VAMOS
APRUMAR A CONVERSA? FALAR DE DEUS – Toda vez que exponho minhas ideias,
seja numa palestra, discurso ou em discussões em sala de aula, curiosamente,
sempre surge da plateia uma mesma e repetida pergunta: - Você acredita em Deus?
Essa é sempre a primeira pergunta que me fazem e, de pronto, eu respondo com
outra indagação: - Se eu sei que existe, preciso acreditar? O interessante é
que, com esse meu questionamento, o papo não evolui. E fica nisso mesmo. Isso começou
a surgir depois da polêmica apresentação do meu texto teatral A viagem noturna do sol (1983) e,
ficou mais aguda, depois que eu publiquei o meu primeiro livro infantil O reino encantado de todas as coisas
(Bagaço, 1992), o qual recebeu certa rejeição por parte das escolas
confessionais, sob a alegação de que eu estava brincando de Deus na história.
Pode até ser, todavia não era esse o meu intuito. Primeiro porque no universo
infantil tudo é possível; e segundo, eu apenas começo contando como se
desenvolve o processo de criação. Contudo, nunca tive a oportunidade de
explicar bem isso. Nem talvez seja interessante, porque, a meu modesto ver, há
muito equívoco a respeito. Já vi muito padre, pastor, teólogo ou religioso
dizer muita besteira sobre. Tal como eles, já li a Bíblia, como li os Vedas, o
Mahabarata, o Alcorão, entre outros livros tidos como bases religiosas e
filosóficas, o que me fez não ter filiação nem professar nenhuma crença,
nutrindo simpatias, confesso, com o Zen-Budismo, o Taoísmo e com os Quackers. Mais
nada. Entretanto, a minha ideia a respeito se alinha com O guardador de rebanhos de Fernando
Pessoa: [...] Mas se Deus é as flores e
as árvores e os montes e sol e o luar, então acredito nele, então acredito nele
a toda a hora, e minha vida é toda uma oração e uma missa, e uma comunhão com os
olhos e pelos ouvidos [...]. Isso quer dizer que tenho na minha essência
interior, toda uma comunhão com tudo e todos os seres, o que me faz ter a
sensação de que todos nós somos apenas um e tudo, dentro da nossa finitude. Essa
é a sensação que tenho desde que entendo por gente: uma harmonização com tudo e
todos os seres e coisas, que foi criada em mim por verdadeira comunhão. E isso
é o que pra mim é de real valor. Por isso sempre entoo Se eu quiser falar com Deus, de Gilberto Gil, como uma prática
dialógica entre eu e todas as coisas e, por consequência, Deus. É isso o que
sempre digo a qualquer pessoa que me chega querendo aprofundar o papo que sempre
fica em suspenso nas ocasiões públicas. Inclusive, esta semana, em conversa animadíssima com a poetamiga
Luciah Lopez, ela me perguntou: - E afinal, o que é Deus? De pronto eu
respondi: - É o que você entende de você mesma sobre o que você é. É isso. E
vamos aprumar a conversa aqui.
PICADINHO
Female nude, do pintor alemão Leopold Schmutzler (1864-1840).
Curtindo
Pat Metheny JazBaltica Project Salzau Germany 2003.
JÁ
DIZIA O VELHO E BOM JUNG
– No livro Psicologia e alquimia
(1944 – Vozes, 1998), do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), encontro a acertada dica: “Um consciente inflado é sempre egocêntrico e
nada perceba, a não ser a sua própria existência... encontra-se hipnotizado por
si mesmo e, consequentemente, não há como argumentar com ele. Atira-se
inevitavelmente em direção a calamidades que, certamente, o atingirão de
maneira mortal”. Sabedor disso, exercito a sagrada compreensão. Veja mais
aqui e aqui.
ENSINANÇAS
DO CARRERO - No livro Os segredos da ficção (Agir, 2005), do premiado
escritor, crítico, editor e jornalista pernambucano Raimundo Carrero, ele começa com a firmação “Nenhuma grande obra nasce do acaso”. E mais adiante cita Truman
Capote na introdução: “Ali, ele dizia que
um dia começou a escrever sem saber que estava se escravizando para o resto da
vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Diz que Deus nos dá um do – este dom,
aliás, é dado a todo vivente – homem ou mulher -, porque todos possuímos dons
para tudo. Para Capote, era divertido, no princípio. Deixou de ser quando
descobriu que a diferença entre o que está bem e o que está mal escrito, entre
o que está muito bem escrito e a verdadeira arte é sutil”. Olhe lá, lição a
se aprender. Veja mais aqui, aqui e aqui.
QUEM
AMA CORRE O RISCO DE NÃO SER FELIZ
– Esse é o exemplo deixado pelo poeta maldito Charles Baudelaire (1821-1867), que com suas poesias requintadas,
fogosas e mórbidas, de incomparável poder de expressão, harmonia sutil e
sugestiva com relevo pela riqueza das imagens, intensidade da expressão e
originalidade da harmonia verbal, era profundamente apaixonado por uma atriz e dançarina
negra haitiana de teatro de Paris, Jeanne Duval, alcoólatra contumaz, semi-analfabeta
e que o desprezava. Ela tornou-se musa e companheira do poeta quando se
conheceram em 1842, ocasião que ela deixava o Haiti pela França, a partir
disso, ele adota a elegância de um dandi e relaciona-se com ela, a sua "Vênus
Negra" e cai nas mãos dos usurários, com o que se iniciam as preocupações
econômicas que o atormentaram durante toda a sua vida. Começa compor, então,
nessa época as primeiras obras do que viria a ser a reunida na sua obra prima poética
"Fleurs du Mal". Escandalizada por seu comportamento, a sua família
move-lhe um processo judicial em 1844, que tem como consequência a limitação
dos bens e uma uma modesta pensão mensal - a partir daí ele começa a viver
miseravelmente. Veja mais aqui e aqui.
A
POESIA & A ORIGEM DA TRAGÉDIA E DA COMÉDIA – No livro Poética, do filósofo grego Aristóteles (384 a.C. -
322 a.C.),encontro que: A tragédia
nasceu, inicialmente, do improviso (ela e a comédia; aquela a partir dos
autores do ditirambo; essa dos cantos fálicos, que ainda hoje, continuam a ter
aceitação em muitas cidades), aumentou pouco a pouco, à medida que progrediu o
que manifestamente lhe era próprio, e, depois de experimentar muitas
modificações tomou forma definitiva, assim que atingiu a plenitude. [...] Quanto ao número de atores, foi Ésquilo o
primeiro a passa-lo de um a dois, a diminuir a parte do coro e a dar a primazia
à parte falada; Sófocles acrescentou o terceiro ator e os cenários. [...] A comédia é, como dissemos, a imitação de
caracteres inferiores, não em todos os seus defeitos, mas apenas na parte
ridícula do vício. [...]. Veja mais aqui e aqui.
CONTE DE
PRINTEMPS – A comédia romântica Conte de printemps (Conto da Primavera, 1990), do cineasta,
crítico de arte, roteirista e professor francês Eric Rohmer (1920-2010),
conta a história de uma professora de filosofia um tanto temperamental, mas de espírito
aberto, quando seu noivo está para viajar e ela não quer ficar no apartamento
dele. Como alugou o seu próprio apartamento para uma prima, ela acaba por
aceitar o convite de uma estudante de música que conheceu numa festa, para
dormir na sua casa. Ela instala-se no quarto do pai da anfitriã, que por sua
vez passa todas as noites com a namorada. A anfitriã conta pra ela a história
do desaparecimento do seu colar e da suspeita de que a namorada do pai o tenha
roubado. Mais tarde todos encontram-se no jantar numa casa de campo, onde as
confusões serão desbaratadas e as suspeitas esclarecidas. O destaque do filme
vai para a atriz francesa Florence Darel. Veja mais aqui e aqui.
AS
PREVISÕES DO DORO PARA 2016
– As previsões para 2016 do mestre Dorus está bombando na rede. Além de trazer
as orientações de procedimentos quanto ao amor, saúde e dia a dia de cada
signo, o cara-de-pau ainda dá de troco duas simpatias: a da virada do ano e a
Tiro e Queda. Aproveite para conferir e dar boas risadas aqui.
IMAGEM DO DIA
Ativista venezuelana
Jacqueline Saburido
Garcia que participou de campanha publicitária contra bebidas alcoólicas e que,
em 19 de setembro de 1999,
enquanto voltava de carro para casa, com dois amigos, sofreu um acidente com um
rapaz embriagado. Os dois amigos de Jacqueline morreram. Ela, por causa da
explosão e do incêndio, durante 45 segundos sofreu queimaduras que a deixaram
com quase 60% do corpo deformado. Nos anos seguintes, ela não se desanimou e
fundou uma associação para sensibilizar todos os jovens contra as bebidas
alcoólicas, e sobretudo para que não conduzam veículos automotivos quando
estiverem embriagados.
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada ao Dia da
Bondade: que prevaleça a paz e a compreensão no coração humano.
LEITORA TATARITARITATÁ