sábado, junho 04, 2011

MANUEL SCORZA, ELIZABETH GASKELL, ÉDOUARD DUJARDIN, LADY GAGA, SUSAN BROWNELL ANTHONY, EDUCAÇÃO, CONTEÚDO & DIDÁTICA & LAM NA TV GAZETA


 

Algumas mulheres escolhem seguir os homens, e outras escolhem seguir seus sonhos. Se você está se perguntando em qual direção seguir, lembre-se de que sua carreira jamais acordará de manhã e dirá que não te ama mais. O maior equívoco sobre mim é que eu sou um personagem ou uma persona. Que, quando as luzes e câmeras desligarem, vou transformar-me em uma abóbora. E simplesmente não é verdade. Eu faço música, arte e design durante todo o dia. Sim, eu lavo a cara e vou dormir, mas quando eu acordo, sou sempre Lady Gaga.

A arte da atriz, cantora, compositora e produtora musical estadunidense Lady Gaga (Stefani Joanne Angelina Germanotta). Veja mais abaixo e aqui.

 

UMA CANÇÃO PARA MIRIAM – Baseada na história de Miriam Lopes Verbena (1946-1972) – Era oito de março de mil novecentos e setenta e dois e a professora tinha um pressentimento. Os tempos estavam escuros, a noite imperava em pleno meio dia. A mudança do Rio de Janeiro para Pernambuco, não aliviara as tensões. O que fazer da vida, uma tarefa de preparar o povo para tomar conta do que sempre foi seu. E isso em meio às escapulidas, identidade postiça, viver clandestino. Naquele dia precisava viajar para resolver documentos do marido, ele junto. A situação era insegura; a tragédia, iminente. Tinham de ir e foram. No trecho entre Cachoeirinha e São Caetano, um acidente automobilístico, e ninguém sabe ao certo o que se sucedeu: dúvidas e mistérios do seu paradeiro. Nem ela, nem o companheiro. Ambos sumiram na rodovia. Os rastros levam a uma cova no cemitério Dom Bosco, de Caruaru. Ninguém sabe, nome lá é outro. Desaparecida desde então, ela estava grávida de oito meses e, a partir de então, entrava no rol das Filhas da Dor e outras Filhas. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Seria ridículo falar de ambientes masculinos e femininos, nascentes ou chuvas masculinas e femininas, sol masculino e feminino... Quanto mais ridículo é em relação à mente, à alma, ao pensamento, onde inegavelmente não existe tal coisa como sexo, falar de educação masculina e feminina e de escolas masculinas e femininas. A única característica distinta da nossa Associação é o direito à opinião individual de cada membro. Nunca haverá outra temporada de silêncio até que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens têm nesta terra verde. Não quero morrer enquanto puder trabalhar; no minuto em que não posso, quero ir. Resistir à tirania é obediência a Deus. Pensamento da escritora, professora, ativista feminista estadunidense Susan Brownell Anthony (1820-1906). Veja mais aqui.

 

ALGUEM FALOU – Atrevo-me a dizer que parece tolice; talvez todas as nossas provações terrenas nos pareçam tolas após algum tempo; talvez pareçam assim agora para os anjos. Mas nós somos nós mesmos, você sabe, e isso é agora, não é hora de vir, muito, muito longe. E não somos anjos, para sermos consolados por ver os fins para os quais tudo é enviado. Não vou ouvir a razão... A razão sempre significa o que outra pessoa tem a dizer. As pessoas podem se gabar tanto de pensar que seus defeitos estão sempre presentes na mente dos outros, como se acreditassem que o mundo está sempre contemplando seus encantos e virtudes individuais. Se todos os homens fossem iguais esta noite, alguns começariam acordando uma hora mais cedo amanhã. Dito da escritora britânica Elizabeth Gaskell (1810-1865). Veja mais aqui.

 

OS LOUREIROS ESTÃO CORTADOS – [...] Um na multidão ilimitada de existências, assim eu prossigo doravante meu caminho, definitivamente um entre os outros; assim foram em mim criados o hoje, o aqui, o agora, a vida; uma alma que flutua num sonho de afeto, é isso; é um sonho feminino, o hoje; é um corpo feminino tocando o meu aqui; meu agora é uma mulher de quem eu me aproximo; e eis aonde vai minha vida, esta moça nesta noite… E zunem as ruas, os solavancos, as rodas sobre o calçamento, a noite clara, nós sentados no carro, o ruído e os solavancos do carro que roda, as coisas que desfilam, a noite deliciosa [...]. Trecho extraído da obra Os Loureiros Estão Cortados (Brejo, 2005), do escritor francês Édouard Dujardin (1861-1949). Veja mais aqui.

 

SOU DESTERRADO - América, / a mim também você deve ouvir. / Eu sou o estudante / que tem um só traje e muitas condenações. / Eu sou o desterrado / que não encontra a porta nas pensões. / Te digo que nas ruas / e nos terraços e nas cozinhas, / e ao fim de cada dia em meu peito / algo está morrendo. / Escuta-me: / Eu sou o desterrado, / eu vaguei pelas ruas / até que os cães / lamberam meu amor desesperados. / Lembre de mim! / Há dias que não tenho vontade / de me olhar, / dias em que até os pássaros / apodrecem à metade do voo. / Amor, amor! / Tu dormiste / em quartos imundos; / Tu não sabes o que é viver / com uma mulher que costura sua roupa chorando! / Ai, durante séculos os poetas calaram / e o silêncio só se escutava. / Um sussurro de abelhas que soavam, / até que já não pudemos mais, / e a dor começou a manchar tudo: / a manhã, / o amor, / o papel onde cantávamos. / Um dia a dor / começou a gotejar desde baixo, / davam os muros gritos pungentes, / uma mão amarguíssima inverteu meu peito. / Agora venho a ti gemendo, / aqui está minha voz encarceirada debaixo desta fronte, demolido. Poema extraído do livro Las imprecaciones (1955), do escritor peruano Manuel Scorza (1928-1983), Veja mais aqui e aqui.

 

CONTEÚDO, DIDÁTICA & EDUCAÇÃO - Buscando conceituar "Conteúdo", inicialmente encontramos uma série de assertivas que definem tal termo. Ele é comumente confundido com assunto ou mensagem de uma obra. A Lingüística, por exemplo, opõe conteúdo a expressão, e equivale a significado. Mas para muitos estudiosos, não se separam conteúdo e forma. Eles têm uma categoria dual, são "um par de seres". Assim, um romance, um conto, um poema, não têm conteúdo e forma separadamente, mas possuem uma forma conteúdo. Ou melhor: um romance tem uma forma; aqui está encerrada a idéia de conteúdo (Brasil, 1979:44). Para Hjelmslev (1978:197), a divisão da linguagem possui dois planos: o plano do conteúdo e o plano da expressão. Ao primeiro correspondente a matéria do conteúdo (pertencente à física ou à psicologia) e ao segundo corresponde a matéria da expressão (sons). A matéria é amorfa. O que a individualiza é a forma do conteúdo, tornando-a substância do conteúdo, como a forma da expressão constitui a matéria da expressão, tornando-a substância. Uma característica da linguagem humana é ser composta de um sistema de figuras (figura para Hjelmslev corresponde ao fonema, unidade mínima desprovida de significado), que, por sua vez, formam os signos (união de expressão e conteúdo e que compreende desde os morfemas até enunciados). Para ele, os termos expressão e conteúdo são adotados para designar os funtivos que contraem a função semiótica; esta é uma concepção puramente operacional e formal e, nesta ordem de idéias, nenhum outro significado é atribuído aos termos expressão e conteúdo. Uma expressão só é expressão porque é expressão de um conteúdo, e um conteúdo só é um conteúdo porque é conteúdo de uma expressão. Do mesmo modo, é impossível existir (a menos que sejam isolados artificialmente) um conteúdo sem expressão e uma expressão sem conteúdo.(...) Evidentemente, não se deve confundir ausência de conteúdo com ausência de sentido: o conteúdo de uma expressão pode perfeitamente ser caracterizado como desprovido de sentido de um ponto de vista qualquer ( por exemplo, o da lógica normativa ou do fisicalismo) sem com isso deixar de ser conteúdo. (Hjelmslev, 1978:198) Portanto, constata ele no conteúdo lingüístico, em seu processo, uma forma específica, a forma do conteúdo, que é independente do sentido com o qual ela se mantém numa relação arbitrária e que ela transforma em substância do conteúdo. Com o objetivo de precisar a natureza da função semiótica, Saussure (1978) aventurou-se a considerar a expressão e o conteúdo, tomados separadamente, sem se ocupar da função semiótica. Isto levou o lingüista francês B. Portier a intervir na noção da função de caracterização do signo lingüístico, que é formado pela oposição entre três elementos: a forma do conteúdo e a substância do conteúdo integrando o significado, e os meios de expressão formando o significante da teoria saussureana. A forma do conteúdo constitui assim a estruturação sintática de uma língua, a substância do conteúdo sua estruturação semântica e os meios de expressão sua estruturação fonética e fonológica. Freire (1985:98), por outro lado, já investigando a questão da razão didática, levanta que para a concepção como prática de liberdade no ensino, a sua dialogicidade comece, não quando o educador-educando se encontra com os educandos-educadores em uma situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com estes na inquietação em torno do conteúdo do diálogo que é a inquietação em torno do conteúdo programático da educação. Prossegue ele distinguindo que: Para o "educador-bancário", na sua antidialogicidade, a pergunta, obviamente não é a propósito do conteúdo do diálogo, que para ele não existe, mas a respeito do programa sobre o qual dissertará a seus alunos. (...) Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição - um conjunto de informes a ser depositado nos educandos, mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo, daqueles elementos que este lhe entregou de forma inestruturada. (...) É na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos educadores e povo, que iremos buscar o conteúdo programático da educação  (Freire:1987:102). Isto quer dizer que, enquanto na prática "bancária" da educação, antidialógica por essência, o educador deposita no educando o conteúdo programático da educação, que ele mesmo elabora ou elaboram para ele; na prática problematizadora, dialógica por excelência, este conteúdo, que jamais é "depositado", se organiza e se constitui na visão do mundo dos educandos, em que se encontram seus "temas geradores". Numa visão libertadora, não mais "bancária" da educação, o seu conteúdo programático já não involucra finalidades a serem impostas ao povo, mas, pelo contrário, porque parte e nasce dele, em diálogo com os educadores, refletindo seus anseios e esperanças.  (Freire, 1987:120). Usando Piletti (1994:90), dentro especificamente da didática, o conteúdo do ensino na escola tradicional, era objeto de programas minuciosos: o planejamento de ensino consistia em adequar todo o conteúdo ao tempo disponível para seu desenvolvimento. O conteúdo, então, era, praticamente, um fim em si mesmo. As novas conquistas no campo da educação vieram, no entanto, mostrar que o mais importante não é dar ao aluno um grande volume de informações. Muito mais importante que isso é a escola promover o desenvolvimento integral e harmonioso do aluno, envolvendo as áreas cognitivas, afetiva e psicomotora. Isso não quer dizer que o conteúdo não seja importante. Ele continua sendo importante, pois a aprendizagem só se dá em cima de um determinado conteúdo. Quem aprende, aprende alguma coisa. Além disso, o conteúdo é importante porque a informação é fundamental para se viver no mundo contemporâneo. Outro aspecto que deve ser considerado é o tipo de conteúdo, ou seja, o que é mais importante que o aluno conheça. Portanto, os objetivos devem dar uma direção aos conteúdos, deixando estes de ser fins em si mesmos para tornarem-se meios de como alcançar a concretização dos fins visados pelo processo de aprendizagem. O conteúdo, em si, não abrange apenas a organização do conhecimento, mas também as experiências educativas no campo desse conhecimento, devidamente selecionadas e organizadas pela escola. Assim, tanto a organização do conhecimento como as experiências educativas são importantes. Um refere-se mais às informações, aos dados, aos fatos, aos conceitos, aos princípios e às generalizações acumuladas pela experiência do homem e que serão transmitidas ao aluno. O outro aspecto refere-se mais às experiência que o próprio aluno poderá vivenciar em torno desses conhecimentos. Para selecionar os conteúdos se faz necessário em função dos objetivos propostos, considerar aqueles que são mais importantes e significativos para uma determinada realidade ou época. Os critérios que podem perseguir a seleção dos conteúdos deve conter a validade, que requer que os conteúdos selecionados sejam dignos de confiança, representativos e atualizados; a significação, que esteja relacionada às experiências do aluno; a utilidade, referindo-se ao uso dos conhecimentos em situações novas; a possibilidade de elaboração pessoal, referindo-se à recepção, assimilação e transformação da informação pelo próprio aluno; a viabilidade, selecionando conteúdos que possam ser aprendidos dentro das limitações de tempo e recursos disponíveis; e a flexibilidade, sujeitos a modificações, adaptações, renovações e enriquecimentos. A organização do conteúdo deve obedecer a estrutura da própria matéria de ensino, através da compreensão dos princípios básicos que dão estrutura à própria matéria. Este é o critério lógico, enquanto que a organização lógica é função do especialista, representando o último estágio de aperfeiçoamento. Enquanto que o critério psicológico de organização do conteúdo deve obedecer atividades, áreas de estudo e disciplinas. Conhecer os conteúdos a serem ensinados é a menor das coisas, quando se pretende instruir alguém. Porém, a verdadeira competência pedagógica não está aí, ela consiste, de um lado, em relacionar os conteúdos a objetivos e, de outro, a situações de aprendizagem. O ensino certamente persegue objetivos que intervêm em três estágios: do planejamento didático, não para ditar situações de aprendizagem próprias a cada objetivo, mas para identificar os objetivos trabalhados nas situações em questão, de modo a escolhê-los e dirigi-los com conhecimento de causa; da análise a posteriori das situações e das atividades, quando se trata de delimitar o que se desenvolveu realmente e de modificar a seqüência das atividades propostas; da avaliação, quando se trata de controlar os conhecimentos adquiridos pelos alunos. Veja mais aqui.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Assis. Vocabulário técnico de Literatura. Rio de Janeiro: Ediuoro, 1979.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985
HJELMSLEV, Louis Trolle. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
PERRENOUD, Philippe. Novas competências para ensinar. Porto Alegre:Artmed, 2000
PILETTI, Claudino. Didática geral. São Paulo: Ática, 1994.
SAUSSURE, Ferdinand de. As palavras sob as palavras: os anagramas de Ferdinand Saussure. São Paulo: Abril Cultural, 1978.


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