BRINCANDO COM A GAROTADA – Era início
dos anos 1980 quando a gente resolveu lançar a revista A Região que, mais tarde,
culminaria com o nascimento do Movimento de Apoio Cultural Edições Bagaço,
doravante denominada apenas de Edições Bagaço. O primeiro
lançamento da editora foi o livro infantil Valente Galozé, da saudosa
escritoramiga Elita Afonso Ferreira, quando recebi a incumbência de
apresentar o projeto editorial. Feito isso, outro encargo: adaptar o texto da
Elita para teatro infantil. Assim fiz, arregimentei um pessoal da área,
preparei outros que levavam jeito e mandamos ver, até que em todos os futuros
lançamentos infantis, tanto da autora como da editora, procedi com adaptações
para o teatro infantil. Isso até eu lançar o meu primeiro infantil dez anos
depois, o Reino encantado de todas as coisas (Bagaço, 1992). Depois disso,
fui pra Maceió e lancei o meu segundo livro infantil Falange, falanginha, falangeta
(Nascente, 1995) que foi adotado em diversas escolas proporcionando que eu
começasse a fazer atividades de recreação com a garotada nos mais diversos
educandários no estado alagoano e, depois, em outros do nordeste, embalados
pela canção tema do livro Criança. Tal fato me levou a criar o
Prêmio Nascente de Arte Infanto-Juvenil
que, apesar de trabalhar maciçamente nas escolas de todo estado e contar com o apoio
estupendo da imprensa escrita, falada e televisada na divulgação diária, essa
primeira edição foi um fiasco. As escolas não manifestaram o menor interesse em
participar da premiação, resultando na edição da antologia Brincarte num volume bem
fininho. Para salvar o evento e dar uma retomada forte, lancei a antologia com
o trabalho da garotada, juntamente com o meu terceiro livro infantil O lobisomem zonzo (Nascente, 1998) que foi um sucesso editorial, esgotando a edição
de mil exemplares em menos de um mês, graças a capa página inteira do Caderno B
da Gazeta de Alagoas e o destaque dado pela jornalista Gal Monteiro, no O
Jornal, e Claudio Lins na Tribuna de Alagoas, bem como a edição especial que
fiz do tabloide Nascente com o evento. Tal fato deu sustança para que eu
retomasse tudo e peitasse o II Prêmio Nascente de Arte Infanto-Juvenil, lançando a segunda antologia Brincarte bem mais robusta, contando
com apresentação de Mauricio de Souza & Turma da Mônica e, também, do saudoso
escritor e jornalista Artur da Távola. O lançamento foi uma grandiosa festa,
contando a edição com trabalhos de crianças de diversos estados brasileiros e,
também, com o lançamento do meu quarto livro infantil, O cravo e a rosa
(Nascente, 1999), que era uma brincadeira de literatura de cordel com a
meninada, e, também, A Jangadinha Lenira, do poeta Ari
Lins Pedrosa. Parti, então, para a terceira edição, contudo, dois fatos fadaram
a empreitada ao insucesso. A primeira, os dobrados esforços para romper com a indiferença
das escolas alagoanas, fato que foi atropelado exatamente pela segunda causa do
fracasso: a maxidesvalorização do Real que elevou dramaticamente os custos,
inviabilizando o projeto. Resultado, o meu selo Nascente desceu pelo ralo, me
vi na mais completa bancarrota e sem horizonte algum para levar para frente um
projeto editorial que já contava com a publicação de livros de escritores do
quilate de Luiz Berto, Arriete Vilela, entre outros. Lição aprendida e espírito
renovado, mantive a determinação de trabalhar artisticamente com as crianças – Brincar com Arte -, proporcionando, anos depois, o nascimento do meu personagem
infantil, o Nitolino. Mas isso é outra história, depois conto. E vamos
aprumar a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
Curtindo os álbuns – cd/dvd - da pianista Maria Josephina Mignone em duo com o
pianista, regente e compositor erudito Francisco Mignone (1897-1986). Veja mais
aqui.
PESQUISA:
CAGALUME, VAGALUME & PIRILAMPO
Será
possível, senhores, que em um tão gentil, tão belo, e tão nobre inseto,
continue a injustiça de um nome, que com feridos acentos, inculca latrinas, e
cloacas?
Ao
inseto luminoso, ou pirilampo, trecho
do soneto da poeta portuguesa Joana de
Menezes, Condessa de Ericeira, extraído da obra Prosas acadêmicas – Prosas portuguesas (1728), do padre Rafael
Bluteau, que inventou o nome pirilampo para o cagalume ou cagafogo. O padre se
queixava de que esse inseto que era denominado de cincidela pelos latinos, lampyris
pelos gregos, ver luisant pelos franceses
e lucienega pelos espanhóis, somente
entre os portugueses recebia nome tão imundo, propondo a substituição para a
palavra anagramática pirilampo, com base no grego, à Academia Real, ou de vagolume
ou fuzilete, não aceitos juntamente com noiteluz e bicho-luzente. Ocorre, porém,
que popularmente ocorreu a alteração para vagalume.
LEITURA
[...] Uma alegre prostituta de olhos transparentes de luz, envolta num pano à
romana, alvo, com borlas e franjas. À mostra ficavam os ombros de uma carnação
firme, curva e saudável. Os cabelos negros, separados ao meio, eram as asas
esvoaçantes da Vitória de Samotrária. Ao pé do retrato, um cartão: L’Artrice
Sarah Bernhardt. Proto de Nadar. [...].
Trecho extraído da obra O pintor de retratos (L&PM, 2001),
do escritor e professor universitário Luiz
Antonio de Assis Brasil.
PENSAMENTO DO DIA: A REAL IMAGEM DO HOMEM
Tem coração humano
a maldade, / e o ciúme rouba-lhe a face. / O terror possui forma de gente, e a
morte, trajes de homem. / As vestimentas humanas são de ferro, / e, em forja
manufaturada sua forma. / A face humana, uma fornalha fechada, / e o coração, a
sua garganta faminta.
A real imagem do
homem, extraído da obra Canções da inocência e da experiência
(Bagaço, 1987), do poeta, tipógrafo e pintor inglês William Blake (1757-1827), tradução
e prefácio do poeta Antonio de Campos. Veja mais aqui.
IMAGEM
DO DIA;
Veja mais sobre A poesia de Raízes & Frutos, Eduardo
Galeano, Aldir Blanc, Gisele
Fróes, Lina Wertmüller, Francisco Mignone, A fenomenologia do espírito de Hegel,
Augustus Edwin John & Diana de Poitiers aqui.
E mais: Horácio, Christa Wolf, Cassandra Wilson, Woody Allen, Milena Moraes, Sophia
Loren, Cassandra Peterson, Ísis Nefelibata, Fidelia
Cassandra, Doro & Fecamepa aqui.
DESTAQUE - TEMPO DE AMAR: O POETA E A MUSA
Toda canção de amor é um convite para a realização do
amar. Todo poema de amor é a expressão de quem é capaz de amar. Assim, todo
poema e toda canção que se dedica a tratar de quem ama a pessoa amada, traduz a
revelação de que o sentimento mais belo do ser humano é o amor. Logo, por conta
dessa nobre legitimidade, trata-se de uma obra de arte para lá de válida e por
duas razões simples: primeiro, pelo merecimento da pessoa amada; de outro, pelo
desprendimento de quem ama. No caso deste livro, as razões se duplicam. E isso
por uma outra simplíssima razão: conheço de perto ambas as partes: a musa
amada, o poeta amante. Da pessoa amada guardo a estima e parentesco das
melhores lembranças desde o convívio da infância, quando privei com minhas
arteirices do aconchego de todos da casa de Carma e Pai Lula, pessoas do meu
coração. Do poeta amante, menino de pais adoráveis que se dividia entre as
horas de casa e as carreiras das ruas. Crescemos e convivemos juntos todas as
festas do ano. E vi do namoro bobo de adolescente, até a firmeza de casal de
então: filhos crescidos, vida em evolução. A partir disso – e não só -, este
livro é uma canção de amor, um extenso poema de amor. É um livro que em suas
duas partes, a primeira epigrafada com o poema singular de Drummond, um convite
para brincar: o verdadeiro amor começa brincando. E ao brincar na vida – com a
vida, da vida -, é que se passa a verdadeiramente saborear o amor. Disso, o
poeta dedica à musa amada o seu fascínio, a sua introspecção que comunga o seu
mais íntimo ser com o mar, a natureza, as lembranças, a saudade, aprendizagens,
sonhos, cumplicidades, desejos, anseios e ideais. Esse o primeiro tempo de
amar. Vem o segundo tempo e invocando Bandeira com seus cantares e perspectivas
geminianas, o poeta oferece o outro tempo de amar, que é o mesmo do primeiro,
só que no trâmite do amor. Esse é o tempo de amar do poeta que vem trilhando o
seu caminho na efetividade de sua poesia. Uma poesia carregada de emoção e
sentimento, de comunhão e arrebatamento, de poder dividir consigo mesmo e o
mundo toda a verve de seu aprendizado enquanto ser humano que se expressa com
formação de poeta cabal: a capacidade de perceber e exteriorizar aquilo que
transita desde o mais mínimo gesto, ao mais grandioso ato de celebração. A ambos,
poeta e musa, a minha mais efusiva saudação com todos os louvores dignos de
parabenizá-los por parceria mais encantadora: um poeta apaixonado qual Dante
até os confins do amor, e a amada tal Beatriz premiada pela grandeza da poesia.
Luiz Alberto Machado. Veja mais
aqui e aqui.
CRÔNICA DE
AMOR POR ELA
Walking nude, by Thomas Saliot.
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.