quarta-feira, agosto 19, 2020

ELIZABETH BISHOP, OGDEN NASH, MARIA DE MEDEIROS, PALOMA HERRERA, BÉRANGER, ALDO LOCATELLI & COLETIVO LUGAR COMUM



DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE AQUELA... MISE EN ABYME... Cantoconto uma, lá, contocanto duas, ré, multifaces, plurespelhos. O fio é lá e ré, laré, umais: sou muitos atolados no charco da existência, milaré, umais, solá. Desde que nasci e a estória é outra solaré: do que vivi entre tantas que morri a cada dia, laré. Quem foi ou veio, sobrevivi refugiado na minha solidão. Hoje, meu povo aniquilado aos montes todos os dias, milhares por dia, quantos já se foram perdi a conta, telegotengo, milaré. Ao meu lado Maria de Medeiros apaixonantemente me diz com seu sotaque luso: Esse país ainda é a maior reserva de seres humanos do mundo. Não, não é mais, meu amor, não se espante, de uns anos para cá tudo mudou e ficou tudo irrespirável. Os fanáticos coisominions sectários estão matando o meu país, queimando a Mata Atlântica, a Amazônia, o pantanal e todos nós. Não há Justiça, não há Direito, só extermínio e que Deus salve a nossa gente.

DUAS RISADAS PORQUE NÃO SOU DE FERRO – Vez ou outra o circo se rende às labaredas, maior boi de fogo. Coisadas aos coices e maiores tonturas de quem lá não gira muito bem – gente estranha esses coisominions, e vão entrar para a História como o cúmulo do bate-cabeça. No final, todo mundo chamuscado no meio da escatima. Desde não sei quando que todo dia é assim no reino do Coisonário, ultimamente um pouco menos, com a boiada do bumba às revoadas, outras debandadas, qual a última deu baixa, quem passou recibo, e a patetada de tão desqualificada chega coça o hilário pras gaitadas. É o que me diz Ogden Nash: Entre outras coisas, acho que o humor é um escudo, uma arma, um kit de sobrevivência... Ôpa! Essa é boa, poeta, também acho. É como sair de braços dados com Elizabeth Bishop e ela dizendo: Na esperança de viver dias de maior felicidade, esqueço que dias de menos felicidade estão passando. Pois é, sorrio para ela com um beijo, enquanto pisco o olho com aquela do Pierre Jean de Béranger: O paraíso está aberto a todos os corações amáveis. Resta sorrir de mim, do que fui, do que fiz e de tudo, salve, salve!

TRÊS EMPURRADAS E NADA SAI DO LUGAR, QUE COISA!!! - O mundo vira de cabeça para baixo e nada acontece! Já fiz de tudo, pintei o sete, veio a rebelião equestre de Abdera e invasão dos defuntos da Covid para fazer coro comigo e nenhuma reação! Gente, este povo está anestesiado! Pior que mandú empancado no semáforo. Gente, acorda! O Brasil está desabando e não estão nem aí! Ah, não, nem se dão conta do espetacular bailado da coreografa argentina Paloma Herrera, nem isso. Eu sei, Aldo Locatelli, eu sei o que você diz: A arte não é para agradar, mas sim para emocionar. Entendi o recado: impossível arrancar lágrimas para quem coração de pedra. Minha gente parece embotada, vou cantar e gritar para ver se acordam. Quem sabe, até mais ver.

COLETIVO LUGAR COMUM
Desde 2007 que o Coletivo Lugar Comum atua com artistas de diferentes linguagens, desde dança, teatro, música, artes visuais, performance e até literatura. A proposta é de uma alternativa às formas de organização e gestão de grupo com um pensamento de criação colaborativo da arte como vida, construindo assim outras relações de trabalho e de modelos de criação, que sejam coerentes com a visão de mundo de cada integrante. Veja mais aqui, aqui & aqui.