SERRA DO QUATI, CAPOEIRAS - Imagem:
Serra do Quati/Capoeiras/Raimundo Lourenço. - Nasci na beira do Una, andejo do
dia singrando na vida. Do outro lado o Mundaú vai pra Alagoas, até mais, boa
viagem, eu sigo por conta do Planalto da Borborema para ser o que for feito por
força do querer. Sou meio de rio, águas que de mim são correntezas de sonhos e
anseios. Sou caeté da sina de ontem e vou pelo sítio Imbé, onde a minha raiz
quilombola beija a brisa na minha abissal alegria agreste. Sou do mato viceja
na beira da estrada, sou da mata densa dos bichos da infância, folhas que
matizam as minhas manhãs e tardes, flores que perfumam aonde quer que eu vá. E vou
célere assíduo pelo açude Gurjão, pra ir pro Riacho do Mel, atalhando o Mimoso,
chegando em Maniçoba e de lá seguir pelo Mocambo como quem vai para Alegre
dizer que vou pra Pau Ferro levar as boas novas. Sou desse chão que também sou
e lavo meus os pés no Cajarana porque me batizei no da Pracinha, no Bom
Destino, no do Mel do Meio e no de São Pedro e quero ir pra festa da Praça
quando a noite chegar. E quando alta madrugada meu peito em poesia seguir até a
Serra do Quati, ao reluzir o amanhecer, eu serei o espetáculo: assim como em
cima, é embaixo. O céu, as nuvens, o universo no êxtase das mãos, na chuva a me
banhar, alma lavada na imensidão, a comunhão do meu íntimo: tudo e todas as
coisas, o infinito, mais que a mim mesmo, o prazer de estar cônscio de que há
muito mais do que possa ver, muito além do que consiga enxergar: o prazer de
estar vivo e viver. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
RÁDIO
TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio
Tataritaritatá
especiais com a música do pianista Nelson
Freire:
Bachianas Brasileiras & Alma Brasileira de Villa-Lobos & Estampes de
Debussuy; daq cantora Maria Bethânia: Maricotinha ao vivo, O canto do
Pajé – 25 anos & Pássaro Probido; do violonista e compositor Felipe
Coelho:
Cata Vento, Musadiversa & Telhados; e da cantora, instrumentista e
compositora Ceumar: Dindinha, Silencia, Sempre Viva
& Meu nome. Para conferir é só ligar o
som e curtir.
OS 500 ANOS DE DIOGO DE PAIVA - [...] A história
repercutirá intensamente e, como é de seu costume, sustentará o governo e sua
polícia uma versão que a tudo contraria, desde as evidências até o correto uso
da razão. Porque assim lhes convém. Porque é imperioso que se sepulte com Diogo
de Paiva uma incomensurável quantidade de fatos escabrosos, comprometedores e
altamente incriminadores das elites governantes e influentes do país. Mesmo que
de há muito estes fatos já sejam com conhecimento de toda a população. Mas há
que se manter as aparências. Como tem acontecido desde os tempos do
descobrimento. Ironicamente, o julgamento, a condenação e a execução de Diogo
de Paiva, decidida em secreto e restrito tribunal, são levados a cabo apenas
pelos seus cometimentos recentes, quando atuou como tesoureiro na campanha de
um presidente corrupto que, afinal, perdeu o mandato antes do final. Toda a
vida pregressa de Diogo de Paiva, até por ser desconhecida do tribunal que o
julgou, não é levada em consideração. Enfim, um julgamento inglório e
mesquinho, em total descompasso com a monumentalidade de sua figura. [...] São esses instantes finais, ao lado da jovem
amante, bela em sua quietude de morte, uma faísca de luz em sua cabeça, unindo
sua chegada em 1500 à posse do seu filho em 2003. Nos instantes imediatamente
anteriores ao disparo que lhe atinge o peito, Diogo de Paiva tem uma fugaz
visão do céu nordestino, pela janela do seu quarto que dá para a praia e
constata, com os olhos cheios de luze o coração cheio de ternura, que é o mesmo
céu brilhante de azul que se apresentou às suas vistas naquela manhã em que se
fez menos na frota do Capitão Vicente Yañez Pinzon. Com a alma risonha e com a
certeza de haver cumprido honradamente sua missão na construção e no
estabelecimento do Mundo Novo, entrega sua presença a Deus. Trechos da obra
Memorial do Mundo Novo (Bagaço,
2008), do escritor Luiz Berto. Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
PINTANDO NA PRAÇA
DIA DO PINTOR – Exposição do projeto Pintando na Praça, realização do poeta e artista plástico Paulo
Profeta, na Biblioteca Fenelon Barreto – Palmares – PE. Veja mais
aqui.
SER PERNAMBUCANO – [...] Você foi dizer o que era e terminou como
terminou. Aliás, todas as vezes em que a gente insiste em dizer o que é mesmo,
lasca-se. Posso fazer um pouco de lirismo barato, confessando que para sair
pela tangente? Isto é o tipo de coisa subjetiva e não posso falar pelos outros,
somente por mim, mesmo correndo o risco de que já falei. Mas vamos lá: ser pernambucano
é estar ao lado dos movimentos libertários, é não se conformar com o subdesenvolvimento
da zona rural, é tremer de horror diante dos mocambos e alagados, é não
admitir que os ricos se tornam mais ricos e os pobres mais pobres, é comer os
quitutes da nossa cozinha, é falar mal do Recife e não conseguir desprender-se
dele, é amar e ter inimigos, é pedir ao garçom mais uma dose de Passport. Mas isto
são atributos de qualquer homem em qualquer lugar. E chego a uma conclusão
muito séria: não sei o que é ser pernambucano [...]. Trecho extraído da
obra Agá (Civilização Brasileira,
1974), do escritor, dramaturgo, tradutor e advogado Hermilo
Borba Filho. (1917-1976). Veja mais aqui e aqui.
Veja mais:
Poema em voz alta, Cidadania
& Meio Ambiente, O erotismo de Gerges Bataille, Ciranda dos libertinos de
Marquês de Sade, Decameron de Pasolini, o pensamento de Maryam
Namazie, a escultura de Leroy Transfield, a pintura de Paul Cezzane & Olivia de Berardinis, A mulher suméria, a música de Karina Buhr, Núpcias
do NUA, Estado Imediato, a entrevista de Frederico Baarbosa & o grafite de
Mozart Fernandes aqui.
Rio Una: eu nasci entre um rio e um riso de mulher, A energia espitirual de Henri Bergson, Menino de
Engenho de José Lins do Rego, Poema & Oração do Milho de Cora Coralina, a música de Heitor Villa-Lobos & Nelson Freire, Humor
e alegria da educação de Valéria Amorim Arantes, Improvisação para o
teatro de Viola Spolin, a arte de Grande Otelo, Brincarte
do Nitolino, a pintura de Manuel da Costa Ataíde & Luis Sergio Mafra
aqui.
O corpo dela é o pomar do amor & programa Tataritaritatá aqui.
A psicologia de Pierre Weil, Psicoterapia mente-corporal de
Alexander Lowen & Doro nas eleições aqui.
Os lábios da mulher amada, Crônica de amor por ela & Cantarau Tataritaritatá aqui.
Saúde no Brasil, Fecamepa & Big Shit Bôbras aqui.
Falando de sexo, Isabel Allende & Zine Tataritaritatá aqui.
Saúde no Brasil, HapVida & Derinha Rocha aqui.
Moto perpétuo, a psicologia de Martin Buber & Priscilla Larocca, A essência da
poesia de T. S. Eliot, Hope 2050, A música de Carl
Nielsen & Cecília Zilliacus, a teoria literária de Kenneth Burke, o teatro
de Mário Viana, a arte de Zuzana Vejvodova, Ponto G, a pintura de Rick Nederlof & Francisco Zuniga aqui.
La rebelión de lãs massas de Ortega y Gasset, Eu voltarei ao
sol da primavera de Ascenso Ferreira, a música de Alexander Scriabin,
A função do orgasmo de Wilhelm Reich, O orgasmo de Esperantina, a pintura de Renato Alarcão & Pablo Garat aqui.
&
TODO DIA É DIA DE JESSIE BOUCHERETT
Homenagem à
escritora e ativista inglesa dos direitos das mulheres, Jessie Boucherett
(1825-1905), uma das fundadoras da Society
for Promotying the Training of Women, em 1859; promotora do sufrágio
feminino e apoiadora do Ato de Propriedade das Mulheres Casadas de 1882,
fundadora da Englisgwoman’s Review em
1866, e co-fundadora do Women’s Sufragge
Journal.