quarta-feira, agosto 08, 2018

SARAMAGO, NANA CAYMMI, MONCLÚS, MIGLIETTA, JULIANA LAPA & ADMMAURO GOMMES


FLOR DA MANHÃ – Imagem da série Breu, da artista visual Juliana Lapa. - Abriu-se a flor da manhã e fiz do chão o meu abrigo, aonde vou, qualquer lugar por dias luminosos ou nublados, o sonho estiado nas lembranças que nem existem mais. Foi de fato talvez um sucedido e à tarde o menino subia morros a descer ladeiras, sem saber da lonjura que se perdesse e mais pudesse andar até o não sabido, para chegar adulto na demora próxima de nenhuma paragem reconhecível. Se me valesse de alguma certeza, ah, poderia até me enganar do que não encontro no meio de tudo. Só tenho o que alumia a minha vida pra chegar bem perto do que sou tão longe, nada mais, como para quem guarda apenas o que sobrou, migalha alguma nem pra sustento do tanto malogrado. Antes de chegar a noite já desfaleço para renascer na manhã, a desconhecer das maldições e revertérios, acaso tenha de mim alguma ideia sobre algum domínio ou trapaça ocasional. Se não tenho nada em meu favor, até a brisa traz a feiura das cenas no fulgor do instante, coisas encardidas surpreendem com as adversidades, atento ao nocaute, salvo pelo gongo e a vida devassada aos sopapos pelas perigosas rotas da existência. Ainda resta pelo menos o sorriso imune e a cabeça zonza contra o vento do céu estival, enquanto ao refúgio dos lares as coisas acontecem dentro da normalidade que nunca vi nem aprendi entre tantos desencontros. E a manhã acende o brilho dos olhos expressivos à alegria infantil e encorajadora pelas estâncias da redondeza, para que eu seja aqui ou ali navegante da correnteza. Dou-me aos prazeres do peito, cantar pode ser o meu luar na palavra alada em qualquer estação de mar. Guardo a face das águas e a minha voz é terna porque não há nem pode haver nenhuma reserva na língua aos versos que me dou, houvesse pra dizer seria dito, apesar da repulsa de quem não escute ou dê de ombros às costas de quem se vai. Tenho a imensidão nas mãos, nada a se esconder que não esteja perto, alcanço estrelas para me refazer no amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais  aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música da cantora Nana Caymmi: Quem inventou o amor, Resposta ao tempo, Sem poupar Coração & Show ao vivo & muito mais nos mais de 2 milhões & 500 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] As últimas inovações tecnológicas, juntamente com as complexas mudanças de caráter econômico e social, estariam provocando como resultado uma ruptura generalizada nas tendências de localização de praticamente todos e cada um dos elementos que compõem as aglomerações urbanas, por mais distintas que elas sejam [...]. Trecho extraído de La ciudad dispersa: suburbanizacion y nuevas periferias (CCCB, 1998), do professor e urbanista espanhol Francisco Javier Monclús.

O ATO ESTÉTICO DE ESCREVER – [...] Nesta sociedade que escapa de si mesma, não há uma solicitação evidente, mas uma escondida, na profundeza. Nós precisamos de uma representação forte que polarize e assista o homem, que é mais natural e menos máquina, a ser menos escrevo das máquinas e mais pai de sua própria natureza. Hoje todos revelam desarmonia. Desarmonia que poderia encontrar na estetização, o uso certo da palavra no corpo de uma escritura apropriada para o ato de “novos esquemas”. Trecho da correspondência escrita pelo poeta italiano Enzo Miglietta (12 de dezembro de 1996), traduzida por Alice Monsell e extraída da obra A página violada: da ternura à injúria na construção do livro de artista (UFRGS, 2008), de Paulo Silveira.

A CAVERNA – [...] Na fachada do centro, por cima das suas cabeças, um novo e gigantesco cartaz proclamava, vender-lhe-íamos tudo quando você necessitasse se não preferíssemos que você precisasse do que temos para vender-lhe [...]. Trecho extraído da obra A caverna (Companhia das Letras, 2000), do escritor, teatrólogo, jornalista e dramaturgo português José Saramago (1922-2010). Veja mais aqui.

MENSAGEM À MENSAGEMA quem envio meus versos / mensagem forma de pássaro? / - Aquem? / Lanço o olhar ao futuro / onde ainda dorme a luz / antes do amanhã ser. / Talvez estranha linguagem / não encontre tradução / no fingimento deveras. / Mas não será voo cego. / Quem sabe, o remetente / e seu destino sou eu. Poema extraído da obra Fernando Pessoa e o mar (Autor, 2015), do poeta e professor Admmauro Gommes. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui.

A ARTE DE JULIANA LAPA
A arte da artista visual e produtora de cinema Juliana Lapa.

AGENDA
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