segunda-feira, outubro 21, 2024

YŌKO TAWADA, NATALIE DIAZ, KAKA WERÁ, PAULO BRUSCKY & INDÍGENAS PELA PAZ

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Choreography (2004), Subject to Change (2001), Storm (1997), The Classical (1996) e The Original Four Seasons and the Devil's Trill Sonata: The Classical (1999), da violinista e esquiadora singapurense Vanessa-Mae (Vanessa-Mae Vanakorn Nicholson). Veja mais aqui.

 

Pantomima dos simulacros... – Ontem morri, hoje sou outro. Uma coisa ficou certa: o passado é uma ilusão, como tudo que deixou de ser verdade, então só lembrança incorrigível. Agora encarei o que possa ser o real e não era nada do que já vi ou senti - só sei porque fechei as pálpebras e reduzi-me à minha própria escuridão. Era quase um sonho de múltiplos espelhos borgeanos e, em cada um deles, uma fisionomia antiga – uma das minhas muitas faces. Parei diante da efígie mais próxima e não era eu sobrevivendo enlutado à voz de uma locutora que reiterava a minha descrição indubitável. E me falava de quantos Golias e o último homem do profético bigodudo que piscava um olho escondido. Havia rumores e era preciso mitigar as expectativas, enquanto sentia-me provocado pela indiferença nas ruas das noites despovoadas, todas elas quase apagadas pela neblina e declives de sombras disfarçando reviravoltas, hedonismos e ressentimentos, heroísmos e paliativos, devoções cegas e facas amoladas. Surpreendi-me com a sua persuasão iminente de que deveria procurar por meu próprio deserto. Aqui não seria jamais o meu lugar, como e onde o mundo da condenação compungido pelo insuperável: a cena milenar se repetia de norte a sul, lestoeste, a cada dia, razão pela qual sugeriu-me não mais fizesse a barba, nem cortasse as unhas ou cabelos. Afinal, o inferno era aqui mesmo e sequer sabia onde ficava - havia quem sugerisse nos matasse a todos para conferir-se bem de perto, oh sabidos. Corri o risco e até o dia de hoje não sei sonhei ou o que sucedera dessa insólita viagem, simplesmente não lembro: a vida é morte e vice-versa, parece – fiquei com essa impressão. Até mais ver.


Elif Shafak: Os livros nos mudam. Os livros nos salvam. Eu sei disso porque aconteceu comigo... Veja mais aqui.

Trudi Canavan: É melhor conhecer a dor rápida da verdade do que a dor contínua de uma falsa esperança arraigada... Sempre há um pouco de verdade em cada boato, o problema é descobrir qual parte... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

Catherine Deneuve: Amor não é sobre posse, mas sobre estimar e permitir que a outra pessoa seja livre. O amor deve ser celebrado todos os dias, não apenas em ocasiões especiais... Veja mais aqui.

 

OS FATOS DA ARTE

Imagem: Acervo ArtLAM.

A estrada do Arizona navegou pelo deserto – \ um navio de guerra cinza desenhando um velório preto, \ parando ao pé da mesa laranja, \ não querer andar por aí. \ Homens e mulheres Hopi – castanho, pequeno e argiloso \ —peered para baixo a partir de suas mesas em tratores amarelos, caminhões de água, \ e homens brancos com bolhas de sol – vermelhos como formigas de fogo – rebocando \ Esperam protetores solares em reboques de Airstream reboques \ em caravanas atrás deles. \ Os anciãos sabiam que essas estradas da bia eram remédios ruins – sabia também \ que os jovens ouvem cada vez menos, e esses jovens Hopi \ necessário trabalho, portanto, reserve suas ferramentas, blocos de raiz de algodão de madeira \ e meio acabado Koshari o palhaço katsinas, então \ assinado com o Departamento de Transportes, \ foram contratados para esfaquear exercícios profundamente na grossa carne vermelha da terra \ em First Mesa, dirija lâminas de faísca gigante nos rostos das mesas, \ executar as brocas tão profundas que fumam, barbundo todos os homens Hopi \ em branco – maus espíritos, disseram os Anciãos – \ As lâminas pegaram fogo, queimadas – Ma’saw está com raiva, disseram os Anciãos. \ Novas lâminas foram levadas de helicóptero. Enquanto os anciãos sonhavam \ seus braços e pernas tinham sido clivados e seus torsos foram arremessados \ ao longo da borda de uma mesa de jantar, os jovens Hopi foram \ de volta ao trabalho cortando a terra em grandes pedaços de ferrugem. \ Ninguém notou no início – não os trabalhadores brancos, \ não os trabalhadores indianos, mas nos montes de mesa desmantelada, \ entre os tortos e pilhas de areia, \ coloque as pequenas tigelas cinzentas de crânios de bebês. \ Não até que eles subiram até o fundo eles viram \ os ossos prateados brilhando da parede de terra e rocha recém-difundada - \ um mosaico de mausoléum, uma tapeçaria doente: os minúsculos restos \ despertado do berço empoeirado da morte, cortado pela metade, rachado, \ envolto em pedaços de cobertores com o tempo. \ Vamos chamá-lo de um dia, disse o capataz branco. \ Naquela noite, todos os trabalhadores indianos ficaram bêbados – ficaram doentes \ — enquanto os anciãos afundaram em suas kivas em oração. Na manhã seguinte, \ enquanto a amanhece no horizonte, os trabalhadores do estado escalavam as mesas, \ bateu às portas de pueblos que os tinha, gritou \ para aqueles que não têm eles, \ exigindo que os homens Hopi voltem ao trabalho – então implorando-lhes – \ em seguida, comprá-los uísque – implorando novamente – finalmente enviando seu branco \ esposas até a trilha perigosa gravada nos lados íngremes \ para comprar cestas de mulheres Hopi e avós \ como sinal de tratado. \ Quando isso não funcionou, os trabalhadores do Estado chamavam os índios de preguiçosos, \ enviou suas esposas que usavam o chapéu de sol para comprar mais cestas \ katsinas também – então chamado de Hopis good-for-nothings, \ Antes de implorar-lhes de volta mais uma vez. \ Vamos tentar novamente de manhã, disse o capataz. \ Mas os trabalhadores indianos nunca mais voltaram – \ As chamadas de bia e dot para o trabalho ficaram sem resposta, \ como a febre Hopis ficou amontoada dentro. \ Os pequenos ossos meio enterrados nas fendas da mesa \ na escuridão uma vez santa da terra silenciosa e sempre-noite – \ Sorrissou ou suspirou sob o luar, enquanto as mulheres brancas \ em Airstream trailers escreveu cartas para casa \ elogiando a paciência de seus maridos, descrevendo os selvagens preguiçosos: \ tal miséria em suas casas de pedra e gesso – cobs de milho empilhado \ chão a teto contra paredes em ruínas - suas cerimônias diabólicas \ e a maneira bárbara enterraram seus bebês, \ Oh, e aqueles lindos e belos cestos.

Poema da premiada poeta, professora & ativista mojave extadunidense Natalie Diaz.

 

MEMÓRIAS DE UM URSO POLAR – [...] Eu sempre me sinto sendo empurrado de volta para a solidão quando alguém me diz que está frio em um dia quente. Não é bom falar tanto sobre o clima — o clima é um assunto altamente pessoal, e a comunicação sobre o assunto inevitavelmente falha. [...] Começou a crescer mofo nos meus ouvidos porque ninguém nunca falava comigo [...] Eu abomino a estupidez e a vaidade humanas que se orgulham de forçar tigres, leões e leopardos a se sentarem confortavelmente lado a lado. Isso me lembra da coreografia do governo que exibe minorias vestidas com cores vivas em um desfile, minorias às quais foi concedida uma migalha de autonomia política em troca de fornecer uma simulação óptica da diversidade cultural em seu país de residência. Mas os animais selvagens (ao contrário dos humanos) formam grupos de acordo com as espécies para desfrutar de benefícios específicos [...]. Trechos extraídos da obra Memoirs of a Polar Bear (New Directions, 2016), da escritora japonesa Yōko Tawada, que na sua obra akzentfrei - Literarische Essays (Konkursbuch Verlag, 2016), expressa que: [...] O muro que tenho na memória ainda consiste em homens armados que estavam prontos para atirar nas pessoas após serem instruídos a fazê-lo. Novos muros estão constantemente sendo construídos em nosso planeta aquoso e azul. Onde há um muro, a vida está ameaçada de ambos os lados. [...]. Já no seu livro The Emissary (New Directions, 2018), ela expressa que: [...] Ser capaz de ver o fim de qualquer coisa lhe dava uma tremenda sensação de alívio. Quando criança, ele presumia que o objetivo da medicina era manter os corpos vivos para sempre; ele nunca havia considerado a dor de não poder morrer. [...]. Por fim, no seu livro Scattered All Over the Earth (New Directions, 2018), ela expressa que: […] As pessoas estão sempre dizendo que as humanidades estão mortas, então é estranho quantas conferências existem. [...] para qualquer funcionário, o trabalho é, até certo ponto, um lugar onde estranhos puxam você da direita, da esquerda, de cima e de baixo, beliscando, esfregando e geralmente bagunçando você de manhã à noite. [...].

 

DIVERSIDADE - Sem diversidade não há vida... Pensamento do escritor, educador e ambientalista tapuia Kaka Werá Jecupé, que no seu livro O Trovão e o Vento: um caminho de evolução pelo xamanismo Tupi-Guarani. (Polar\Instituto Arapoty, 2016), expressa que: [...] o risco de perdermos nossa identidade é bem grande. Realmente: integrar o antigo ao novo e o novo ao antigo é um paradoxo. Como a harmonia do mundo vem do jogo dos contrários, ela requer uma integração desses opostos [...]. [...] a matriz tupi está na base de dialetos que [...] se desdobram [...] marcando as etnias com matizes próprios [...] A tradição revela que a natureza repete até hoje a dança da criação macrocósmica para que possamos guiar-nos de acordo com seu ritmo e sua harmonia. [...]. O seu pensamento está embasado nas expressões de que: Muito massacre, dor, sofrimento: é isso o que marca a história. É o nascimento do Brasil, do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Salvador. Cada cidade grande deste país tem em seu bojo, no seu centro, uma memória escondida de muito sangue derramado... Muitos aqui sabem que nós lutamos pela demarcação de nossos territórios, mas é importante saberem que os territórios mais degradados não foram os materiais, mas sim os territórios das culturas e das almas. No meu entendimento, essa geração precisa, cada vez mais, saber da importância que é o respeito e a manutenção de uma cultura, de uma alma, da diversidade, de todos aqueles diferentes de si... Veja mais aqui.

 

A ARTE DE PAULO BRUSCKY

Tão antiga quanto a história da humanidade, é na carnavalizAÇÃO que a performance assume, de uma forma prática/contínua… Num palco chamado Pernambuco, cada folião é um performático, inventando gestos, quebrando conceitos, criando estéticas, mesclando linguagens, assumindo/teatralizando o seu personagem... Na troca de informações entre artista e cientista, um aprende com o outro. Considero essa troca de informações essencial. Cada um em sua área, sem ser absorvido. É mais fácil subverter o cientista do que o contrário. Somos cientistas também... A subversão só faz sentido se a obra não é entendida como uma ordem autoritária, se ela permite a recreação/recriação...

Pensamento do poeta e artista multimídia Paulo Bruscky. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

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11.645 INDÍGENAS E DIVERSIDADE PARA A PAZ

O Movimento de Retomada Mata Sul Indígena & ONG Thydêwá lançaram o livro 11.645 Indígenas e Diversidade para a Paz, com objetivo de revitalizar a língua materna, salvaguardar saberes/práticas ancestrais e lutar pelo direito à terra/território, pela soberania alimentar e recuperação da vegetação nativa (Mata Atlântica), compartilhando suas cosmovisões para a Educação Escolar. A obra está disponível em português para download gratuito. Para baixar clique aqui.


Vem aí:

Dareladas – Centenário de Darel Valença Lins aqui.

Tem mais:

Livros Infantis Brincarte do Nitolino aqui.

Poemagens & outras versagens aqui.

Diário TTTTT aqui.

Cantarau Tataritaritatá aqui.

Teatro Infantil: O lobisomem Zonzo aqui.

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VALUNA – Vale do Rio Una aqui.

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Crônica de amor por ela aqui.

 


YŌKO TAWADA, NATALIE DIAZ, KAKA WERÁ, PAULO BRUSCKY & INDÍGENAS PELA PAZ

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Choreography (2004), Subject to Change (2001), Storm (1997), The Classical (1996) e The O...