A arte da gravadora e artista visual Leila Danziger.
UMA CANÇÃO PARA DODORA... – Em memória da guerrilheira Maria
Auxiliadora Lara Barcelos (1945-1976). – Ah, Dodora, você era a
viajante que se via em Belô depois que deu aulas com a irmã na escolinha da avó
para as crianças pobres da favela. Tinha o sonho de se tornar missionária, mas
que pelo menos fosse médica quando crescesse. E conseguiu: estudou medicina e
atuou no movimento estudantil. Tornou-se marxista, abandonou a faculdade e
mudou-se para o Rio, caindo logo na clandestinidade. Foi se esconder em Lins de
Vasconcelos, até ser denunciada pelo proprietário do imóvel – na verdade, um
informante da polícia. Houve tiroteio e ela foi levada para a Vila Militar,
apanhando de palmatória nos seios e choques elétricos pelo corpo. Restou nua no
chão molhado. Foi transferida para Linhares e depois para Bangu, sendo banida
em seguida por conta do sequestro do embaixador suíço. Foi daí que se soube ser
ela participante da luta armada contra a ditadura militar, era da VAR-Palmares
e foi presa, torturada, condenada e banida do país. Foi pro Chile e lá depôs
pra imprensa: Nos tiraram a roupa e
fizeram uma série de torturas: espancamentos, "telefone", simulação
de atos sexuais e chamaram todos os outros funcionários do DOPS para assistir.
Deixaram-me em pé cerca de seis horas; deram-me choques elétricos. As mulheres
eram torturadas com choques na vagina, seios e orelhas. Foi então que
voltou a estudar medicina, mas outro golpe de estado a impediu de concluir. Procurando
asilo no México, imigrou para a Bélgica e de lá para Alemanha, em Colônia,
graças ao empenho da Anistia Internacional. Aprendeu a língua alemã e retomou
os estudos, até tomar ciência de um processo nos bastidores da delegacia de
estrangeiros. Foi impedida de sair da cidade e teve seu passaporte negado. Abalada
emocionalmente foi internada numa clínica psiquiátrica. Por fim, jogou-se
diante do vagão do trem na estação de Neu-Westend, não havia superado as
sevícias sofridas das torturas no Brasil: Foram
intermináveis dias de Sodoma. Me pisaram, cuspiram, me despedaçaram em mil
cacos. Me violentaram nos meus cantos mais íntimos. Foi um tempo sem sorrisos.
Um tempo de esgares, de gritos sufocados, um grito no escuro. Esse o seu
adeus. Veja mais aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - Uma
história não está terminada até que algo tenha dado extremamente errado. O mundo não mudou por causa da política, mas
sim por causa da técnica. As ideologias são desculpas para nos aferrarmos ao
poder ou pretextos para nos apoderarmos dele. Todas as culturas se fundam mais
sobre preconceitos do que sobre verdades. Pensamento do
escritor e dramaturgo suíço Friedrich
Dürrenmatt (1921-1990). Veja mais aqui.
ARQUITETURA – [...] a arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes reunidos
sob a luz [...]. Frase extraída da obra Por uma arquitetura (Perspectiva, 1973), do arquiteto, urbanista,
escultor e pintor suíço Le Corbusier (1887-1965).
Veja mais aqui.
OS SAMURAIS – [...] Já não
há histórias de amor. No entanto, as mulheres desejam-nas e os homens também,
quando não se envergonham de ser ternos e tristes como as mulheres. Uns e
outros têm pressa de ganhar e de morrer. Apanham aviões, comboios suburbanos,
rápidos de alta velocidade, ligações. Não têm tempo para olhar para aquela
acácia cor-de-rosa que estende os ramos para as nuvens intervaladas de seda
azul ensolarada [...] Bem
se vê que não há tempo sem amor. O tempo é amor pelas pequenas coisas, pelos
sonhos, pelos desejos. Não temos tempo porque não temos amor suficiente.
Perdemos o nosso tempo quando não amamos. Esquecemos o tempo passado quando
nada temos a dizer a ninguém. Ou então estamos prisioneiros de um tempo falso
que não passa. [...]. Trechos extraído da obra Os Samurais (Rocco, 1996), da escritora, professora e psicanalista búlgara Julia Kristeva. Veja mais aqui e aqui.
UM POEMA: Escrevi / Para baixo, até que finalmente veio a ser, / Para o
comprimento e largura, a grandeza que você vê. Poema do escritor e místico
canadense Manly Palmer Hall (1901-1990),
autor de Os ensinamentos secretos de
todos os tempos (HS Crocker, 1928), no qual expressa a Imagem
da Mão Mística: Apresenta a mão direita, ou princípio ativo, da Deidade, cujas
obras estão todas contidas no interior da Sua Mão.