A CORRENTEZA DO RIO ME ENSINOU A NADAR (Imagem: foto da foz do
Rio Pirangi – Palmares – PE, 2004, Jornal O Olho – Jaorish Gomes Teles). – Nasci
na beira do rio, afeito ao Una, Pirangi, Riacho dos Cachorros: testemunhas da
minha vida. Menino fui e vivia entre as nuvens e o cenário da solidão das
águas, as enchentes: o inventário de tudo daquela redondeza. Não aprendera a
nadar, fascinado com as traíras, caritos, acari, piabas, cundundas, sempre
pensava que olhando pra eles naquela traquinagem, eu podia imitá-los e sair
feito eles por toda fundura e fandangueiro, tiruléu-leu-leu. Hipnotizante
mistério sedutor esse das águas correntes, até sonhava ver uma sereia bela,
seios fartos, nua, emergir da correnteza e me levar pelo manancial até o
aqüífero, coisas de Iemanjá, de Iara, deusas do meu torrão, crenças das minhas
terras. Eu me valia do devaneio singrando pelas corredeiras, duma margem a
outra, presepeiro de tudo pra reclamar dos dejetos de todo tipo emporcalhando
tudo, a nojeira dos humanos. Que coisa! E eu imaginava brejos e córregos,
pescador na jangada em paz com todos do mundo aquático, parte dele, origem de
mim. Não aprendera a nadar mesmo e ficava ali duma margem a outra, jogando
pedras pra fazer galos d’água; meu buliçoso festejar de tudo que é vivo neste
mundo. Horas e horas na pedraria, pela ponte férrea desativada, saltando as
arapucas letais que levaram muitos desavisados pro outro mundo pelos vãos
cheios d’água entre as pedras, quem imaginava um precipício ali, os redemoinhos
das águas e a emersão dos segredos, o matagal nas margens com seus bichos
insones, tudo na minha curiosidade de menino que ouvia os gritos da mãe preu
sair dali e ter cuidado pra não morrer afogado. Até que um dia, atrepado nas
travessuras dum cajueiro, fui empurrado pela astúcia do primo e caí na beirada
funda no maior dos timbungues: o meu batismo. Eu me debatia e mais afundava,
ouvindo os gritos que devia nadar, não sabia, engolia água e desaparecia. Fui
levado pela correnteza que, na verdade, eram os braços de uma linda mulher com
seus olhos e cabelos negros, um sorrido nos lábios e um jeito doce de me
embalar entre os seios, acalmando o meu alvoroço e me salvando do que temiam de
morte. Acordei com a zoada da minha mãe me tomando dos braços dela, pronta para
culpá-la pelo incidente, não fosse a providente intervenção do primo desfazendo
o equívoco. Com isso sentia o aperto do abraço materno aos beijos reiterados,
enquanto meus olhos não desgrudavam daquela heroína da minha afeição, aquela a
quem por anos e décadas persegui indômito para cantar: Um dia joguem minhas cinzas na corrente desse rio... © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
UMA
MÚSICA
Curtindo o álbum Harmonien e Schönheit.
Stockhausen Complete Edition (2010), com a obra do
compositor alemão Karlheinz Stockhausen
(1928-2007), na interpretação da clarinetista e atriz estadunidense Suzanne Stephens. Veja mais aqui e
aqui.
PESQUISA: INTERAÇÕES & REDES NA SOCIEDADE CIVIL - [...] A maioria das pessoas continua pensando como
indivíduos isolados e não como parte de múltiplas redes de interações:
familiares, de amizade, de trabalho, recreativas [...] A metáfora da rede especialmente dos fluxos variáveis com deslocamento
dos pontos de encontro e renovação das pautas de conexão, tem-se mostrado aptas
para pensar e construir novas formas de convivência, que permitam gerar novos
mundos. [...]. Trecho extraído da obra Redes
el lenguaje de los vínculos: hacia la reconstrucción y el fortalecimiento de la
sociedade civil (Paidós, 1995), organizado pela epistemóloga Ph.D. Denise Najmanovich
e pela professora argentina Elina Dabas, abordando as redes sociais enquanto
enredo do formulário múltiplo da vida, em fluxo perpétuo e que muda de configuração
permitindo vários modos de abordagem conceitual, profissional e de vida em cada
prática, apresentando um mapeamento dos relacionamentos e das viagens nas
redes, por meio de um modo de existência na sequência de uma eleição
epistemológica pautada na opção para o pensamento complexo, por um sentido de
produção responsável que só pode vir de um olhar que é reconhecido como
produtor e participantes.
UM LIVRO:
[...] Um conselho. Se, como jovem, como estudante,
se sentir atormentado pelo desejo de possuir uma mulher, é melhor sair e
passar o maior tempo possível ao ar livre. [...].
Trecho
extraído da obra A flor azul
(Bertrand Brasil, 1998), da jornalista, professora de teatro e escritora Penelope Fitzgerald (1916-2000),
relatando a vida de um jovem que se torna famoso como o poeta lírico e
visionário teórico político do século 18, Novalis.
PENSAMENTO DO DIA: JUVENTUDE, LINGUAGEM E TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS - [...] Vivemos – principalmente nas sociedades de
consumo ocidentais – a época das redes sociais online, dos games, das mídias
locativas, da interatividade, da convergência e da visibilidade, para citar
apenas alguns dos objetos e conceitos que nos rondam diariamente e que têm os
jovens como seus principais atores. [...] A relação natural entre jovens e tecnologias, salientada tão
enfaticamente pelos veículos de comunicação de massa, talvez possa ser melhor
compreendida se buscarmos identificar que tecnologias são essas à quais os
jovens de hoje se sentem tão afeitos. Dizendo de outro modo, apostamos que há
uma especificidade no conjunto tecnológico que se articula de modo tão
corriqueiro à juventude na contemporaneidade que se distingue de outros
conjuntos tecnológicos do passado, com os quais não se deu essa mesma relação. [...]
Em uma primeira constatação podemos
afirmar, assim, que os jovens de hoje sabem operar as tecnologias a partir das
suas expressões gráficas (interfaces), mas poucos desses jovens saberiam
produzir, reproduzir ou consertar essas mesmas tecnologias, se necessário, o
que permite que a genérica e natural relação de proximidade entre tecnologia e
jovens seja, em parte, questionada. [...]. Trecho extraído do estudo Entretenimento como linguagem e
materialidade dos meios nas relações de jovens e tecnologias contemporâneas,
de Beatriz Polivanov e Vinicius Andrade Pereira, extraída da obra Juventudes e gerações no Brasil
contemporâneo (Sulina, 2012), organizada por Lívia Barbosa, procurando
apresente um panorama das juventudes brasileiras em três diferentes áreas -
mundo digital, estilo de vida e mercado de trabalho e carreiras, com temas que
vão da relação da juventude com a música digital até a discussão sobre a maior
facilidade do jovem em lidar com os aspectos tecnológicos da vida cotidiana, o
processo de escolha do veganismo como opção alimentar e suas múltiplas relações
com a sociabilidade, o consumo de roupas no universo funk e os seus
significados, a relação entre educação e mercado de trabalho, o significado da
carreira e a mobilidade dos jovens na sociedade, a necessidade de estudar no
exterior para a sua qualificação, entre outros assuntos e abordagens.
UMA IMAGEM
A exposição performática Anatomic Explosion Anti-War Happening (Brooklyn, New York, 1968), da artista plástica, outsider e escritora
japonesa Yayoi
Kusama. Veja mais aqui.
Veja mais sobre Teatro & o caminho para
libertação, Rubem Alves, Lya Luft, Bocage, Arrigo Barnabé, Fernanda Torres, Oliver Stone, José
Júlio Sousa Pinto, Blake
Liverly, Henri Cartier-Brersson & Literatura Infantil aqui.
E mais:
Quando o negócio tá num nó-cego da peste, o melhor
mesmo é se infincar na rebeldia e partir para a desobediência civil de Henri
Thoreau aqui.
Escalavradura,
Hermes
Trismegistus, Sinclair Lewis, Walter Kerr, Beth Gibbons, Phil Morrison, Amy Adams, Yannick
Corboz, Jean-Léon Gérôme & Marly
Vasconcelos aqui.
Fecamepa,
Harvey Spencer Lewis, Donna Tartt, Casimiro
de Abreu, Gil Vicente, Cris Delanno, Maeve Quinlan, Gustave Courbet, George Dawnay & Dimensão ético-afetiva do adoecer da
classe trabalhadora aqui.
Buda, Loius Claude de Saint-Martin, Omar Khayyãm, Leo Huberman, Otto Friedrich, Dominique Ingres, Felicja Blumental, Mabel Collins, Ingrid Koudela, James
Ivory, Ewa Kienko Gawlik & João Câmara aqui.
DESTAQUE:
A múltipla arte do artista do Expressionismo Abstrato e
Pop Art estadunidense Robert
Rauschenberg (1925-2008). Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A atrz,
dançarina e escritora alemã Anita Berber
(1899-1928) na arte do artista plástico alemão Otto Dix (1891-1969).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Peace Fantasy, by Sue Halstenberg.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.