O POEMA NASCE
NA SOLIDÃO (Imagem: foto da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez.)
- Ao cometer um poema, a minha solidão é como a
de quem acena pro amigo, ou a dor de quem mendiga na rua; de quem sorri
simpatia, ou flagra a injustiça dos muitos Brasis. A solidão de muitos, a
minha, de quem não tem nada resolvido, nunca deixei nada resolvido, sempre uma
possibilidade de rever, retomar, refazer, recomeçar. E não é preciso tudo bem
resolvido, tudo se resolve de qualquer jeito, seja de que forma for, como meus
versos amálgamas que limpam a minha chaminé e não se sabe onde vai dar
brincando com palavras, sintaxes e sotaques, sobrevivente solitário entre
vagalumes alumiando a noite e as pragas caseiras - intrusos maruins que picam
minha pele, mosquitos e mutucas, coceiras e doenças, enquanto a teia da aranha
enreda sua presa no meu solilóquio. Eremita aguçando a imaginação e o instante
de estar vivo, como o besouro que carrega peso maior que o seu tamanho e não
sabe das frieiras dos campos e cavernas que nunca vi. A solidão é longa e até
aprazível no que não é mais que o silêncio na longevidade da abelha e que se
exalta com o cricri dos grilos ou o canto das cigarras, o zumbido de besouros e
joaninhas, moscas e muriçocas, dos maribondos e vespas tirando fino na
transpiração inspiradora. O meu isolamento se espraia como o trabalho das
formigas, das pulgas nos pelos e as abjetas traças-de-livros; e desvio do ataque
das cochonilhas e pulgões, da inhaca dos percevejos e barbeiros, o susto com o
estalido dos gafanhotos, esperanças e libélulas pelos cantos do quarto ou no
devaneio do trâmite da repelente lagarta à graça das crisálidas que saem do
casulo para o voo das borboletas ou mariposas e bruxas. No meu retiro uma
constatação: todos devoram ou são devorados, tanto polinizam as flores como fogem
de lagartixas, rãs e roedores, afora o homem. Das suas tocas emergem pra festa
do dia, ou pela escuridão da noite. Quando não, aparecem ao mesmo instante que
outros mais abominados: baratas, escorpiões, escaravelhos. A poesia se perde
entre a vigília e o risco, o bem-estar e a sujeição: quem imune? Ah, o
reencontro e tudo pode acontecer, inclusive, ao cometer um poema na minha
solidão ao visualizar que assim caminha a humanidade. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Luminous Cynthia (Alba, 1998), da premiada cantora lírica soprano e
professora de Programação Neurolinguística estadunidense Cynthia Makris & a Oulu Symphony Orchestra, sob a
regência de Arvo Volmer. Veja mais aqui.
PESQUISA
[...] se quiséssemos reduzir a psicologia educacional em um
único princípio este seria: -- O fator isolado mais importante que influencia a
aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que sabe e baseie
nisso seus ensinamentos [...] A principal função do
organizador está em preencher o hiato entre aquilo que o aprendiz já conhece e
o que precisa conhecer antes de poder aprender significativamente a tarefa com que
se defronta. [...] Os seres humanos interpretam a experiência
perceptual em termos de conceitos próprios de suas estruturas cognitivas e que
os conceitos constituem a ‘matéria prima’ tanto para a aprendizagem receptiva
significativa como para a generalização das proposições significativas para a
solução de problemas. [...] .
Trecho extraído da
obra Psicologia educacional (Interamericana,
1980), de David Ausubel, Joseph Novak e Helen Hanesian. O psicólogo da educação
estadunidense David Ausubel (1918-2008) desenvolveu a teoria da
aprendizagem significativa, propondo que a tarefa de aprendizagem, seja ela por recepção ou
por descoberta, deve relacionar, de forma não arbitrária e substantiva (não
literal), uma nova informação a outros conceitos relevantes já existentes na
estrutura cognitiva. Veja mais aqui.
LEITURA
[...] estes Manuscritos do Curral, assim chamados porque
o primeiro título, melhorzinho, A casa que mora, me pareceu pedante – é pedante
– e pedantismo é luxo para franceses, ultimamente em baixa, eles. O texto que
se escreve para ocultar um subtexto que só os muito inteligentes vão sacar,
faça-me o favor. Só há subtexto em textos diretíssimos como – vou arriscar – os
loguia de Jesus: ‘Ama teu próximo como a ti mesmo’. Mais direto impossível, mas
vai viver o mandamento, experimenta e adentrarás à cidade submersa plantada em
teu peito. [...] Sabemos do que se trata: chegou o futuro. É aqui,
nesta esplanada deserta, com três edificações escondidas como casamatas, uma
igreja, uma empresa de turismo, uma clínica de repouso. Você sobe a um
promontório onde a areia é mais firme e olha em volta o deserto. Não mudou nada
em sua alma, contínua de infinitos desejos. [...].
Trecho extraído da
obra Manuscritos de Felipa
(Siciliano, 1999), da escritora, professora e
filósofa Adélia Prado. Veja mais
aqui, aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA
[...] Tudo o que nos acontece, corretamente compreendido,
leva-nos de volta a nós mesmos; é como se houvesse um guia inconsciente cujo
propósito é livrar-nos de tudo isto, fazendo-nos depender de nós mesmos
[...].
Trecho extraído da
obra Letters (Princenton, 1973), do psicólogo e psicanalista
suíço Carl Gustav Jung (1875-1961). Veja mais aqui, aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Fotografias dos
bastidores escandalosos do pintor surrealista espanhol Salvador
Dali (1904-1989). Veja mais aqui e aqui.
Veja mais sobre Hermilo Borba Filho, David Herbert Lawrence, Hesíodo,
Edith Piaf, Maria Della Costa, Brian De Palma, Anthony Devas, Sociopatologia
& Literatura Infantil aqui.
E mais:
A bicharada da enrolação: aqui.
Que esporte que
nada, é espórtula mesmo!!!: aqui.
Fecamepa: vamos aprumar a
conversa aqui.
A fúria dos inocentes &
outras noveletas aqui.
Kid Malvadeza & outras
noveletas aqui.
Os aborígenes: das sociedades primitivas
de Pindorama aos caetés, Plauto, Montserrat Figueiras, Luis
Mandok, Jennifer Lopez, G Linsenmayer, Miklos
Mihalovits, Acmeísmo, Paulo e Virgínia, Mlle Réjane & Débora Novaes de
Castro aqui.
DESTAQUE
Fotos/cenas/cartaz
do filme La Maîtresse du Président (A senhora do
presidente, 2009), dirigido por Jean-Pierre Sinapi, com destaque para a atuação
da atriz brasileira do teatro e cinema francês, Cristiana Reali.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Clair de Lune, da artista
plástica australiana Catherine Abel.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.