DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE
AQUELA... DE DORES & ADEUSES - A cada dia entoar
a Nênia de Abril e conto meus mortos
ao amanhecer, são tantos, aos milhares, sem que possa velá-los ou sepultá-los,
nem aceno de adeus. O meu e o choro dos meus jorram por todos os lugares dos
tantos Brasis. Só a frase de Peter Greenaway e o meu desconsolo: As despedidas podem ser belas e desprezíveis. Dizer adeus a quem é amado é muito complicado. Uma mão não pode
escrever sobre si mesma. O que dói é não
ter esperanças, nenhuma medida preventiva, nem providências: e daí? O
noticiário com todas as manchetes escusas, disfarces e orquestrações, é tudo
muito pior. Maryse Condé me dá o tom
da desgraça: A
verdade sempre chega tarde demais porque anda mais devagar que as mentiras. A
verdade rasteja no ritmo de um caracol. Enquanto isso
tribunais omissos quando não coniventes, parlamento festejando suas manobras,
governante piadista às gargalhadas e a pátria em ruínas serve apenas para o
descanso de sepulturas. De novo, o mesmo filme.
DUAS CENAS QUANTAS MESMAS EM OUTROS FILMES – Adoro cinema
e voo: o escurinho privado, a intimidade tenta imitar a cena: sonho alisando a perna lisa da mulher amada que abriga a
minha aflição solitária no deserto do real: são outras cenas que me invadem além da minha imaginação por todo planeta, ou pelos muitos e tantos Brasis. Diante do meu desassossego, a
ausência dela me fala Miranda July: Olhe para o céu: isso é para você. Olhe
para o rosto de cada pessoa ao passar por elas na rua: esses rostos são para
você. E a própria rua, e o solo sob a rua, e a bola de
fogo sob o solo: todas essas coisas são para você. Recolho lembranças
e projeções, dos muitos filmes as mesmas cenas devoradas.
TRÊS ACENOS
TRIBUTANDO MEUS MORTOS – O primeiro, um aceno solidário: sei que muitos se foram quando eu poderia
ter ido junto e arrastado todas as recordações dos sonhos de luta por um país
melhor para todos nós. O segundo, um aceno de teimosia: mesmo derrotados,
persisto em nome do que há de mais sagrado em viver e deixar viver, guardando
comigo o que disse Bigas Luna: O êxito é um dos melhores caminhos para a
infelicidade. O terceiro, um aceno de paz com a homenagem para os meus que
se foram, como o Monumento aos Mortos, do
escultor português Ruy Roque Gameiro
(1906-1935). Saúdo os que escaparam e os que resistem, precisamos manter a
chama acesa e agora mais do que nunca. Até mais ver.
ERA UMA VEZ EU, VERÔNICA
O drama Era
uma vez eu, Verônica (2012), dirigido por Marcelo Gomes, conta a história de
uma jovem em fase de transição, que mora com o pai e acabou de se formar em
medicina, quando se dedica à vida profissional num hospital público, suas
condições precárias e o cotidiano agitado e cansativo.
&
CINEMA PERNAMBUCANO
Um sítio
interativo e colaborativo que serve de base de dados online e gratuita do Cinema Pernambucano, concebido,
dirigido e organizado por Germana Pereira e Isabela Cribari, disponibiliza a
cronologia da história, passando pela filmografia da década de 1920 até a produção
contemporânea, com um acervo de mais 400 filmes cadastrados entre curtas,
médias e longas metragens nos mais diversos gêneros cinematográficos. Veja mais
aqui e aqui.