FLOR DA MANHÃ – Imagem da série Breu, da artista visual Juliana Lapa. - Abriu-se a flor da
manhã e fiz do chão o meu abrigo, aonde vou, qualquer lugar por dias luminosos
ou nublados, o sonho estiado nas lembranças que nem existem mais. Foi de fato talvez
um sucedido e à tarde o menino subia morros a descer ladeiras, sem saber da
lonjura que se perdesse e mais pudesse andar até o não sabido, para chegar
adulto na demora próxima de nenhuma paragem reconhecível. Se me valesse de
alguma certeza, ah, poderia até me enganar do que não encontro no meio de tudo.
Só tenho o que alumia a minha vida pra chegar bem perto do que sou tão longe,
nada mais, como para quem guarda apenas o que sobrou, migalha alguma nem pra
sustento do tanto malogrado. Antes de chegar a noite já desfaleço para renascer
na manhã, a desconhecer das maldições e revertérios, acaso tenha de mim alguma
ideia sobre algum domínio ou trapaça ocasional. Se não tenho nada em meu favor,
até a brisa traz a feiura das cenas no fulgor do instante, coisas encardidas
surpreendem com as adversidades, atento ao nocaute, salvo pelo gongo e a vida
devassada aos sopapos pelas perigosas rotas da existência. Ainda resta pelo
menos o sorriso imune e a cabeça zonza contra o vento do céu estival, enquanto ao
refúgio dos lares as coisas acontecem dentro da normalidade que nunca vi nem
aprendi entre tantos desencontros. E a manhã acende o brilho dos olhos
expressivos à alegria infantil e encorajadora pelas estâncias da redondeza, para
que eu seja aqui ou ali navegante da correnteza. Dou-me aos prazeres do peito,
cantar pode ser o meu luar na palavra alada em qualquer estação de mar. Guardo
a face das águas e a minha voz é terna porque não há nem pode haver nenhuma
reserva na língua aos versos que me dou, houvesse pra dizer seria dito, apesar
da repulsa de quem não escute ou dê de ombros às costas de quem se vai. Tenho a
imensidão nas mãos, nada a se esconder que não esteja perto, alcanço estrelas
para me refazer no amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio
Tataritaritatá especial
com a música da cantora Nana Caymmi: Quem inventou o amor, Resposta
ao tempo, Sem poupar Coração & Show ao vivo & muito mais nos mais de 2
milhões &
500 mil acessos ao blog & nos 35 Anos
de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja
mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] As
últimas inovações tecnológicas, juntamente com as complexas mudanças de caráter
econômico e social, estariam provocando como resultado uma ruptura generalizada
nas tendências de localização de praticamente todos e cada um dos elementos que
compõem as aglomerações urbanas, por mais distintas que elas sejam [...]. Trecho
extraído de La ciudad dispersa:
suburbanizacion y nuevas periferias (CCCB, 1998), do professor e urbanista
espanhol Francisco Javier Monclús.
O ATO ESTÉTICO DE ESCREVER – [...] Nesta
sociedade que escapa de si mesma, não há uma solicitação evidente, mas uma
escondida, na profundeza. Nós precisamos de uma representação forte que
polarize e assista o homem, que é mais natural e menos máquina, a ser menos
escrevo das máquinas e mais pai de sua própria natureza. Hoje todos revelam
desarmonia. Desarmonia que poderia encontrar na estetização, o uso certo da
palavra no corpo de uma escritura apropriada para o ato de “novos esquemas”.
Trecho da correspondência escrita pelo poeta italiano Enzo Miglietta (12 de dezembro de 1996), traduzida por Alice
Monsell e extraída da obra A página
violada: da ternura à injúria na construção do livro de artista (UFRGS,
2008), de Paulo Silveira.
A CAVERNA – [...] Na
fachada do centro, por cima das suas cabeças, um novo e gigantesco cartaz
proclamava, vender-lhe-íamos tudo quando você necessitasse se não preferíssemos
que você precisasse do que temos para vender-lhe [...]. Trecho extraído da
obra A caverna (Companhia das Letras,
2000), do escritor,
teatrólogo, jornalista e dramaturgo português José Saramago (1922-2010). Veja mais aqui.
MENSAGEM À MENSAGEM – A
quem envio meus versos / mensagem forma de pássaro? / - Aquem? / Lanço o olhar
ao futuro / onde ainda dorme a luz / antes do amanhã ser. / Talvez estranha
linguagem / não encontre tradução / no fingimento deveras. / Mas não será voo
cego. / Quem sabe, o remetente / e seu destino sou eu. Poema extraído da
obra Fernando Pessoa e o mar (Autor,
2015), do poeta e professor Admmauro
Gommes. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui.
A ARTE DE JULIANA LAPA
A arte da artista visual e produtora de cinema Juliana Lapa.
AGENDA
&
Brincando de morrer, A teia
da vida de Fritjof Capra, a literatura
de José Saramago, o
Brasil de Caio Prado Junior, Vilmar Carvalho & Luciah Lopez, Flavio Miranda
de Oliveira, Inclusão & Transversalidade aqui.