terça-feira, julho 12, 2016

YASUSHI AKUTAGAWA, ANÍSIO TEIXEIRA, WIL DURANT, MADISON MOORE, MENELAU JÚNIOR, JOÃO PIRAHY & FOLCLORE BRASILEIRO


A LENDA DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL – Manhã ensolarada, quase meio dia. Jesus caminhava na rodagem do canavial. Sentiu fome e sede, calor extremo. Dirigiu-se à beira da estrada e descansou embaixo da sombra das folhas da cana. Arrancou uma, chupou uns gomos e saciou-se. Dali mais um tempo, resolveu seguir viagem e ao recomeçar a caminhada, virou pro canavial e abençou a magnífica plantação. A partir daquele dia, todos puderam saborear de um alimento bom e doce. Noutro dia, sob o escaldante sol de meio dia, o diabo que havia saído do inferno, galopava veloz pela mesma rodagem. Com o calor, os chifres derretiam e o rabo queimava inclemente. Tencionando refrescar-se foi até o canavial e quando se aproximou da plantação, as canas soltaram pelos que o fez se afastar. Arrancou uma e começou a chupá-la, mas logo achou o caldo azedo queimando-lhe a garganta. Furioso, ele amaldiçou todo canavial e, a partir de então, surgiram os latifúndios e, com ele, a escravaria, a exploração e a monocultura. Todo tipo de plantação existente na flora, era substituída pela plantação canavieira. Não havia mais jaqueiras, cajueiros, pitangueiras, laranjeiras, mangueiras, goiabeiras, árvores ou plantas que fossem, só canavial para suprir a ganância dos coronéis do açúcar e os usineiros do álcool. Para amainar o labor, passou-se a fabricar uma bebida forte, a aguardente, ao mesmo tempo em que, ao ingerí-la, os escravos sentiam ânimo para o trato com essa cultura. E assim se passaram anos, décadas, séculos. A vida no mundo passou a ser adocicada pelo sangue escravo: passou-se ao prazer com o sofrimento alheio. Ninguém até quis saber. E o que antes era abençoado, passou a ser enfermidade que se prolifera até hoje para adoecer e matar o ser humano. (Baseado no relato recolhido por Alfedo Brandão da obra O banguê nas Alagoas, de Manoel Diégues Junior – IAA, 1949). © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.


Imagem: a arte do pintor e gravurista estadunidense Madison Moore.

 Curtindo Ellora Symphony, Trinita Sinfonica & Rapsodia per Orchestra (2005), do compositor e maestro japonês Yasushi Akutagawa (1925-1989).

PESQUISA:
Não advogamos o monopólio da educação pelo Estado, mas julgamos que todos têm o direito à educação pública, e somente os que quiserem é que poderão procurar a educação privada. Numa sociedade como a nossa, tradicionalmente marcada de profundo espírito de classe e de privilégio, somente a escola pública será verdadeiramente democrática e somente ela poderá ter um programa de formação comum, sem preconceitos contra certas formas de trabalho essenciais à democracia.
Trecho da obra Educação não é privilégio (EdUFRJ, 2007), do educador Anísio Teixeira (1900-1971), organizado e apresentado por Marisa Cassim, tratando de forma contundente o drama da educação na sociedade brasileira e mostra como a incapacidade de criar um regime realmente democrático impediu o Brasil de cumprir a maior de todas as tarefas - a educação. Veja mais aqui e aqui.

LEITURA
Nesta encruzilhada eu me ajoelho agoniado e aflito chamando todos os cães e a Cabra Maldita.
Trecho da Oração da Cabra Preta, extraída do livro Não há estrelas no céu (José Olympio, 1948), do escritor João Clímaco Bezerra (1913-2006), que fundou no Ceará o grupo Clã. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA:
Cada ciência começa como filosofia e termina como arte; surge como hipóteses e remata em realizações.
Extraído do livro História da Filosofia (Record, 1996), do filósofo, historiador e escritor estadunidense Wil Durant (1885-1981). Veja mais aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA: 
Cartaz do filme Cumade Fulosinha: a lenda ressurge (Playvídeo, 2013), roteiro e direção de Menelau Júnior, contando a história de uma moça que desistira do livro que pretendia escrever quando era adolescente e, tempos depois,q uando está prestes a concluir o curso de Jornalismo, ela escreve uma monografia sobre lendas populares e decide ir à fazenda de amigas e dá de cara com o caso do caseiro que foi atacado pela Cumade Fulosinha e passam a investigar as aparições da lendária personagem. Veja mais aqui e aqui.

Veja mais sobre Brincarte do Nitolino, Henry Thoreau & Desobediência Civil, Pablo Neruda, Amedeo Modigliani, Sebastião Tapajós, Monteiro Lobato & Orígenes Lessa aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Bem vinda Maria Flor (2012), vídeo-dança do curso de dança contemporânea João Pirahy, em Pulsarte – Parque Villa Lobos.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja aqui e aqui.