DITOS & DESDITOS - Poucos entre nós são
sábios o suficiente para saber o quão pouco sabemos. A ignorância das
limitações é esperada de todo aquele que não vê além de si mesmo. O homem sábio, por
outro lado, alcança uma medida de autotranscendência: ele vê além de si mesmo,
até mesmo além do seu ambiente. Sabendo muito mais do que todos nós, ele
compara seu conhecimento com o que poderia ser conhecido e confessa não saber
quase nada. Um indivíduo tão raro pesa seu
conhecimento finito na balança da verdade infinita, e sua consciência de suas
limitações lhe diz para nunca dominar os outros. Tal pessoa
renunciaria a qualquer posição de governo autoritário que lhe pudesse ser
oferecida ou, se acidentalmente se encontrasse em tal posição, abdicaria –
imediatamente!... Pensamento do economista estadunidense Leonard
Read (1898-1983), ao se referir sobre um fato anedótico ocorrido nos primeiros
anos da década de 1940, logo depois que Mises veio da Europa para a América. Ele estava jantando com
Leonard Read e alguns outros defensores do livre mercado quando um deles lhe
perguntou, quando a noite estava chegando ao fim, o que ele faria se fosse
nomeado ditador dos EUA, num tempo que estava repleto de ditadores como Hitler
e Stalin. A sua resposta imediata foi dizer “Eu abdicaria!” As razões pelas quais
ele fez isto são interessantes porque, à primeira vista, pode parecer que um
ditador como ele poderia de fato fazer algum bem antes de ser levado pela
polícia por interferir no esforço de guerra. Não poderia ele emitir decreto após
decreto desregulamentando a economia, perdoando os comerciantes do mercado
negro da prisão, usando o seu escritório para transmitir conversas na rádio
sobre os benefícios do mercado livre, e assim por diante. Talvez ele tenha
percebido que, dado o estado de pensamento do país naquela época sobre a
necessidade e a justiça das regulamentações econômicas, qualquer coisa que
fizesse no cargo seria uma perda de tempo. Mises percebeu que seria preciso primeiro
vencer a batalha de ideias antes de poder colocar em prática uma reforma
econômica duradoura. Outra ideia deve ter sido a de que o poder
político dos interesses instalados que beneficiavam de regulamentações,
contratos e subsídios governamentais era tão grande que poderiam travar um
contra-ataque muito potente a quaisquer reformas que ele pudesse introduzir
enquanto ditador. No entanto, há também o argumento moral que deve
ter passado pela sua mente, de que ser um ditador de qualquer tipo era em si
uma violação dos direitos de outras pessoas. Assim, Mises não apenas abdicaria de altos
cargos políticos, mas também da própria ideia de governo de uma pessoa sobre
outra. Esta história sobre Mises deve ser lida juntamente com uma história
semelhante que Frédéric Bastiat escreveu 100 anos antes, em 1847, “O Utópico”. Bastiat imagina-se como
o ditador econômico de França e descreve todas as reformas radicais que planeia
introduzir antes de recuar ao perceber que o povo francês não partilhava as
suas opiniões sobre o mercado livre e nunca o apoiaria. Então ele renunciou
imediatamente. O economista crioou a Foundation for Economic Education
(FEE) e escreveu, entre outros tantos livros, o conhecido “Eu, lápis”. É a ele atribuídas
frases como: Sempre que impomos decisões de uma fonte única para
guiar milhões de decisões tomadas de forma individual temos caos.
ALGUÉM FALOU: Embora eu
tenha enfrentado muitos obstáculos como mulher, me recuso a deixar que isso me
desencoraje. Continuarei a lutar pela igualdade e representação... O
mundo está cheio de histórias esperando para serem contadas. Sou apaixonado por
procurar essas vozes e amplificá-las através do cinema... Pensamento da
atriz e cineasta inglesa Ida Lupino (1918-1995). Veja mais aqui e aqui.
MEMENTO MORI - Respice post te. Hominem te esse memento. Memento mori! Ou seja:
Olhe para trás. Lembre-se de que você é mortal. Lembre-se de que
você deve morrer! (Veja mais aqui, aqui e aqui). O escritor Tolstoi a
respeito menciona: Memento mori – lembre-se da morte! Estas são palavras
importantes. Se tivéssemos em mente que em breve morreremos inevitavelmente,
nossas vidas seriam completamente diferentes. Se uma pessoa sabe que morrerá em
meia hora, certamente não se preocupará em fazer coisas triviais, estúpidas ou,
principalmente, ruins durante essa meia hora. Talvez você ainda tenha meio
século antes de morrer. O que torna isso diferente de meia hora? (Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Annie Ernoux expressa: Salvando algo do
tempo em que nunca mais seremos... (Veja mais aqui, aqui e aqui). Já Emil
Cioran: Cada
vez que deixo de pensar na morte, tenho a impressão de estar trapaceando, de
decepcionar alguém em mim...(Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui). O escritor Salman Rushdie: Com a
morte vem a honestidade... (Veja mais aqui e aqui) Margaret
Atwwod: Não importa o quanto você tenha sido avisado, a
morte sempre chega sem bater. Porque agora? É o choro. Porque tão cedo? É o
choro de uma criança sendo chamada para casa ao anoitecer... (Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui) E, por fim, Yann Martel: Minha vida é como
uma pintura memento mori da arte europeia: há sempre uma caveira sorridente ao
meu lado para me lembrar da loucura da ambição humana... (Veja mais aqui).
LIVRO DE RECEITAS - [...] A experiência nunca
é a preço de banana. [...] No cardápio deve haver um clímax e uma
culminação. Venha com cuidado. Um será suficiente [...] A
doença às vezes deixa a mente livre para vagar e supor. [...]. Trechos extraídos
da obra Cookbook (Harper Perennial, 2010), da
escritora estadunidense Alice B. Toklas (1877-1967). Veja mais aqui e aqui,
CINCO POEMAS - essas pedras \ e mais um movimento \ porém mais
leve, \ não há mais nenhuma cor \ que esconda \ apenas pedras e leves
movimentos \ (fecho as janelas do apartamento). II - Sob salgueiros podados
crianças de cobre brincam \ e folhas brotam, trombetas soam. Cemitério sombrio \
Plumas escarlates entre as tristezas dos bordos \ Cavaleiros através dos
centenários, moinhos vazios\ Ou pastores que cantam à noite e veados \ que vêm
à fogueira. Velhas tristezas na floresta \ Dançarinos diante de uma parede
negra \ Plumas escarlates, risos, loucura. Trombetas. III - Meus olhos azuis
sumiram dos olhos \ O ouro escarlate do coração \ Oh minhas velas, como queimam taciturnas! \ Um casaco azul me
envolve enquanto afundo. Você, \ sua boca encarnada que segura a noite. IV - a
sombra em chamas, minha sombra em chamas, as cores \ do rosto agora claras,
todas as sombras em chamas, cores afogadas de muitos rostos rostos claros,
agora claros, agora\ V – EI: As horas tocam o vento \ e o coração é um anjo
cansado. O céu \ parece um cachorro preto. 2 - O palhaço tem braços redondos \e
com gestos sorridentes \ dança no relógio. O cachorro não abre a boca \ quando
come os minutos. 3 - o coração é um anjo tonto \ com cabelo molhado na boca. Poema do escritor e dramaturgo norueguês Jon
Fosse. Veja mais aqui.