PADRE BIDIÃO
& DR. ZÉ GULU - Padre Bidião
está sempre avexado. Desta feita, amontado no seu disco voador e acompanhado
por seus nove clones – na verdade, dez; mas um se desviou e anda abusando do
livre-arbítrio meio que desgovernado e à revelia do seu comando -, meteu-se
numa pesquisa de atravessar umas duzentas vezes da Groenlância à Terra do Fogo.
Danou-se! Aproveitou a empreitada e insistiu mais outras tantas centenas de
vezes de um pólo a outro, deixando a gente sem entender patavina nenhuma.
Depois disso saiu investigando meridianos, trópicos, percorreu toda linha do
equador, cada um dos continentes, um a um dos mares e oceanos, foi, voltou,
refez o trajeto, zanzou e pela milésima vez deu uma volta ao mundo e estacionou
a aeronave na frente lá de casa. Que é que houve, Padre Bidião? Estava
pesquisando, meu filho. Sim? Estava tirando por mim mesmo o que significava
“Assim como em cima é embaixo”. Ah! E aí? Descobri que a gente tem evoluções e
involuções. Hum?! Que tem coisas visinvisíveis. Como? E que só fechando os
olhos pra saber que tem coisas que são feitas para sentir e não para
compreender, só assim se compreende defenitivamente. O padre estava para lá de
filosófico e eu não conseguia sequer encontrar qualquer nexo no que ele dizia.
Olhou-me e, como se percebesse minhas interrogações diante da sua esfíngica
condução, sorriu-me: Como vai, meu filho? Tudo bem, padre. Parei aqui pra dizer
que na próxima semana vamos nos reunir para começar o fechamento do meu
Evangelho. Certo, padre. Ainda ontem, depois de anos, encontrei aquele seu
amigo, como é mesmo o nome dele? Quem, padre? Aquele intelectual respeitado que
toma uma de emborcar o mundo, como é mesmo o nome dele? O Dr. Zé Gulu? Sim,
esse mesmo. Ainda ontem encontrei ele e fui ter uma conversa achegada a
respeito das encíclias. Quê? Ah, não é nada do que você está pensando que seja,
é que quando eu o encontrei ele dizia que havia abandonado a Filosofia, como é
que pode, né? O Dr. Zé Gulu abandonou a Filosofia? Pois é, foi o que ele disse.
Aí eu peguei no braço dele e rumamos para uma orla fluvial e começamos a contemplar
o movimento das águas. Alguém jogou uma pedra e ficamos calados acompanhando a
formação daquelas ondas circulares que se formavam com o impacto da pedra na
água. Aí nessa hora, uma distinta poeta se aproximou de nós e, tambpem
presenciando aquilo, nos chamou atenção, ao mencionar: Bonito o movimento das
encíclias, né? Eu e o Dr. Zé Gulu nos viramos para ela, admirados, uma bonita
moça: Prazer, Luciah Lopez. Ela nos saudou e saiu tão linda quanto
maravilhosamente chegou. Eu fitei o Dr. Zé Gulu: Como é mesmo que você disse?
Eu havia abandonado a Filosofia, mas agora retomei: a vida é maravilhosa demais
pra gente ser apenas passageiro de entretenimento. E foi-se. Resolvi, então,
pensar mais um pouco e saí zanzando o planeta todo em busca de explicações que
só compreendi quando parei cansadíssimo, desapontado, resolvido a não mais
querer saber de nada, fechei os olhos e abandonei todas as minhas perguntas e
pensamentos, aprendi! É isso. Não entendi nada do que ele disse, só quando ao
se despedir: Tenha um maravilhoso dia, meu filho, Deus te abençoe. E eu que até
então não havia conseguido me ver contemplado de autoridade alguma para
abençoar nada nem a ninguém, respondi: Que Deus abençoe a todos nós. Assim
seja. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais
com a música do cantor, compositor & violeiro Xangai: Estampas eucalol, Qué qui tu
tem canário & Acontecivento; da violinista e regente estadunidense Marin Alsop: Symphony 1
Mahler, Don Juan Strauss & Symphony 4 Saint-Saens; do maestro, violonista
& compositor Antônio
Madureira: Violão, Revisitação dos Santos Reis & Romanças
com Rodolfo Stroeter; da violinista singapurense Vanessa-Mae: Live
Crocus City Hall & Concert Violin Tchaikovsky. Para conferir é só ligar o som e
curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Quando
o jovem vai transpondo as fronteiras da adolescência, tem a sensação de estar
fora do ninho, de querer ter a sua privacidade, o seu canto, o seu mundo, a sua
casa, principalmente depois de algum tempo, vai compartilhar de sua vida. Foi
exatamente assim o que aconteceu comigo, muito embora na casa dos meus pais não
me faltasse nada. [...]. Trecho extraído da obra As dobras do tempo: quase memórias (20-20, 1995), do
escritor, advogado, pesquisador e folclorista Mario Souto Maior (1920-2001). Veja mais aqui e aqui.
CONDIÇÃO MULHER - [...] Mas a mulher é um ente
humano! Tem direitos naturais, sofre e não pode continuar a servir de tapete
para os pés dos homens [...] Toda criança do sexo feminino que nasce é
uma escrava futura. Escrava do pai, do marido ou do irmão. Poucas mulheres de
espíritos fortes resistem aos preconceitos. Quase todas curvam-se medrosamente
diante deles. [...]. Trechos da obra Virgindade
anti-higienica: preconceitos e convenções hipócritas (Autora, 1924), da escritora e militante
feminista Ercília Nogueira Cobra
(1891-?), que assim respondeu aos críticos: [...] Eu poderia se quisesse escrever um livro pornográfico. Para isso, não
precisava imaginação nem estudo. Bastar-me-ia um lápis, um caderno de notas e a
freqüência de certos lugares – nãop pensem que tascas, cabarés ou outros, não!
Mas os grandes hotéis, os grandes chás, os grandes transatlânticos, isto é o
lugar da aristocracia do dinheiro, dos reis do café, alúcar, algodão, etc., que
são também os reis do vicio, da imoralidade, que muita gente só atribui às
coquetes como se as coquetes não fossem regiamente pagas. [...].
PROTESTO DE MULHER - [...] Reclamo
direitos para a mulher porque estou convencida de que todas as desgraças do
mundo procedem desse esquecimentop e desprezo que até agora se fez dos direitos
naturais e imprescritíveis do ser mulher. Reclamo direitos para a mulher porque
é o único meio para que se leve em consideração sua educação e porque da
educação da mulher depende a do homem, em geral, particularmente do homem do
povo. Reclamo direitos para a mulher porque é o único meio de conseguir sua
reabilitação diante da igreja, diante da lei e diante da sociedade, e porque é
necessária essa prebia reabilitação para que os próprios trabalhadores sejam
reabilitados. [...]. Trecho extraído da obra União operária (Perseu Abramo, 2016), da escritora francesa Flora Tristán (1803-1844).
POEMA PARA A MULHER – Eu
não quero teu corpo / eu não quero a tua alma, / eu deixarei intacto o teu ser
a tua pessoa inviolável / Eu quero apenas uma parte neste prazer / A parte que
não te pertence. Poema extraído do livro Poesias completas (Civilização Brasileira, 1971), do
poeta, dramaturgo, engenheiro civil, desenhista, professor e editor Joaquim
Cardozo (1897-1978). Veja mais aqui e aqui.
DIREITOS DA POPULAÇÃO INDÍGENA &
DIVERSIDADE RELIGIOSA
Estarei nesta quarta, 25/10, das 15 às 17hs, conversando
e mediando sobre a temática dos Direitos da População Índigena &
Diversidade Religiosa, com a exibição do filme homônimo & os
curta-metragens Índios no Poder & Do que aprendi com minhas mais velhas,
dentro da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Campus
Palmares do IFPE, que acontecerá até o dia 26/10, numa promoção do Instituto
Federal de Pernambuco (IFPE).
Veja mais:
&
ARTE DE LÉO LUNA
Imagem do
artista plástico Léo Luna - Projeto
Pintando na Praça, Exposição Biblioteca Fenelon Barreto – Palmares – PE. Veja
mais aqui.