terça-feira, setembro 09, 2014

DINA RÚBINA, BEVERLY CLEARY, LISA JARDINE & JACINTA PASSOS

 

ARTEVISMO DIÁRIO... – Um sonho nasceu do nada: é isso que eu quero!  Surgiu do estalo, feito clique! Foi o aperto do botão, virou o motor pra combustão, pei bufe! Acelerou pro ronco, engatou barulhada, virou tudo de ponta cabeça – é só desmantelo, tensão e furores. Um ano depois, parece que foi ontem: a coisa tomou vulto: é isso mesmo! Lá se vão três anos e a conta não fecha: segura o baque, deixa baixar a poeira. Passam quatro e vira baticum: se está no escuro, deixa o dia clarear. Não olhe pros talhos, esqueça as feridas. Já se vão cinco, seis e mais zoom: bate nos peitos e solte os rojões, segue o moral que o jogo é de campeonato! Ad infinitum, das tripas coração... Dez anos depois: o sonho reiterou! Tomou fôlego e se renovou em si: está no sangue e por todas as veias, vísceras, suores. É nessa que eu vou! E seguiu o batente que é profissão, todo empolgado - não dá pra vacilar! Recomeça direito, desata nós – se tiver munganga, melhor sem trejeito, de través no retrós. Vinte anos completados: o sonho é quase rebeldia. E mete as catanas, valsa e bailado – só no maior gingado e chega pra lá! Vem mais pra cá, na marra, e é isso sim e é isso não! Trinta anos se vão nessa pisada: o sonho é persistência! É pra endireitar o que está entronchado! Feito e refeito dos pés à cabeça. Quarenta anos se passaram: não é mais sonho – é teimosia! Será que tomou jeito? É só remendar – nada de gambiarra, salve o monstrengo! Dos que se foram, saudades! A vida passa nesse tanto pelejar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Se você não encontrar o livro que deseja nas estantes, escreva-o. Nada no mundo inteiro parecia tão bom quanto ser capaz de fazer algo a partir de uma ideia repentina. Não pare agora. Vá em frente! Sejam leitores por toda a vida. E não se esqueça, bibliotecários e professores podem ajudá-lo a encontrar os livros certos para ler. As crianças devem aprender que ler é um prazer e não apenas algo que os professores obrigam a fazer na escola. Pensamento da escritora estadunidense Beverly Cleary (1916-2021). Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Eu só faço coisas que amo e amo tudo que faço... Pensamento da historiadora britânica Lisa Jardine (1944-2015), autora do estudo Ainda insistindo nas filhas: mulheres e drama na era de Shakespeare (Columbia University Press, 1989).

 

NO LADO ENSOLARADO DA RUA – [...] Provavelmente é natural que uma pessoa se apegue aos lugares de sua infância e juventude... Talvez porque neles, como num espelho, como na superfície de um lago, a sua imagem seja captada naqueles anos em que você era feliz... E se esse espelho não estiver mais aí? Se aquelas ruas e edifícios, árvores e pessoas que se lembravam de você desaparecessem da face da terra? Isso está errado, você sabe... As cidades deveriam viver muito mais que as pessoas. Devem mudar gradual e majestosamente, ser construídos minuciosamente e sem pressa, as ruas e praças devem ser nomeadas de uma vez por todas, os monumentos devem permanecer inabaláveis... É mau quando a memória humana sobrevive à memória da cidade... [...] Depois disso, fale sobre encontros aleatórios. Não há nada de acidental onde os caminhos humanos serpenteiam e se cruzam. [...] Preste atenção, Verunya, qualquer revolução traz não só libertação, mas também morte, fome e tristeza. [...] É um país escuro nas ruas [...]. Trechos extraídos da obra No lado ensolarado da rua (Russian Booker, 2006), da escritora israelente Dina Rúbina.

 

JACINTA PASSOS - No livro Jacinta Passos, coração militante: poesia, prosa, biografia, fortuna crítica (EdUFBA, 2010), organizado por Janaina Amado, reunindo a obra literária escritora e jornalista baiana Jacinta Passos (1914-973), destaco inicialmente a Canção do amor livre: Se me quiseres amar / não despe somente a roupa. / Eu digo: também a crosta / feita de escamas de pedra / e limo dentro de ti, / pelo sangue recebida / tecida / de medo e ganância má. / Ar de pântano diário / nos pulmões. / Raiz de gestos legais / e limbo do homem só / numa ilha. / Eu digo: também a crosta / essa que a classe gerou / vil, tirânica, escamenta. / Se me quiseres amar. / Agora teu corpo é fruto. / Peixe e pássaro, cabelos / de fogo e cobre. Madeira / e água deslizante, fuga / ai rija / cintura de potro bravo. / Teu corpo. / Relâmpago, depois repouso / sem memória, noturno. Também o poema A missão do poeta: No instante inicial da criação, / quando o mundo acabava de sair / das mãos de Deus, / e quando as coisas todas palpitavam / quentes ainda do seu sopro criador, / escutou-se o primeiro cântico, na terra, / glorificando o Senhor. / Canta / o poeta porque seu destino é cantar. / Cantar o mesmo canto que irrompeu / dos lábios do primeiro homem criado, / ante a maravilhosa visão da beleza. / da esplêndida harmonia universal. / Cantar ao Senhor, / bendizendo a divina perfeição, / bendizendo o amor infinito / que transbordou, criando as criaturas. / Canta o poeta, / a glória e o sofrimento do universo. / Canta por todas as criaturas, / que não sabem cantar. / Aprende / a realidade íntima das coisas, / o mistério que liga os seres todos, / numa unidade essencial, / e canta / as belezas dispersas pelo mundo, / fragmentos da beleza total. / Sente / a harmonia quebrada do universo, / a desordem estabelecida / pelo egoísmo do homem, / e canta / a angústia da alma humana que procura / o paraíso perdido. / Sofre / a dureza de sua própria resistência / e canta / o fundo e permanente sofrimento / para atingir o estado interior, / quando, de dentro d'alma irrompe, límpido / puro, o canto único, / que eleva as coisas todas para o alto / glorificando o Senhor. / Canta / o poeta porque seu destino é cantar. O belíssimo poema Eu serei poesia: A poesia está em mim mesma e para além de mim mesma. / Quando eu não for mais um indivíduo, / eu serei poesia. / Quando nada mais existir entre mim e todos os seres, / os seres mais humildes do universo, / eu serei poesia. / Meu nome não importa. / Eu não serei eu, eu serei nós, / serei poesia permanente, / poesia sem fronteiras. Por fim, a sua Canção da Liberdade: Eu só tenho a vida minha. / Eu sou pobre, pobrezinha, / tão pobre como nasci, / não tenho nada no mundo, / tudo o que tive, perdi. / Que vontade de cantar: / a vida vale por si. / Nada eu tenho neste mundo, / sozinha! / Eu só tenho a vida minha. / Eu sou planta sem raiz / que o vento arrancou do chão, / já não quero o que já quis, / livre, livre o coração, / vou partir para outras terras, / nada mais eu quero ter, / só o gosto de viver. / Nada eu tenho neste mundo, / sozinha! / Eu só tenho a vida minha. / Sem amor e sem saúde, / sem casa, nenhum limite, / sem tradição, sem dinheiro, / sou livre como a andorinha, / sua pátria é o mundo inteiro, / pelos céus cantando voa, / cantando que a vida é boa. / Nada eu tenho neste mundo, / sozinha! / Eu só tenho a vida minha. Veja mais aqui.

BÁRBARA HELIODORA: A POETA HEROÍNA DA INCONFIDÊNCIA – A poeta, mineradora e ativista política brasileira Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira (1759-1819) – A Heroína da Inconfidência Mineira -, vivia maritalmente com o poeta Alvarenga Peixoto, participando juntos do evento histórico da Inconfidência Mineira. Com a condenação do marido como infame e banimento para Angola, na qual viria a morrer, ela passou a morar com seus filhos e uma irmã, na vila de Campanha da Princesa, entre a sede e o arraial de São Gonçalo do Sapucaí. Registra-se que ela com o propósito de se livrar da ameaça de sequestro e execução, vendeu os bens que lhe restavam, numa manobra para que ela fosse declarada demente e a escritura fosse anulada, muito embora, tivesse seus bens sequestrado pela Coroa, conseguindo alienação apenas de uma parte deles. Ela se manteve em suas atividades de mineradora e agricultura até sua morte, sendo atribuídos diversos poemas, o que fazem dela a primeira poeta do Brasil e a primeira militante política do país. Veja mais aqui e aqui.


TEN – O drama biográfico e documentário iraniano Ten (Dez, 2002), dirigido por Abbas Kiarostami e roteirizado pelo diretor e Mohsen Makhmalbaf, conta a história de seis iranianas ao longo de dez episódios contadas no carro de uma jovem mulher, com quem pegam  carona. Por ser divorciada e viver um segundo casamento, o filho do primeiro marido condena seu descumprimento do código moral do Irã. O destaque do filme é para a atriz e diretora iraniana Mania Akbari. O filme foi proibido no Irã, em 2008, por ser considerado um filme ativista e feminista, a favor dos direitos das mulheres, algo proibido pelo Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos; entretanto, várias fitas cassetes gravadas foram vendidas ilegalmente e, apesar disso, a ONU aprovou o filme e a imprensa internacional declarou um dos cem melhores filmes da história. Veja mais aqui, aqui e aqui.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiHoje é dia do Programa Tataritaritatá, a partir das 21 horas, com apresentação de Meimei Corrêa. Na programação: Ozi dos Palmares, Emerson, Lake & Palmer, Nando Lauria, Lenine, Chico Buarque, Beth Carvalho, Milton Nascimento, Sônia Mello, Quinteto Armorial, Ibys Maceioh, Célio Matos, Carlos Miúdo, Sóstenes Lima, Mirianês Zabot & muito mais! Imperdível! Serviço: O que? Programa Tataritaritatá.Quando? Hoje, terça-feira, 9 de setembro, a partir das 21 horas.Onde? Aqui no blog. É só acessar e curti!!! Apresentação: Meimei Corrêa. Confira online aqui.


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