. Veja mais aqui.
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CANTARAU:
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