ARTEVISMO DIÁRIO...
– Um sonho nasceu do nada: é isso que eu quero! Surgiu do estalo, feito clique! Foi o aperto
do botão, virou o motor pra combustão, pei bufe! Acelerou pro ronco, engatou barulhada,
virou tudo de ponta cabeça – é só desmantelo, tensão e furores. Um ano depois,
parece que foi ontem: a coisa tomou vulto: é isso mesmo! Lá se vão três anos e
a conta não fecha: segura o baque, deixa baixar a poeira. Passam quatro e vira
baticum: se está no escuro, deixa o dia clarear. Não olhe pros talhos, esqueça
as feridas. Já se vão cinco, seis e mais zoom: bate nos peitos e solte os
rojões, segue o moral que o jogo é de campeonato! Ad infinitum, das tripas
coração... Dez anos depois: o sonho reiterou! Tomou fôlego e se renovou em si:
está no sangue e por todas as veias, vísceras, suores. É nessa que eu vou! E seguiu
o batente que é profissão, todo empolgado - não dá pra vacilar! Recomeça direito,
desata nós – se tiver munganga, melhor sem trejeito, de través no retrós. Vinte
anos completados: o sonho é quase rebeldia. E mete as catanas, valsa e bailado –
só no maior gingado e chega pra lá! Vem mais pra cá, na marra, e é isso sim e é
isso não! Trinta anos se vão nessa pisada: o sonho é persistência! É pra
endireitar o que está entronchado! Feito e refeito dos pés à cabeça. Quarenta anos
se passaram: não é mais sonho – é teimosia! Será que tomou jeito? É só remendar
– nada de gambiarra, salve o monstrengo! Dos que se foram, saudades! A vida
passa nesse tanto pelejar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - Se você não encontrar o livro que deseja nas estantes,
escreva-o. Nada no mundo inteiro parecia tão bom quanto ser capaz de fazer algo
a partir de uma ideia repentina. Não pare agora. Vá em frente! Sejam leitores
por toda a vida. E não se esqueça, bibliotecários e professores podem ajudá-lo
a encontrar os livros certos para ler. As crianças devem aprender que ler é um
prazer e não apenas algo que os professores obrigam a fazer na escola.
Pensamento da escritora estadunidense Beverly Cleary (1916-2021). Veja
mais aqui.
ALGUÉM FALOU:
Eu só faço
coisas que amo e amo tudo que faço... Pensamento
da historiadora britânica Lisa Jardine (1944-2015), autora
do estudo Ainda insistindo nas filhas: mulheres e drama na era de
Shakespeare (Columbia University Press, 1989).
NO LADO
ENSOLARADO DA RUA – [...] Provavelmente é natural que uma pessoa se apegue
aos lugares de sua infância e juventude... Talvez porque neles, como num
espelho, como na superfície de um lago, a sua imagem seja captada naqueles anos
em que você era feliz... E se esse espelho não estiver mais aí? Se aquelas ruas e edifícios, árvores e
pessoas que se lembravam de você desaparecessem da face da terra? Isso está errado, você sabe... As cidades
deveriam viver muito mais que as pessoas. Devem mudar gradual e majestosamente, ser
construídos minuciosamente e sem pressa, as ruas e praças devem ser nomeadas de
uma vez por todas, os monumentos devem permanecer inabaláveis... É mau quando a
memória humana sobrevive à memória da cidade...
[...]
Depois disso, fale sobre encontros aleatórios. Não há nada de acidental onde os caminhos
humanos serpenteiam e se cruzam. [...] Preste atenção,
Verunya, qualquer revolução traz não só libertação, mas também morte, fome e
tristeza. [...] É um país escuro nas ruas [...]. Trechos
extraídos da obra No lado ensolarado da rua (Russian Booker, 2006), da
escritora israelente Dina
Rúbina.
JACINTA PASSOS - No livro Jacinta Passos,
coração militante: poesia, prosa, biografia, fortuna crítica (EdUFBA,
2010), organizado por Janaina Amado, reunindo a obra literária escritora e
jornalista baiana Jacinta Passos (1914-973), destaco inicialmente a Canção do
amor livre: Se me
quiseres amar / não despe somente a roupa. / Eu digo: também a crosta / feita
de escamas de pedra / e limo dentro de ti, / pelo sangue recebida / tecida / de
medo e ganância má. / Ar de pântano diário / nos pulmões. / Raiz de gestos
legais / e limbo do homem só / numa ilha. / Eu digo: também a crosta / essa que
a classe gerou / vil, tirânica, escamenta. / Se me quiseres amar. / Agora teu
corpo é fruto. / Peixe e pássaro, cabelos / de fogo e cobre. Madeira / e água
deslizante, fuga / ai rija / cintura de potro bravo. / Teu corpo. / Relâmpago,
depois repouso / sem memória, noturno. Também
o poema A missão do poeta: No instante inicial da criação, / quando o
mundo acabava de sair / das mãos de Deus, / e quando as coisas todas palpitavam
/ quentes ainda do seu sopro criador, / escutou-se o primeiro cântico, na
terra, / glorificando o Senhor. / Canta / o poeta porque seu destino é cantar.
/ Cantar o mesmo canto que irrompeu / dos lábios do primeiro homem criado, / ante
a maravilhosa visão da beleza. / da esplêndida harmonia universal. / Cantar ao
Senhor, / bendizendo a divina perfeição, / bendizendo o amor infinito / que
transbordou, criando as criaturas. / Canta o poeta, / a glória e o sofrimento
do universo. / Canta por todas as criaturas, / que não sabem cantar. / Aprende
/ a realidade íntima das coisas, / o mistério que liga os seres todos, / numa
unidade essencial, / e canta / as belezas dispersas pelo mundo, / fragmentos da
beleza total. / Sente / a harmonia quebrada do universo, / a desordem
estabelecida / pelo egoísmo do homem, / e canta / a angústia da alma humana que
procura / o paraíso perdido. / Sofre / a dureza de sua própria resistência / e
canta / o fundo e permanente sofrimento / para atingir o estado interior, / quando,
de dentro d'alma irrompe, límpido / puro, o canto único, / que eleva as coisas
todas para o alto / glorificando o Senhor. / Canta / o poeta porque seu destino
é cantar. O belíssimo poema Eu
serei poesia: A poesia está em mim mesma e para além de mim mesma. / Quando
eu não for mais um indivíduo, / eu serei poesia. / Quando nada mais existir
entre mim e todos os seres, / os seres mais humildes do universo, / eu serei
poesia. / Meu nome não importa. / Eu não serei eu, eu serei nós, / serei poesia
permanente, / poesia sem fronteiras. Por fim, a sua Canção da Liberdade: Eu
só tenho a vida minha. / Eu sou pobre, pobrezinha, / tão pobre como nasci, / não
tenho nada no mundo, / tudo o que tive, perdi. / Que vontade de cantar: / a
vida vale por si. / Nada eu tenho neste mundo, / sozinha! / Eu só tenho a vida
minha. / Eu sou planta sem raiz / que o vento arrancou do chão, / já não quero
o que já quis, / livre, livre o coração, / vou partir para outras terras, / nada
mais eu quero ter, / só o gosto de viver. / Nada eu tenho neste mundo, / sozinha!
/ Eu só tenho a vida minha. / Sem amor e sem saúde, / sem casa, nenhum limite,
/ sem tradição, sem dinheiro, / sou livre como a andorinha, / sua pátria é o
mundo inteiro, / pelos céus cantando voa, / cantando que a vida é boa. / Nada
eu tenho neste mundo, / sozinha! / Eu só tenho a vida minha. Veja mais
aqui.
BÁRBARA HELIODORA: A POETA HEROÍNA DA INCONFIDÊNCIA – A poeta, mineradora
e ativista política brasileira Bárbara
Heliodora Guilhermina da Silveira
(1759-1819) – A Heroína da Inconfidência Mineira -, vivia maritalmente com o
poeta Alvarenga Peixoto, participando juntos do evento histórico da
Inconfidência Mineira. Com a condenação do marido como infame e banimento para
Angola, na qual viria a morrer, ela passou a morar com seus filhos e uma irmã,
na vila de Campanha da Princesa, entre a sede e o arraial de São Gonçalo do
Sapucaí. Registra-se que ela com o propósito de se livrar da ameaça de
sequestro e execução, vendeu os bens que lhe restavam, numa manobra para que
ela fosse declarada demente e a escritura fosse anulada, muito embora, tivesse
seus bens sequestrado pela Coroa, conseguindo alienação apenas de uma parte
deles. Ela se manteve em suas atividades de mineradora e agricultura até sua
morte, sendo atribuídos diversos poemas, o que fazem dela a primeira poeta do
Brasil e a primeira militante política do país. Veja mais aqui e aqui.
TEN – O drama biográfico e documentário iraniano
Ten (Dez, 2002), dirigido por Abbas
Kiarostami e roteirizado pelo diretor e Mohsen Makhmalbaf, conta a história de
seis iranianas ao longo de dez episódios contadas no carro de uma jovem mulher,
com quem pegam carona. Por ser
divorciada e viver um segundo casamento, o filho do primeiro marido condena seu
descumprimento do código moral do Irã. O destaque do filme é para a atriz e
diretora iraniana Mania Akbari. O filme
foi proibido no Irã, em 2008, por
ser considerado um filme ativista e feminista, a favor dos direitos das
mulheres, algo proibido pelo Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos; entretanto,
várias fitas cassetes gravadas foram vendidas ilegalmente e, apesar disso, a
ONU aprovou o filme e a imprensa internacional declarou um dos cem melhores
filmes da história. Veja mais aqui, aqui e aqui.
PROGRAMA
TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar
todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e
radialista Meimei Corrêa na Rádio
Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aqui. Hoje é dia do Programa Tataritaritatá, a
partir das 21 horas, com apresentação de Meimei Corrêa. Na programação: Ozi dos Palmares, Emerson,
Lake & Palmer, Nando Lauria, Lenine, Chico Buarque, Beth Carvalho, Milton
Nascimento, Sônia Mello, Quinteto Armorial, Ibys Maceioh, Célio Matos, Carlos
Miúdo, Sóstenes Lima, Mirianês Zabot & muito mais! Imperdível! Serviço: O que? Programa Tataritaritatá.Quando? Hoje, terça-feira, 9 de setembro, a partir
das 21 horas.Onde? Aqui no blog. É só acessar e curti!!! Apresentação: Meimei Corrêa. Confira
online aqui.
Veja mais sobre:
O Trabalho da Mulher aqui.
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Tzvetan Todorov, Oduvaldo Vianna Filho, Os epigramas de Marcial, Jacques
Rivette, Frédéric Chopin & Artur Moreira Lima, Sandro Botticelli, Carmen
Silvia Presotto & Egumbigos no país dos invisíveis aqui.
Fecamepa, Psicologia Escolar,
Sonhoterapia, Direito & Família Mutante aqui.
O Monge & o executivo,
Neuropsicologia, Ressocialização Penal &Educação aqui.
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Homossexualidade e Educação Sexual aqui.
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Direito Ambiental & Psicologia Escolar aqui.
Federico Garcia Lorca aqui.
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Levando os direitos a sério de Ronald
Dworkin aqui.
A luta pelo direito de Rudolf Von Ihering
aqui.
Abuso sexual, Sonhos lúcidos,
Antropologia & Psicologia Escolar aqui.
Cândido ou o otimismo de Voltaire aqui.
A liberdade de Espinosa aqui.
Cantarau Tataritaritatá: vamos aprumar a
conversa aqui.
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mulher na História aqui.
Todo dia é dia
da mulher aqui.
A croniqueta de
antemão aqui.
Palestras:
Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros Infantis
do Nitolino aqui.
&
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Reclining
Nude On A Draped Sofa, do
pintor russo Sergei Smenovich Egornov
(1860-1920).
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.