A VIDA VAI &
EU VIVO - A vida passa e eu vou espreitando
tudo como quem vai pro fim do mundo: catabis, vielas, rieiras abissais. Seguro
tombo das topadas, deslizo no acostamento, faço a curva pra não escorregar de
besta. Ô seu menino, pronde tu vais mesmo, hem? Saber, na vera, sei não, sei
que vou, teimoso, teimosamente. A vida escorre e eu vou nadando firme como quem
surfa na crista das ondas até a maré secar. Mesmo que sem abraços, mãos
solidárias, estranhas paragens, agouros, presságios, sei que vou escapando, não
sei pra onde. Isso é lá hora pra tu tá por aí, menino? O tempo eu faço, espaço
eu crio, sigo avante. A vida corre e eu vou seguindo trilhas por zis caminhos
até chegar em casa. Mesmo que sempre perdendo o bonde, atrasado trem
impaciente, canelas secas, suor do rosto lavando o espinhaço, mãos calejadas de
nãos e labuta, camibitos que nem cansam mais de tanto correr atrás, sei que
vou, embaixo de chuva, maior tempestade desde ontem, pelas vitrines e vidraças,
correndo bicho, o dia inteiro, rampa acima, ladeira abaixo, sobe desce, olha que
coisa! A Lua está linda! O dia amanhece, que Solzão bonito, chega dá gosto de
ver e sentir. É hoje, agora! A vida vai e eu vivo. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais
com a música do compositor e músico Roberto Menescal: Bossa
evergreen, Elas cantam Menescal & Bossa Nova Live in Concert; da maestrina
e cantora francesa Nathalie
Stutzmann: L’Arlésienne Suite Bizet, An imaginary Cantata
Bach & Concertos Vivaldi; do guitarrista, compositor, produtor e arranjador
musical Robertinho de Recife: Metal
Mania, Robertinho no Passo, Jardim da Infância, Pepperland &
Transcendental; e da pianista Eliane
Rodrigues: Momentos musicais, Étude op. 25 Chopin & Pour
Le Piano Debussy. Para
conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Algumas
vezes, durante discussões abstratas, irritei0me ao escutar me dizerem: “Você
pensa isso porque é mulher”. E eu sabia que a minha única defesa era responder:
“Eu penso porque é verdadeiro”, eliminando assim minha subjetividade.
[...]. Trecho extraído da obra O segundo sexo (Difusão Europeia do Livro,
1970), da escritora,
filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social
francesa Simone de Beauvoir
(1908-1896). Veja mais aqui, aqui & aqui.
MENINO MORTO - [...] Os cadáveres... Eram muitos e feios; e ali
estavam, enfileirados em todas as aléias do cemitério, numa arrumação de
sucessivos dormitórios coletivos. Nunca, em toda minha vida, nem mesmo nos
meses de guerra, estive diante de mortos tão mortos. A maioria fora mobilizada
em pleno furor da rebelião. E daí, talvez, o rictus que se via na face macerada
de quase todos, como se tivessem com raiva de ter morrido. Somente aquele
menino (não mais de oito anos) morrera cândido, de olhos abertos, um começo de
sorriso nos lábios. Os olhos vazios fixavam o céu de chumbo, e as mãos de unhas
sujas e compridas pendiam sobre a laje dura. [...]. Trecho extraído da obra
Tempo de contar (Record, 1985), do
escitor e jornalista Joel Silveira
(1918-2007).
O CAÇADOR - [...] Eu
seria, segundo ele, a testemunha solitária da satisfação do seu “último
desejo”. Assim ardendo em instante e intrigante curiosidade, eu me preparava
para o desfecho daquela aventura, daquela alucinada missão que me fora
atribuída, em carater de ineditismo, e da qual eu extraíra lições que poderiam
alterar minha própria existência. Quando nada, de todo aquele aranzel em que eu
fora apanhado, ficara o sentimento de que todos os seres humanos têm o sagrado
direito de tocar para a frente sua vida intima, a salvo de viscosa interferência
de intrusos. O caçador ia deixar de existir. Graças a Deus. [...]. Trecho
da obra O caçador (Edificante, 2005),
do escritor, advogado e jornalista Amilcar
Dória Matos (1938-2010).
CAETÉS DEVORAM SARDINHA - Na
praia os nativos aguardam o prelado / que nadando vem para o molho pardo, /
sermão já não há, bem há breviário. / Festivos tacapes ao som de chocalos /
eternizam o bispo, canabalizado. Poema de Côdeas de tempo e poema, extraído
da obra Quisera ter a beleza que (Escrituras, 1997), do professor e poeta Sidney Wanderley.
Veja mais aqui.
FALANDO DE HERMILO NA FAMASUL
Parificpando do Congresso
de Educação, Ciência e Cultura: centenário de Hermilo Borba Filho, na
Biblioteca Ascenso Ferreira, promoção da Aemasul/Famasul. Na ocasião falei da
obra teatral, literária e tradução de Hermilo Borba Filho, revendo amigos como
o estimado professor Wilson, Professor Admmauro Gommes, o poetamigo Wilmar
Carvalho, o professor João da Silva, o poetamigo e poeta Gleidstone Antunes, o
poeta, cantor e compositor Zé Ripe e muitos outros. Veja mais aqui.
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&
ARTE DE ISAC
VIEIRA
A arte do artista plástico Isac Vieira, participando do
projeto Pintando na Praça em Palmares & na Casa da Cultura do Recife. Veja mais aqui.