DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE
AQUELA... MISE EN ABYME... Cantoconto uma, lá, contocanto duas, ré, multifaces,
plurespelhos. O fio é lá e ré, laré, umais: sou muitos atolados no charco da
existência, milaré, umais, solá. Desde que nasci e a estória é outra solaré: do
que vivi entre tantas que morri a cada dia, laré. Quem foi ou veio, sobrevivi
refugiado na minha solidão. Hoje, meu povo aniquilado aos montes todos os dias,
milhares por dia, quantos já se foram perdi a conta, telegotengo, milaré. Ao meu
lado Maria de Medeiros
apaixonantemente me diz com seu sotaque luso: Esse país ainda é a maior reserva de seres humanos do mundo. Não,
não é mais, meu amor, não se espante, de uns anos para cá tudo mudou e ficou tudo
irrespirável. Os fanáticos coisominions sectários estão matando o meu país,
queimando a Mata Atlântica, a Amazônia, o pantanal e todos nós. Não há Justiça,
não há Direito, só extermínio e que Deus salve a nossa gente.
DUAS RISADAS PORQUE NÃO SOU DE FERRO – Vez ou outra o circo se
rende às labaredas, maior boi de fogo. Coisadas aos coices e maiores tonturas de
quem lá não gira muito bem – gente estranha esses coisominions, e vão entrar
para a História como o cúmulo do bate-cabeça. No final, todo mundo chamuscado
no meio da escatima. Desde não sei quando que todo dia é assim no reino do
Coisonário, ultimamente um pouco menos, com a boiada do bumba às revoadas, outras
debandadas, qual a última deu baixa, quem passou recibo, e a patetada de tão desqualificada
chega coça o hilário pras gaitadas. É o que me diz Ogden Nash: Entre outras coisas,
acho que o humor é um escudo, uma arma, um kit de sobrevivência... Ôpa! Essa é boa, poeta,
também acho. É como sair de braços dados com Elizabeth Bishop e ela dizendo: Na
esperança de viver dias de maior felicidade, esqueço que dias de menos
felicidade estão passando. Pois é, sorrio para ela com um beijo, enquanto
pisco o olho com aquela do Pierre Jean de Béranger: O
paraíso está aberto a todos os corações amáveis. Resta sorrir
de mim, do que fui, do que fiz e de tudo, salve, salve!
TRÊS EMPURRADAS E NADA SAI DO LUGAR, QUE COISA!!! - O mundo
vira de cabeça para baixo e nada acontece! Já fiz de tudo, pintei o sete, veio
a rebelião equestre de Abdera e invasão
dos defuntos da Covid para fazer coro comigo e nenhuma reação! Gente, este povo
está anestesiado! Pior que mandú empancado no semáforo. Gente, acorda! O Brasil
está desabando e não estão nem aí! Ah, não, nem se
dão conta do espetacular bailado da coreografa argentina Paloma Herrera, nem
isso. Eu sei, Aldo Locatelli, eu sei
o que você diz: A arte não é para
agradar, mas sim para emocionar. Entendi o recado: impossível arrancar lágrimas
para quem coração de pedra. Minha gente parece embotada, vou cantar e gritar
para ver se acordam. Quem sabe, até mais ver.
COLETIVO LUGAR COMUM
Desde 2007
que o Coletivo Lugar Comum atua com artistas de diferentes linguagens, desde dança,
teatro, música, artes visuais, performance e até literatura. A proposta é de
uma alternativa às formas de organização e gestão de grupo com um pensamento de
criação colaborativo da arte como vida, construindo assim outras relações de
trabalho e de modelos de criação, que sejam coerentes com a visão de mundo de
cada integrante. Veja mais aqui, aqui & aqui.