segunda-feira, outubro 14, 2024

HAN KANG, SOUMAYA MESTIRI, AURITHA TABAJARA & MARIANNE PERETTI

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Francis Hime: Concerto para Violão e Orquestra (2011), Mi Alma Mexicana (2010), Travieso Carmesí (2011), Mythology Symphony (2015) e Olé México (2023), da regente mexicana Alondra de la Parra, diretora da Filarmónica de las Américas.

 

Canção para outroutros tantos & todos... - A vida abriu-me o livro & era uma Carta de Amor. E nela os ventos trouxeram outras vozes da Constelação do Homem Velho na plenitude estival de quem semeou, plantou e colheu. E o rio dizia: tudo passa, apesar de parecer o mesmo, só parece... E sorria caudaloso pelas nascentes aos mares que há milênios continuavam os mesmos mundafora. E me ensinava o ouvido ao chão de quantas estradas para Guaxu – a Constelação do Veado no nublado outonal e as árvores milenares continuavam o que são no calor da escrita pela viagem sinuosa, quando precipitava a noite e parava no meio do caminho ao fogo com quantas danças de mudanças, a sintonia e a intuição, o sentimento primevo. Já amanhecia e vinha da Constelação da Ema a invernada com o entusiasmo das ventanias que mil vezes voltavam para conhecer de longe os segredos do silêncio espalhado. E a pedra era ouro no coração... E o Sol anunciava ali um novo todos os dias, a Cosmovisão do amor de muitos nomes, a incondicional alegria alquímica do mistério sagrado pelo florido primaveril da Constelação da Anta do Norte. Mundividências múltiplas e mais do que sou aos tantos. E eu que me sentia órfão, língua & coração, não mais... Porque tive que reaprender com a Mãe-Terra o amor dela a mim devotado desde os primórdios. Quão equivocado estava, agora eu sei: O que sou de todas as coisas... E passei a dormir com a essência de gratidão aos antepassados, o afeto dedicado dos guardiões. E sonhei com as hestórias agitadas dos maracás no toré e as minhas mãos com a de todos, o Grande Espírito em festa. O meu olhar além de mim e o plural madurava presente na jornada, a reconhecer-me entre parelhos e diferentes, a ancoragem na ancestralidade anímica e a paz ansiada de longa data. Estava atento e percebia dela a mais profunda ensinança: o amor é o grande trunfo da existência... Somos um só... Até mais ver.

 

Ngũgĩ wa Thiong'o: Nossas vidas são um campo de batalha no qual é travada uma guerra contínua entre as forças que estão comprometidas em confirmar nossa humanidade e aquelas determinadas a desmantelá-la; aquelas que se esforçam para construir um muro protetor ao redor dela e aquelas que desejam derrubá-la; aquelas que buscam moldá-la e aquelas comprometidas em destruí-la; aquelas que visam abrir nossos olhos, para nos fazer ver a luz e olhar para o amanhã... e aquelas que desejam nos embalar para fechar nossos olhos... Veja mais aqui e aqui.

Elfriede Jelinek: Procure e você encontrará as coisas repulsivas que secretamente espera encontrar... Eu não luto contra os homens, mas contra o sistema que é machista... Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

Olalla Cociña: acaricie meu sonho nascido do ponto cego, solar.. Veja mais aqui e aqui.

 

A FORÇA DA ESPIRITUALIDADE

Imagem: Acervo ArtLAM.

Ô grande espírito sadio, \ Desperte sabedoria,\ Para que, com autoria,\ Possa versar e aprender,\ E uma luz acender\ No seio da humanidade,\ Com muita simplicidade,\ Sem ego no coração,\ Somente a inspiração,\ Com espiritualidade.\ O Universo tem vida,\ Tem vida no Universo.\ Quando com ele converso,\ Sinto me fortalecida\ Com a mãe agradecida,\ Floresce a diversidade,\ Nos traga felicidade,\ Em todos os movimentos.\ Sejamos conhecimentos\ Com espiritualidade.\ A arte que foi criada,\ Chamado planeta Terra,\ Com alto, baixos e serra,\ Entregue nas nossas mãos,\ Da criança aos anciãos,\ É pra continuidade;\ Desmatar e fazer cidade,\ Furando e queimando a terra,\ Por dinheiro vira guerra,\ Sem espiritualidade.\ Quem ama a mãe natureza\ Não joga lixo no chão,\ Vive com a gratidão,\ Respeita tudo ao redor,\ E da criança ao maior,\ Sabe fazer caridade,\ Escuta a ancestralidade,\ E espalha onde estiver,\ Não define homem, mulher\ A espiritualidade.\ Somos povos diferentes,\ Diferentes rituais,\ Que respeitam os ancestrais,\ Pra luta fortalecer\ E frutos poder nascer\ Em meio à diversidade,\ Ser cultura e liberdade\ Da raiz até a semente\ E ser visto como gente\ Nossa espiritualidade.\ Pai Tupã nos fortaleça\ No caminho e na missão,\ Nos dê sempre inspiração\ Nos momentos de cantar,\ Com ervas poder curar\ Com amor, simplicidade,\ Para que a humanidade,\ Saiba contar sua história,\ Herança seja a memória\ Da espiritualidade.

Poema da escritora, cordelista e contadora de histórias indígenas, Auritha Tabajara, autora de obras como Magistério indígena em verso e prosa (2007), Toda luta e história do povo Tabajara (2008), Coração na aldeia, pés no mundo (2018), A grandeza Tabajara (2019) e A lenda de Jurerê (2020), entre outras obras.

 

O LIVRO BRANCO - [...] De pé nesta fronteira onde a terra e a água se encontram, observando a recorrência aparentemente interminável das ondas (embora esta eternidade seja de fato uma ilusão: a terra um dia desaparecerá, tudo um dia desaparecerá), o fato de que nossas vidas não são mais do que breves instantes é sentido com clareza inequívoca. [...]. Trecho extraído da obra The White Book (Granta Books, 2018), da escritora sul-coreana Han Kang, Prêmio Nobel de Literatura de 2024, que ainda se expressa: Nós faremos vocês perceberem o quão ridículo foi, todos vocês acenando a bandeira nacional e cantando o hino nacional. Nós provaremos a vocês que vocês não são nada além de corpos imundos e fedorentos. Que vocês não são melhores do que as carcaças de animais famintos. Veja mais aqui.

 

ELUCIDANDO A INTERSECCIONALIDADE & AS RAZÕES DO FEMINISMO NEGRO - [...] reconexão da epistemologia e da produção de conhecimento com a localização étnica, sexual e racial daqueles que pensam e que falam [...] Não é simplesmente que a interseccionalidade participa de uma visão colonial do gênero e da raça que postula sua separação e assim impede uma compreensão mais completa da dominação e da discriminação; é também, tão fundamentalmente, que a interseccionalidade, como corolário, nos priva de uma compreensão do significado, alcance e modalidades de resistência contra a opressão experimentada, incluindo o processo de fraturar o locus na dinâmica da luta. [...] O cosmopolitismo que estamos pedindo é antes o de um cosmopolitismo itinerante dotado daquela ‘atitude alegre’ da qual Lugones fala. Propor um feminismo cosmopolita decolonial é, antes de tudo, pensar nas subjetividades como viajantes, não porque tal pensamento tematize a possibilidade de ser um cidadão do mundo, mas porque nos permite conceber a figura do cidadão dos mundos, aqueles que atravessamos e habitamos através das fronteiras. [...]. Trechos extraídos da obra Élucider l’intersectionnalité. Les raisons du féminisme noir (Vrin, 2020), da filósofa tunisiana Soumaya Mestiri, autora de estudos como De l'individu au citoyen: Rawls et le problème de la personne (Éditions de la Maison des sciences de l'homme. 2007), Rawls: justiça e equité (Presses universitárias de France. 2009) e Décoloniser le féminisme: une approche transculturelle (Vrin. 2016).

 

A ARTE DE MARIANNE PERETTI

Eu era muito pequena, devia ter uns oito anos, e olhando ele desenhar minha mãe para um quadro pintado a óleo, logo me interessei. Não fiz belas artes, fiz artes decorativas... Eu quis morar no Brasil porque sou muito pernambucana. Então, realmente tenho laços com Recife. Uma parte pernambucana, uma parte francesa, não sei bem como mistura as duas coisas, mas são as duas coisas... Eu tenho uma mágoa como mulher. Acho que as mulheres são não bem reconhecidas. Ou são reconhecidas, mas não na medida que deveriam ser.

Pensamento da vitralista e artista plástica Marianne Peretti (Marie Anne Antoinette Hélène Peretti – 1927-2022), a mais importante vitralista do Brasil e única mulher a integrar a equipe de artistas da construção de Brasília. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 

Tem mais:

Livros Infantis Brincarte do Nitolino aqui.

Poemagens & outras versagens aqui.

Diário TTTTT aqui.

Cantarau Tataritaritatá aqui.

Teatro Infantil: O lobisomem Zonzo aqui.

Faça seu TCC sem traumas – consultas e curso aqui.

VALUNA – Vale do Rio Una aqui.

&

Crônica de amor por ela aqui.

 


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

  Imagem: Foto AcervoLAM . Ao som do show Transmutando pássaros (2020), da flautista Tayhná Oliveira .   Lua de Maceió ... - Não era ...