FECAMEPA: O
BUMBA DA PATETADA – Era uma vez um
bumba-meu-boi, de coisas da gente e bonito de se ver. O bumba na arena do
terreiro de Capitão Boca Mole, onde a mão do choro é cana, a mãe do visgo é a kaca,
o ananá dos abaganazes. O Capitão montava no cavalo-marinho a fazer mesuras, a
chegar mais adiante com as bexigadas de Mateus e Bastião, a Cantadeira louvando
os vivas, a Maria-come-ou-não-come, a marmota do Morto-carregando-o-vivo, o Bambá
da roda-grande, o Mané-Gostoso que entra e que sai pro Mané Babau armar das
suas, a Catirina passar pelo auto entre zambumbas e ganzás, da Zabelinha entre
candeeiros de querosene, o Mestre do Tiá ficar enrolando, o Matuto da História
contar suas leseiras nunca dada como certas, o Matuto do Fumo levar suas
astúcias e assim muita gente brincar com seu boi até a festa acabar tarde da
noite. E isso era uma vez de se ouvir A
mulher e a galinha não se deixa passear, que a galinha o bicho come e a mulher
dá que falar! Se era certo ou não Mateus futucar a viúva Joana, se era
decente ou não Bastião bolinar Maria da Ema, pouco caso se fazia, era festa pra
se rir: Lá vem a lua saindo com toda
galanteria, na boca de quem não presta, quem é bom não tem valia! Se havia
decência ou não nas coisas do Engenheiro e seus dois criados, se queria dar
certo ou não o Boticário com seus doentes, era coisa de enredo, folia para o
povo magar: Sapateiro novo me faz um
sapato da sola bem fina do salto bem alto. Se tinha o Diabo ou Caipora. Mané
das Batatas ou moça hidrópicas, o Valente ou Caboclo do Arco, valia o dito na
hora: Desses montes solitários, aonde
alegria me tem, falo ninguém me responde, olho não vejo ninguém. Se da
cobra ao vaqueiro, à lorota e o pinica-pau, seja o que fosse, era só um
bumba-meu-boi de no fim vamo-no s’imbora,
que é de madrugada, o rompê da aurora. Até aí tudo bem, coisa de nossa gente
e de mesmo. Mas eis que ditas forças ocultas acharam de destronar o Capitão
Boca Mole, assumiram com coisas horrendas à força da enganação, um certo Major Temegolpe
e a coisa além de risível, virou drama de quinta categoria. Isso não estava
certo não. Quem diria? Queriam por que queriam, na força da enrolação, levar
gente sabida para um bumba que logo matou o boi e não só. Valeram-se de um
bicho aloprado, que nem deu pra ter nem se sabe o que é que é, de tão
desfigurado que ninguém chegou a ver, só se sentia um agigantado pardal ou
coisa menos parecida que de tudo comia, de semente a recém-nascido, de ovo à
fábrica de dinheiro, encheu o papo de um jeito do tamanho que não se sabia. Como
não tinha plateia porque só tinham apupos do muito, logo abriram a porteira para
arena da gandaia, um bumba feito Coiso com uma tropa coisada: tudo de cara
fechada, fita nos ombros, graúdos topetudos de qualidade duvidosa e besteira cheia
de chatura pra todo lado: cada um puxa o seu texto e a coisa é descoisada. Danou-se!
Não dá pra saber direito se é o melhor pra todo mundo, ou se o fim do mundo
agora. O que é, o que é? O que é aquilo mesmo não dá pra arriscar, se é uma
patetada troncha pra se rir ou se é presepada pra chorar, não se tomou pé
direito dessa desmantelada. O que se sabe de mesmo é que a coisa é tão
desmesurada que ficou sendo na hora o Bumba do Fecamepa que não dá pra aprumar
a conversa alguma. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS:
[...] Os últimos 2.500 anos testemunharam a
ascensão de poderosas divindades masculinas que dominaram a alma e, não
contentes com a metade do Cosmos e da alma humana, usurparam o lugar da deusa
no esquema das coisas e tentaram destruir-lhe as manifestações exteriores.
[...] As religiões patriarcais triunfaram
exteriormente, impondo à humanidade a sua vontade. Esse período patriarcal, que
vemos hoje estar prestes a se encerrar, viu o desenvolvimento de várias
capacidades da alma humana: o domínio do mundo físico por meio do imperialismo;
a evolução de uma tradição científica materialista vinculada com uma cultura
tecnológica; a exploração e desperdício dos limitados recursos da Terra; e a
organização da agressão na sociedade por intermédio das guerras nacionalistas.
Todos podem identificar o legado desse período de patriarcado polarizado. Mas a
deusa permaneceu conosco. [...].
Trechos
extraídos da obra A deusa tríplice: em
busca do feminino arquetípico (Cultrix, 1989), do escritor escocês Adam McLean. Veja mais aqui.
A ARTE DE ALINE MATHEUS
A arte
da escultora Aline Matheus que
também é bacharel em Direito e atriz formada pela CAL. Em suas obras ela
apresenta o corpo humano como veículo expressivo de sua interioridade, propondo
com isso o resgate do corpo como matéria sensível e reveladora da essência de
cada ser. Ela já realizou exposições nos Estados Unidos e em diversos estados
brasileiros. Entre suas exposições individuais e coletivas, estão Meu corpo será sempre meu corpo (2016),
entre outras. Veja mais aqui.
O VIOLINO VERMELHO
O drama/mistério O
violino vermelho (Le violon rouge/The Red Violin, 1998), dirigido pelo
cineasta franco-canadense François
Girard, percorre três séculos e cinco países enquanto conta a história de
um violino e seus vários donos. Trata de um violino perfeito de 1681, que é
leiloado e com a sua posse envolvendo raiva, traição, amor e sacrifício. Foi
inspirado em um Stradivarius (The Red Mendelssohn, 1720), que hoje é tocado
pela violinista estadunidente Elizabeth Pitcairn, cujo avô o adquiriu para seu
aniversário de 16 anos, em um leilão. A nomeação de violino vermelho se deu por
conta de que ele foi pintado com o sangue da esposa do criador, que morreu
durante o parto, para manter a memória viva da amada do lutier. Veja mais aqui.
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