ELA ACOLHEU MEU DESTERRO – Imagem: arte da
poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez - Ela chegou tal Maria Bonita a me chamar Lampião: - Vem cá, vem! E
eu qual menino traquino diante do brinquedo predileto. E ela: - Vem cá, vem,
caeté! E mais me chamava porque sabia que haviam decepado meu passado e futuro,
restava a mim, apenas, o amanhã incerto e o agoraqui de eterna noite, como um prévio
culpado jamais suspeito, alma fugitiva. Pegou-me a mão, mirou o leste e me
apontou o sul: - Vamos prali, vem! Era pras suas terras caingang, tão belas paragens
como as do meu chão que perdi, terra que não sei mais, tão paradisíaca quanto,
tão acolhedora como dela me sugeria seus seios e ventre. Atravessamos distâncias,
tão longe nunca fui. Até sentir frio e o seu riso me aquecer. Puxou-me até a
beira do rio e com suas ternas mãos lavou-me as faces cansadas, retirou-me o
chapéu surrado das estações e estradas sem fim, e alisou meus cabelos em
desalinho, demoveu a poeira dos meus lábios sedentos, removeu meu gibão, cinturões,
armas e munições, descalçou minhas alpercatas de léguas tiranas, despiu-me como
a um deserdado no exílio de sempre e me fez mergulhar como pagão ao batismo nas
suas águas hospitaleiras. E se apossou da minha teimosia, lavou minhas culpas, acalmou
as minhas agonias, sarou minhas feridas abertas na carne fustigada, e me
redimiu dos pecados, expulsou meus pesadelos, apaziguou meus tormentos,
livrou-me os castigos e me ensinou sonhos prazerosos pra que usufruísse o lado
da vida que eu sequer sabia existir. E me beijou pra que eu soubesse da
felicidade, e me abraçou como jamais, e me fez sentir verdadeiramente existir e
passasse a ser como tudo entre a terra, o céu e as águas. E me agasalhou com
seu corpo nu, me fez vencedor intrépido no reino de suas carícias, e me fez
esquecer o que não mais tivesse de mim mesmo, naufrágios, derrotas, vinganças,
desterro. E me levou ao centro do universo e me fez reinar sobre tudo e todas
as coisas. Mais que refeito e digno, me ensinou o amor na descoberta do sentido
mais profundo da vida: amar e ser amado. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
OS MÍMICOS DE NAIPAUL
[...] no exato momento em que eu exprimia em
palavras meus sentimentos, me dei conta de que minha viagem, embora ainda bem
no inicio, havia terminado no naufrágio que eu vinha tentando evitar durante
toda a vida. [...] Confundimos
palavras e a proclamação de palavras com poder; assim que pagam para ver, vê-se
que é puro blefe e estamos perdidos. Para nós, a política é um empreendimento
de vida ou morte, de tudo ou nada. Uma vez que nos empenhamos, nossa luta é
mais que política; muitas vezes a expressão “luta de vida ou morte”, tem o
sentido literal. [...] Para os que
perdem – e quase todo mundo acaba perdendo – só resta uma saída: o exílio. [...].
Depois que um homem é destituído de suas
dignidades, ele é obrigado não a morrer ou fugir, mas a encontrar o seu nível. [...]
Na maioria dos casos, fomos tímidos
demais, ou ignorantes demais, para fazer fortuna; medimos tanto nossas
oportunidades quanto nossas necessidades com base nos sonhos que tínhamos antes,
no tempo em que não éramos ninguém. Fala-se no pessimismo dos jovens como se
fala no ateísmo e na revolva: é coisa que passa com a idade. [...] Não sento muita emoção: aquela parte da
minha vida já estava terminado e já fora colocada em seu devido lugar. [...]
e atualmente não tenho vontade de me
envolver em lutas que são irrelevantes para mim. Não quero mais compartilhar da
angustia dos outros; falta-me preparo para isso. Chega de palavras; bastam
essas que escrevo. [...].
Trechos
da obra Os mímicos (Companhia das
Letras, 2001), do escitor britânico nascido em Trinidad e Tobago, Prêmio Nobel
de 2001, Vidiadhar Surajprasad Naipaul, contando a história de uma
autoridade que escreve suas memórias ao ser exilado por ter caído em desgraça
na política,
Veja
mais sobre:
Ah, se
estou vivo, tenho mais o que fazer, a literatura de Liev Tolstói, Funil do ser
de Nauro Machado, Teatro & a
cena dividida de Gerd Bornheim, a
pintura de Lasar Segall, a música de Joyce, a arte de Patrick Conklin & Luciah
Lopez aqui.
E mais:
Lagoa Manguaba, Teoria do vínculo de Pichon Rivière, História do Brasil de
Laurentino Gomes, a música de Gustav Mahler, Amor por anexins de Artur Azevedo, a pintura de Lasar Segall, o cinema de Vittorio De Sica & Sophia Loren, a arte de Ekaterina
Mortensen & Kiki Rainha de Montparnasse, Pavios
curtos de José Aloise Bahia & Programa Tataritaritatá aqui.
Lampião & Ascenso Ferreira, A música de Gustav Mahler, a pintura de Marc Chagall, Teatro a vapor de Artur Azevedo, a arte de Bee Scott & muito mais aqui.
Fecamepa: Quando um país vive
só de nhenhenhém, não dá outra: o pencó engancha na cornice e nada vai pra
frente aqui.
Brincarte do Nitolino, Questão de
método de Jean-Paul Sartre, A cartomante
de Machado de Assis, Bagagem de Adélia
Prado, o teatro de William
Shakespeare, a música de Eumir Deodato, o cinema de Jean-Luc Godard, a arte de Carlos Scliar, Decio Otero & Ballet Stagium aqui.
Princípios de uma nova ciência de Giambattista Vico, a poesia de Anna Akhmátova, Hora
e vez de Augusto Matraga de João Guimarães Rosa, O cravo brasileiro de Rozana
Lanzelotte, Devassos no paraíso de João Silvério Trevisan, a pintura de Eliseo d'Angelo Visconti & Moacir, a arte de Dercy Gonçalves & Programa Tataritaritatá aqui.
Viva São
João, a música de Luiz Gonzaga, a poesia de Ascenso Ferreira, Terra de Caruaru de José Condé, Tratado da lavação da burra de Ângelo
Monteiro, o teatro de Artur Azevedo, o
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Barbosa & Severino Borges, a pintura de Rosangela Borges & Valquíria
Barros aqui.
O amor
de Naipi & Tarobá, Arte e percepção visual de Rudolf Arnheim, Eles eram muitos cavalos de Luiz Ruffato, a pintura de Fernand Léger, a música de Vivaldi & Max Richter, Improvisação para teatro de Viola
Spolin, a fotografia de Fernand
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Penedo,
às margens do São Francisco, História social do Brasil de Manoel Maurício de
Albuquerque, Asvelhas de Adonias Filho, a música
de Bach & Rachel Podger, A arte maldita de Georges Bataille, a pintura de Jaroslav Zamazal, a arte de Marcel Duchamp, a fotografia de Karin van der
Broocke, Vanguard & Kéfera
Buchmann aqui.
Ela,
marés de sizígia, Mulher de Yone Giannetti Fonseca, Tratado de
argumentação de Chaïm Perelman & Lucie Olbrechts-Tyteca, a música de Guilherme Arantes, Pensamento crítico, Vaudezilla & Urban Jungle, a pintura de Tom Pks
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Honored Desins, a arte de James Halperin & Luciah Lopez aqui.
As
olimpíadas do Big Shit Bôbras, Os dragões do éden de Carl Sagan, O discurso da difamação de Affonso Ávila, a música de Peter Machajdik, a pintura de Brian Keeler & Gray Artus,
Microbiologia dos alimentos & Casa do Contador de Histórias aqui.
Só a
poesia torna a vida suportável, Vanguarda
nordestina de Anchieta Fernandes, Estado de choque de Walmir Ayala, Vanguarda &
subdesenvolvimento de Ferreira Gullar, o cinema de Anna Muylaert, a pintura de Károly
Lotz, a música de Ira Losco, a arte de Jean
Dubuffet & Michael Mapes aqui.
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A ARTE
DE EWA LUDWICZAK
A arte da artista plástica alemã Ewa
Ludwiczak.
RÁDIO
TATARITARITATÁ: KEITH JARRET, SUELI COSTA, EUMIR DEODATO & RITA LEE
Hoje é dia de superespeciais: The
Koln Concert & Standard Trio do compositor e pianista estadunidense Keith
Jarret;
Amor Blue & Íntimo da cantora e compositora Sueli
Costa,
Estival Jazz Lugano & The Fantastic Jazz Funk Do it again do pianista,
arranjador e produtor Eumir Deodato, Acústico MTV & Multishow ao
Vivo da cantora e compositora Rita Lee. Veja mais aqui, aqui, aqui,
aqui e aqui. Para conferir é só ligar o som e curtir.
SEXTO DIA DE LUCIAH
Marcamos um encontro numa nebulosa azul -, eu voo ao seu encontro
emprestando asas de trinta pássaros e no meu coração levo a infância vestida de
noiva -, branca, alva, diáfana - é a minha herança. Há tempos, enquanto
observava a luz rala das estrelas por detrás das nuvens, eu soube de um
universo existencial e a estranha emoção de fazer parte dele. Não há
absolutamente nada além dessa certeza e um leve estremecer - quase
imperceptível - quando me lembro da sua boca tomando a
minha, num beijo milenar. Permaneço assim, flutuando neste universo
indescritível até adormecer.